a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...
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muro do aparth/AIDS e os que estão fora. Por isso somos universalmente portadores, seja do HIV, seja do fantasma da AIDS. O sentido do termo aparth/AIDS empregado pelos autores, significa "todas as violações de direitos, os abusos de qualquer tipo de poder e as diversas formas de discriminação e exclusão, que é uma das manifestações mais cruéis da violência: a negação do ser humano pelo outro ser humano" (LENT e VALLE, 1998, p.6). Compreender o que se passa na vida de pessoas portadoras do HIV e da AIDS que vivem em uma sociedade que responde a epidemia da AIDS através de posturas obscurantistas, visões estereotipadas e cristalizadas pela discriminação, estigma, negação, culpa e preconceito, faz-se imperativo, se o desejo é de buscar novas formas de intervenção no cuidado que melhorem a qualidade de vida das pessoas em situação de AIDS. 49
CAPÍTULO 3 ESTIGMA E DISCRIMINAÇÃO 50 A verdade nem sempre é bela, mas a fome pela verdade é. Nadine Gordimer Em 1987, Jonathan Mann, fundador do Programa Global da AIDS da Organização Mundial da Saúde (OMS), proferiu um discurso histórico na Assembléia Geral das Nações Unidas, no qual chamou a atenção para a existência de três fases da epidemia da AIDS, conceitos que logo se tornaram amplamente aceitos (PARKER e AGGLETON, 2001). O autor afirmou que a primeira é a epidemia da infecção pelo HIV – uma disseminação silenciosa e imperceptível do vírus, representado por milhões de pessoas infectadas que não apresentam sintomas aparentes. A segunda é a própria epidemia da AIDS – manifesta pelo aparecimento dos sintomas de doença infecciosa, que aparece somente alguns anos após a pessoa ter se infectado pelo HIV. Por fim, ele identificou a terceira epidemia, potencialmente a mais explosiva, como a epidemia das respostas sociais, culturais, econômicas e políticas à AIDS, caracterizada por reações carregadas de estigma, discriminação e por vezes negação e repulsa da coletividade (ONUSIDA/OMS, 2002a). Para Daniel e Parker (1991), que concordam com essa classificação, a terceira epidemia tem um caráter mais social do que médico, construída e cristalizada nos processos acima citados advindos da ignorância, do medo e do pânico social que a AIDS suscitou e ainda suscita nos indivíduos e na coletividade. Reconhecer e considerar a importância dessa terceira epidemia era tão premente que Piot apud Parker e Aggleton (2001) elenca como prioridade da sua lista dos cinco tópicos da agenda para a comunidade mundial a necessidade do combate ao estigma, destacando que,
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muro <strong>do</strong> aparth/AIDS e os que estão fora. Por isso somos universalmente<br />
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qualquer tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e as diversas formas <strong>de</strong> discriminação e exclusão, que é uma<br />
das manifestações mais cruéis da violência: a negação <strong>do</strong> ser humano pelo outro ser<br />
humano" (LENT e VALLE, 1998, p.6).<br />
Compreen<strong>de</strong>r o que se passa na vida <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> <strong>porta<strong>do</strong>ras</strong> <strong>do</strong> HIV e da<br />
AIDS que vivem em uma socieda<strong>de</strong> que respon<strong>de</strong> a epi<strong>de</strong>mia da AIDS através <strong>de</strong><br />
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