a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...
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eles não estão preparados para ouvir, nem ele para falar. Relata que a ‘conversa’ que tivemos lhe fez muito bem, porque não consegue falar de sua intimidade. Colaborador 5 F.M., homem, 25 anos, estudou até o nível médio incompleto, solteiro e está trabalhando. Soube de sua sorologia há quatro anos. Estava acompanhando um amigo que iria fazer o teste no CTA, quando também resolveu fazer o seu. Não estava preparado para receber um diagnóstico reagente, pois havia realizado anteriormente, fazia seis meses, cujo resultado era negativo. Contou apenas para a sua irmã que recebeu o diagnóstico com indiferença. Não contou para o irmão que mora com ele e diz que o pai morreu sem saber de sua condição de portador. Fala muito pouco sobre sua história de vida, e sempre que lembra do HIV fica assustado e com medo. Não abriu sua sorologia no seu trabalho, apesar de desconfiar que um colega é portador. Tem informação sobre a doença e refere se cuidar alimentando-se bem e usa sempre camisinha. Teve várias experiências de amigos que já morreram de AIDS e relata a experiência da morte de uma amiga, em função da AIDS, em condições físicas muito precárias. Quando pensa no HIV, a imagem da morte sempre lhe vem à cabeça. 5.4 ANÁLISE DOS DADOS Existem muitas maneiras de se proceder à análise dos dados em pesquisa qualitativa, com o intuito de se compreender os significados manifestos e ocultos nos discursos, como refere Minayo (2004). Como há inúmeros recursos de análise e interpretação dos dados, empreendi, nesta pesquisa, os caminhos da análise de conteúdo propostos por Minayo (DESLANDES et al., 1994). Segundo a autora, a análise de conteúdo "significa mais do que um procedimento técnico. Faz parte de uma histórica busca teórica e prática no campo das investigações sociais" (MINAYO, 2004, p.199). 107
A análise de conteúdo permite ao pesquisador trabalhar com duas funções ao aplicar a técnica, quais sejam: a verificação de hipóteses ou questões estabelecidas antes do trabalho de investigação e a descoberta do que está oculto dos conteúdos manifestos, levando o pesquisador a analisar o que está além das aparências daquilo que está sendo comunicado (DESLANDES et al., 1994). Do ponto de vista operacional a análise de conteúdo apóia-se em uma literatura, de primeiro plano, para chegar a um nível mais profundo, ou seja, aquele que transpõe os significados manifestos. 108 Para isso a análise de conteúdo em termos gerais relaciona estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que determinam suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e processo de produção da mensagem (MINAYO, 2004, p.203). Acerca dos aspectos cronológicos, a análise de conteúdo compreende as seguintes fases: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e interpretação. De acordo com as fases propostas por Minayo (DESLANDES et al., 1994), a primeira constitui-se na organização dos documentos a serem analisados. Nesse momento, conforme os objetivos e as questões da investigação, definem-se as unidades de registro, unidades de contexto, trechos significativos e categorias. Entende-se por unidade de registro os elementos obtidos por meio da decomposição do conjunto das mensagens e que pode ser compreendida como uma palavra, uma frase ou oração, ou um tema. A unidade de contexto é uma referência mais ampla que endossa o contexto do qual faz parte a mensagem. Depois de escolhidas as unidades de registro e de contexto, parte-se para a elaboração de categorias, que compreendem os elementos ou aspectos que têm características comuns ou que se relacionam entre si. Para que se consiga executar estas fases, faz-se necessária uma leitura exaustiva do material com vistas em se tomar contato com a estrutura do mesmo, descobrindo uma direção para a análise e o registro das impressões sobre o documento.
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A análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> permite ao pesquisa<strong>do</strong>r trabalhar com duas funções<br />
ao aplicar a técnica, quais sejam: a verificação <strong>de</strong> hipóteses ou questões<br />
estabelecidas antes <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> investigação e a <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> que está oculto<br />
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Do ponto <strong>de</strong> vista operacional a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> apóia-se em uma<br />
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Para isso a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> em termos gerais relaciona estruturas semânticas<br />
(significantes) com estruturas sociológicas (significa<strong>do</strong>s) <strong>do</strong>s enuncia<strong>do</strong>s. Articula a<br />
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Acerca <strong>do</strong>s aspectos cronológicos, a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong> as<br />
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De acor<strong>do</strong> com as fases propostas por Minayo (DESLANDES et al., 1994), a<br />
primeira constitui-se na organização <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos a serem analisa<strong>do</strong>s. Nesse<br />
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