a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...
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Corroboran<strong>do</strong> com essas idéias, é da interseção com o movimento social<br />
organiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong> reflexão e militância, que se levantam algumas das<br />
mais expressivas vozes a criticar estes conceitos. O movimento pelos direitos das<br />
mulheres, especialmente, traz com a noção <strong>de</strong> empowerment 9 (empo<strong>de</strong>ramento),<br />
uma perspectiva crítica positiva para os mo<strong>de</strong>los cognitivistas e comportamentalistas<br />
que embasam os conceitos e as práticas liga<strong>do</strong>s ao comportamento <strong>de</strong> risco. A<br />
discussão <strong>do</strong> empowerment <strong>de</strong>ixa claro que a mudança para um comportamento<br />
protetor na prevenção da AIDS não resulta necessariamente <strong>de</strong> informação acrescida<br />
<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, "mas passa por coerções e recursos <strong>de</strong> natureza cultural, econômica,<br />
política, jurídica, e até policial, <strong>de</strong>sigualmente distribuí<strong>do</strong>s entre gêneros, países,<br />
segmentos sociais, grupos étnicos e faixas etárias" (AYRES et al., 1999, p.54).<br />
Além <strong>do</strong>s ataques que vêm <strong>do</strong>s setores críticos, <strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> meio<br />
técnico e acadêmico, a experiência que vai se acumulan<strong>do</strong> com a implementação <strong>de</strong><br />
programas <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> base comportamental fortalece o entendimento <strong>do</strong>s<br />
limites <strong>de</strong>ssas estratégias. Ao relativo malogro <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> <strong>pela</strong>s avaliações<br />
<strong>de</strong>sses programas acrescentou-se, por sua vez, a explosão da epi<strong>de</strong>mia em direção<br />
aos setores mais socialmente <strong>de</strong>sempo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, ou vulneráveis – os mais pobres, as<br />
mulheres, os marginaliza<strong>do</strong>s, os negros, os jovens – com a chamada pauperização<br />
da epi<strong>de</strong>mia. O conjunto <strong>de</strong>sses aspectos assinala a transição a uma nova fase <strong>de</strong><br />
resposta à epi<strong>de</strong>mia, iniciada no fim <strong>do</strong>s anos oitenta (AYRES et al., 1999).<br />
No final da década <strong>de</strong> 1980 e início da <strong>de</strong> 1990, as atenções voltam-se<br />
cada vez mais para estu<strong>do</strong>s sobre a cultura sexual. Tais estu<strong>do</strong>s tomam como ponto<br />
<strong>de</strong> partida a compreensão da sexualida<strong>de</strong> e da ativida<strong>de</strong> sexual como sen<strong>do</strong><br />
socialmente construída, e examinam as implicações <strong>de</strong>ssa compreensão para a<br />
análise das culturas sexuais, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sexuais e comunida<strong>de</strong>s sexuais (PARKER,<br />
1991; 2000). Com isso, permitiram um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> percepções importantes,<br />
9 Vocábulo da língua inglesa que não tem tradução a<strong>de</strong>quada, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ter significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento<br />
em português.<br />
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