18.05.2013 Views

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

epi<strong>de</strong>mia e continua a funcionar, ainda hoje, como o aspecto mais enraiza<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

estigma, e da discriminação relaciona<strong>do</strong>s ao HIV e a AIDS, tolera<strong>do</strong>s e implicitamente<br />

aceitos <strong>pela</strong>s socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> (TRONCA, 2000). Assim, o estigma sexual<br />

vem sen<strong>do</strong> a forma mais freqüente e po<strong>de</strong>rosa <strong>de</strong> estigmatização e discriminação<br />

relacionada ao HIV e à AIDS, que também tem si<strong>do</strong> fortemente associada ao estigma<br />

relaciona<strong>do</strong> ao gênero, como outro elemento-chave consolida<strong>do</strong> à epi<strong>de</strong>mia.<br />

Nos países em que a transmissão heterossexual se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma bastante<br />

importante, ela foi relacionada com as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> sexo comercial como as<br />

culpadas <strong>pela</strong> disseminação <strong>do</strong> HIV, ou seja, entendimentos liga<strong>do</strong>s à prostituição<br />

como uma vertente <strong>do</strong> comportamento feminino consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong>sviante <strong>do</strong>s padrões<br />

da normalida<strong>de</strong> (BERER, 1997). Contu<strong>do</strong>, mesmo fora <strong>do</strong> quadro da prostituição, a<br />

idéia <strong>de</strong> promiscuida<strong>de</strong> sexual entre as mulheres se traduziu em norma <strong>de</strong> gênero<br />

intolerável, e elas vêm sen<strong>do</strong> constantemente responsabilizadas pelo aumento <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> transmissão heterossexual, apesar <strong>de</strong> haver indícios que mostrem o<br />

contrário. Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica <strong>do</strong> Brasil <strong>de</strong>monstram o alto índice<br />

<strong>de</strong> infecção pelo HIV em mulheres, cuja gran<strong>de</strong> maioria têm apenas o<br />

mari<strong>do</strong>/companheiro como parceiro sexual (BRASIL, 2000a).<br />

O terceiro <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> estigma relaciona-se ao aspecto da etnia. Gilman<br />

apud Tronca (2000) menciona que durante os anos 80 a AIDS recebeu o rótulo <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>ença africana e haitiana, e qualquer que fosse sua origem, tal qualificação teve<br />

muito a ver com o mo<strong>do</strong> como os americanos representavam os negros, como se<br />

tivessem uma relação basicamente diversa com a <strong>do</strong>ença <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua inerente<br />

diferença. A gran<strong>de</strong> ironia é que os negros americanos constituíam, <strong>de</strong> fato, um<br />

grupo altamente infecta<strong>do</strong> pelo HIV, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao tipo <strong>de</strong> tratamento que recebiam para<br />

a moléstia da anemia falciforme, no qual recebiam transfusões <strong>de</strong> sangue<br />

contamina<strong>do</strong>, colocan<strong>do</strong> aqueles que sofriam <strong>de</strong>sta <strong>do</strong>ença genética e que<br />

necessitavam <strong>de</strong> transfusão <strong>de</strong> sangue à frente <strong>de</strong> qualquer segmento da população<br />

americana infectada pelo HIV.<br />

63

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!