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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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A construção social <strong>do</strong> universo sexual já <strong>de</strong>ixou seu marco distinto sobre a<br />

evolução da AIDS no Brasil, porém temos sinais que acenam que algo está sen<strong>do</strong><br />

reformula<strong>do</strong> neste cenário da contemporaneida<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo em que a AIDS<br />

mexeu com velhas feridas e <strong>de</strong>u origem, mais uma vez, a con<strong>de</strong>nações que<br />

freqüentemente marcaram a política da sexualida<strong>de</strong> no Brasil, ela também forneceu<br />

um foco para o ativismo social, para a expressão <strong>de</strong> exigências <strong>de</strong> maior justiça<br />

social, serviços médicos e sociais mais eficientes e diversas discussões sobre<br />

assuntos semelhantes (PARKER, 1991; 1997).<br />

2.2 MORTE E AIDS<br />

Como vimos, o nascimento trágico da AIDS trouxe o recru<strong>de</strong>scimento <strong>de</strong><br />

posturas obscurantistas e discriminatórias contra grupos sociais i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como<br />

suscetíveis em maior grau à aquisição da <strong>do</strong>ença. Aqueles que <strong>de</strong>fendiam a<br />

hostilida<strong>de</strong> contra tais grupos acreditavam que, agin<strong>do</strong> assim, conseguiriam<br />

aumentar a sua segregação e, por conseqüência, obter a circunscrição da <strong>do</strong>ença a<br />

faixas bem controláveis. Em verda<strong>de</strong>, tal postura traduzia tão-somente a intolerância<br />

experimentada em face <strong>de</strong> comportamentos que se consi<strong>de</strong>ravam in<strong>de</strong>sejáveis,<br />

como o sexo <strong>de</strong> homens com outros homens, o sexo fora <strong>do</strong> casamento, a<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parcerias sexuais e o uso <strong>de</strong> drogas injetáveis. Em outras palavras, o<br />

que se pretendia combater não era a <strong>do</strong>ença, e sim os ‘maus’ comportamentos<br />

(BRASIL, 1996).<br />

Em função <strong>de</strong>ssa lógica perversa advinda <strong>do</strong> preconceito e da ignorância,<br />

as <strong>pessoas</strong> que vivem com o HIV e a AIDS vivenciaram e ainda vivenciam emoções<br />

singulares permeadas <strong>de</strong> sofrimento. As relações afetivas e sexuais, as atitu<strong>de</strong>s<br />

e sentimentos <strong>de</strong>sses indivíduos apresentam-se com o contexto repleto <strong>de</strong><br />

significa<strong>do</strong>s, entre os quais: o me<strong>do</strong> <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no, <strong>de</strong> ser julga<strong>do</strong> e <strong>de</strong> revelar sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social; a culpa pelo a<strong>do</strong>ecimento; a impotência; a fuga; a clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>,<br />

a omissão; o aban<strong>do</strong>no; a exclusão e o suicídio, origina<strong>do</strong>s e construí<strong>do</strong>s pelo real<br />

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