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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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uma falta <strong>de</strong> informação generalizada e, pior talvez, a divulgação <strong>de</strong> informações<br />

equivocadas resultariam em um conjunto <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong>s individuais, na medida em que as<br />

<strong>pessoas</strong> que se pressupunha (correta ou incorretamente) estivessem infectadas pelo HIV<br />

foram quase literalmente expulsas <strong>de</strong> suas cida<strong>de</strong>s ou sofreram ameaças <strong>de</strong> violência<br />

física... (PARKER, 1994, p.40).<br />

Os tradicionais mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> intervenção profiláticos ou preventivos<br />

utiliza<strong>do</strong>s <strong>pela</strong>s políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública incorporaram as reações da comunida<strong>de</strong><br />

em geral, utilizan<strong>do</strong> medidas <strong>de</strong> controle que basicamente visavam i<strong>de</strong>ntificar esses<br />

indivíduos, isolá-los e paralisar a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão por meio <strong>de</strong> um sistema<br />

jurídico-punitivo, em que o tratamento é uma obrigação <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente e não um direito,<br />

juntamente com o <strong>de</strong>ver legal <strong>de</strong> não transmitir a <strong>do</strong>ença para os indivíduos sãos,<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem, uma vez que existem méto<strong>do</strong>s<br />

disponíveis para evitar contrair a infecção, não tomar as <strong>de</strong>vidas precauções.<br />

Refutan<strong>do</strong> essas posturas Souza (1994, p.23), mais conheci<strong>do</strong> como Betinho, referia<br />

que "um <strong>do</strong>ente <strong>de</strong> AIDS é, na verda<strong>de</strong>, aquele que menos oferece risco <strong>de</strong><br />

contaminação, porque ele já sabe que po<strong>de</strong> transmitir, sabe como não transmitir e, a<br />

não ser em casos patológicos não quer transmitir a seus familiares e amigos".<br />

Apesar <strong>de</strong>sse para<strong>do</strong>xo, a base das estratégias <strong>de</strong> prevenção das políticas<br />

públicas concentrou sua intervenção mais direta nos <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> risco,<br />

fato que acabou <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a maior parte da população, <strong>de</strong> forma consciente, ou<br />

mesmo inconscientemente, com um ‘certo alívio’ pois, como não se consi<strong>de</strong>rava<br />

parte <strong>de</strong> tais grupos, percebia-se, portanto, ‘imune’ à infecção. Assim sen<strong>do</strong>, a<br />

crença <strong>de</strong> que o HIV e a AIDS fossem restritos a grupos específicos, aparentemente<br />

bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s e freqüentemente marginaliza<strong>do</strong>s, reforçou estereótipos e preconceitos,<br />

negan<strong>do</strong> os riscos <strong>de</strong> transmissão sexual por meio das relações heterossexuais,<br />

negligencian<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> da disseminação <strong>do</strong> HIV para o restante da<br />

população. Inúmeros são os exemplos que corroboram esta hipótese, e um <strong>de</strong>les é a<br />

recusa por parte <strong>de</strong> vários médicos em aceitar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão sexual<br />

<strong>do</strong> vírus da mulher para o homem, que aconteceu apenas 11 anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua<br />

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