a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...
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isto exige esforço <strong>de</strong> nós to<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res e <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós pessoalmente. O<br />
combate efetivo ao estigma removerá o que ainda é um bloco <strong>de</strong> pedra no caminho da<br />
ação conjunta, seja no nível comunitário, nacional ou global, <strong>de</strong> tal forma que a ação<br />
contra o estigma se ramifique para cada um <strong>do</strong>s aspectos <strong>do</strong> trabalho com HIV (PIOT<br />
apud PARKER e AGGLETON, 2001, p.6).<br />
Quase duas décadas se passaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Jonathan Mann,<br />
e a <strong>de</strong>speito <strong>do</strong>s inúmeros recursos que foram postos em circulação para colaborar<br />
no controle da epi<strong>de</strong>mia da AIDS, a questão <strong>do</strong> estigma continua no cerne <strong>de</strong> toda a<br />
luta contra a pan<strong>de</strong>mia global da AIDS (ONUSIDA/OMS, 2002a). Conquanto se<br />
tenham alcança<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s avanços, principalmente no que tange ao conhecimento<br />
científico sobre o vírus, suas influências no organismo, sua epi<strong>de</strong>miologia, os<br />
principais <strong>de</strong>terminantes sociais <strong>de</strong>sta epi<strong>de</strong>mia e os progressos <strong>do</strong>s recursos<br />
diagnósticos e terapêuticos no manejo 13 da AIDS, muito menos tem se alcança<strong>do</strong> no<br />
empreendimento <strong>de</strong> sobrepujar o impacto <strong>do</strong> estigma e da discriminação na vida das<br />
<strong>pessoas</strong> atingidas <strong>pela</strong> mesma. "Sen<strong>do</strong> biologicamente tão complexo como é o Vírus<br />
da Imuno<strong>de</strong>ficiência Humana, essa complexida<strong>de</strong> se empali<strong>de</strong>ce em comparação a<br />
complexida<strong>de</strong> das forças envolvidas na produção e reprodução <strong>do</strong> estigma em<br />
relação ao HIV e à AIDS" (PARKER e AGGLETON, 2001, p.6).<br />
Trabalhar com essas questões é tão complexo e premente que a<br />
Campanha Mundial <strong>de</strong> Combate à AIDS nos anos <strong>de</strong> 2002-2003 teve como lema o<br />
estigma, a discriminação e os direitos humanos. O objetivo principal da campanha<br />
era prevenir, reduzir e, e em última instância, eliminar o estigma e a discriminação<br />
afetos ao HIV e à AIDS, on<strong>de</strong> quer que sejam produzi<strong>do</strong>s e em todas as suas formas<br />
(ONUSIDA/OMS, 2003a).<br />
Para trabalhar o fenômeno social da estigmatização, tomarei como<br />
referencial o trabalho clássico <strong>de</strong> Erving Goffman, no qual procurarei estabelecer as<br />
13 Os progressos <strong>do</strong>s recursos diagnósticos e terapêuticos no manejo da AIDS têm beneficia<strong>do</strong> uma<br />
enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> viven<strong>do</strong> com a AIDS, ajudan<strong>do</strong>-as a recuperar plenamente, ou<br />
quase, sua condição <strong>de</strong> interagir, produzir, amar e ter prazer (AYRES, 2002).<br />
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