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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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para sustentar esta característica precisam a to<strong>do</strong> momento manipular a informação<br />

sobre seu <strong>de</strong>feito para que não se transformem em sinais <strong>de</strong> estigma. Por conseguinte,<br />

as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negação, isolamento e ocultação da <strong>do</strong>ença se <strong>de</strong>senham como<br />

forma <strong>de</strong> se proteger e evitar a ‘execração pública’, que se traduz no plano das<br />

relações por meio <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s preconceituosas, discriminatórias, culpabilizantes e<br />

exclu<strong>de</strong>ntes, respostas provocadas pelo estigma.<br />

Assim, o fato <strong>de</strong> a SMS estabelecer como estratégia a <strong>de</strong>scentralização da<br />

assistência às Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> coloca um empecilho na vida daqueles<br />

que não querem ter a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soropositivo conhecida <strong>pela</strong>s <strong>pessoas</strong> <strong>de</strong> seu<br />

convívio social. E para se proteger da rejeição, <strong>do</strong> preconceito e da discriminação,<br />

preferem não se expor, muitas vezes impedin<strong>do</strong>-os <strong>de</strong> confiar em alguém ou procurar<br />

cuida<strong>do</strong>s para a sua saú<strong>de</strong>, aumentan<strong>do</strong> a sua vulnerabilida<strong>de</strong> para a<strong>do</strong>ecer <strong>de</strong> AIDS.<br />

Importante <strong>de</strong>stacar que os resulta<strong>do</strong>s que emergiram <strong>de</strong>sta investigação<br />

não têm nenhuma pretensão <strong>de</strong> buscar a verda<strong>de</strong>, visto que as verda<strong>de</strong>s são<br />

sempre versões. Procuro trazer evidências, lembran<strong>do</strong> que a análise final é fruto <strong>de</strong><br />

um momento, <strong>de</strong> um encontro e <strong>de</strong> um recorte feito na <strong>trajetória</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong><br />

anônimas que vivem com o HIV ou à AIDS, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser creditada como<br />

incontestável ou <strong>de</strong>finitiva, pois como a própria história se modificam e se<br />

transformam. Lembra-nos Minayo apud Deslan<strong>de</strong>s et al. (1994, p.79), que "em se<br />

tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ciência, as afirmações po<strong>de</strong>m superar conclusões prévias a elas e<br />

po<strong>de</strong>m ser superadas por outras afirmações futuras".<br />

O fascinante <strong>de</strong> ter trabalha<strong>do</strong> com esta meto<strong>do</strong>logia foi po<strong>de</strong>r empreen<strong>de</strong>r<br />

um caminho <strong>pela</strong> temporalida<strong>de</strong> da <strong>trajetória</strong> existencial humana, e <strong>de</strong> escutar os<br />

excluí<strong>do</strong>s sociais e cala<strong>do</strong>s pelos discursos hegemônicos, permitin<strong>do</strong> <strong>de</strong>scobrir<br />

lugares on<strong>de</strong> acontecem experiência marcantes <strong>de</strong> relacionamentos humanos belos<br />

ou perversos.<br />

Diante <strong>de</strong> algumas constatações, o fluxo da <strong>trajetória</strong> existencial humana<br />

po<strong>de</strong> nos afligir e nos <strong>de</strong>ixar perplexos ao percebermos que também fazemos parte,<br />

contu<strong>do</strong>, jamais intransponível ou imutável. Então, quem sabe possamos ter<br />

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