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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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As atitu<strong>de</strong>s que nós, normais 14 , temos com uma pessoa com um estigma, e os atos que<br />

empreen<strong>de</strong>mos em relação a ela são bem conheci<strong>do</strong>s na medida em que são as<br />

respostas que a ação social, benevolente tenta suavizar e melhorar. Por <strong>de</strong>finição, é claro,<br />

acreditamos que alguém com um estigma não seja completamente humano. Com base<br />

nisso, fazemos vários tipos <strong>de</strong> discriminações, através das quais efetivamente, e muitas<br />

vezes sem pensar, reduzimos suas chances <strong>de</strong> vida. Construímos uma teoria <strong>do</strong> estigma,<br />

uma i<strong>de</strong>ologia para explicar a sua inferiorida<strong>de</strong> e dar conta <strong>do</strong> perigo que ela representa,<br />

racionalizan<strong>do</strong> algumas vezes uma animosida<strong>de</strong> baseada em outras diferenças, tais como<br />

as <strong>de</strong> classe social. Utilizamos termos específicos <strong>de</strong> estigma como aleija<strong>do</strong>, bastar<strong>do</strong>, em<br />

nosso discurso diário como fonte <strong>de</strong> metáfora e representação <strong>de</strong> maneira característica<br />

sem pensar no seu significa<strong>do</strong> original (GOFFMAN, 1988, p.14-15).<br />

As <strong>pessoas</strong> na sua vida cotidiana segun<strong>do</strong> Velho (1985), <strong>de</strong>sempenham<br />

papéis, ou seja, certos comportamentos que são <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>pela</strong> situação<br />

vivencial e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as expectativas das <strong>pessoas</strong> envolvidas na interação, e<br />

seguem um padrão pre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>. Estes dizem respeito às normas ordinárias que<br />

regem o comportamento em cada um <strong>do</strong>s sistemas que o compõem. Então, quan<strong>do</strong><br />

uma pessoa rompe com um comportamento ‘médio’, ou ‘i<strong>de</strong>al’ que expressaria uma<br />

harmonia com as exigências <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> sistema social ela passa a ser<br />

consi<strong>de</strong>rada ‘<strong>de</strong>sviante’.<br />

A idéia <strong>de</strong> estigmatização para Goldwasser (1985), aproxima-se da noção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>svio social, pois o sistema <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong>sviantes po<strong>de</strong>, outrossim, ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como uma manifestação <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> estigmatização:<br />

ter-se-ia, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, grupos rotula<strong>do</strong>s – ou estigmatiza<strong>do</strong>s – como "<strong>de</strong>sviantes" e, <strong>de</strong><br />

outro grupos admiti<strong>do</strong>s como "normais". O conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio social, da mesma forma que<br />

o <strong>de</strong> estigma implica necessariamente um quadro <strong>de</strong> relacional, uma vez que qualquer<br />

daquelas categorias não po<strong>de</strong> ser pensada isoladamente, mas apenas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> oposições sociais: neste caso "<strong>de</strong>sviantes" e "normais" emergem como tipos<br />

que afirmam contrastivamente, constituin<strong>do</strong> assim, essencialmente, uma manifestação <strong>de</strong><br />

categorização social. Como princípios <strong>de</strong> classificação e diferenciação social, "estigma e<br />

"<strong>de</strong>svio social" remete à problemática <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> grupos sociais e <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação<br />

<strong>de</strong> suas respectivas posições estruturais (GOLDWASSER, 1985, p.30).<br />

A condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviante segun<strong>do</strong> Velho (1985), não é intrínseca a um<br />

indivíduo senão <strong>de</strong> uma relação social, ou melhor, uma ou mais <strong>pessoas</strong> são<br />

14 Para Goffman (1988), uma característica que estigmatiza alguém, po<strong>de</strong> confirmar a normalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> outrem. Daí surge o termo "normais", ou seja, aqueles que portam nenhum estigma.<br />

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