18.05.2013 Views

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

um retrato global coerente, como uma redução conseqüente da valorização que se<br />

dá à pessoa.<br />

Vejamos como exemplo, <strong>pessoas</strong> que são particularmente ‘suspeitas’<br />

quan<strong>do</strong> têm um comportamento discrepante em relação aos comportamentos<br />

habituais <strong>do</strong> grupo a qual pertencem, como os gestos efemina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um homem ou<br />

outro comportamento similar ao <strong>de</strong> uma ‘bicha’ que já é publica e notória (CHINELLI,<br />

1985). Outro exemplo é o emagrecimento profuso <strong>de</strong> alguém, <strong>do</strong> qual levantar-se-ão<br />

suspeitas <strong>de</strong> ser porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> vírus da AIDS, como também se houver a presença <strong>de</strong><br />

manchas na pele ou queda <strong>de</strong> cabelo. Se o HIV concretizar-se como realida<strong>de</strong>,<br />

surgirão indagações sobre o seu comportamento: Será que é usuário <strong>de</strong> drogas?<br />

Será homossexual? Será prostituta? Será bissexual? Assim, "um estigma é então,<br />

na realida<strong>de</strong>, um tipo especial <strong>de</strong> relação entre atributo e estereótipo”, no qual as<br />

evidências se confirmam por meio <strong>de</strong> marcas ou atributos que levam ao <strong>de</strong>scrédito<br />

(GOFFMAN, 1988, p.13). Para o autor a falta <strong>de</strong> um intercâmbio saudável entre os<br />

atores sociais faz com que a pessoa estigmatizada se auto-isole, tornan<strong>do</strong>-se<br />

<strong>de</strong>sconfiada, <strong>de</strong>primida, hostil, ansiosa e confusa, pois não se sente segura em<br />

relação à maneira como os outros o i<strong>de</strong>ntificarão e receberão, surgin<strong>do</strong> a sensação<br />

<strong>de</strong> nunca saber aquilo que os outros estão realmente pensan<strong>do</strong> <strong>de</strong>le. A vivência <strong>de</strong><br />

situações hostis permeadas pelo preconceito e seguidas <strong>de</strong> discriminação fere a sua<br />

auto-imagem e estima negan<strong>do</strong> o reconhecimento <strong>de</strong> si mesmo, seus valores, suas<br />

crenças, impedin<strong>do</strong> a construção <strong>do</strong> seu potencial existencial.<br />

o estigma envolve não tanto um conjunto <strong>de</strong> indivíduos concretos que po<strong>de</strong>m ser dividi<strong>do</strong>s<br />

em duas pilhas, a <strong>de</strong> estigmatiza<strong>do</strong>s e a <strong>de</strong> normais, quanto um processo social <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

papéis no qual cada indivíduo participa <strong>de</strong> ambos, pelo menos em algumas conexões e<br />

em alguma fases da vida. O normal e o estigmatiza<strong>do</strong> não são <strong>pessoas</strong>, e sim<br />

perspectivas que são geradas em situações sociais durante os contatos mistos, em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> normas não cumpridas, que provavelmente atuam sobre os encontros (GOFFMAN,<br />

1988, p.148-149).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, o que está envolvi<strong>do</strong> nas interações não são os indivíduos<br />

concretos e sim os papéis sociais, fato que <strong>de</strong>termina que aquele que é estigmatiza<strong>do</strong><br />

num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> atributo exiba to<strong>do</strong>s os preconceitos normais contra os que são<br />

60

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!