a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...
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a percepção <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> como algo que tem continuida<strong>de</strong> hoje e cujo processo histórico<br />
não está acaba<strong>do</strong>. É isso que a marca como história viva. A presença <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> no<br />
presente imediato das <strong>pessoas</strong> é a razão <strong>de</strong> ser da história oral. Nessa medida (...) ela<br />
garante senti<strong>do</strong> social à vida <strong>de</strong> <strong>de</strong>poentes e leitores, que passam a enten<strong>de</strong>r a seqüência<br />
histórica e se sentem parte <strong>do</strong> contexto em que vivem (MEIHY, 2002, p.15).<br />
Para se assegurar a cientificida<strong>de</strong> da história oral, segun<strong>do</strong> Meihy (2002), há<br />
duas metas que <strong>de</strong>vem ser garantidas, quais sejam: 1) o caráter <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento feito por<br />
relatos orais; 2) as <strong>de</strong>rivações naturais da transferência <strong>do</strong> estágio oral para o escrito.<br />
No primeiro caso, segue o autor dizen<strong>do</strong> que, "em vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>poimentos, o que se diz é que comumente são cheios <strong>de</strong> interferência emocional e<br />
vieses varia<strong>do</strong>s". E ao inverso <strong>do</strong> que se postula, é o conjunto <strong>de</strong>sta inquietação que<br />
interessa para a história oral, até mesmos porque é na emoção e na paixão <strong>de</strong> quem<br />
narra a subjetivida<strong>de</strong> que resi<strong>de</strong> o interesse <strong>de</strong>ste méto<strong>do</strong> (MEIHY, 2002, p.47).<br />
No segun<strong>do</strong> caso, <strong>de</strong>ve-se atentar que os processos <strong>de</strong> transformação da<br />
linguagem oral para a escrita <strong>de</strong>mandam soluções próximas à literatura, e isso faz<br />
com que a equiparação com a ‘arte’ seja mais lógica. Ironicamente, é na justaposição<br />
com os conceitos artísticos, principalmente no tocante ao tratamento da<strong>do</strong> à<br />
linguagem, que resi<strong>de</strong> a aceitação ampla da história oral (MEIHY, 2002).<br />
Como as possibilida<strong>de</strong>s humanas são inesgotáveis, Neves (2003) nos<br />
coloca que lidar com elas é caminhar por um terreno fértil, mas também complexo e<br />
<strong>de</strong>lica<strong>do</strong>, que exige <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r sensibilida<strong>de</strong>, criativida<strong>de</strong>, ética e conhecimento<br />
consistente sobre o tema ou objeto da pesquisa que recorre à história oral como<br />
méto<strong>do</strong>. Por isso, acrescenta Minayo (2004), meto<strong>do</strong>logicamente, as explicações <strong>de</strong><br />
situações recolhidas por meio da história oral <strong>de</strong>vem ser complementadas pelo<br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> outros atores sociais que se relacionam com os fatos localiza<strong>do</strong>s<br />
para fins <strong>de</strong> enriquecimento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />
Outrossim, a história oral que usa os <strong>de</strong>poimentos orais como fonte para<br />
garantir a construção <strong>do</strong> conhecimento reveste-se da mesma consi<strong>de</strong>ração que os<br />
históricos convencionais. Contu<strong>do</strong>, seu objetivo não se esgota na busca <strong>de</strong> um<br />
saber próximo <strong>do</strong> que os positivistas acreditam ser a função <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, ou seja,<br />
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