18.05.2013 Views

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tem como objetivo fazer um contraponto com as teorias que i<strong>de</strong>ntificam o<br />

ajustamento aos comportamentos <strong>de</strong> risco como um fenômeno irracional.<br />

Nos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa corrente, busca-se construir um senti<strong>do</strong> racional, a partir da<br />

<strong>de</strong>composição das motivações atribuíveis às atitu<strong>de</strong>s que direcionam <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s<br />

grupos <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> a esses comportamentos. Do ponto <strong>de</strong> vista meto<strong>do</strong>lógico, os estu<strong>do</strong>s<br />

são qualitativos e preten<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r situações específicas tal como o que leva um<br />

homem que faz sexo com homens manter relações sexuais protegidas com parceiros<br />

eventuais e <strong>de</strong>sprotegidas com o parceiro regular (FONSECA, 2002, p.77).<br />

Uma análise sobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prevenção realizada por Martins (1999)<br />

mostra-nos que a racionalida<strong>de</strong> está fortemente presente nos pressupostos <strong>de</strong>ssas<br />

ações, ou seja, enten<strong>de</strong>-se que o conhecimento técnico-científico da <strong>do</strong>ença<br />

basea<strong>do</strong> na racionalida<strong>de</strong> seja, por si só, suficiente para convencer as <strong>pessoas</strong> <strong>de</strong><br />

mudar <strong>de</strong> comportamento. Entretanto, a experiência vem nos mostrar que este<br />

pensamento está longe <strong>de</strong> acontecer, uma vez que o comportamento cotidiano está<br />

distante <strong>de</strong> um cálculo racional <strong>do</strong>s riscos, e sim prenhe <strong>de</strong> códigos, interpretações<br />

sociais, culturais e políticas que dão senti<strong>do</strong> aos comportamentos das <strong>pessoas</strong>, quer<br />

no âmbito da AIDS, quer amplia<strong>do</strong> para qualquer situação da vida cotidiana.<br />

Para exemplificar, Parker (2000) traz um exemplo na área da sexualida<strong>de</strong><br />

que explicita bem esta questão. O autor refere que a sexualida<strong>de</strong> é um produto menos<br />

<strong>de</strong> nossa natureza biológica e muito mais um construto social e cultural que acaba<br />

mo<strong>de</strong>lan<strong>do</strong> não só a experiência sexual, mas as formas <strong>pela</strong>s quais interpretamos e<br />

enten<strong>de</strong>mos esta experiência. Percebida como tal, essa visão <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong><br />

socialmente construída <strong>de</strong>sloca o foco <strong>do</strong> comportamento por si só e em si mesmo<br />

para um novo olhar na natureza intersubjetiva (social e cultural) <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s e<br />

ambientes culturais nos quais o comportamento acontece seguin<strong>do</strong> as regras culturais<br />

sexuais <strong>do</strong> grupo que a organiza.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sponta o terceiro mo<strong>de</strong>lo educativo, que consi<strong>de</strong>ra que<br />

os comportamentos <strong>de</strong> risco são produtos <strong>de</strong> relações culturais. É fato que a<br />

informação é importante para a prevenção, sen<strong>do</strong> uma questão <strong>de</strong> cidadania o<br />

direito <strong>de</strong> acesso à mesma. Entretanto, ela não é o único fator presente na complexa<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!