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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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ação <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r, mas também <strong>de</strong> toda a informação que ele já recebeu sobre o<br />

fenômeno social que interessa.<br />

Prosseguin<strong>do</strong> sobre o momento <strong>do</strong> encontro das entrevistas, procurei fazer<br />

com que as perguntas nortea<strong>do</strong>ras seguissem uma certa or<strong>de</strong>m lógica, no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> acompanhar naturalmente os acontecimentos da vida <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res,<br />

toman<strong>do</strong> cautela para que as suas falas tivessem coerência entre os assuntos,<br />

respeitan<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu enca<strong>de</strong>amento. Atentei-me, outrossim, para exigências<br />

<strong>do</strong>s processos emocionais que emergiram, e que foram muitos. Nesse momento,<br />

colocava-me <strong>de</strong> forma a acolhê-los, respeitan<strong>do</strong> os sentimentos que vinham à tona.<br />

Ressalto que no momento das entrevistas procurei garantir uma escuta<br />

sensível e atenta, principalmente para captar a comunicação não-verbal e o não-<br />

dito. Para tanto, usei a sensibilida<strong>de</strong>, a empatia, e a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitação para com o<br />

outro, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aquela ocasião como um momento singular e <strong>de</strong> entrega. Nessa<br />

hora, meus conhecimentos, atitu<strong>de</strong>s e habilida<strong>de</strong>s adquiridas na prática <strong>do</strong><br />

aconselhamento em HIV e AIDS foram-me muito úteis, mas sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> foco a<br />

condução da entrevista para garantir o material <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos orais (ALMEIDA<br />

et al., 2004a). Como diz Thomson (2002, p.275), "por <strong>de</strong>baixo disso tu<strong>do</strong> está uma<br />

idéia <strong>de</strong> cooperação, confiança e respeito mútuo". Acrescenta Kanaan (2002):<br />

102<br />

Ao contrário <strong>de</strong> ouvir, a escuta pressupõe uma disponibilida<strong>de</strong> à presença <strong>do</strong> outro, um<br />

<strong>de</strong>ixar se afetar e afetar o outro com sua presença (...) Para escutar (...) é necessário se<br />

colocar numa posição particular, a uma "disposição", em que afeta<strong>do</strong> <strong>pela</strong> narrativa <strong>do</strong><br />

outro, (...) eu pu<strong>de</strong>sse me colocar receptivo ao que este me comunica. Não apenas na<br />

forma e no conteú<strong>do</strong>, mas em sua própria constituição, permitin<strong>do</strong>-nos reeditar não só as<br />

suas marcas particulares como as daquele que se coloca à escuta. Uma posição marcada<br />

por uma certa proximida<strong>de</strong> e um certo distanciamento necessário à escuta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

afetos que nos habitam (KANAAN, 2002, p.16).<br />

Finalmente, transposto essa fase, veio o terceiro e último momento: o da<br />

pós-entrevista. Nele as entrevistas, após a transcrição, foram <strong>de</strong>volvidas aos<br />

colabora<strong>do</strong>res, que revisaram o seu <strong>de</strong>poimento, incluin<strong>do</strong> ou excluin<strong>do</strong><br />

informações. Segun<strong>do</strong> Meihy (2002, p.173), a conferência "é o momento em que,

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