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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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(se macho ou fêmea) para <strong>de</strong>marcar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e valores sexuais. Apesar <strong>de</strong> a<br />

conduta homossexual ser ainda estigmatizada e discriminada na nossa cultura, o<br />

parceiro ativo em interações com o mesmo sexo consegue <strong>de</strong>ssa forma preservar o<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculina, não se diferencian<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros homens machos e<br />

masculinos. Por um outro la<strong>do</strong>, os homossexuais passivos ou afemina<strong>do</strong>s assumem um<br />

papel simbólico da mulher, e se sujeitam a estigmas, uma das respostas negativas,<br />

mais graves, que caracterizam as socieda<strong>de</strong>s latino-americanas.<br />

Descortina-se, então, a existência <strong>de</strong> uma subcultura sexual distinta, na<br />

qual a sua organização particular <strong>de</strong> interações homossexuais, heterossexuais e<br />

bissexuais, tem or<strong>de</strong>na<strong>do</strong> a disseminação da epi<strong>de</strong>mia, dan<strong>do</strong>-lhe um caráter e uma<br />

direcionalida<strong>de</strong> singulares. O seu aparecimento precoce entre homens envolvi<strong>do</strong>s<br />

em interações <strong>do</strong> mesmo sexo, junto com sua rápida evolução entre homens<br />

envolvi<strong>do</strong>s em relações tanto com homens quanto com mulheres, com o passar <strong>do</strong><br />

tempo foi acompanhada da crescente disseminação da infecção pelo HIV entre<br />

mulheres, cujo único fator <strong>de</strong> risco aparente seriam suas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

profundamente <strong>de</strong>siguais com seus parceiros sexuais masculinos (PARKER, 1997).<br />

Certamente, o comportamento bissexual tem si<strong>do</strong> um importante elemento<br />

na rápida disseminação <strong>do</strong> HIV no Brasil, porém mais importante que classificar esta<br />

categoria é enten<strong>de</strong>r quais as crenças e práticas que estruturam as interações ou<br />

contatos sexuais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto da cultura sexual <strong>do</strong> brasileiro. Além <strong>do</strong> que, as<br />

suas interações também ativas com os membros <strong>do</strong> sexo oposto ou seus papéis<br />

sociais como mari<strong>do</strong>s ou pais po<strong>de</strong>m ser mais significativas na construção <strong>de</strong> sua<br />

percepção <strong>de</strong> si mesmos <strong>do</strong> que em ocasionais relações com outros homens. Desta<br />

forma, se o homem faz o papel <strong>de</strong> ativo (o que penetra), mesmo que seja em<br />

intercursos com o mesmo sexo, po<strong>de</strong> não se perceber em risco, porque <strong>de</strong>sta forma<br />

ele estará preservan<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macho, distancian<strong>do</strong>-se da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se prevenir, pois o risco estaria atrela<strong>do</strong> aos homens afemina<strong>do</strong>s e<br />

que assumem a posição <strong>de</strong> passivos (PARKER, 1997).<br />

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