a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...
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Se o controle da epi<strong>de</strong>mia <strong>do</strong> HIV em nossos dias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em alto grau, da eficácia <strong>do</strong>s<br />
antiretrovirais e <strong>de</strong> uma assistência à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, é impossível não consi<strong>de</strong>rar<br />
que esse controle <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> radicalmente da construção <strong>de</strong> uma cultura preventiva ainda<br />
mais universalizada, sustentada, plural e versátil para o conjunto da socieda<strong>de</strong>. Essa<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intensificação e renovação traz para a prevenção novos cenários,<br />
sujeitos, experiências, valores, tornan<strong>do</strong>-a mais complexa (AYRES, 2002, p.14).<br />
Para subsidiar as discussões no apontamento <strong>de</strong> caminhos para o trabalho<br />
educativo <strong>de</strong> prevenção em saú<strong>de</strong>, trago as reflexões <strong>de</strong> Fonseca (2002), que faz<br />
uma abordagem sobre as teorias mais comumente utilizadas nos trabalhos <strong>de</strong> DST e<br />
AIDS. A autora <strong>de</strong>staca três abordagens teóricas, que são: 1) Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em<br />
Saú<strong>de</strong>; 2) Abordagem Baseada na Razão; 3) Comportamento <strong>de</strong> Risco como<br />
Produto Social.<br />
A primeira abordagem, ou seja, o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crença em Saú<strong>de</strong> é o mais<br />
difundi<strong>do</strong> no campo da prevenção nos trabalhos <strong>de</strong> DST <strong>do</strong> HIV e da AIDS.<br />
É classifica<strong>do</strong> como um mo<strong>de</strong>lo psicossocial e tem em Kurt Lewin a sua principal<br />
referência teórica. Este mo<strong>de</strong>lo parte <strong>do</strong> pressuposto que o comportamento <strong>de</strong> risco<br />
é parte integrante <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> percepções enca<strong>de</strong>adas em quatro etapas. "Na<br />
primeira, o indivíduo <strong>de</strong>ve perceber-se sob risco; na segunda, o problema <strong>de</strong>ve ser<br />
valoriza<strong>do</strong> em termos <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>; na terceira, os mecanismos <strong>de</strong> prevenção<br />
<strong>de</strong>vem ser reconheci<strong>do</strong>s como efetivos, e por fim, o indivíduo <strong>de</strong>ve ser disposto à<br />
a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas preventivas." (FONSECA, 2002, p.76). Po<strong>de</strong>mos perceber que a<br />
categoria comportamento <strong>de</strong> risco é estruturante <strong>de</strong>sse pensamento, e as categorias<br />
<strong>de</strong>scritas fundamentam uma gama <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong>, fortemente<br />
incorporadas pelo campo da saú<strong>de</strong>.<br />
A esse mo<strong>de</strong>lo está associada a produção <strong>do</strong> temor em relação às diversas<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong> HIV, no qual o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ecer seria um sentimento<br />
que incentivaria os comportamentos <strong>de</strong>sejáveis em relação às duas primeiras etapas,<br />
geran<strong>do</strong> um efeito na terceira. Para as etapas três e quatro, ganham peso as<br />
estratégias <strong>de</strong> marketing em torno <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> prevenção até o momento,<br />
prioritariamente, o preservativo masculino e feminino (FONSECA, 2002).<br />
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