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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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convívio com o social que reforça os hábitos e as expectativas que estão<br />

profundamente enraiza<strong>do</strong>s numa socieda<strong>de</strong> preconceituosa (GUIMARÃES e<br />

GODINHO, 1992; PARKER e AGGLETON, 2001).<br />

As <strong>pessoas</strong> soropositivas segun<strong>do</strong> Lent e Valle (1998), não possuem uma<br />

reação emocional exclusiva diante <strong>do</strong> diagnóstico positivo, nem a mesma maneira<br />

<strong>de</strong> conduzir sua vida antes e <strong>de</strong>pois disso, bem como as características semelhantes<br />

<strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras <strong>pessoas</strong> infectadas. Em cada caso, o impacto emocional<br />

<strong>de</strong> estar com o HIV e suas conseqüências na vida cotidiana <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da <strong>trajetória</strong><br />

<strong>de</strong> vida e <strong>do</strong> acesso ou não a recursos amplos para conviver com a infecção.<br />

Contu<strong>do</strong>, o que há <strong>de</strong> comum, continuam os autores, é o fato <strong>de</strong> a pessoa saber-se<br />

porta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um vírus que, mesmo sen<strong>do</strong> cada vez mais compreendi<strong>do</strong> e melhor<br />

trata<strong>do</strong> terapeuticamente, melhoran<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente e afastan<strong>do</strong>-o da<br />

gran<strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> da <strong>do</strong>ença, ainda gera uma severa discriminação social, obrigan<strong>do</strong><br />

muitas vezes a pessoa a escon<strong>de</strong>r esta condição. Complementa Sontag (1989) que a<br />

AIDS não é apenas uma <strong>do</strong>ença, uma realida<strong>de</strong> física, objetiva e racional, pois está<br />

ligada a pensamentos metafóricos assenta<strong>do</strong>s no imaginário <strong>do</strong> mal, das pestes, <strong>do</strong><br />

contágio, <strong>do</strong> sexo e da morte. Fatos que inci<strong>de</strong>m fundamentalmente como obstáculos<br />

para que a pessoa procure recursos comunitários, emocionais e econômicos para<br />

combater a infecção (LENT e VALLE, 1998).<br />

A AIDS, além <strong>de</strong>ssas proposições, comporta um julgamento moral, vez que<br />

é tomada como uma <strong>do</strong>ença que atinge <strong>pessoas</strong> <strong>de</strong> comportamentos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

transgressores e, portanto, moral e socialmente reprováveis. Por conseguinte, os<br />

aspectos metafóricos atribuí<strong>do</strong>s a ela alijam a experiência da pessoa soropositiva,<br />

que se vê merece<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s castigos <strong>de</strong> Deus, cujos peca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser expia<strong>do</strong>s<br />

pelos atos transgressores que cometeu (SONTAG, 1989; ZAMPIERE, 1996), e a<br />

morte, que antes era i<strong>de</strong>alizada, agora se concretiza próxima e real, merecida e<br />

provi<strong>de</strong>ncial em razões <strong>do</strong> seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida como causa da infecção pelo HIV.<br />

Diante <strong>de</strong>sse momento, permea<strong>do</strong> por um conjunto <strong>de</strong> aspectos como me<strong>do</strong>, morte<br />

e culpa, além <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o cabedal das metáforas discriminatórias que carrega consigo,<br />

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