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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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entendi<strong>do</strong>, e quais as respostas sociais que evoca, seja na esfera individual, seja na<br />

coletivida<strong>de</strong>. Expresso isto, pois a AIDS coloca em xeque os <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s tabus da<br />

humanida<strong>de</strong>, a morte e o sexo, e mais, carrega consigo uma ingente carga <strong>de</strong> estigma<br />

da qual to<strong>do</strong>s somos afeta<strong>do</strong>s e não conseguimos transcen<strong>de</strong>r, até o momento.<br />

Assinalo tais questões porque a SMS, ao organizar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> intervenção<br />

da atenção ao HIV à AIDS, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> que as Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> como a<br />

'única' porta <strong>de</strong> entrada ao sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e que a exemplo <strong>de</strong> tantas outras<br />

patologias, as <strong>pessoas</strong> <strong>porta<strong>do</strong>ras</strong> <strong>do</strong> HIV recebam atendimento na unida<strong>de</strong> mais<br />

próxima a sua residência, como já mencionei, po<strong>de</strong> levá-las à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>, visto<br />

que têm receio <strong>de</strong> serem i<strong>de</strong>ntificadas, principalmente quan<strong>do</strong> sabem que nesses<br />

serviços irão encontrar <strong>pessoas</strong> <strong>de</strong> seu convívio social, tais como familiares, amigos<br />

vizinhos ou colegas <strong>de</strong> trabalho, para quem não foi revela<strong>do</strong> seu diagnóstico <strong>de</strong> HIV.<br />

Com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificadas e marcadas pelos estereótipos da AIDS, antecipam<br />

que vão sofrer <strong>de</strong> discriminação, estigmatização e marginalização – a partir da<br />

representação social da <strong>do</strong>ença – e, assim, escolhem o segre<strong>do</strong> para evitar<br />

problemas que não conseguem enfrentar, fato que influenciará negativamente os<br />

cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>. Acontecimentos reais, que são assinala<strong>do</strong>s nos <strong>de</strong>poimentos<br />

<strong>de</strong>stes colabora<strong>do</strong>res:<br />

136<br />

Nunca falei que tinha o vírus, eles não sabem, vou quan<strong>do</strong> tenho uma gripe. Ah!<br />

Para tratar <strong>de</strong>ssas coisas, mas para tratar o HIV não! Eu não consigo dizer que<br />

tenho AIDS. (...) É porque acho que eles vão pensar que sou vagabunda e vão<br />

<strong>de</strong>scobrir que o F. [mari<strong>do</strong>] usa drogas. Tenho me<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser julgada, que fiquem<br />

bisbilhotan<strong>do</strong> minha vida. Sabe tem uma porção <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> que eu conheço e<br />

que vão ao posto, e eu acho que eles vão ficar saben<strong>do</strong>, e eu não quero que<br />

ninguém saiba. (colabora<strong>do</strong>ra 2)<br />

Não quero ir ao posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> perto da minha casa, porque sou uma pessoa<br />

extremamente conhecida e se eu for eles po<strong>de</strong>m me i<strong>de</strong>ntificar como porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

vírus HIV. Eu tenho vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir a um serviço, mas não naquele que vão me<br />

i<strong>de</strong>ntificar. (colabora<strong>do</strong>r 5)

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