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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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a <strong>do</strong>ença, e AIDS como o outro, na qual ela é vista como algo que aflige os que<br />

estão à margem da socieda<strong>de</strong> (ONUSIDA/OMS, 2002a).<br />

Discorrem Daniel e Parker (1991) que junto com a crença disseminada que a<br />

AIDS é algo vergonhoso, tais metáforas e manobras lingüísticas, construíram uma<br />

série <strong>de</strong> explicações prontas – embora altamente incorretas – que formaram bases<br />

po<strong>de</strong>rosas para reações estigmatizantes e discriminatórias. A força <strong>de</strong>sses significa<strong>do</strong>s<br />

foi e é tão forte que faz com que muitas <strong>pessoas</strong>, mesmo sem temer algum contato real<br />

e direto com a AIDS façam imagens distorcidas e imprecisas e que neguem<br />

veementemente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estarem infectadas pelo HIV e a AIDS.<br />

Quatro são os eixos principais i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s por Malcom et al. apud Parker<br />

e Aggleton (2001) das origens <strong>do</strong> estigma, que aparentam estar presente em to<strong>do</strong>s<br />

os países e culturas, e que têm estreita relação com a evolução das respostas<br />

sociais da epi<strong>de</strong>mia <strong>do</strong> HIV e da AIDS, que são: (1) estigma em relação à<br />

sexualida<strong>de</strong>; (2) estigma em relação ao gênero; (3) estigma em relação à raça ou<br />

etnia; e (4) estigma em relação à pobreza ou à marginalização econômica.<br />

O estigma sexual é o <strong>do</strong>mínio que antece<strong>de</strong> a to<strong>do</strong>s os outros, precisamente<br />

porque a infecção pelo HIV tem se liga<strong>do</strong> veementemente à transmissão sexual,<br />

principalmente em relação às práticas sexuais e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sexuais que se <strong>de</strong>sviam<br />

das normas hegemônicas existentes; uma norma inscrita em instituições sociais,<br />

profundamente enraizadas na tradição religiosa cristã, como o casamento, a<br />

heterossexualida<strong>de</strong>, a vida familiar e a monogamia (WEEKS, 2001). O autor <strong>de</strong>fine<br />

que a norma é um quadro <strong>de</strong> referência que é toma<strong>do</strong> como da<strong>do</strong> para o mo<strong>do</strong><br />

como pensamos, como se fizesse parte <strong>do</strong> ar que respiramos.<br />

A relação que compromete as formas preexistentes da estigmatização sexual<br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste fenômeno e da discriminação em relação ao HIV e à AIDS é<br />

o fato <strong>de</strong> que os primeiros parâmetros utiliza<strong>do</strong>s <strong>pela</strong> epi<strong>de</strong>miologia para construir a<br />

história da AIDS estavam edifica<strong>do</strong>s na imagem <strong>do</strong>s homossexuais masculinos,<br />

segui<strong>do</strong>s por outras formas <strong>de</strong> comportamentos estigmatizantes como prostituição,<br />

promiscuida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>svio sexual. Este fator marcou amplamente toda a história da<br />

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