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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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Ainda que o HIV possa atingir qualquer pessoa, uma vez que em algum<br />

momento <strong>de</strong> nossas vidas tenhamos um certo grau <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> à infecção<br />

pelo vírus, a <strong>do</strong>s homossexuais está ainda mais reforçada pelo estigma, <strong>pela</strong><br />

posição <strong>de</strong> discriminação e marginalização <strong>do</strong> homossexual na socieda<strong>de</strong>, como<br />

refere Terto Jr. (1996, p.97). Segue o autor dizen<strong>do</strong> que:<br />

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sabe-se que indivíduos com baixa auto-estima, ou com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> discriminação ou sob<br />

pressão <strong>de</strong> preconceito não buscam ajuda ou tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, seja por me<strong>do</strong> ou por<br />

negligência consigo ou com os outros. Ainda são freqüentes os casos <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> que não<br />

procuram os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s homofóbicas <strong>do</strong>s profissionais po<strong>de</strong>m<br />

submeter os pacientes a situações constrange<strong>do</strong>ras.<br />

Outro fator importante que gostaria <strong>de</strong> pontuar é que o quarto colabora<strong>do</strong>r<br />

chegou a ir até a Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> próxima a sua casa, mas o fato <strong>de</strong> não<br />

ter si<strong>do</strong> bem recebi<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong> nas suas reais necessida<strong>de</strong>s fez com que se<br />

afastasse e não voltasse nem para falar com o médico <strong>do</strong> serviço. Trabalhos sobre<br />

‘a<strong>de</strong>são’ comprovam que a forma como o usuário é acolhi<strong>do</strong>, o vínculo entre usuário<br />

e o serviço que o assiste é <strong>de</strong> essencial importância para a a<strong>de</strong>são ao<br />

acompanhamento <strong>de</strong> sua infecção (TEIXEIRA et al., 2000).<br />

...sei que saí dali e não voltei mais, nem mesmo para conversar com o médico.<br />

(colabora<strong>do</strong>r 4)<br />

Denuncia, ainda, a falta <strong>de</strong> preparo <strong>do</strong>s profissionais para lhe aten<strong>de</strong>r e dar<br />

informações necessárias à sua condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> outras opções para ser<br />

acompanha<strong>do</strong>, bem como a burocracia para ser encaminha<strong>do</strong> diretamente a um<br />

médico especialista, e que na essência parece trazer o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> querer ficar<br />

anônimo, como pontua um colabora<strong>do</strong>r no final <strong>de</strong> sua fala.<br />

Às vezes tenho vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber como está o HIV no meu corpo, mas não sei<br />

on<strong>de</strong> posso ir. Não sei on<strong>de</strong> posso fazer este exame e naquele postinho eu não<br />

volto. Acho que as <strong>pessoas</strong> que trabalham lá não estão preparadas para aten<strong>de</strong>r<br />

as <strong>pessoas</strong> que têm HIV. Queria ir direto num especialista (...). Acho uma<br />

burocracia e burrice ter que ir a um clínico só para ele te dizer que você tem que<br />

tratar o HIV e me encaminhar a um especialista. (...) Gostaria <strong>de</strong> ir a um local<br />

on<strong>de</strong> eu ficasse anônimo, que ninguém me conhecesse. (colabora<strong>do</strong>r 4)

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