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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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da AIDS, em relação a outras <strong>do</strong>enças graves e fatais, está na forma como é revelada<br />

às <strong>pessoas</strong>.<br />

O câncer, por exemplo, apesar <strong>de</strong> o número cada vez maior <strong>de</strong> curas reais<br />

é para muitos, moléstia fatal que inspira sentimento <strong>de</strong> pena, pois "as <strong>pessoas</strong><br />

<strong>porta<strong>do</strong>ras</strong> <strong>de</strong> câncer tiveram a má sorte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvê-lo sem terem cometi<strong>do</strong><br />

nenhum ato consciente que o justificasse" (FERREIRA, 2003, p.107). Embora se<br />

perceba uma predisposição maior <strong>do</strong>s profissionais da saú<strong>de</strong> em comunicar que a<br />

pessoa é porta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um quadro maligno, na maior parte das vezes, este fato era<br />

anuncia<strong>do</strong>, freqüentemente, a um parente mais próximo, que <strong>de</strong>cidia contar ou não à<br />

mesma ou retardar o mais possível a informação quanto ao seu <strong>de</strong>stino, garantin<strong>do</strong>,<br />

assim, o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> morte serena, próprio da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna (SILVA, 1986).<br />

Com a AIDS, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu início, ocorreu ao contrário, pois a pessoa é a<br />

primeira, a saber, <strong>do</strong> seu diagnóstico e acaba guardan<strong>do</strong> segre<strong>do</strong>, compartilhan<strong>do</strong><br />

apenas, num primeiro momento, com o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que o aten<strong>de</strong>u. Pouco<br />

tempo <strong>de</strong>pois, a confidência é feita a um amigo mais próximo, raramente a um membro<br />

da família. Sontag (1989) refere que este fator po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que a AIDS, como<br />

outras <strong>do</strong>enças que provocam sentimento <strong>de</strong> vergonha, é muitas vezes ocultada.<br />

Um fator relevante <strong>de</strong>sta análise foi à constatação <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os<br />

colabora<strong>do</strong>res estavam <strong>de</strong>sacompanha<strong>do</strong>s e suportaram sozinhos a revelação <strong>do</strong><br />

seu diagnóstico. E o fato <strong>de</strong>les terem busca<strong>do</strong> um Centro <strong>de</strong> Testagem específico<br />

para o HIV, com exceção <strong>do</strong> quarto colabora<strong>do</strong>r que tomou conhecimento <strong>de</strong> sua<br />

sorologia num banco <strong>de</strong> sangue, <strong>de</strong>monstra que <strong>de</strong> certa forma eles suspeitavam da<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver confirma<strong>do</strong> o diagnóstico.<br />

111<br />

Estava muito angustia<strong>do</strong>, o coração batia rápi<strong>do</strong>, acho que já sabia <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>...<br />

(colabora<strong>do</strong>r 1)<br />

A resposta a essa situação po<strong>de</strong> ser explicada pelo fato <strong>de</strong> que tu<strong>do</strong> o que se<br />

refere a sexo ou ao uso <strong>de</strong> drogas ilícitas é priva<strong>do</strong> e diz respeito à vida <strong>de</strong> cada um. Só<br />

concerne à própria pessoa <strong>de</strong>cidir a forma <strong>de</strong> revelar sua <strong>do</strong>ença, indican<strong>do</strong> que longe

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