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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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<strong>de</strong>scoberta (MORAIS apud CAMARGO JR., 1994, notícia publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil<br />

em 22/11/92).<br />

Para estudar a disseminação <strong>do</strong> HIV e da AIDS e os problemas que <strong>de</strong>les<br />

advêm, ten<strong>do</strong> como tarefa a superação <strong>do</strong>s mesmos, as ciências biomédicas<br />

reportam-se a um tradicional instrumental científico-tecnológico que tem como<br />

disciplina nuclear à epi<strong>de</strong>miologia e seus indica<strong>do</strong>res, normalmente utilizada para a<br />

orientação e avaliação <strong>de</strong> ações assistenciais e preventivas <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral.<br />

Essa ciência tem forneci<strong>do</strong> preciosos elementos para conhecer a dimensão<br />

coletiva <strong>do</strong>s fenômenos da saú<strong>de</strong> e da <strong>do</strong>ença, permitin<strong>do</strong> trazê-los para o cerne das<br />

práticas assistenciais. Não obstante, a própria epi<strong>de</strong>miologia aponta importantes<br />

restrições e <strong>de</strong>safios, no qual o caráter concretamente assumi<strong>do</strong> por seus conceitos e<br />

méto<strong>do</strong>s formaliza<strong>do</strong>s constitui, sinteticamente, o principal limite <strong>do</strong> instrumental<br />

epi<strong>de</strong>miológico clássico para lidar com as particularida<strong>de</strong>s socioculturais <strong>de</strong>ssa<br />

epi<strong>de</strong>mia (AYRES et al., 1999). Nesse aspecto, as inquietações <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista das<br />

ações assistenciais e <strong>de</strong> prevenção confluem com os <strong>de</strong> outros campos <strong>de</strong> exploração<br />

da epi<strong>de</strong>miologia da AIDS, a vigilância epi<strong>de</strong>miológica e a investigação científica<br />

propriamente dita. Conceitos como ‘grupo’, ‘comportamento’ e ‘situação’ <strong>de</strong> risco, já<br />

bastante conheci<strong>do</strong>s <strong>pela</strong> maioria <strong>de</strong> nós, têm servi<strong>do</strong> <strong>de</strong> base para sucessivas<br />

estratégias <strong>de</strong> conhecimento e controle epi<strong>de</strong>miológico. Mas o conceito <strong>de</strong> risco tem<br />

freqüentemente apresenta<strong>do</strong> custos técnicos, sociais e políticos superiores a seus<br />

benefícios. O preconceito contra os chama<strong>do</strong>s ‘grupos’ <strong>de</strong> risco ou a injustificável<br />

<strong>de</strong>spreocupação <strong>de</strong> quem não tinha ‘comportamento’ <strong>de</strong> risco são exemplos <strong>de</strong> efeitos<br />

colaterais <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>sse conceito (AYRES et al., 1999; BRASIL, 2002).<br />

O conceito <strong>de</strong> ‘grupo <strong>de</strong> risco’ entrou em <strong>de</strong>suso, <strong>pela</strong> ina<strong>de</strong>quação que a<br />

própria dinâmica da epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>monstrou e também pelos severos ataques que<br />

recebeu <strong>do</strong>s grupos mais atingi<strong>do</strong>s <strong>pela</strong> estigmatização e exclusão que carregava<br />

consigo, especialmente o organiza<strong>do</strong> grupo gay norte-americano (AYRES et al., 1999).<br />

Foi uma gran<strong>de</strong> falácia se pensar que a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> HIV e da AIDS permaneceria<br />

confinada a agrupamentos tão limita<strong>do</strong>s.<br />

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