cadeia produtiva da borracha natural - Iapar
cadeia produtiva da borracha natural - Iapar
cadeia produtiva da borracha natural - Iapar
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CADEIA PRODUTIVA DA<br />
BORRACHA NATURAL<br />
ANÁLISE DIAGNÓSTICA E<br />
DEMANDAS ATUAIS NO PARANÁ<br />
DOCUMENTO 23<br />
Jomar <strong>da</strong> Paes Pereira 1<br />
Moacir Doretto 2<br />
Alex Carneiro Leal 3<br />
Antônio Mana G. de Castro 4<br />
Neuza Almei<strong>da</strong> Rucker 5<br />
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - LONDRINA-PR<br />
1 Eng. Agrônomo, PhD., pesquisador <strong>da</strong> Área de Fitotecnia, IAPAR.<br />
2 Economista MSc, pesquisador <strong>da</strong> Área de Sócio-economia, IAPAR.<br />
3 Eng. Florestal, MSc., pesquisador <strong>da</strong> Área de Fitotecnia, IAPAR.<br />
4 Eng. Agrônomo, PhD., EMBRAPA.<br />
5 SEAB.
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ<br />
VINCULADO A SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO<br />
Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (43) 376-2000 - Fax: (43) 376-2101<br />
Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL<br />
Visite o site do IAPAR: http://www.pr.gov.br/iapar<br />
DIRETORIA EXECUTIVA<br />
Diretor-Presidente: Florindo Dalberto<br />
PRODUÇÃO<br />
Arte-final e capa: Sílvio Cézar Boralli e Tadeu K. Sakiyama<br />
Coordenação Gráfica: Márcio Rosa de Oliveira<br />
Impresso na Área de Reproduções Gráficas<br />
Todos os direitos reservados ao Instituto Agronômico do Paraná.<br />
É permiti<strong>da</strong> a reprodução parcial, desde que cita<strong>da</strong> a fonte.<br />
É proibi<strong>da</strong> a reprodução total desta obra.<br />
159c Instituto Agronômico do Paraná<br />
Cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>: análise diagnostica<br />
e deman<strong>da</strong>s atuais no Paraná / Jomar <strong>da</strong> Paes Pereira<br />
et ai. Londrina: IAPAR, 2000.<br />
85p. ilust. (IAPAR. Documento 23).<br />
1. Borracha-Cadeia Produtiva. 2. Seringueira. I. Pereira,<br />
Jomar <strong>da</strong> Paes. II. Doreto, Moacir. III. Leal, Alex Carneiro.<br />
IV. Castro, Antônio Maria G. de. V. Rucker, Neuza Almei<strong>da</strong>.<br />
VI. Título. VII. Série.<br />
CDD 338.1738952<br />
AGRIS E21<br />
2480<br />
G514
SUMÁRIO<br />
Pág.<br />
Apresentação............................................................................. 5<br />
Introdução.................................................................................. 7<br />
1. Panorama mundial...................................................................... 10<br />
2. Situação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira ..................................... 20<br />
3. Tipificação do processo produtivo.............................................. 27<br />
3.1 Sistema de produção agrícola extrativista: seringal nativo .. 29<br />
3.2 Sistema de produção agrícola tecnificado: seringal de cul<br />
tivo....................................................................................... 30<br />
3.3 Beneficiamento agro-industrial: usinas e mini usinas ........... 33<br />
3.4 Procesamento industrial: indústria de pneumáticos ............. 36<br />
3.5 Indústria de artefatos leves.................................................. 40<br />
4. Estrutura organizacional -diagnóstico ....................................... 47<br />
5. Expectativas dos componentes <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> ................... 50<br />
6. Agronegócio paranaense - <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> ............................. 52<br />
7. Análise <strong>da</strong>s matrizes <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
no estado do paraná ..................................................................... 59<br />
8. Indicadores técnicos e sócio-econômicos no contexto institu<br />
cional e organizacional <strong>da</strong> pesquisa heveícola no Paraná .......... 65<br />
9. Pontos de estrangulamento e oportuni<strong>da</strong>des .............................. 69<br />
9.1 Pontos de estrangulamento.................................................. 69<br />
9.2 Oportuni<strong>da</strong>des ..................................................................... 72<br />
10. Propostas de ações integra<strong>da</strong>s ................................................. 74<br />
10.1 Incentivo à implantação de seringais de cultivo.................. 74<br />
10.2 Aspectos políticos de médio e longo prazo ........................ 76<br />
10.3 Aspectos políticos de curto e médio prazo ......................... 77<br />
10.4 Aspectos técnicos.............................................................. 80<br />
10.5 Estratégia governamental .................................................. 82<br />
11. Literatura consulta<strong>da</strong> ................................................................ 84
APRESENTAÇÃO<br />
Os desafios que hoje se apresentam às organizações, públicas e<br />
priva<strong>da</strong>s, impõem a elas a necessi<strong>da</strong>de de desenvolverem mecanismos<br />
dinâmicos de leitura do ambiente onde atuam. Essa estratégia lhes<br />
permite compreender a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que estão ocorrendo<br />
em todos os âmbitos (político, econômico, tecnológico etc.) e o<br />
impacto que elas geram na organização. Nas <strong>cadeia</strong>s <strong>produtiva</strong>s as organizações<br />
não estão imunes à necessi<strong>da</strong>de de ler' essas mu<strong>da</strong>nças do<br />
ambiente. Por essa razão o Paraná, através <strong>da</strong> Secretaria <strong>da</strong> Agricultura<br />
e do Abastecimento, empreendeu o Estudo <strong>da</strong>s Cadeias Produtivas<br />
do Agronegócio Paranaense, entre 1995 e 1998, sob coordenação do<br />
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR.<br />
O Projeto abrangeu o estudo <strong>da</strong>s <strong>cadeia</strong>s <strong>produtiva</strong>s dos principais<br />
produtos agropecuários do Paraná, entre eles a seringueira, com o<br />
objetivo principal de gerar uma base de informações para referenciar as<br />
políticas públicas e o planejamento <strong>da</strong>s organizações públicas e priva<strong>da</strong>s<br />
que atuam no agronegócio paranaense, em particular as do Sistema<br />
Estadual de Agricultura - SEAGRI e <strong>da</strong> Secretaria de Estado <strong>da</strong><br />
Agricultura e do Abastecimento - SEAB.<br />
O atendimento às exigências dos mercados e de seus consumidores,<br />
impõe padrões de quali<strong>da</strong>de aos produtos e eficiência interna e<br />
externa dos agentes <strong>da</strong>s <strong>cadeia</strong>s. Internamente pelo uso de tecnologias<br />
de produção, de gestão e de informação. Externamente, através de<br />
uma equilibra<strong>da</strong> coordenação <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> como um todo, tendo era vista<br />
que crescentemente a competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> está sendo<br />
defini<strong>da</strong> por fatores e setores externos à produção agrícola e ao próprio<br />
sistema. Este estudo procurou caracterizar os pontos críticos e as necessi<strong>da</strong>des<br />
de intervenção para minimizar esses fatores. Também<br />
identificou necessi<strong>da</strong>des específicas de ca<strong>da</strong> agente <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, apesar<br />
de concentrar-se mais nos aspectos relacionados aos sistemas de produção<br />
agrícola.<br />
O Estudo envolveu profissionais de diferentes formações e instituições<br />
do Brasil. Em especial participaram técnicos <strong>da</strong> SEAB e pesquisadores<br />
do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR e <strong>da</strong> Embrapa.<br />
A metodologia adota<strong>da</strong> incorpora os conceitos de prospecção, segmentação<br />
e enfoque sistêmico. Como estratégia o estudo adotou a consulta<br />
aos agentes produtivos para identificar os gargalos e oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />
5
No estudo <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, foram identifica<strong>da</strong>s<br />
deman<strong>da</strong>s de três níveis: a) tecnológicas cuja solução já foi<br />
desenvolvi<strong>da</strong> em algum centro de pesquisa, mas que ain<strong>da</strong> não chegou<br />
ao usuário; b) tecnológicas cuja solução ain<strong>da</strong> não foi desenvolvi<strong>da</strong><br />
pela pesquisa e c) não tecnológicas (leis, normas, tributos,<br />
crédito, infra-estrutura etc). Neste texto, o autor, apresenta uma síntese<br />
<strong>da</strong>s informações analisa<strong>da</strong>s no estudo e registra a necessi<strong>da</strong>de de<br />
ações articula<strong>da</strong>s, que foram identifica<strong>da</strong>s junto aos atores consultados.<br />
Da<strong>da</strong>s as características <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, historicamente,<br />
a coordenação esteve mais vincula<strong>da</strong> aos mecanismos de<br />
mercado em detrimento dos demais. To<strong>da</strong>via, com as novas tecnologias,<br />
o acesso facilitado às informações e as mu<strong>da</strong>nças no perfil do mercado,<br />
o estudo evidencia a necessi<strong>da</strong>de de se 'construir' instrumentos<br />
inovadores de coordenação dos interesses <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> no Paraná. Este<br />
estudo espera contribuir para isso, aprimorando os atuais mecanismos<br />
de formulação e implantação de políticas para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />
para o que o papel do governo é fun<strong>da</strong>mental.<br />
6<br />
Eng. Agr. ADELAR ANTÔNIO MOTTER<br />
Estudo de Cadeias Produtivas do Agronegócio Paranaense<br />
Coordenador
Antecedentes<br />
INTRODUÇÃO<br />
Exatamente quando a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> foi descoberta ain<strong>da</strong> é<br />
desconhecido. Os registros literários sobre tal assunto <strong>da</strong>tam <strong>da</strong> viagem<br />
de Colombo à América, quando o seu uso já parecia difundido<br />
entre os nativos do continente. Os artefatos de <strong>borracha</strong> encontrados<br />
pelos primeiros visitantes do novo continente, levaram a concluir que,<br />
o uso <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deveria existir há séculos.<br />
O Gênero Hevea, é um membro <strong>da</strong> família Euphorbiacea, e<br />
compreende cerca de 11 espécies, <strong>da</strong>s quais a H. brasiliensis é a única<br />
planta<strong>da</strong> e explora<strong>da</strong> comercialmente, por ser a mais <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong>s<br />
espécies e possuir látex de quali<strong>da</strong>de superior às demais.<br />
A domesticação <strong>da</strong> seringueira Hevea brasiliensis, inicia<strong>da</strong> a 100<br />
anos atrás, foi um dos grandes eventos históricos que alterou o curso<br />
<strong>da</strong> civilização. A atual importância <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> transcende o<br />
uso no transporte rodoviário para ser aplicado em praticamente todos<br />
os ramos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de humana.<br />
A domesticação veio no tempo certo, quase que fortuitamente,<br />
durante a era vitoriana, na qual os Ingleses procuravam novas culturas<br />
promissoras para as partes tropicais do seu Império. Depois de<br />
inúmeras tentativas fracassa<strong>da</strong>s, o sucesso <strong>da</strong> missão coube a um<br />
plantador inglês Henry Wickhan que vivia em Santarém a 400 milhas<br />
acima do amazonas, com 70.000 sementes leva<strong>da</strong>s para Londres, em<br />
1876, <strong>da</strong>s quais foram obti<strong>da</strong>s 2.800 plantas, que vieram a constituir<br />
o maior império gumífero do oriente nos dias atuais!<br />
No Brasil, a área de distribuição geográfica do gênero abrange os<br />
estados do Amazonas, Pará, Acre, Roraima e Amapá, até o meridiano<br />
46° a noroeste do estado do Maranhão, norte do estado de Mato Grosso<br />
e Rondônia. Não obstante, as espécies do gênero Hevea ocorrem numa<br />
grande área abrangendo por inteiro a bacia amazônica, compreendendo<br />
essa parte do Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela,<br />
Guiana Francesa, Suriname e Guiana Holandesa, indo desde 7 o de<br />
Latitude Norte até 15° Sul.<br />
Conforme REIS (1953), La Con<strong>da</strong>mine em 1743, escreveu (Relation<br />
abrangée d'un voyage fait <strong>da</strong>ns l'intérieur de 1' Amérique Méridionale)<br />
a respeito de uma árvore que os indígenas nativos de Quito às<br />
margens do Marafion chamavam de cau-chu (que significa "pau-quedá-leite"),<br />
de cujo leite, fabricavam uma goma que usavam para fazer<br />
7
garrafas, calçados, bolsas, bolas e bombas ou seringas (<strong>da</strong>í a denominação<br />
em português), tais objetos chamavam a atenção pela sua elastici<strong>da</strong>de.<br />
Nessa época, o <strong>natural</strong>ista francês François Fresnau, em estudos<br />
realizados na Guiana Francesa, interessado pelas árvores cujo látex os<br />
nativos faziam os mais variados usos, estudou a Hevea guianensis,<br />
primeira espécie do gênero a ser descrita.<br />
Nos dias atuais a seringueira se expandiu para áreas extra<br />
amazônicas, considera<strong>da</strong>s de escape à principal enfermi<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong><br />
por "Mal Sul Americano <strong>da</strong>s folhas causado pelo fungo Microcyclus<br />
ulei, onde vem se estabelecendo em plantios comerciais como é o<br />
exemplo mais recente do Estado do Paraná.<br />
Metodologia Utiliza<strong>da</strong> no Estudo<br />
O principal objetivo deste estudo foi fornecer subsídios para que<br />
o Estado do Paraná participe desse esforço, implementando a <strong>cadeia</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, em todos os seus elos e assim, com competitivi<strong>da</strong>de,<br />
poder contribuir para que o país possa atingir a auto-suficiência<br />
na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />
Para proceder a elaboração <strong>da</strong>s matrizes que caracterizam os<br />
segmentos e as distintas expectativas dos componentes <strong>da</strong> Cadeia <strong>da</strong><br />
Borracha Natural no Paraná, não foi possível adotar a metodologia<br />
proposta pela EMBRAPA, no seu Manual Metodológico (1995), devido<br />
à inexistência <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> completa no Estado. Referi<strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> encontrase<br />
fragmenta<strong>da</strong> e representa<strong>da</strong> apenas pelo segmento produtivo em<br />
fase inicial de implantação e o segmento industrial de artefatos leves<br />
consumindo matéria prima externa.<br />
Nesse sentido, procederam-se levantamentos, estudos e análises<br />
de informações acerca de mercado nacional, internacional, tendências<br />
e situação atual <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, no contexto interno e<br />
externo.<br />
Para a obtenção de <strong>da</strong>dos sobre a <strong>cadeia</strong>, foram toma<strong>da</strong>s como<br />
fonte as referências bibliográficas de órgãos governamentais como<br />
IBAMA/ Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>, IPARDES, enti<strong>da</strong>des de classe, relatórios<br />
de campo além de análises processa<strong>da</strong>s pelos autores do trabalho.<br />
A maior dificul<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> reside na interpretação correta<br />
dos conflitos existentes entre os distintos elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, envolvendo<br />
principalmente os setores produtivo nacional e industrial frente as políticas<br />
governamentais vigentes, tais como, liberação de importação de<br />
8
matéria prima a preços subsidiados (68%) pelos países asiáticos além<br />
de manufaturados (pneumáticos) em concorrência com a indústria nacional.<br />
O estado atual do estudo define o desempenho dos componentes<br />
<strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> (deman<strong>da</strong>s), com identificação de variáveis críticas que<br />
interferem no seu funcionamento atual e passado. São sugeri<strong>da</strong>s projeções<br />
futuras, tendências, de base predominantemente empírica.<br />
Nas próximas etapas do estudo, será aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> a visão prospectiva,<br />
aplicando-se técnicas prospectivas para a elaboração do prognóstico<br />
do desempenho dos fatores críticos apontados pelo diagnóstico.<br />
1.1 - Produção<br />
1. PANORAMA MUNDIAL<br />
A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> é uma importante matéria prima agrícola, essencial<br />
para a manufatura de um amplo espectro de produtos. Considera<strong>da</strong><br />
estratégica é, ao lado do aço e do petróleo, um dos alicerces<br />
que sustentam o progresso <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Cerca de 70% <strong>da</strong> produção<br />
mundial são empregados na indústria de pneumáticos. A produção<br />
provém <strong>da</strong> Hevea brasiliensis, cujo cultivo representa a ativi<strong>da</strong>de de<br />
maior importância sócio-econômica em muitos países em desenvolvimento.<br />
Milhões de pessoas, envolvendo principalmente 9.980 pequenos<br />
proprietários rurais com área planta<strong>da</strong> de 2 ha, ao redor do mundo,<br />
têm na heveicultura seu principal meio de vi<strong>da</strong> , contribuindo com<br />
4,89 milhões de tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> produzi<strong>da</strong>, representando<br />
81,1% <strong>da</strong> produção mundial (Tabelas 1 e 2 ).<br />
9
A distribuição percentual <strong>da</strong> produção global de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
em 1994 foi <strong>da</strong> seguinte ordem:<br />
Em escala mundial, (Burger & Smit, 1997) a produção de BN<br />
aumentou dramaticamente durante os anos 80 com uma taxa de crescimento<br />
anual composto superior a 3%. No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, a<br />
produção mundial estagnou como um resultado <strong>da</strong> produção menor<br />
<strong>da</strong> Malásia e preços baixos. A economia mundial recuperou-se durante<br />
1994 e 1995, e assim também os preços e a produção. Detalhes <strong>da</strong><br />
distribuição nos países são apresentados na Tabela 3 para 1970, 1980<br />
e 1990.<br />
10
a) inclui poss bili<strong>da</strong>de de discrepância estatística ..<br />
Fonte: Burger & Smit, 1997<br />
A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> apresentou uma taxa de crescimento<br />
em torno de 3% ao ano, em média, nos últimos quinze anos.<br />
Mesmo tendo a sua produção distribuí<strong>da</strong> por vários países, cerca de<br />
75% a 85% se concentra na Tailândia, Indonésia e Malásia, que contribuem<br />
efetivamente para atender a uma deman<strong>da</strong> sempre crescente<br />
lidera<strong>da</strong> pelos Estados Unidos <strong>da</strong> América com 18% do consumo<br />
mundial em 1994, seguido do Japão com 11%, China com 13%, índia<br />
com 8%, Malásia com 5% e Brasil com 2% ( Tabela 4 )<br />
11
1.2. - Consumo de <strong>borracha</strong> - análise, história e perspectiva<br />
O enfoque deste capítulo é chegar-se às projeções do consumo<br />
total de <strong>borracha</strong> sem separá-la em <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> e sintética.<br />
Segundo Burger & Smit (1997), o cálculo do consumo de <strong>borracha</strong><br />
pelo setor de pneus parece fácil. Entretanto, há vários problemas.<br />
Inicialmente a atenção será concentra<strong>da</strong> naqueles países para os quais<br />
<strong>da</strong>dos de consumo estão disponíveis para ambos setores de pneu e<br />
mercadorias de <strong>borracha</strong> em geral. Esses países são os Estados Unidos,<br />
Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Brasil e índia. O<br />
consumo de <strong>borracha</strong> no setor de pneus inclui <strong>borracha</strong> para pneus e<br />
tubos além de carros de passeio e veículos comerciais. Nessa análise,<br />
estima-se que aproxima<strong>da</strong>mente 15-20% do consumo total de <strong>borracha</strong><br />
esteja no setor de pneus, variando de acordo com o país, ajustados<br />
o peso de <strong>borracha</strong> dos pneus de carros de passeio e veículos comerciais<br />
<strong>da</strong> mesma maneira para que os totais sejam iguais.<br />
Há uma tendência em direção a uma menor quanti<strong>da</strong>de de <strong>borracha</strong><br />
por pneu na maioria dos países na déca<strong>da</strong> de 80, exceto para o<br />
Japão. Para todos os oito países mencionados acima, a combinação resultante<br />
entre estimativas de modelo e <strong>da</strong>dos é muito boa. O peso mé-12
dio estimado de um pneu de carro de passeio varia de 3 à 4 kg. Para<br />
todos os países, exceto Japão, estima-se que um pneu de veículo comercial<br />
tenha um peso médio de <strong>borracha</strong> entre 15 e 18 kg.<br />
Considerando apenas o consumo mundial de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
pode-se observar o comportamento por países na Tabela 5 a seguir:<br />
Tabela 5 - Consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> por países selecionados (1.000 t).<br />
A crescente industrialização dos países como a China e a Índia,<br />
aumenta a ca<strong>da</strong> dia o consumo, e os principais países produtores iniciam<br />
a agregação de valor ao produto primário através a expansão de<br />
seus parques industriais.<br />
Para o ano de 1995 a estimativa de deman<strong>da</strong> de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
no mundo foi <strong>da</strong> ordem de 6 milhões de tonela<strong>da</strong>s para uma produção<br />
prevista de 5,7 milhões de tonela<strong>da</strong>s. Dados de 1995 mostram uma<br />
produção de 6,0 milhões de tonela<strong>da</strong>s (Tabela 4), para um consumo de<br />
5,99 (Tabela 5). Neste contexto, observa-se um maciço ingresso de<br />
capital multinacional na Malásia, Tailândia e Indonésia, determinante<br />
de um forte processo de industrialização (informática, eletroeletrônicos,<br />
construção civil, indústria automobilística etc), gerando<br />
como principal consequência o êxodo rural, o que poderá implicar em<br />
sensíveis alterações na estrutura <strong>da</strong> economia global do produto, já<br />
nos primórdios do ano 2.000.<br />
13
Um exemplo concreto dessa tendência é a paralisação de cerca<br />
de 500 mil hectares de seringais produtivos na Malásia, um dos mais<br />
importantes produtores, cedendo lugar a culturas agro-industriais<br />
como dendê, coco e cacau, que dispensam mão-de-obra permanente e<br />
especializa<strong>da</strong> na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>. Visando compensar a<br />
sua impossibili<strong>da</strong>de de aumentar a produção de matéria prima básica,<br />
a Malásia vem estimulando a exportação de manufaturados de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> com valor agregado.<br />
Manti<strong>da</strong> essa tendência, vislumbra-se o Sudeste Asiático procurando<br />
abdicar-se do papel de principal fornecedor <strong>da</strong> matéria prima<br />
básica, transferindo-o para regiões tropicais de outros continentes,<br />
onde obviamente se enquadra o Brasil. Desse modo, projeta-se um<br />
futuro promissor para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, onde novos mercados terão<br />
de absorver qualquer incremento, na medi<strong>da</strong> em que se espera um déficit<br />
de oferta para os próximos anos, uma vez que, a tão decanta<strong>da</strong><br />
competitivi<strong>da</strong>de entre o produto sintético e o <strong>natural</strong>, objeto de grandes<br />
controvérsias nas déca<strong>da</strong>s de 60 e 70, está longe de acontecer e,<br />
ambos os tipos podem coexistir complementando-se.<br />
Para Burger & Smit (1996), o consuma mundial total de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> (i.e., <strong>natural</strong> e sintética) aumentou dramaticamente nas<br />
últimas duas déca<strong>da</strong>s, apesar <strong>da</strong> recessão econômica mundial no início<br />
dos anos 80 ter depreciado severamente o mercado <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>.<br />
Isso teve como resultado um crescimento inferior durante a déca<strong>da</strong> de<br />
80: taxa de crescimento anual composto de 1.8%. Um retrato do desenvolvimento<br />
do consumo de <strong>borracha</strong> é <strong>da</strong>do na Tabela 6 , para 1970,<br />
1980 e 1990.<br />
14
1.3 - Comércio Internacional<br />
A maioria dos principais países produtores são exportadores líquidos.<br />
Os únicos principais produtores que são (principalmente) importadores<br />
líquidos são índia e China. A Tabela 7, mostra exportações<br />
por país para Malásia, Indonésia, Tailândia e Sri Lanka e para o resto<br />
do mundo bem como a proporção em relação à produção total (%) para<br />
os quatro principais exportadores e para o mundo. Os países produtores<br />
de BN, exceto índia e China, e em particular Indonésia, Malásia,<br />
Tailândia e Sri Lanka, enfatizaram muito o desenvolvimento <strong>da</strong> indústria<br />
de manufatura e processamento de <strong>borracha</strong> doméstica. É óbvio<br />
que a maioria dos exportadores movimentam-se em direção a uma<br />
porcentagem crescente de produção para consumo interno. O decréscimo<br />
<strong>da</strong> porção dedica<strong>da</strong> à exportação em nível mundial também é<br />
causado por países como China e índia, que eram importadores líquidos.<br />
As tendências prevalecentes durante a déca<strong>da</strong> de 80 provavelmente<br />
continuarão no futuro (Burger & Smit, 1997).<br />
Dados sobre o consumo de <strong>borracha</strong> no setor de pneus para Canadá,<br />
Oceania, outros países <strong>da</strong> Europa Ocidental, Europa Oriental,<br />
outros países <strong>da</strong> América Latina, China, Indonésia, Malásia, Tailândia e<br />
outros países <strong>da</strong> Ásia foram estimados por Burger & Smit (1997),<br />
usando os <strong>da</strong>dos sobre produção de pneus de carros de passeio e<br />
pneus de veículos comerciais por país e peso estimado de <strong>borracha</strong> por<br />
tipo de pneu. Tais estimativas seriam basea<strong>da</strong>s em <strong>da</strong>dos derivados<br />
para países com tipos semelhantes de pneus e na divisão resultante<br />
15
entre consumo de <strong>borracha</strong> no setor de pneus e no setor de mercadorias<br />
em geral de <strong>borracha</strong>. Assim, este modelo é também usado para se<br />
fazer projeções basea<strong>da</strong>s nas projeções para produção de pneus por<br />
tipo como foi deriva<strong>da</strong> no capítulo anterior. Isto leva aos totais mundiais<br />
e conjuntos regionais como é mostrado nas Previsões detalha<strong>da</strong>s<br />
são apresenta<strong>da</strong>s na Tabela 8.<br />
1.4. - Consumo total de <strong>borracha</strong> por país ou região<br />
Projeções do consumo total de <strong>borracha</strong> podem agora ser alcança<strong>da</strong>s<br />
simplesmente adicionando-se os dois componentes: consumo<br />
de <strong>borracha</strong> no setor de pneus e no setor de mercadorias em geral.<br />
Os resultados em escala mundial e para cinco regiões são apresentados.<br />
A distribuição internacional é apresenta<strong>da</strong> na Tabela 8.1. Fortes<br />
perspectivas de crescimento são previstas para a maioria <strong>da</strong>s regiões<br />
subdesenvolvi<strong>da</strong>s.<br />
16
O decréscimo de produção de matéria prima e o concomitante<br />
incremento <strong>da</strong> manufatura de artigos de <strong>borracha</strong> e uso final nos<br />
países produtores, segundo o IRRDB/95, assumiu grande significância<br />
nos últimos anos. Com a agregação de valor, cria-se para a Tailândia,<br />
Indonésia e Malásia, os maiores exportadores <strong>da</strong> matéria prima, novas<br />
alternativas de exportação, consumindo grande fatia de sua própria<br />
produção, e já se incluem no seleto grupo dos 12 países maiores consumidores.<br />
Países de economia emergente como China, índia Continental e<br />
alguns <strong>da</strong> Europa Oriental, cujo crescimento econômico-industrial se<br />
mostra irreversível, vêm promovendo um incremento acelerado do consumo<br />
nos últimos anos.<br />
A exportação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> para os países desenvolvidos<br />
foi a razão para a introdução <strong>da</strong> Hevea em países tropicais em desenvolvimento<br />
ao final do século XXI. Com o crescimento <strong>da</strong> industrialização<br />
destes últimos, verificou-se aumento significativo de sua participação<br />
no consumo global de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, que. de 19,8% em 1994,<br />
17
hoje se aproxima dos 50,5%, enquanto que nos primeiros caiu de<br />
80,2% para 49,5%.<br />
A indústria de pneumáticos responde hoje por cerca de 70% do<br />
consumo mundial <strong>da</strong> matéria prima, vindo a seguir artigos leves manufaturados<br />
a partir de látex líquido beneficiado, como luvas cirúrgicas<br />
etc.<br />
A participação dos diferentes segmentos industriais no consumo<br />
global de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> está assim distribuído (Fonte: IRRDB /95):<br />
Pneumáticos 68%; Artigos leves oriundos de látex 8%; Componentes<br />
de construção civil, maquinaria e equipamentos 7,8%; calçados 5%;<br />
adesivos 3,2% e outros 8%.<br />
1.5. Preços<br />
A série histórica de preços internacionais <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> (Tabelas<br />
8.2. e 8.3), indica a existência de "ciclos", com duração média de seis<br />
anos, onde ocorre uma elevação de preços durante três anos iniciais e<br />
consequente que<strong>da</strong> nos três anos seguintes. Segundo RC<br />
CONSULTORES, esses ciclos tendem a ficar mais atenuados, com elevações<br />
e que<strong>da</strong>s menos bruscas nos últimos anos, até 1996, observando-se<br />
que<strong>da</strong> acentua<strong>da</strong> de 1997 para 1998 em função do colapso<br />
<strong>da</strong> economia asiática, conforme se observa no período de 1979 a 1998,<br />
tendendo a convergir para uma retoma<strong>da</strong> de preço estável, a menos<br />
que algum evento tecnológico possa aumentar a produtivi<strong>da</strong>de e a<br />
quali<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> mais, reduzindo, assim, custos e preços. Como fatores<br />
restritivos está a concentração <strong>da</strong> produção mundial em uns poucos<br />
países que monopolizam, influenciam a que<strong>da</strong> dos preços no mercado<br />
internacional e a facili<strong>da</strong>de de financiamento externo via concessão de<br />
prazos maiores e taxas de juros menores que as pratica<strong>da</strong>s no país.<br />
Como fatores impulsionadores <strong>da</strong> elevação, aparecem os novos parques<br />
industriais carentes de matéria prima de quali<strong>da</strong>de como a China,<br />
índia, Japão, aliados à possibili<strong>da</strong>de de falta mundial de matéria<br />
prima prevista para os primórdios do ano 2000.<br />
18
O preço internacional estabelecido por seis países produtores e<br />
14 consumidores era regulado pela moe<strong>da</strong> Malaia o Ringgit, despencou<br />
causando sérios problemas para países produtores de matéria prima<br />
más, acima de tudo, importadores como é o caso do Brasil. Mediante<br />
pressões para a subi<strong>da</strong> de preços a Malásia saiu <strong>da</strong> INRO, sendo agora<br />
os preços internacionais regulados pelo US$ com tendências a aumentar.<br />
Nesse aspecto a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> produzi<strong>da</strong> na<br />
Malásia (SMR), atende aos padrões tecnológicos mais exigentes <strong>da</strong>s indústrias<br />
de pneumáticos e de artefatos (SSR), conferindo alta quali<strong>da</strong>de<br />
aos artefatos delas oriundos.<br />
A quali<strong>da</strong>de do produto <strong>natural</strong>/ sintético segue as normas <strong>da</strong><br />
I.S.O. - International Stan<strong>da</strong>rd Organization, com sede em Viena, onde<br />
as distintas instituições responsáveis pelas normas de ca<strong>da</strong> país, buscam<br />
estabelecer padrões consensuais a serem adotados mundialmente.<br />
2. SITUAÇÃO DA BORRACHA<br />
NATURAL BRASILEIRA<br />
A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil, historicamente exerce uma forte<br />
influência na situação do setor gumífero, suscitando reações mais<br />
emocionais do que econômicas, especialmente pelo crescimento <strong>da</strong>s<br />
pressões internacionais e internas visando a preservação <strong>da</strong> floresta<br />
amazônica, berço e habitat <strong>natural</strong> <strong>da</strong>s espécies do gênero Hevea. A<br />
despeito <strong>da</strong> atual devastação indiscrimina<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta, essa região<br />
ain<strong>da</strong> responde por uma pequena parcela <strong>da</strong> exploração extrativista <strong>da</strong><br />
seringueira, de onde 70.000 sementes retira<strong>da</strong>s clandestinamente em<br />
1876, constituíram o maior império gumífero estabelecido nas regiões<br />
tropicais e subtropicais <strong>da</strong> África e <strong>da</strong> Ásia, que hoje abastece o mercado<br />
mundial <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, todo ele conseguido às expensas<br />
desse próprio extrativismo.<br />
O extrativismo <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, desde a primeira exportação,<br />
se manteve atuante durante mais de um século, praticamente<br />
estagnado, sem recorrer ao uso de insumos modernos, usando os escassos<br />
recursos naturais disponíveis com excessivo dispêndio de esforços<br />
e baixa produtivi<strong>da</strong>de, não acompanhando a evolução dos florescentes<br />
seringais de plantio do Oriente. 20
Ao final de mais de 170 anos de história, a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no<br />
Brasil, apresentou em 1992 uma produção de 26,2 mil tonela<strong>da</strong>s, inferior<br />
à sua exportação de 1911 (33,1 mil tonela<strong>da</strong>s), para um consumo<br />
de 107,7 mil tonela<strong>da</strong>s. Em 1993 e 1994, houve uma recuperação do<br />
setor com produções em torno de 40 e 45 mil tonela<strong>da</strong>s respectivamente,<br />
atingindo em 1996 cerca de 52.892 mil tonela<strong>da</strong>s.<br />
O aumento contínuo do consumo é suprido por importações<br />
crescentes em <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> do Sudeste Asiático que, de 11,7 mil<br />
tonela<strong>da</strong>s importa<strong>da</strong>s em 1970, passou para 98,6 mil tonela<strong>da</strong>s em<br />
1993, demonstrando com isso uma enorme dificul<strong>da</strong>de interna de<br />
atendimento à deman<strong>da</strong>, a despeito de to<strong>da</strong>s as políticas de incentivo à<br />
produção gestiona<strong>da</strong>s a partir de 1972, e agrava<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> mais pelo decréscimo<br />
progressivo <strong>da</strong> produção dos seringais nativos e pela nova<br />
política de liberação <strong>da</strong>s importações implementa<strong>da</strong>s pelo governo brasileiro.<br />
No período de 1985-93, entre 19% e 47% <strong>da</strong>s importações brasileiras<br />
de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, foram efetua<strong>da</strong>s em regime de "Drawback",<br />
sem incidência <strong>da</strong> TORMB - Taxa de Organização e Regulamentação<br />
do Mercado <strong>da</strong> Borracha e do Imposto de Importação, destinado<br />
à produção de pneumáticos e artefatos leves visando exportação.<br />
Em 1993, dos 31,6 milhões de pneus produzidos, 7,9 milhões foram<br />
exportados.<br />
As discussões envolvendo a atuação do Estado no setor gumífero<br />
<strong>da</strong>tam desde meados do século passado, quando fabricantes de pneumáticos<br />
eram obrigados a investir em plantios de seringais, parte dos<br />
seus lucros. Desde aí, a política governamental contempla ora os produtores<br />
ora a indústria, conforme as diversas Influências, sem a preocupação<br />
com a melhor aplicação social dos recursos de que dispõe a<br />
economia.<br />
No Brasil, embora a desativação gradual <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong><br />
dos seringais nativos <strong>da</strong> Amazônia esteja sendo compensa<strong>da</strong> com<br />
excedentes pela entra<strong>da</strong> em produção dos seringais cultivados nas<br />
áreas não tradicionais, não tem sido possível acompanhar o crescente<br />
aumento do consumo interno.<br />
A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil a partir de seringais<br />
cultivados vem se expandindo rapi<strong>da</strong>mente em função <strong>da</strong> extração<br />
crescente oriun<strong>da</strong> dos seringais adultos e <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em produção de<br />
novas áreas de plantio.<br />
A participação <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil em<br />
relação ao consumo tem mostrado ao longo dos anos uma tendência<br />
21
niti<strong>da</strong>mente decrescente. De uma participação de 67,98% em 1970,<br />
decresce para 30,87% em 1993, com manutenção desse mesmo percentual<br />
em 1994, mesmo a despeito de um crescimento de produção<br />
de 24,9 mil tonela<strong>da</strong>s para 40,6 mil tonela<strong>da</strong>s, que não foi capaz de<br />
acompanhar um aumento sempre crescente do consumo (Tabela 9 e<br />
Figura 1).<br />
22
Figura 1. Evolução <strong>da</strong> produção e consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil.<br />
A produção nacional está concentra<strong>da</strong> nos Estados de São Paulo<br />
(50,4%), Mato Grosso (16,3%), Bahia (18,5%) e Amazônia (10,0%), podendo-se<br />
dizer que mais de 86% <strong>da</strong> produção brasileira de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> ocorre nas Regiões Sudeste, Centro Oeste e no Estado <strong>da</strong><br />
Bahia (Vasquez Cortez, 1998)<br />
Segundo Cortez & Martin (1996), nas condições e<strong>da</strong>foclimáticas<br />
dessas regiões a produção de látex ou coágulo apresenta forte variação<br />
sazonal, cuja causa básica são as condições climáticas associa<strong>da</strong>s às<br />
estações do ano. O conhecimento dessas variações sazonais <strong>da</strong> produção<br />
podem fornecer subsídios importantes aos produtores sobre as<br />
condições de oferta ao longo do ano e no gerenciamento <strong>da</strong> produção.<br />
Estimativas de crescimento de 27% na produção no período de<br />
1992 a 1996 (RC Consultores, 1992), já se encontram supera<strong>da</strong>s com<br />
o crescimento de 55,3% de 1992 para 1993.<br />
Nesse contexto, a participação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> procedente do seringal<br />
nativo caiu de 93,61% para apenas 11,90% no período de 1972<br />
para 1994, enquanto que os seringais de cultivo passaram de 6,39%*<br />
para 88,10% (Tabela 10 e Figura 1), cujo aumento é decorrente <strong>da</strong><br />
23
produção de grandes projetos implantados em meados <strong>da</strong> última déca<strong>da</strong>,<br />
sem isso ter implicado em aumento de área planta<strong>da</strong>.<br />
A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> em 1996 situou-se em 52.892 t,<br />
representa<strong>da</strong> por cerca de 50% <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> no país, estimando-se<br />
para 1997 um incremento de 22% sobre o volume <strong>da</strong> produção de 96,<br />
ou seja, cerca de 64.500 t., para um consumo estimado de 154.000 t.<br />
Esses valores elevam para uma taxa média de crescimento de 15% ao<br />
ano, nos últimos três anos, esperando-se a duplicação <strong>da</strong> oferta interna<br />
em cerca de cinco anos.<br />
24
A situação atual é tal que qualquer expansão no consumo interno<br />
para os próximos anos, como a deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> meta de elevação <strong>da</strong><br />
produção nacional de veículos de 1,1 milhão em 1992 para 2,0 milhões<br />
de uni<strong>da</strong>des no ano 2.000, deverá aumentar ain<strong>da</strong> mais as importações<br />
de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />
Para atender a um consumo sempre crescente há necessi<strong>da</strong>de de<br />
serem adota<strong>da</strong>s políticas que visem auxiliar o setor como um todo e<br />
tenha como meta principal o aumento <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> nos seus mais<br />
distintos aspectos visando o aumento <strong>da</strong> oferta de matéria prima de<br />
quali<strong>da</strong>de. A expansão <strong>da</strong> heveicultura no Brasil tem condições de se<br />
<strong>da</strong>r tanto pelo aumento <strong>da</strong> fronteira agrícola mediante ampliação nas<br />
área chama<strong>da</strong>s de escape, quanto pelo aumento de produtivi<strong>da</strong>de, pois<br />
para tanto se dispõe <strong>da</strong> mais diversifica<strong>da</strong> fonte de germoplasma.<br />
A produção nacional, a despeito de mecanismos criados como, a<br />
taxa de equalização, contingenciamento, extensão de subsídios creditícios<br />
aos plantadores através programas com juros reais negativos, não<br />
mostrou perspectivas espera<strong>da</strong>s a longo prazo. As indústrias consumidoras<br />
continuam obriga<strong>da</strong>s a comprar <strong>borracha</strong> no mercado nacional,<br />
às vezes de quali<strong>da</strong>de inferior à importa<strong>da</strong> e por preços superiores aos<br />
internacionais (Tabela 11), criando-se assim um hiato entre esses<br />
dois setores importantes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de gumífera.<br />
Um outro aspecto a considerar é que o Brasil como importa cerca<br />
de 64% <strong>da</strong> sua <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> consumi<strong>da</strong>, não pode exportar,<br />
embora se saiba que os países do Mercosul como Argentina, Uruguai,<br />
importam 50t e 30t respectivamente, assim, o produtor nacional com<br />
to<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>des para vender o seu produto no mercado interno,<br />
está privado de exportar.<br />
25
3. TIPIFICAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO<br />
A importância do desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Estado<br />
do Paraná, está concentra<strong>da</strong> na necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> melhor compreensão<br />
do processo produtivo a nível nacional. O setor gumífero nacional é<br />
representado por uma <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> composta de três segmentos<br />
básicos importantes : O produtivo constituído <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s<br />
"seringal nativo" (Sistema de Produção Extrativista) e "seringal de<br />
cultivo" (Sistema Tecnificado); o segmento beneficiador do qual fazem<br />
parte as usinas e mini-usinas de beneficiamento de <strong>borracha</strong> e, o segmento<br />
industrial, constituído pela indústria pesa<strong>da</strong> (pneumáticos) e<br />
de artefatos leves. Destes o Paraná conta apenas com o segmento produtivo<br />
(seringal de cultivo) e o beneficiador (indústrias de artefatos).<br />
Os sistemas produtivos agropecuários (a produção agrícola) foram<br />
divididos em três segmentos principais, adotando-se a proposição<br />
de Molina, conti<strong>da</strong> em Castro et ai. (1995): a produção extrativa familiar<br />
dos seringais nativos; a empresa familiar de seringais de cultivo; e a<br />
empresa capitalista de seringais de cultivo.<br />
Os fornecedores de insumos para a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> são segmentados em armazéns e empórios de produtos agropecuários,<br />
tais como adubos, defensivos, pequenas máquinas e equipamentos,<br />
coagulantes e estimulantes, canequinhas para coleta de<br />
látex, facas de sangria etc; os fornecedores de tratores, implementos e<br />
máquinas pesa<strong>da</strong>s; os produtores de mu<strong>da</strong>s e de jardins clonais;-<br />
Destes, os fornecedores de mu<strong>da</strong>s e borbulhas para a propagação <strong>da</strong><br />
seringueira em escala comercial são os de maior importância para a<br />
<strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>.<br />
Além destes componentes, a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> possui torno de si,<br />
um ambiente organizacional e um ambiente institucional (Figura 2). A<br />
pesquisa agropecuária, a assistência técnica e o sistema bancário para<br />
operação de crédito rural, componentes do ambiente institucional <strong>da</strong><br />
<strong>cadeia</strong>, são os mais importantes para efeitos de análise de competitivi<strong>da</strong>de.<br />
Em relação ao aparato legal que compõe o ambiente institucional,<br />
as leis de crédito rural para apoiar os plantios e o aparato legal de<br />
controle de mercado (normas de importação e exportação) e o controle<br />
de preços de <strong>borracha</strong> no mercado brasileiro, que vigorou por muitos<br />
anos e foi recentemente revogado, são os mais relevantes.<br />
27
3.1. SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA EXTRATIVISTA<br />
SERINGAL NATIVO<br />
Este segmento já foi a base <strong>da</strong> economia regional e nacional,<br />
sendo que a <strong>borracha</strong> vegetal extraí<strong>da</strong> dos seringais nativos, um dos<br />
principais produtos <strong>da</strong> pauta de exportação do país, concorreu para<br />
financiar as grandes plantações do sudeste <strong>da</strong> Ásia e para implementar<br />
a cafeicultura paulista. Hoje o setor agoniza por falta de apoio governamental<br />
e pela destruição criminosa e indiscrimina<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta<br />
e, por consequência, dos seringais para se transformar em exploração<br />
madeireira e em ativi<strong>da</strong>de pecuária pre<strong>da</strong>tória e incompatível com a<br />
reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> região.<br />
O seringal nativo como empresa envolve a existência de organização<br />
administrativa mínima e de to<strong>da</strong> a infra-estrutura necessária<br />
para o funcionamento do processo extrativo, incluindo as instalações<br />
<strong>da</strong> sede do seringal, transporte externo e recolhimento do produto,<br />
com as vias de acesso indispensáveis, abertura de estra<strong>da</strong>s de sangria,<br />
barracos de seringueiros e aparelhamento <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s para extração<br />
e processamento primário do látex.<br />
A estrutura de funcionamento de um seringal nativo está alicerça<strong>da</strong><br />
na sede do mesmo, circun<strong>da</strong><strong>da</strong> por "colocações" dispersas na<br />
mata ( ca<strong>da</strong> colocação constitui-se de um tapiri (casa do seringueiro),<br />
e de duas a três estra<strong>da</strong>s de seringueira - trilha sinuosa ao longo <strong>da</strong><br />
mata interligando as chama<strong>da</strong>s madeiras ou árvores em sangria, cujo<br />
número varia de 150 a 300 árvores por estra<strong>da</strong>, sendo uma destas<br />
chama<strong>da</strong> "estra<strong>da</strong> de porta", pois tem início e fim no tapiri do seringueiro.<br />
O seringueiro deve ser considerado como um agente econômico<br />
"especial", pois extrai <strong>da</strong> floresta quase tudo de que precisa para a sua<br />
subsistência, <strong>borracha</strong> (400 - 500 kg/ ano), castanha, madeira, preservando-a<br />
como um ver<strong>da</strong>deiro "guar<strong>da</strong>-florestal". Sem a sua presença,<br />
a devastação para extração de madeira e implantação de pecuária<br />
extensiva ( nessa ativi<strong>da</strong>de a necessi<strong>da</strong>de aproxima<strong>da</strong> é de 1 trabalhador<br />
para ca<strong>da</strong> 1450 acres - 300 vezes superior à utiliza<strong>da</strong> pelo seringueiro),<br />
seria extrema e a erosão genética, incalculável.<br />
Segundo estimativas do CNPT - Centro Nacional para o Desenvolvimento<br />
Sustentado <strong>da</strong>s Populações Tradicionais (1992), existiam<br />
cerca de 3.650 famílias de seringueiros nas reservas extrativistas <strong>da</strong><br />
Amazônia e 30.000 fora delas, com média de duas pessoas por família<br />
na ativi<strong>da</strong>de, teríamos 67.300 seringueiros extraindo látex, com média<br />
29
de produção anual de 500 kg de <strong>borracha</strong>, chegaríamos a uma produção<br />
anual de 33.600 tonela<strong>da</strong>s, valor muito acima <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de de<br />
1994, quando a participação do seringal nativo foi <strong>da</strong> ordem de apenas<br />
5.367 tonela<strong>da</strong>s (Tabela 10).<br />
Este fato se deve principalmente ao fechamento de várias usinas<br />
de beneficiamento primário de <strong>borracha</strong>, pressionando a um aumento<br />
considerável do êxodo rural, associado também à derruba<strong>da</strong> indiscrimina<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> floresta.<br />
Pelo observado, o potencial produtivo dos seringais silvestres<br />
acha-se significativamente subaproveitado, quando o extrativismo <strong>da</strong><br />
<strong>borracha</strong>, em associação ao extrativismo de outros recursos naturais,<br />
além de acarretar expressivos efeitos sócio-econômicos, poderia proporcionar<br />
a salvaguar<strong>da</strong> <strong>da</strong> região de fronteira e do bioma amazônico,<br />
que teriam na figura do seringueiro o seu guardião <strong>natural</strong> e efetivo.<br />
3.2. SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA TECNIFICADO<br />
SERINQAL DE CULTIVO<br />
Consiste basicamente na implantação em série de plantas com<br />
características vegetativas e <strong>produtiva</strong>s mais homogêneas (clones), objetivando<br />
facilitar a exploração econômica <strong>da</strong> seringueira.<br />
Uma vez implantado, o seringal pode ser sangrado a partir do<br />
sexto ou sétimo ano, alcançando rendimento máximo de produção do<br />
quarto ano de sangria em diante, mantendo-se estável até o final do<br />
período de vi<strong>da</strong> <strong>produtiva</strong> útil, entre o vigésimo quinto e trigésimo ano<br />
de sangria, dependendo do sistema e <strong>da</strong> frequência de sangria, quando<br />
é eliminado e produz madeira de quali<strong>da</strong>de para a fabricação de móveis<br />
(fuste) e energia (produção de lenha a partir dos ramos mais finos).<br />
Tanto no período imaturo quanto produtivo o seringal merece<br />
atenção de tratos culturais e fitossanitários (quando necessários) visando<br />
manter as árvores sempre com bom vigor e uniformi<strong>da</strong>de compatíveis<br />
se refletindo em bons níveis de produtivi<strong>da</strong>de. Com isso, o<br />
aporte de insumos e defensivos necessários ao consumo no seringal de<br />
cultivo movimenta uma indústria e gera um apreciável contingente de<br />
mão-de-obra indireta à montante, o que não ocorre no extrativismo<br />
puro e simples.<br />
As relações de produção nos seringais de cultivo, principalmente<br />
aqueles fora <strong>da</strong> Amazônia Legal, são muito diferentes <strong>da</strong>quelas ocor-<br />
30
entes nos seringais nativos, sejam dentro ou fora <strong>da</strong>s reservas extrati-<br />
vistas.<br />
As proprie<strong>da</strong>des apresentam áreas bem defini<strong>da</strong>s e com certificados<br />
de proprie<strong>da</strong>de legais onde os seringueiros constituem mão-deobra<br />
especializa<strong>da</strong>, recebem treinamentos específicos direcionados a<br />
executarem sua tarefa de forma a obterem o máximo de rendimento e<br />
produtivi<strong>da</strong>de com quali<strong>da</strong>de.<br />
Há uma perfeita divisão do trabalho, envolvendo grupos de sangradores,<br />
coletores, fiscais de sangria, equipes de manutenção, ron<strong>da</strong>s<br />
fitossanitárias, permitindo desse modo, alto grau de especialização e<br />
consequente aumento de produção.<br />
Nas grandes e médias plantações, são cumpri<strong>da</strong>s as legislações<br />
trabalhista e previdenciária, os trabalhadores contam com carteira assina<strong>da</strong>,<br />
direito ao FGTS e residências localiza<strong>da</strong>s em agrovilas, com<br />
to<strong>da</strong> a infra-estrutura para atender às necessi<strong>da</strong>des básicas e de lazer<br />
<strong>da</strong>s famílias.<br />
As chama<strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s-empresas como a MICHELIN,<br />
FIRESTONE, GOODYEAR, PIRELLI, BONAL e outras acreditam que<br />
oferecendo uma ampla gama de serviços e benefícios diretos e/ou indiretos,<br />
estão investindo no homem, seu melhor capital, como forma de<br />
incentivar maior rendimento no trabalho.<br />
A ativi<strong>da</strong>de no Brasil oferece em torno de 415.000 empregos diretos<br />
com tendência a aumentar anualmente, abrangendo um universo<br />
de mais de um milhão de pessoas incluindo os membros <strong>da</strong> família.<br />
Estimativa feita pela Socie<strong>da</strong>de Rural Brasileira, conjuntamente<br />
com <strong>da</strong>dos obtidos do M.M.A. (1995), dão conta <strong>da</strong>s áreas planta<strong>da</strong>s<br />
através o PROBOR e iniciativa priva<strong>da</strong>, e economicamente viáveis com<br />
seringais no país, como sendo: Bahia, 23 mil ha, com 15 mil produtivos<br />
e 8 mil abandonados; Mato Grosso, em torno de 60 mil plantados<br />
com 18 mil abandonados; São Paulo com 42 mil ha plantados e com<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 20 mil em produção; Espírito Santo, 12 mil ha<br />
plantados; Minas Gerais, 4 mil ha; Pernambuco, 2 mil ha; Goiás e Maranhão,<br />
1,5 mil ha e o Paraná, com aproxima<strong>da</strong>mente 1,5 mil ha<br />
plantados e um pouco mais de 150 ha em produção (Tabela 12).<br />
31
Estimativa feita pelo IBAMA, em 1995. mostra de um total de<br />
216 mil hectares de área planta<strong>da</strong>, existem 181 mil hectares, em todo<br />
o Brasil, incluindo a Amazônia. Trata-se de um <strong>da</strong>do muito otimista,<br />
considerando que a grande maioria dos seringais plantados pelo<br />
PROBOR na Amazônia, foram abandonados.<br />
Se considerarmos os patamares médios de produtivi<strong>da</strong>de obtidos<br />
nos seringais de cultivo nos países tradicionalmente produtores , <strong>da</strong><br />
ordem de 1 tonela<strong>da</strong> de <strong>borracha</strong> seca/ha/ano, depreende-se que,<br />
confirma<strong>da</strong> a estimativa do IBAMA, à médio prazo, disporemos de potencial<br />
para a obtenção de excedentes exportáveis, aliado ao fato de<br />
que o rendimento dos plantios brasileiros, sobretudo os mais jovens,<br />
situados nas chama<strong>da</strong>s áreas-de-escape às doenças foliares, ultrapassa<br />
tais padrões, projetando um futuro animador para a heveicultura<br />
nacional. 32
Em contraparti<strong>da</strong>, se forem mantidos os níveis de crescimento<br />
anual do consumo, a longo prazo continuaremos a importar <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> e perder divisas para o exterior, a menos que medi<strong>da</strong>s governamentais<br />
(governo federal e estaduais) de impacto sejam toma<strong>da</strong>s.<br />
3.3. BENEFICIAMENTO AGRO-INDUSTRIAL:<br />
USINAS E MINI USINAS<br />
Depois de entregue ao regatão (seringal nativo) ou comercializa<strong>da</strong><br />
diretamente (seringal de cultivo), a <strong>borracha</strong> é leva<strong>da</strong> às usinas de beneficiamento<br />
primário. A tecnologia utiliza<strong>da</strong> é ain<strong>da</strong> o tradicional processo<br />
de lavagem, formação de crepe (CEB-CCB) e secagem. Na última<br />
déca<strong>da</strong> um novo procedimento foi adotado por parte <strong>da</strong>s usinas, fazendo<br />
a granulação, através <strong>da</strong> qual é consegui<strong>da</strong> a homogeneização<br />
<strong>da</strong> matéria prima, mantendo um nível de quali<strong>da</strong>de estável (GEB-<br />
GCB).<br />
A uni<strong>da</strong>de de beneficiamento de folha fuma<strong>da</strong> denomina<strong>da</strong> usina<br />
ou mini-usina, consumidora de látex <strong>natural</strong>, é composta pelas seguintes<br />
estruturas básicas, sala para recepção, usinagem e présecagem;<br />
sala para prensagem, embalagem e armazenagem; defumador<br />
e fornalha, sistema de captação, tratamento elevação e distribuição<br />
de água e armazém para insumos e mercadorias.<br />
As menores uni<strong>da</strong>des são de construção bem simples, pois utilizam<br />
basicamente madeira, pregos, fibrocimento, tijolos maciços e alvenaria,<br />
sendo as uni<strong>da</strong>des maiores um pouco mais complexas. A estrutura<br />
de uma usina e mini-usina para produção de folha fuma<strong>da</strong> é st<br />
mesma, embora possam existir vários tipos conforme a capaci<strong>da</strong>de de<br />
produção:<br />
Tipo A (92m 2 ) : para produção de até 10t/ ano (p/ 3.000 árvores = 3<br />
alqueires a 10.000 árvores).<br />
Tipo B (112m 2 ) : para produção de até 30t/ ano (p/ 10.000 árvores<br />
= 10 alqueires a 20.000 árvores).<br />
Tipo C (167m 2 ) : para produção de até 70t/ano (p/ 25.000 árvores<br />
= 25 alqueires)<br />
Tipo D (660m 2 ) : para produção entre 70t/ano até 360t/ano (p/<br />
25.000 árvores a 125.000 árvores)<br />
As usinas dos Tipos A e B podem ser instala<strong>da</strong>s tanto em seringais<br />
nativos quanto em seringais cultivados, agregando valor à produção,<br />
enquanto que o Tipo C é ideal para médios produtores rurais.<br />
33
Em 1992 existiam cerca de 24 médias e grandes usinas de beneficiamento<br />
<strong>da</strong> produção ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no IBAMA. Hoje esse número aumentou<br />
extra oficialmente para 30, a despeito <strong>da</strong> desativação <strong>da</strong> maioria<br />
<strong>da</strong>quelas que operavam na Amazônia, pois só no estado de São<br />
Paulo existem cerca de 21 usinas implanta<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s quais, 15 em funcionamento.<br />
Aqui residia um gargalo sério pois as 21 usinas implanta<strong>da</strong>s em<br />
São Paulo, com capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> para consumir 4 mil tonela<strong>da</strong>s/mês<br />
e destas só a Firestone ( já desativa<strong>da</strong> e transferi<strong>da</strong> para a<br />
Libéria) consumia 2 mil tonela<strong>da</strong>s/mês, obrigando a busca de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> nos estados vizinhos Mato Grosso, Minas Gerais e inclusive<br />
no Paraná. Ain<strong>da</strong> assim, a oferta de matéria prima é de apenas %<br />
<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> (1.000 tonela<strong>da</strong>s), com os seringais paulistas<br />
atingindo a partir de 1995 a produção anual acima de 15,5 mil tonela<strong>da</strong>s,<br />
observa-se a existência de um mercado altamente dependente de<br />
matéria prima/ o que fatalmente implicará na desativação <strong>da</strong>quelas de<br />
menor porte.<br />
Essas usinas consomem o cernambi a granel com 53 -58% de<br />
<strong>borracha</strong> seca pagando em média RS 0,87/ kg (preço de 1996) e processam<br />
o Granulado Escuro Brasileiro (GEB 1) numa relação aproxima<strong>da</strong><br />
de 2:1 comercializando o produto a RS 2,51/ kg. O lucro operacional<br />
de uma usina de pequeno a médio porte gira em torno de 10% e<br />
o patrimonial (incluindo depreciação de maquinaria) varia de 0 a 2%.<br />
Sob o ponto de vista técnico essas usinas seguem duas linhas<br />
básicas de beneficiamento: látex concentrado e <strong>borracha</strong> sóli<strong>da</strong>, defini<strong>da</strong>s<br />
precipuamente pelos produtos finais de beneficiamento e pela<br />
utilização industrial a que se destinam. O GEB 1 é o tipo de <strong>borracha</strong><br />
mais consumido e aceito no mercado, sendo empregado para usos gerais<br />
juntamente com as folhas fuma<strong>da</strong>s enquanto que os crepes têm<br />
usos específicos e em linhas restritas de industrialização. A grande<br />
maioria dessas usinas vem trabalhando com equipamento já obsoleto,<br />
algumas dessas desativa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Amazônia e trazi<strong>da</strong>s para São Paulo,<br />
necessitam de modernização imediata para poderem oferecer um produto<br />
dentro dos padrões de quali<strong>da</strong>de internacional.<br />
No que se refere ao porte, prevalece as de médio e grande porte,<br />
cujo volume médio de processamento anual é de 2.500 tonela<strong>da</strong>s de<br />
<strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> GEB e CCB, cuja padronização está conti<strong>da</strong> na<br />
Tabela 13.<br />
Até 1997, a <strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> nas usinas era compra<strong>da</strong> ao<br />
preço de R$ 0,92 por quilo, correspondendo a 1/3 do preço de ven<strong>da</strong><br />
34
para a indústria, R$ 2,50, ocasião em que a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> importa<strong>da</strong><br />
era comercializa<strong>da</strong> por R$ 1.000,00 a tonela<strong>da</strong>, chegando ao Brasil por<br />
1.300,00/tonela<strong>da</strong>. Atualmente, em decorrência <strong>da</strong> que<strong>da</strong> <strong>da</strong>s bolsas<br />
Asiáticas, o preço internacional do produto caiu para US$<br />
500,00/tonela<strong>da</strong> (agosto/99), apresentando uma recuperação em novembro/99<br />
subindo para US$ 750,00 ain<strong>da</strong> assim, bem abaixo dos<br />
patamares observados nos dois anos anteriores, girando em torno de<br />
R$1,20 o preço pago pelo GEB às usinas.<br />
Essa retoma<strong>da</strong> do mercado, deve-se em parte à recuperação <strong>da</strong><br />
economia asiática, principal centro produtor mundial, alia<strong>da</strong> à elevação<br />
dos preços do petróleo, os quais, elevaram as cotações <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />
sintética e por conseqüência, a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />
No início de 1999, as usinas compravam do produtor pagando<br />
R$ 0,34/kg de sernambi até 30 dias após o recebimento e R$ 0,31/kg,<br />
quando recebem o subsídio <strong>da</strong>do pelo governo, somente por ocasião <strong>da</strong><br />
ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> para as indústrias de pneumáticos. O<br />
35
governo, por sua vez, que deveria pagar com oito dias após o encontro<br />
<strong>da</strong>s faturas do produtor (ven<strong>da</strong>) e <strong>da</strong>s indústrias (compra), está atrasando<br />
o pagamento do subsídio em até oito meses, chegando esse recurso<br />
às mãos do produtor somente nove meses depois, provocando<br />
um desestímulo total em virtude de o mesmo operar no vermelho durante<br />
muitos meses.<br />
Uma alternativa seria as usinas pagarem direto ao produtor os<br />
R$ 0,65/kg de sernambi num processo em que as indústrias já teriam<br />
que adiantar o valor do subsídio às usinas e se ressarcirem por ocasião<br />
do recebimento <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> pelas referi<strong>da</strong>s usinas.<br />
Deve-se observar que com a tendência de recuperação <strong>da</strong> economia<br />
asiática e aumento de preço do produto sintético, a remuneração do<br />
produtor pelo quilo de coágulo passou a girar em torno de R$ 0,75.<br />
3.4. PROCESSAMENTO INDUSTRIAL<br />
INDÚSTRIA DE PNEUMÁTICOS<br />
A indústria produtora de todos os tipos de pneumáticos instala<strong>da</strong><br />
no país conta com 11 empresas produtoras, que investem mais de<br />
U$ 100 milhões em tecnologia, manutenção de fábricas e treinamento,<br />
gerando milhares de empregos diretos e indiretos, mantendo um alto<br />
nível de quali<strong>da</strong>de do produto, com crescente aumento anual de exportação<br />
de pneumáticos, principalmente para os Estados Unidos <strong>da</strong><br />
América, Europa, América Latina e Japão.<br />
Segundo a ANIP (1998) as Indústrias de pneumáticos instala<strong>da</strong>s<br />
no Brasil são BRIDGESTONE/FIRESTONE do Brasil Ind. e Com. Lt<strong>da</strong>,<br />
GOODYEAR do Brasil Produtos de Borracha Lt<strong>da</strong>, Pirelli Pneus S.A.,<br />
Indústria Levorin S.A., Indústria JOÃO MAGGION S.A., Artefatos de!<br />
Borracha RECORD S. A., Indústrias de Pneumáticos RINALDI S.A.,|<br />
PIRELLI <strong>da</strong> Bahia S.A., Indústria de Artefatos de Borracha RUZU S.A.,<br />
União Industrial de Borrachas S.A. - UNISA, Companhia Brasileira de<br />
Pneumáticos MICHELIN S.A., FIRESTONE, MAGION, MULTIGOMA, e<br />
TROPICAL.<br />
Para o período de 1998/2000 estão previstas novas uni<strong>da</strong>des<br />
como CONTINENTAL-PR, GOODYEAR -RS, KUMHO - PR, MICHELIN -<br />
RJ e RANIRA - MG, estando em expansão<br />
BRIDGESTONE/FIRESTONE - SP e PIRELLI -RS/SP.<br />
Para uma produção de 23,1 milhões em 1984 e 29,58 milhões<br />
em 1993, houve uma exportação de 5,367 milhões de peças em 1984<br />
para 7,144 em 1993, neste contexto, envolvendo pneus de carro de<br />
36
passeio, caminhões, ônibus, motocicletas, tratores, veículos industriais e<br />
aviões (Tabela 14).<br />
Nesse mesmo período a indústria nacional de pneumáticos apresentou<br />
um aumento de consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> de 77.036 tonela<strong>da</strong>s<br />
para 107.769 tonela<strong>da</strong>s, no qual, o consumo <strong>da</strong> matéria prima<br />
interna se manteve estável ao longo desses 10 anos, girando em torno<br />
de 28.000 tonela<strong>da</strong>s (falta de oferta do produto), para um consumo do<br />
37
produto importado variando de 49.363 tonela<strong>da</strong>s em 1984 para 79.081<br />
em 1993 (Tabela 15).<br />
Em 1997 a indústria nacional de pneumáticos produziu cerca de<br />
40,0 milhões de uni<strong>da</strong>des e vendeu 39,4 milhões assim distribuídos<br />
12,6 milhões para exportação, 10,8 milhões para montadoras e 16,0<br />
milhões para reposição.<br />
Boa parte dos investimentos é direciona<strong>da</strong> para a constante modernização<br />
dos parques industriais e assim manter o padrão de quali<strong>da</strong>de<br />
desejado, a despeito <strong>da</strong>s constantes queixas em relação às políti-<br />
38
cas governamentais que afetam o <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> (principal insumo<br />
entre as matérias primas utiliza<strong>da</strong>s) e os encargos sociais e tributários<br />
que incidem sobre a produção, alterando sensivelmente os custos de<br />
fabricação, quali<strong>da</strong>de do produto e/ou a competitivi<strong>da</strong>de nos mercados<br />
internacionais (RC Consultores).<br />
Os principais componentes de um pneu são <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />
derivados de petróleo (<strong>borracha</strong>s sintéticas, negro de fumo, fios e tecidos<br />
de nylon além de produtos químicos) e derivados de aço (arame para<br />
frisos e cordonéis de aço). Em relação a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, a indústria<br />
consome matérias primas considera<strong>da</strong>s de primeira quali<strong>da</strong>de, onde se<br />
incluem: a nacional representa<strong>da</strong> por GCB - 1 (Granulado Claro<br />
Brasileiro); FFB ( Folha Fuma<strong>da</strong> Brasileira);GEB (Granulado Escuro<br />
Brasileiro) e a matéria prima importa<strong>da</strong> SMR - 10 e 20 (Stan<strong>da</strong>rd Malaysian<br />
Rubber - Tipos 10 e 20); RSS -1 e 3 (Ribbed Smoked Sheet -<br />
Tipo i e tipo 3).<br />
Os pneus radiais respondem hoje por mais de 80% dos vendidos<br />
tanto para a industria automobilística quanto para o mercado de reposição<br />
e, na sua fabricação a participação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> praticamente<br />
dobra nos custos finais. Para os pneus de ônibus e caminhões a<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> responde por 31% do custo industrial, possuindo íntima<br />
relação com o custo final dos mesmos.<br />
Diante <strong>da</strong> globalização <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong> abertura do mercado,<br />
brasileiro, as indústrias de pneumáticos e de artefatos, vêm sua produção<br />
seriamente ameaça<strong>da</strong> pela per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>de em relação à<br />
concorrência estrangeira inclusive oriun<strong>da</strong> do Mercosul, em vista <strong>da</strong><br />
impossibili<strong>da</strong>de de ter acesso a compra de matérias primas a preços<br />
internacionais, primordialmente <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> na produção de<br />
pneus pesados, muito embora venha ocorrendo compra de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> pela própria indústria, no mercado uruguaio, quando é perfeitamente<br />
sabido que aquele país não possui um só pé de seringueira<br />
plantado.<br />
Com a recente desvalorização cambial do Real, as indústrias de<br />
pneumáticos obtiveram aumentos dos preços médios dos pneus de<br />
automóveis e de caminhão em cerca de 11,5% nos últimos 12 meses,<br />
observando-se um comportamento claramente altista dos preços a partir<br />
de fevereiro de 1999.<br />
Hoje os principais entraves à competitivi<strong>da</strong>de, apresentados pelas<br />
Industrias referem-se ao alto custo de mão-de-obra para a produção <strong>da</strong><br />
matéria prima e à grande variação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e desuniformi-<br />
<strong>da</strong>de do produto recebido <strong>da</strong>s usinas de beneficiamento, muitas vezes<br />
39
abaixo dos padrões internacionais, em virtude de operarem equipamentos<br />
já obsoletos, associados a ausência de laboratórios nas usinas<br />
que garantam o mesmo padrão de quali<strong>da</strong>de exigido pelas indústrias<br />
de pneumáticos.<br />
3.5. PROCESSAMENTO INDUSTRIAL<br />
INDÚSTRIA DE ARTEFATOS LEVES<br />
Neste segmento <strong>da</strong> indústria é enorme a diversi<strong>da</strong>de de bens produzidos,<br />
constituídos de artefatos que usam látex centrifugado como matéria<br />
prima tais como (luvas cirúrgicas, preservativos, chupetas etc.,) e<br />
artefatos que utilizam <strong>borracha</strong> sóli<strong>da</strong> (coxins, solados, lençóis industriais,<br />
camel back, protetores, ban<strong>da</strong>s de ro<strong>da</strong>gem, etc). Aqui, a participação<br />
<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> varia em função <strong>da</strong>s características que<br />
deve possuir o artefato, em função <strong>da</strong> maior ou menor maleabili<strong>da</strong>de e<br />
resistência, que podem consumir mais ou menos <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />
podendo atingir até 40% dos custos finais.<br />
A indústria de artefatos possui grande versatili<strong>da</strong>de nas suas linhas de<br />
fabricação produzindo bens nas mais varia<strong>da</strong>s formas e nas mais diferentes<br />
formulações de matéria prima, possuindo suas próprias matizarias,<br />
o que lhes garante substituir a produção dos artefatos que contenham<br />
menos matéria prima na sua composição caso haja eventual<br />
aumento de preço <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />
Um dos maiores problemas apontados pela indústria de artefatos a<br />
exemplo <strong>da</strong> indústria de pneumáticos, é a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
e o preço de comercialização, que deve corresponder aos tipos classificados<br />
como GEB-1, CEB-1, CCB-1 ou FFB-1, padrões estes atingidos<br />
por poucos produtores e beneficiadores nacionais.<br />
Comércio <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira deixou de ser competitiva no mercado<br />
internacional, a partir do início do século atual, inicialmente pela'<br />
ausência de tecnologias apropria<strong>da</strong>s no processamento e exploração<br />
dos seringais nativos; concorrência de novos produtores como a Malásia/<br />
Indonésia/ Tailândia e, principalmente pela ineficácia <strong>da</strong> política<br />
agrícola que regula o setor produtivo nacional. Desse modo, o setor de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> vem sendo exposto de maneira desprotegi<strong>da</strong> à concorrência<br />
desleal do produto importado do sudeste asiático. Apesar de<br />
o Brasil ter colhido em 1997 uma safra recorde, estima<strong>da</strong> em torno de<br />
40
70 mil tonela<strong>da</strong>s, os produtores nacionais ficaram impossibilitados de<br />
vender a produção devido a industria consumidora preferir o produto<br />
importado a custo inferior.<br />
A concorrência em preço com o produto asiático promove um<br />
total colapso no setor heveícola brasileiro devido aos subsídios diretos<br />
e indiretos, além de altos investimentos em pesquisa e serviço de apoio<br />
praticados pelos exportadores estimados em 68%.<br />
A nível internacional, a INRO - Organização Internacional <strong>da</strong><br />
Borracha Natural e o Conselho Internacional <strong>da</strong> Borracha, ambos criados<br />
pelo INRA - Acordo Internacional <strong>da</strong> Borracha, e Desenvolvimento<br />
Internacional <strong>da</strong> Borracha Natural, celebrado em 1979, no âmbito <strong>da</strong><br />
Conferência <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s sobre Comércio e Desenvolvimento,<br />
tendo como signatários países exportadores e importadores, administram<br />
um estoque regulador de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> que, ao lado de preços<br />
referenciais, constituem instrumentos de regulação do mercado global<br />
do produto. Existe um estoque normal <strong>da</strong> ordem de 400 mil tonela<strong>da</strong>s<br />
e o estoque de contingência de aproxima<strong>da</strong>mente 150 mil tonela<strong>da</strong>s<br />
para resguar<strong>da</strong>r o valor <strong>da</strong>s exportações e garantir o suprimento para<br />
quem dele necessite.<br />
No âmbito dos países produtores observa-se como referência,<br />
que a Malásia através do seu governo, investe maciçamente em programas<br />
sociais e de apoio ao pequeno produtor rural, onde 80% <strong>da</strong><br />
produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> provêm desse mini-heveicultor, com<br />
área média planta<strong>da</strong> em torno de 2,0 ha (Tabela 1).<br />
A execução <strong>da</strong>s ações de desenvolvimento agrícola compete ao<br />
RISDA, que orienta to<strong>da</strong>s as operações de plantio e assistência técnica<br />
sem qualquer ónus ao produtor.<br />
A extensão e a pesquisa agrícola são de responsabili<strong>da</strong>de do<br />
MARDI (Malaysian Agricultural Research and Development Institute) e<br />
ao FELDA (Field Land Development Association), cabe os programas de<br />
assentamento agrícola patrocinando projetos de infra-estrutura nas<br />
pequenas proprie<strong>da</strong>des também sem qualquer ónus ao produtor. Para<br />
tanto instalam redes de energia elétrica, hidráulica, estra<strong>da</strong>s, escolas,<br />
igrejas, postos de saúde etc, a fundo perdido.<br />
A pesquisa de novos clones mais precoces e produtivos, novas<br />
técnicas de sangria e manejo de produção, alem <strong>da</strong> extensão em heveicultura<br />
e <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> cabem ao RRIM ( Rubber Research Institute<br />
of Malaysia), órgão de maior tradição, reputação e dimensão no<br />
âmbito internacional, a custo zero.<br />
41
O MRRDB (Malaysian Rubber Research and Development Board)<br />
juntamente com o RRIM, são responsáveis pela gestão <strong>da</strong> política de<br />
P&D em <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, financiando os produtores locais a juros<br />
normalmente negativos e cobre as etapas que vão do plantio e custeio<br />
até a entra<strong>da</strong> em produção.<br />
O MARDEC (Malaysian Rubber Development Corporation) presta<br />
assistência aos pequenos produtores no que se refere ao beneficiamento,<br />
em suas usinas a um preço simbólico, comercialização e exploração<br />
<strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, juntamente com a colaboração do MRELB - Malaysian<br />
Rubber Exchange and Licensing Board, órgão regulador do<br />
mercado no país.<br />
Pelo grande número de enti<strong>da</strong>des públicas e priva<strong>da</strong>s, a Malásia<br />
subsidia fortemente o setor, praticando preços artificiais para as matérias<br />
primas exporta<strong>da</strong>s, e para o produto <strong>natural</strong> com um percentual<br />
de subsídio correspondente a 68% do preço FOB ( valor por kg <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> do tipo SMR, em Kuala Lumpur).<br />
Conforme o Fórum Nacional de Secretários de Agricultura e Reforma<br />
Agrária FNSARA-050/92 a per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>de do produto<br />
brasileiro decorre dos seguintes indicadores de Produção por hectare<br />
(em US$):<br />
Como conseqüência a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> produzi<strong>da</strong> naquele continente,<br />
chegava ao nosso país em 1997, ao preço de 1,30 a 2,10 dólares<br />
por quilo enquanto o produto nacional teria que ser vendido pelo<br />
produtor acima de 2,50 dólares para cobrir os custos internos e garantir<br />
uma lucrativi<strong>da</strong>de mínima aos mesmos. Isso gera uma forte<br />
pressão nos preços internos <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, tendendo a achatálos<br />
a níveis tão baixos, que se tornam insuficientes para cobrir os<br />
custos operacionais de produção, pois a indústria nacional prefere im-<br />
portar.<br />
A Lei 5.227 previa a cobrança <strong>da</strong> TORMB - Taxa de Organização<br />
e Regulamentação do Mercado <strong>da</strong> Borracha, concebi<strong>da</strong> para promover<br />
a equalização de preços em relação à <strong>borracha</strong> importa<strong>da</strong>, considerando<br />
to<strong>da</strong>s as <strong>borracha</strong>s produzi<strong>da</strong>s e comercializa<strong>da</strong>s no território nacional.<br />
A alíquota de 5% dos recursos oriundos <strong>da</strong> TORMB deveriam ser<br />
42
evertidos integralmente para as ativi<strong>da</strong>des do setor gumífero. Entretanto<br />
essa taxa não foi devi<strong>da</strong>mente aplica<strong>da</strong> em benefício do setor<br />
pelo órgão responsável, no caso o IBAMA.<br />
Além <strong>da</strong> cobrança <strong>da</strong> TORMB, era previsto o Contingenciamento<br />
de importações, ou seja, as indústrias consumidoras <strong>da</strong> matéria prima<br />
somente poderiam importar, depois de consumirem a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
produzi<strong>da</strong> no país. Não obstante, esse mecanismo vem sendo inócuo,<br />
inicialmente devido a lineari<strong>da</strong>de do percentual de contingenciamento<br />
em face à sazonali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção, em relação ao consumo, criandose<br />
uma situação irreal de produção e consumo.<br />
De acordo com o PARECER -SEAB/92 (N.A.Rucker), os diferentes<br />
sistemas de produção <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, extrativista/ cultiva<strong>da</strong>/ sintética,<br />
determinam os custos/ benefícios sociais e as políticas de preços<br />
recebidos pelo produtor. Neste aspecto, torna-se importante avaliar os<br />
interesses dos diferentes grupos sociais envolvidos como, seringueiros/<br />
seringalistas/ comerciantes/ produtores de <strong>borracha</strong> vegetal<br />
oriun<strong>da</strong> de seringais cultivados/processadores de <strong>borracha</strong> (usinas)/<br />
industriais do setor de pneumáticos/ artefatos leves e de produtos residuais<br />
reciclados ou não, tanto para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> quanto para<br />
a, sintética.<br />
Tomando por base o consumidor nacional/ internacional dos<br />
produtos finais <strong>da</strong>s <strong>borracha</strong>s <strong>natural</strong> e sintéticas, os parâmetros de<br />
competitivi<strong>da</strong>de seriam: produtivi<strong>da</strong>de/ quali<strong>da</strong>de / preços.<br />
A competitivi<strong>da</strong>de do produto <strong>natural</strong>/ sintético segue as normas<br />
<strong>da</strong> I.S.O. - International Stan<strong>da</strong>rd Organization, com sede em Viena,<br />
onde as distintas instituições responsáveis pelas normas de ca<strong>da</strong> país,<br />
buscam estabelecer padrões consensuais a serem adotados mundialmente.<br />
No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT e o<br />
Instituto Nacional de Metrologia - IMETRO adotam uma série desses<br />
padrões e conjunto de normas ISO 9000, registra<strong>da</strong>s nessas enti<strong>da</strong>des<br />
como NB 9.000 e NBR 19.000. Desse modo, o modelo que garanta a<br />
quali<strong>da</strong>de nos projetos de desenvolvimento <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> nos seringais cultivados é composto por componentes tecnológicos<br />
que estruturam a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, envolvendo todos<br />
os distintos setores <strong>da</strong> economia.<br />
A formação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> aparente <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> elabora<strong>da</strong><br />
através os fatores: produção + importações - exportações, torna-se difícil<br />
de ser obti<strong>da</strong> devido a ausência de <strong>da</strong>dos quantitativos concretos<br />
(t), custo/ benefício dos diversos segmentos bem como a evolução <strong>da</strong>s<br />
43
principais variáveis do mercado <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, uma vez que se omitem<br />
informações básicas, na salvaguar<strong>da</strong> de interesses pessoais.<br />
Como se não bastasse inúmeros procedimentos adotados pelos<br />
consumidores ensejam o escape à legislação em vigor, inviabilizando<br />
quaisquer efeitos <strong>da</strong> política nacional para o setor, destacando-se:<br />
- Importação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> do Uruguai, país sabi<strong>da</strong>mente não<br />
produtor de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> más como integrante do Mercosul,<br />
usado como ponto de passagem para a <strong>borracha</strong> oriun<strong>da</strong> de outros<br />
países, numa clara distorção, devi<strong>da</strong>mente ampara<strong>da</strong> pelas nossas<br />
autori<strong>da</strong>des competentes.<br />
- O segundo procedimento era a importação do "master", <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> com alguma mistura, após um processo primário de indus<br />
trialização, não estando sujeita ao pagamento <strong>da</strong> TORMB e tampouco<br />
à política de contingenciamento.<br />
- O terceiro era a importação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> através do "Draw<br />
back" com isenção do pagamento <strong>da</strong> TORMB e do contingenciamento<br />
tendo como obrigatorie<strong>da</strong>de por parte do setor industrial, a exporta<br />
ção dos produtos industrializados num prazo de 24 meses. Trata-se<br />
de um prazo muito longo, que possibilita aquisições gigantescas m<br />
mercado internacional, sem a adequa<strong>da</strong> fiscalização, a preços baixos<br />
formando estoques indevidos e valendo-se destes para pressionar os<br />
preços internos para baixo além de prorrogar os prazos de aquisição<br />
<strong>da</strong> matéria prima nacional.<br />
Até 1993 a importação nesse regime vinha sendo obedecido<br />
conforme se observa na tabela 16.<br />
44
Pelos <strong>da</strong>dos acima observa-se que no período de 1985 a 1993<br />
houve uma que<strong>da</strong> de 12% no regime de importação ordinária sujeita a<br />
taxações para um aumento equivalente <strong>da</strong> importação sob regime<br />
"Draw-back" , sem taxações.<br />
- Um outro aspecto a considerar é que a produção e oferta de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> vem aumentando a ca<strong>da</strong> ano, em contraparti<strong>da</strong> reduziu-se a<br />
deman<strong>da</strong> em face <strong>da</strong> que<strong>da</strong> na produção de pneumáticos pesados,<br />
pois esse segmento do mercado passou a ser abastecido pelos pneus<br />
importados, aliado à crise recente <strong>da</strong>s bolsas no sudeste asiático.<br />
Como consequência imediata destaca-se o agravamento <strong>da</strong> crise<br />
no setor produtivo com profundos reflexos sociais negativos pois o<br />
setor de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> (ativi<strong>da</strong>de extrativista e de cultivo) é atualmente<br />
responsável por quase dois milhões de pessoas (empregos diretos<br />
e indiretos). Somente nos seringais nativos, localizados na<br />
Amazônia vivem mais de 60 mil seringueiros com base na extração de<br />
látex (<strong>da</strong>dos extra-oficiais) enquanto que nos seringais de cultivo <strong>da</strong>s<br />
regiões Centro-Sul, Sudeste e Sul, são encontrados cerca de 70 mil<br />
empregos diretos.<br />
Os investimentos realizados até o momento pelo setor privado,<br />
com suporte do setor público, superam os R$ 2 bilhões em cerca de<br />
216 mil hectares plantados nos diversos estados brasileiros (Tabela<br />
12), dos quais, a metade já se encontra em fase de produção.<br />
Por outro lado, os produtores brasileiros estão impossibilitados<br />
de comercializar sua oferta de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> a preços internacionais<br />
(pelos motivos já de conhecimento <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des governamentais)<br />
e, portanto, necessitam imperiosamente de um prazo de carência<br />
de 10 anos, ficando claro que a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>, só poderá ter sustentabili<strong>da</strong>de<br />
e equi<strong>da</strong>de, produzindo e consumindo <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> a<br />
preços internacionais, se o governo assumir de alguma forma a ser<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong> em conjunto, a diferença de preço entre o produto importado e<br />
o nacional.<br />
Considerando que a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção nacional de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> e o seu desenvolvimento tecnológico, são altamente prioritários<br />
para o país Comissão forma<strong>da</strong> pela Associação Brasileira <strong>da</strong><br />
Indústria de Artefatos de Borracha - ABIARB; Associação nacional <strong>da</strong><br />
Indústria de Pneumáticos - ANIP; Associação Paulista dos Produtores<br />
e Beneficiadores de Borracha - APABOR; Associação dos Produtores de<br />
Borracha Natural do Brasil - APBNB; Confederação Nacional <strong>da</strong> Agricultura<br />
- CNA; Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS; MICHELIN<br />
Pneumáticos Michelin Lt<strong>da</strong> e Socie<strong>da</strong>de Rural Brasileira - SBR, após<br />
45
eunião em Brasília, em 26.02.97, encaminhou preito à Secretaria de<br />
Desenvolvimento Integrado do Ministério do Meio Ambiente no sentido<br />
de estu<strong>da</strong>r mecanismos adequados que satisfaçam todos os elos <strong>da</strong><br />
Cadeia Produtiva.<br />
Tal medi<strong>da</strong> visava reduzir de dois anos para 90 dias o prazo para<br />
prestação de contas <strong>da</strong> importação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> por Drawback;<br />
instalar o Grupo de Trabalho criado pela Portaria IBAMA N°<br />
110/95, para acompanhar e controlar o contingenciamento <strong>da</strong> importação<br />
de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>; inclusão <strong>da</strong>s importações em regime de<br />
Draw- back no percentual de contingenciamento; e gestões junto ao<br />
Ministério <strong>da</strong> Agricultura para incluir a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> na pauta <strong>da</strong><br />
PGPM.<br />
Em 12/05/97 o governo Brasileiro encaminhou ao Congresso o<br />
Projeto de Lei, n°3.100/97, que extingue a Lei 5.227/67, subvencionando<br />
a produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, limita<strong>da</strong> à diferença<br />
de preço entre esta e o produto importado. Assim, na prática o subsídio<br />
foi de R$ 0,72/ kg podendo chegar até a R$ 0,95 pelo período de<br />
oito anos sofrendo reduções anuais de 20% a partir do 5 o ano. Contudo,<br />
tal projeto não estabelece mecanismos para a concessão <strong>da</strong> subvenção<br />
econômica e não apresenta alternativa que reduza a carga tributária<br />
que incide sobre a produção e gestão do setor, necessitando de ajustes.<br />
Segundo a Revista Gleba -CNA (jun/97), tal projeto decorreu do<br />
colapso de todo o setor requerendo uma intervenção urgente para alinhamento<br />
de preços <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> e importa<strong>da</strong>, onde o governo<br />
procurou tratar a questão com base na proposta do MMA que propunha<br />
a concessão de subsídio à <strong>borracha</strong> cultiva<strong>da</strong>, a ser obti<strong>da</strong> pelo<br />
produtor em Bolsa de Valores, na forma de "papéis de bonificação", os<br />
quais seriam negociados com as indústrias para abater o valor <strong>da</strong> bonificação<br />
no IPI a recolher. O governo disponibilizaria os recursos de<br />
bonificação por oito anos, prazo considerado adequado para o produtor<br />
nacional adquirir competitivi<strong>da</strong>de frente aos produtores asiáticos.<br />
Ain<strong>da</strong> na mesma proposta dispunha-se sobre a extinção <strong>da</strong><br />
TORMB, que incidia sobre a comercialização <strong>da</strong> matéria-prima, estando<br />
inclusive prevista a definição de uma quota de importação, de modo<br />
a garantir o escoamento <strong>da</strong> produção nacional e fazer com que o volume<br />
importado fosse apenas um complemento ao consumo nacional.<br />
46
4. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL - DIAGNÓSTICO<br />
A <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil está composta<br />
por um mercado consumidor interno e externo, atacadistas e varejistas<br />
de artefatos, indústrias de pneumáticos e de artefatos leves, usinas e<br />
mini usinas de processamento primário, produtores agrícolas ou uni<strong>da</strong>des<br />
<strong>produtiva</strong>s com diversos sistemas e fornecedores de insumos<br />
(sementes, adubos, máquinas, mu<strong>da</strong>s, implementos defensivos e demais<br />
serviços.<br />
De acordo com RC Consultores (1992), custo social <strong>da</strong> produção<br />
interna, parece bem mais econômico e acessível que o custo privado<br />
devido ao desajuste entre o preço ótimo e os praticados no mercado<br />
interno e internacional, com isso, o estímulo à produção deverá ser<br />
feito pelo ajuste de preços no sentido do ótimo, corrigindo as distorções<br />
através de mecanismos como tarifa cambial compensatória, linha<br />
de crédito agrícola com juros a nível internacional, isenção de impostos<br />
indiretos, contraparti<strong>da</strong> para os encargos sociais pagos pelos produtores,<br />
dentre outros.<br />
Neste contexto, a ativi<strong>da</strong>de extrativista aparece como a grande<br />
vilã do processo, pois há necessi<strong>da</strong>de de ampará-la visando principalmente<br />
a preservação do estoque de germoplasma (grande manancial<br />
supridor de fontes de produtivi<strong>da</strong>de e resistência à enfermi<strong>da</strong>des),<br />
prestes a se extinguir pela derruba<strong>da</strong> acelera<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta, além <strong>da</strong><br />
ocupação de importantes espaços de fronteira na Amazônia. Essa preservação<br />
contudo, se <strong>da</strong>va às expensas de taxações (taxa de equalização<br />
contingenciamento. TORMB, etc), subsídios necessários à cobertura<br />
dos altos custos de produção e baixa quali<strong>da</strong>de" do produto, para<br />
atender às necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> indústria, não atingindo os padrões internacionais<br />
devido a mistura de látices de diferentes espécies de Hevea<br />
ou mesmo adulterações com outras espécies laticíferas do gênero botânico<br />
Brosimum e com o gênero Couma (sorva).<br />
Já a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> procedente de seringais cultivados, apresenta<br />
as características desejáveis para o consumo devido aos cui<strong>da</strong>dos<br />
técnicos mantidos durante todo o processo de produção, pois utiliza<br />
plantas seleciona<strong>da</strong>s (clones), insumos e defensivos modernos,<br />
mobilizando indústrias à montante (fertilizantes, defensivos, equipamentos<br />
e materiais para sangria, etc), visando acima de tudo conferir<br />
bons níveis de produtivi<strong>da</strong>de e alta quali<strong>da</strong>de do produto.<br />
Criados os mecanismos governamentais capazes de corrigir essas<br />
distorções entre a <strong>borracha</strong> oriun<strong>da</strong> dos seringais de cultivo e aquelas<br />
47
procedentes dos seringais nativos, mantendo viva a ativi<strong>da</strong>de extrativista,<br />
não faria mais sentido a manutenção de preço diferenciado no<br />
mercado interno ou mesmo o contingenciamento <strong>da</strong>s importações do<br />
sudeste asiático, pois os desajustes estariam corrigidos automaticamente,<br />
flutuando os preços nacionais em relação aos praticados no<br />
mercado internacional.<br />
A partir <strong>da</strong>í o país poderia atingir o máximo de eficiência, quali<strong>da</strong>de<br />
e equi<strong>da</strong>de, onde os produtores internos não teriam mais um<br />
mercado cativo, adequando-se assim, aos padrões de exigência <strong>da</strong>s<br />
diferentes indústrias consumidoras, gerando benefícios sociais, com<br />
aumento <strong>da</strong> oferta de trabalho praticamente em todos os segmentos <strong>da</strong><br />
<strong>cadeia</strong>, em consequência do aumento <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> e <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de<br />
média dos seringais de cultivo.<br />
O setor de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil necessita, em caráter ur<br />
gentíssimo, passar por uma completa reorganização nortea<strong>da</strong> pelos<br />
princípios básicos de liber<strong>da</strong>de de mercado, estímulo à busca de quali<br />
<strong>da</strong>de total, com competitivi<strong>da</strong>de, equi<strong>da</strong>de e eficiência para atingir o<br />
ótimo social e estabilizante <strong>da</strong> economia do setor gumífero.<br />
Depois que o país perdeu a hegemonia na produção de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> e o Sudeste Asiático passou a despontar como o principal su-<br />
pridor <strong>da</strong> matéria prima, o país tentou algumas alternativas tími<strong>da</strong>s<br />
para a melhoria <strong>da</strong> sua produção extrativista, culminando com o es-<br />
forço de guerra, durante o segundo conflito mundial, visando suprir a<br />
interrupção do fluxo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> pela ocupação japonesa na<br />
Ásia.<br />
Cessado o conflito e fin<strong>da</strong>do o acordo com o governo Americano a<br />
produção nacional entrou em colapso, pela per<strong>da</strong> de garantia de deman<strong>da</strong><br />
do produto, culminando com a reversão <strong>da</strong> condição de exporta<br />
tador, para importador <strong>da</strong> matéria prima a partir de 1951, para aten-<br />
der à crescente industrialização do país.<br />
Em 1952, para tentar acompanhar o significativo crescimento <strong>da</strong><br />
indústria de pneumáticos o governo federal, através Decreto, obrigou<br />
aos fabricantes de artefatos de <strong>borracha</strong> e de pneumáticos a investirem<br />
20% do lucro líquido em plantio de seringais de cultivo.<br />
Posteriormente é cria<strong>da</strong> a Superintendência de Valorização<br />
Econômica <strong>da</strong> Amazônia - SPVEA , o Banco de Crédito <strong>da</strong> Amazônia,<br />
ETA-54 em 1958, a SUDHEVEA em 1967 (Lei, 5227) como órgão<br />
executou <strong>da</strong> política <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> e o Conselho Nacional <strong>da</strong> Borracha,<br />
como órgão normatizador.<br />
48
Em 1968, dá-se a instituição <strong>da</strong> Taxa de Organização e Regulamentação<br />
do Mercado <strong>da</strong> Borracha - TORMB, tendo por meta assegurar<br />
a pari<strong>da</strong>de dos preços entre a <strong>borracha</strong> nacional e a importa<strong>da</strong>,<br />
funcionando como principal mecanismo de contingenciamento de importação<br />
e fonte de receita para o investimento em pesquisa, novos<br />
plantios (Probor I, II e III), recuperação de seringais nativos, instalação<br />
de usinas de beneficiamento e assistência alimentícia e médica a seringueiros<br />
<strong>da</strong> Amazônia.<br />
O fomento ao setor no País, envolvendo o conjunto de ativi<strong>da</strong>des<br />
de operação de crédito, assistência técnica, extensão, formação de<br />
mão-de-obra e fornecimento de material botânico deve seu apogeu durante<br />
a vigência do Programa de Incentivo à Produção de Borracha<br />
Natural - PROBOR, lançado em 1972 em três edições. Este foi o mais<br />
ambicioso programa já implementado no país, voltado precipuamente<br />
para a Amazônia, onde as grandes distâncias dos centros consumidores<br />
<strong>da</strong> matéria prima, a falta de infra-estrutura para implantação de<br />
projetos e escoamento de produção e, principalmente incidência de<br />
pragas e enfermi<strong>da</strong>des criptogâmicas inviabilizaram a maioria dos<br />
projetos implantados. Com o seu fracasso e <strong>da</strong> política de crédito subsidiado,<br />
a SUDHEVEA e o CNB são extintos e absorvidos pelo IBAMA e<br />
pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente em 1988, seguindo-se a retira<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> TORMB, com a sua função de taxa equalizadora, desestruturando<br />
assim uma política governamental volta<strong>da</strong> sobretudo para o setor.<br />
Tendências e Oportuni<strong>da</strong>des Futuras<br />
Para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, projeta-se um futuro bastante promissor,<br />
pois a participação do produto <strong>natural</strong> no mercado global <strong>da</strong>s <strong>borracha</strong>s<br />
tem aumentado coexistindo pacificamente ambos os tipos. As<br />
possibili<strong>da</strong>des de crescimento do consumo surgem com a disseminação<br />
<strong>da</strong>s aplicações já conheci<strong>da</strong>s ou em se criando novas maneiras de<br />
utilização do produto, pois a matéria prima pode se a<strong>da</strong>ptar a novas<br />
exigências através a modificação química ou quando mistura<strong>da</strong> a outro<br />
polímero.<br />
Novas aplicações podem ser identifica<strong>da</strong>s mediante a potencialização<br />
de proprie<strong>da</strong>des especiais que são inerentes à <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />
ain<strong>da</strong> não iguala<strong>da</strong> por outros demais polímeros de uso comum.<br />
49
5. EXPECTATIVAS DOS COMPONENTES<br />
DA CADEIA PRODUTIVA<br />
Os heveicultores brasileiros acreditam que, reverti<strong>da</strong> a crise financeira<br />
atual, o País poderá conseguir atingir nos próximos anos um<br />
novo ciclo <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>. Em 1996, saíram <strong>da</strong>s usinas brasileiras<br />
cerca de 54 mil tonela<strong>da</strong>s do produto, 100% a mais que em 1991.<br />
Até o ano 2000 a expectativa será a produção chegar próximo a 100<br />
mil tonela<strong>da</strong>s o que fará do país um potencial fornecedor futuro de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, pois estaríamos produzindo quase 70% do nosso<br />
atual consumo.<br />
Hoje o setor ocupa estimativamente cerca de 181 mil hectares,<br />
emprega diretamente 70 mil pessoas e tem condições de dobrar de tamanho<br />
em uma déca<strong>da</strong>, pois além <strong>da</strong> Lei que estabelece o subsídio de<br />
oito anos aos produtores nacionais para equalizar os seus preços com<br />
os internacionais, os plantios feitos ao longo dos últimos 20 anos tem<br />
por base clones mais produtivos e, mormente nas áreas considera<strong>da</strong>s<br />
de escape à principal enfermi<strong>da</strong>de, Microcyclus ulei P. Henn.<br />
Desse modo, é possível incorporar novos clones com potenciais<br />
de produção em torno de 2 tonela<strong>da</strong>s por hectare o que poderá garantir<br />
alta competitivi<strong>da</strong>de com o produto importado, pois sob tais condir<br />
ções, teremos níveis de produtivi<strong>da</strong>de superiores aos obtidos atualmente<br />
Sudeste Asiático.<br />
O consumo atual per capita de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil é de<br />
0,93 quilo por habitante, enquanto a média mundial é de 1,53 quilos.<br />
As indústrias automobilísticas brasileiras anunciam investimentos de<br />
17 bilhões nas suas diversas linhas de atuação e só esse segmento<br />
responde por quase 90% do consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />
Nos próximos anos, mesmo com o limite de expansão econômica<br />
dos Estados Unidos <strong>da</strong> América e <strong>da</strong> Europa, é previsto que os chamados<br />
mercados emergentes como a China, Índia e América Latina,<br />
impulsionem a indústria mundial e o consumo para patamares acima<br />
de 6,5 milhões de tonela<strong>da</strong>s por ano. Se a deman<strong>da</strong> continuar crescendo<br />
a taxas de 4% ao ano, acreditam os analistas internacionais que o<br />
consumo mundial terá um aumento de 1,8 milhão de tonela<strong>da</strong>s até o<br />
ano 2005, devendo nessa oportuni<strong>da</strong>de o consumo atingir cerca de 9<br />
milhões de tonela<strong>da</strong>s e a produção mais otimista crescerá até 8 mi-<br />
lhões. Sob tais circunstâncias haverá falta de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no<br />
mundo, que poderá por cerca de dois anos ser regula<strong>da</strong> pelos estoques<br />
estimados em 1 a 2 milhões de tonela<strong>da</strong>s.<br />
50
Para superar essa crise haveria necessi<strong>da</strong>de de ser planta<strong>da</strong><br />
imediatamente 1.250.000 hectares de 1999 a 2002 para serem acrescidos<br />
aos 9.743.200 ha existentes (IRSG -1997). Mesmo que se plante<br />
hoje, vai haver falta de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> nos próximos 10 a 15 anos,<br />
que dependerá de preços do petróleo, oferta de matéria prima e de<br />
outros fatores, pois desde 1994, tem havido uma grande procura pela<br />
madeira <strong>da</strong> seringueira o que tem provocado uma forte per<strong>da</strong> na área<br />
planta<strong>da</strong> de 3 a 5% <strong>da</strong> superfície (200.000 a 300.000 ha/ano).<br />
A despeito de os preços atuais <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> serem desencorajadores,<br />
o suprimento dessa crescente deman<strong>da</strong> projeta um cenário<br />
bastante promissor para o Brasil, como sendo um dos únicos países<br />
dispondo de áreas ecologicamente favoráveis à expansão do<br />
cultivo, sem riscos de enfermi<strong>da</strong>des para a cultura e sem problemas<br />
políticos sérios como os que ocorrem nos países africanos e asiáticos.<br />
Ao analisar mais acura<strong>da</strong>mente o contexto histórico do setor,<br />
identificam-se alguns esforços tímidos ao longo de todos esses anos,<br />
visando <strong>da</strong>r suporte à <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, em respostas a<br />
conjunturas específicas e passageiras associa<strong>da</strong>s a pressões de deman<strong>da</strong>s<br />
refletindo interesses politico-econômicos regionais momentâneos<br />
ou de parte de segmentos setorizados.<br />
Esforços através de preços diferenciados que atingiram até mais<br />
de três vezes os preços internacionais e de elevados subsídios para implantar<br />
uma área superior a 200 mil hectares na região norte do país<br />
(PROBOR I, II e III) que, segundo a SUDHEVEA, já extinta, garantiria a<br />
auto-suficiência do país a partir dos anos 80, não se concretizaram<br />
devido a inúmeros problemas conjunturais, embora tenham sido investidos<br />
cerca de U$l,00 bilhão no período de 1972 a 1989, que somados<br />
aos investimentos privados, supera os R$ 2 bilhões.<br />
A participação <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil em<br />
relação ao consumo tem mostrado ao longo dos anos uma tendência<br />
niti<strong>da</strong>mente decrescente. De uma participação de 67,98% em 1970 decresceu<br />
para 35,10% em 1996, mesmo a despeito de um crescimento<br />
de produção de 24,9 mil tonela<strong>da</strong>s para 52,892 (50% <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong>),<br />
que não foi capaz de acompanhar o aumento do consumo de<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 140 mil tonela<strong>da</strong>s (Tabela 9). .<br />
O incremento de 22% em 1997, sobre o volume <strong>da</strong> produção de<br />
1996, cerca de 64.500 tonela<strong>da</strong>s conduz a uma taxa média de crescimento<br />
anual de 15% nos últimos três anos, esperando-se a duplicação<br />
<strong>da</strong> oferta em cinco anos, que é ain<strong>da</strong> insuficiente para atender à deman<strong>da</strong>.<br />
51
A produção nacional está concentra<strong>da</strong> nos Estados de São Paula<br />
(50%), Mato Grosso (29%) e Bahia (15%), podendo-se dizer que mais de<br />
80% <strong>da</strong> produção brasileira de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> ocorre nas Regiões<br />
Sudeste, Centro Oeste e no Estado <strong>da</strong> Bahia.<br />
Com a recente aprovação <strong>da</strong> Lei n° 9.479 estabelecendo a concessão<br />
subsídios econômicos ao produtor nacional por oito anos<br />
caso esta se concretize plenamente, vislumbra-se uma tendência para<br />
retoma<strong>da</strong> de novos plantios no país visando aumento de oferta de matéria<br />
prima.<br />
Considerando o crescimento <strong>da</strong> produção de 196% e aumento do<br />
consumo de 123%, observados nos últimos 10 anos, projeta-se que<br />
para o ano de 2006, a produção brasileira de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deverá<br />
atingir cerca de 130 mil tonela<strong>da</strong>s para um consumo estimado de 190<br />
mil tonela<strong>da</strong>s, o que levaria o país a um esforço de fomentar o plantio<br />
de cerca de 60 mil hectares visando atingir a auto-suficiência no aten<br />
dimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des de consumo. Nesse contexto, o Paraná po<br />
derá vir a suprir parte desses plantios, considerando as condições<br />
e<strong>da</strong>foclimáticas favoráveis e a sua posição estratégica como supridor<br />
de matéria prima.<br />
6. AGRONEGÓCIO PARANAENSE<br />
BORRACHA NATURAL<br />
Antes de situarmos o agronegócio <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Paraná, devemos<br />
considerar que, a conjuntura atual de preços baixos funciona<br />
como um fator desestimulante para que se pense era plantar seringueira.<br />
Deve-se observar que o preço <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, tal como o de<br />
outras matérias primas sempre foi motivo de queixas por parte de produtores<br />
e consumidores. Este costuma exibir picos de alta e que<strong>da</strong>, em<br />
resposta a situações conjunturais de curto prazo no mercado, retornando<br />
a patamares médios a longo prazo, mantendo-se às vezes por<br />
várias déca<strong>da</strong>s.<br />
O próprio Ministro <strong>da</strong>s Indústrias Básicas <strong>da</strong> Malásia, Lim Keng<br />
Yalk, (03/97), ressaltou a discrepância no preço <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
que vem caindo regularmente nos últimos 50 anos enquanto que os<br />
níveis de preços dos produtos oriundos <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> têm sido<br />
mantidos e exortou a Organização Internacional <strong>da</strong> Borracha Natural -<br />
INRO a procurar uma solução justa e eqüitativa, pois o preço atual do<br />
52
quilo do produto <strong>natural</strong> é de RR$ 304 sent, enquanto que a 50 anos<br />
atrás era de RS$ 500 sent (Uni<strong>da</strong>de malaia). O atual clima e condições<br />
geográficas dos três principais produtores - Tailândia, Indonésia e<br />
Malásia - são favoráveis à plantação de palmeiras de dendê que é mais<br />
lucrativo, uma vez que o preço justo atual para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deveria<br />
ser de RM 6 por quilo (equivalente a R$ 2,58). Isso, abre perspectivas<br />
para que se possa reativar a heveicultura no Brasil e, mormente<br />
em regiões favoráveis como o Paraná.<br />
A <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Paraná está constituí<strong>da</strong><br />
atualmente de apenas dois segmentos básicos: o sistema produtivo<br />
em fase inicial de implementação e o sistema beneficiador representado<br />
somente pelas indústrias de artefatos leves, tendo suas<br />
ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s ao setor na esfera estadual e tendo também por limite<br />
a região Sul e Centro Sul onde se concentra 93% <strong>da</strong> indústria de<br />
artefatos consumidores de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> envolvendo os estados de<br />
São Paulo, principal parque produtor e consumidor com 81% e Rio<br />
Grande do Sul com 12%.<br />
Objetivos e limites <strong>da</strong> Cadeia Produtiva<br />
Pode-se alinhar os seguintes objetivos para o desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />
<strong>produtiva</strong> no Estado:<br />
• Aumento <strong>da</strong> oferta de matéria prima de forma competitiva visando<br />
enfrentar a concorrência de outros países (Sudeste Asiático);<br />
• Redução <strong>da</strong> importação (64 %) e busca <strong>da</strong> auto-suficiente em maté<br />
ria prima com competitivi<strong>da</strong>de;<br />
• Ampliação de alternativas para atrair, usinas de beneficiamento,<br />
novas indústrias de artefatos leves e de pneumáticos inexistentes<br />
no Estado.<br />
• Promover o desenvolvimento de pequenos e médios produtores de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, com a implantação <strong>da</strong> agroindústria heveícola e<br />
com melhoria <strong>da</strong> distribuição de ren<strong>da</strong> gera<strong>da</strong> pelo setor junto aos<br />
diversos segmentos (equi<strong>da</strong>de).<br />
Em relação aos limites <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, o estudo foi principalmente<br />
circunscrito ao Estado do Paraná, tendo como contexto o mercado nacional<br />
A despeito de somente agora estar iniciando a produção de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong>, o potencial agro-industrial do Paraná é ain<strong>da</strong> pouco explorado.<br />
O mercado industrial consumidor carente, principalmente do<br />
Rio Grande do Sul e São Paulo, desponta como oportuni<strong>da</strong>de para o<br />
53
segmento produtivo emergente, e o exame <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no<br />
Paraná sugere esforços concentrados para aumentar a produção de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, tanto para consumo no mercado nacional como no<br />
mercado externo (Mercosul).<br />
Neste contexto, o potencial agro-industrial do Estado é ain<strong>da</strong><br />
pouco explorado, representando uma oportuni<strong>da</strong>de de ampliação <strong>da</strong><br />
capaci<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong>.<br />
O exame <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Paraná, sugere esforços concentrados<br />
para aumento de produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> tanto para<br />
consumo no mercado local como no mercado externo (São Paulo, Rio<br />
Grande do Sul e países do Mercosul).<br />
Os objetivos e limites propostos aqui, visam estimular a implantação<br />
de todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no estado (mini<br />
usinas, usinas e indústrias de artefatos e de pneumáticos), tendo por<br />
base o levantamento de informações preliminares junto a produtores,<br />
usineiros, algumas indústrias de artefatos leves com avaliação dos fatores<br />
restritivos e impulsionadores visando fornecer subsídios aos<br />
distintos segmentos do setor inclusive o governamental, para promover<br />
a estabili<strong>da</strong>de econômica do segmento primário <strong>da</strong> produção, envolvendo<br />
pequenos e médios produtores agrícolas.<br />
Só para termos uma ideia, a indústria nacional de pneumáticos<br />
consumiu em 1993 cerca de 107.769 tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
para um consumo de 23.948 tonela<strong>da</strong>s pela indústria de artefatos leves<br />
assim distribuídos:<br />
23.948 3.018 144 19.398 1.532<br />
Uni<strong>da</strong>de: t (peso)<br />
No Paraná, os últimos <strong>da</strong>dos de 1989 (na falta de <strong>da</strong>dos mais<br />
atualizados), apontam a existência de 90 pequenas indústrias de artefatos<br />
de <strong>borracha</strong>, localiza<strong>da</strong>s nos diversos municípios e na capital<br />
consumindo látex centrifugado para a fabricação de bolas, chupetas<br />
etc. e <strong>borracha</strong> sóli<strong>da</strong>, cujos depoimentos, em contatos mantidos com<br />
algumas destas, apontam uma estimativa de consumo de 10 a 12 tonela<strong>da</strong>s/mês<br />
para a produção de uma grande quanti<strong>da</strong>de de bens manufaturados<br />
como sacos de ar, protetores, ban<strong>da</strong>s de ro<strong>da</strong>gem premol-<br />
54
<strong>da</strong><strong>da</strong>s, camel back etc. Parte dessa produção é consumi<strong>da</strong> no mercado<br />
local e o excedente exportado para os estados vizinhos e mais recentemente<br />
vem sendo colocado no Mercosul constituindo fonte de divisas<br />
para o Estado, conforme a Tabela 17.<br />
Observa-se pela figura 3, que ha mais de duas déca<strong>da</strong>s a indústria<br />
de transformação de <strong>borracha</strong> está presente na economia paranaense.<br />
O máximo de estabelecimentos industriais foi atingido em 1975<br />
(141), sofrendo grande redução em 1984 tendo uma lenta recuperação<br />
a partir <strong>da</strong>í.<br />
55
Por ain<strong>da</strong> não possuir uma produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> que<br />
suporte a instalação de usinas de processamento primário de <strong>borracha</strong>,<br />
a pouca quanti<strong>da</strong>de inicialmente produzi<strong>da</strong> está sendo diretamente<br />
exporta<strong>da</strong> para as usinas de São Paulo, e Michelin (MS), cabendo<br />
às indústrias de artefato locais a "re-importação" <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
matéria prima consumi<strong>da</strong> (Figura 4).<br />
Como se<br />
pode observar, a<br />
Região Sul a despeito<br />
de somente agora<br />
estar iniciando a<br />
produção de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
representa<strong>da</strong> pelos<br />
primeiros plantios<br />
feitos no Paraná<br />
apresenta um<br />
mercado industrial<br />
consumidor<br />
carente, no qual só<br />
o Rio Grande do<br />
Sul dispõe de 38 indústrias<br />
de artefatos<br />
leves e 4 de artefatos<br />
pesados, ao lado do<br />
maior parque<br />
consumidor que é<br />
São Paulo e o<br />
mercado emergente e<br />
totalmente aberto ao<br />
consumo de variados artefatos de <strong>borracha</strong> representado pelo<br />
Mercosul, onde o Paraná já está se inserindo conforme demonstrado na<br />
Tabela 18.<br />
Neste contexto, a instalação de indústrias processadoras de <strong>borracha</strong><br />
<strong>natural</strong> no Estado do Paraná, desencadearia o processo de alavancagem<br />
de todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>, através a agregação de<br />
valor e, principalmente diminuiria o fluxo / circulação de produtos e<br />
secviços <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> entre estados produtores e o Estado de São<br />
Paulo como potencial processador, através <strong>da</strong>s usinas de beneficiamento.<br />
56
Neste contexto, o potencial agro-industrial do Estado é ain<strong>da</strong><br />
pouco explorado, tanto nos novos segmentos que poderiam ser criados<br />
como é o exemplo de mini-usinas de processamento primário, que fatalmente<br />
terão de ser implementa<strong>da</strong>s à medi<strong>da</strong> que os plantios existentes<br />
e os novos que se fizerem, forem entrando em produção, quanto<br />
naqueles que necessitam de ampliação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong>, gerando<br />
assim, novos empregos diretos e indiretos em benefício do Estado<br />
e de sua população menos favoreci<strong>da</strong>.<br />
Contatos recentes mantidos com representante de indústria de<br />
artefatos leves do Rio Grande do Sul, ficou patente o interesse na<br />
aquisição de to<strong>da</strong> a matéria prima produzi<strong>da</strong> no Paraná já de forma<br />
verticaliza<strong>da</strong> (folha fuma<strong>da</strong>), com valor agregado ao produtor primário,<br />
devido à sua maior proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele mercado estritamente consumidor,<br />
saindo diretamente <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong> ( seringal) para a<br />
transformação direta pela indústria, sem a participação de quaisquer<br />
segmentos intermediários, representando assim, benefícios mútuos no<br />
processo.<br />
A par de tal situação, o objetivo deste estudo foi fornecer subsídios<br />
para que o estado do Paraná participe desse esforço, implementando<br />
a <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> em todos os seus elos, e assim,<br />
com competitivi<strong>da</strong>de, poder contribuir para a auto-suficiência na produção<br />
de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />
O estudo <strong>da</strong> Cadeia Produtiva <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Paraná<br />
está diretamente relaciona<strong>da</strong> à questão <strong>da</strong> viabili<strong>da</strong>de de investimento<br />
na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil. Com o processo de globalização<br />
, na busca de auto-suficiência na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />
deve-se ponderar a importância estratégica vis-a-vis aos custos sociais<br />
<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de gumífera.<br />
Vem sendo discuti<strong>da</strong> a viabili<strong>da</strong>de e oportuni<strong>da</strong>de em estimular<br />
a implantação de todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Estado<br />
do Paraná (mini usinas, usinas e indústrias de artefatos e de<br />
pneumáticos). Para avaliar este empreendimento, procedeu-se ao levantamento<br />
e análise de informações junto a produtores, usineiros, algumas<br />
indústrias de artefatos, seguido de avaliação dos fatores críticos,<br />
restritivos e impulsores ao desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>.<br />
Busca-se ain<strong>da</strong> subsidiar o setor governamental, para promover<br />
o desenvolvimento do segmento primário <strong>da</strong> produção, envolvendo pequenos<br />
e médios produtores agrícolas através a implantação <strong>da</strong><br />
agroindústria heveícola no Estado em bases competitivas, como forma<br />
58
de aumentar a oferta de matéria prima nacional aos consumidores<br />
desta <strong>cadeia</strong>.<br />
7. ANALISE DAS MATRIZES DA CADEIA<br />
PRODUTIVA DA BORRACHA NATURAL NO<br />
ESTADO DO PARANÁ<br />
A análise <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> projeta para o<br />
Estado do Paraná, um segmento produtivo em fase inicial de implantação<br />
e um industrial também ain<strong>da</strong> pouco estruturado para enfrentar<br />
um mercado consumidor interno e externo de matéria prima transforma<strong>da</strong>,<br />
crescente e diversificado, onde o Mercosul aparece como alavanca<br />
propulsora de sua evolução. A inserção <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> fio<br />
Paraná tem a configuração a seguir:<br />
Regiões Produtoras<br />
Com relação ao segmento produtivo <strong>da</strong> matéria prima, a área<br />
atualmente planta<strong>da</strong> com seringueiras no Paraná é de um pouco mais<br />
de 1.000 hectares, estabelecidos em pequenas, médias e uma grande<br />
proprie<strong>da</strong>de (400 ha.), dos quais, menos de 200 ha estão em início de<br />
produção.<br />
Do ponto de vista agroclimático, a região do Arenito Caiuá, com<br />
extensão em torno de 34.990 km 2 , limita<strong>da</strong> ao Sul pelo paralelo 24°,<br />
com relevo suave, altitude média de 600 metros, precipitação anual de<br />
1.500 mm e temperatura média de 22°C, classifica-se como preferencial<br />
para a implantação <strong>da</strong> seringueira como cultura de reflorestamento,<br />
ocupando espaços vazios deixados por cafezais, pastos decadentes<br />
e assim, melhorar as proprie<strong>da</strong>des físicas, protegendo o solo,<br />
flora e fauna, reciclando nutrientes através a reposição anual de folhagem,<br />
além <strong>da</strong> produção econômica de <strong>borracha</strong> (produto não perecível),<br />
em sistemas agrossilviculturais compatíveis, com ingresso de ren<strong>da</strong><br />
contínua durante 10 meses/ano, por 25 a 30 anos de vi<strong>da</strong> útil do seringal,<br />
ocasião em que ao ser renovado, produzirá ain<strong>da</strong> madeira de<br />
quali<strong>da</strong>de para a fabricação de móveis.<br />
Na Tabela 19 estão listados alguns municípios do Noroeste-Pr.,<br />
com suas respectivas coordena<strong>da</strong>s e relevo compatíveis com a implantação<br />
<strong>da</strong> cultura.<br />
59
Na figura 5 vislumbra-se os municípios com seringueira planta<strong>da</strong><br />
e aqueles com potencial para o plantio.<br />
Com relação ao uso de insumos agrícolas a cultura é pouco exigente<br />
em defensivos, a exceção de fertilizantes que, quando corretamente<br />
aplicados, reduzem o período de imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cultura.<br />
61
Tamanho <strong>da</strong>s Proprie<strong>da</strong>des Rurais<br />
Tomando por base o Norte Novíssimo de Paranavaí, a estrutura<br />
fundiária calca<strong>da</strong> em pequenas proprie<strong>da</strong>des com área menor que 10<br />
ha (46,08%), ocupando mão-de-obra do tipo familiar em torno de<br />
59,41%, o que permite a implementação de sistemas produtivos semelhantes<br />
aos praticados no sudeste asiático, onde 80% <strong>da</strong> produção<br />
está nas mãos dos chamados pequenos produtores com área planta<strong>da</strong><br />
com seringueira varia de 0,5 a 5,0 ha(Tabela 20).<br />
A área ocupa<strong>da</strong> por pequenos e médios produtores, conforme o<br />
Censo Agropecuário do Paraná (1985), representa<strong>da</strong> por 13.579 estabelecimentos<br />
rurais, corresponde a 171.349 ha ou 17,29% <strong>da</strong> área total.<br />
Tais características permitem a implantação <strong>da</strong> heveicultura diversifica<strong>da</strong>,<br />
dentro do programa de viabilização <strong>da</strong> pequena proprie<strong>da</strong>de<br />
estabelecido pelo governo estadual.<br />
62
Sistemas de Condução e Exploração<br />
Sob o ponto de vista técnico-econômico, o uso de sistemas de<br />
produção integrados envolvendo combinações de diferentes espécies<br />
vegetais considerando a diversi<strong>da</strong>de regional, tamanho <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des<br />
e o nível de tecnologia do produtor rural poderá ser praticado. Em<br />
proprie<strong>da</strong>des com cafezais envelhecidos em vias de substituição, poderá<br />
ocorrer com interplantio <strong>da</strong> seringueira usufruindo de benefícios<br />
proporcionados pelo café através microclima criado por este, favorável<br />
ao crescimento inicial <strong>da</strong> seringueira, reduzindo inclusive o tempo necessário<br />
para início <strong>da</strong> produção.<br />
Em áreas com condições e<strong>da</strong>foclimáticas mais favoráveis ao café<br />
e com cafeeiros economicamente produtivos ou potencialmente recuperáveis,<br />
a seringueira poderá entrar como cultura de exploração complementar,<br />
onde beneficiará o café através o sombreamento, alem de<br />
oferecer opção de ren<strong>da</strong> mensal ao agricultor.<br />
Em áreas explora<strong>da</strong>s com cultivos anuais, a seringueira poderá<br />
ser implanta<strong>da</strong> em arranjos que possibilitem a exploração <strong>da</strong>s culturas<br />
intercalares por período mínimo de quatro anos, viabilizando assim,<br />
sistemas produtivos que permitam obter ren<strong>da</strong> bienal (café), anual<br />
(lavouras anuais) e mensal (seringueira e outros), garantindo a<br />
estabili<strong>da</strong>de sócio-econômica <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de rural.<br />
Para que a <strong>cadeia</strong> se torne competitiva a médio/ longo prazo, devem<br />
ser cria<strong>da</strong>s condições para a ampliação de plantios comerciais em<br />
pequenas, médias e grandes proprie<strong>da</strong>des através a diversificação<br />
agrícola, criando mecanismos para a agregação de valores à produção<br />
na proprie<strong>da</strong>de com instalação de mini-usinas de processamento primário<br />
e assim atrair a implantação de industrias de pneumáticos não<br />
existentes no estado e indústrias de artefatos leves, produtos cirúrgicos<br />
além <strong>da</strong>s já existentes cujo consumo anual é superior a 144 tonela<strong>da</strong>s<br />
possibilitando o aumento de oferta de matéria prima, gerando<br />
quanti<strong>da</strong>de significativa de novos empregos diretos e indiretos em todos<br />
os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />
63
No caso de seringais implantados em pequenas proprie<strong>da</strong>des,<br />
explorados com mão-de-obra familiar estimam-se as Despesas Operacionais<br />
(DOs) sem incluir os custos de mão-de-obra e encargos para<br />
avaliar a margem bruta <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de visando remunerar os demais fatores<br />
de produção. Neste caso os Custos de Produção do Seringal<br />
Adulto estarão incorporados nos programas de diversificação agrícola<br />
<strong>da</strong> pequena proprie<strong>da</strong>de, especialmente aquela explora<strong>da</strong> exclusivamente<br />
por mão-de-obra familiar, sendo que um trabalhador treinado<br />
na operação de sangria pode conduzir de 3 ha (sistema D/2) a 8 hectares<br />
( no sistema D/4), sendo esta a situação que deverá predominar<br />
para o Noroeste do Estado do Paraná.<br />
Clones<br />
A grande maioria dos plantios iniciais feitos no Paraná foram<br />
constituídos dos chamados "cavalinhos no campo" visando a receber<br />
enxertia no local definitivo, fato desconhecido de muitos produtores,<br />
por não terem tradição com a cultura, culminando com o abandono de<br />
muitas áreas.<br />
Os plantios mais recentes são constituídos de clones selecionados<br />
para produção como RRIM 600, Gt 1, PB 235, IAN 873, PR 255,<br />
PR 261, considerando o bom comportamento que estes vêm apresentando<br />
no estado de São Paulo. Já existem jardins clonais em Alto Paraná<br />
e Paranapoema com os citados clones, os quais estão aptos a<br />
atender à produção de mu<strong>da</strong>s seleciona<strong>da</strong>s em futuros programas de<br />
plantio no estado cujas produções médias ao longo de 15 anos de sangria<br />
estão conti<strong>da</strong>s na Tabela 21.<br />
64
8. INDICADORES TÉCNICOS E SÓCIO-<br />
ECONÔMICOS NO CONTEXTO INSTITUCIONAL<br />
E ORGANIZACIONAL DA PESQUISA HEVEÍCO-<br />
LA NO PARANÁ<br />
Em São Paulo até 23°.S (Planalto) e 25°.S (Litoral), em condições<br />
quase subtropicais a seringueira vem despontando como uma <strong>da</strong>s<br />
culturas mais rentáveis. Em regiões com temperatura média do mês<br />
mais frio entre 16°C e 20°C e deficiência hídrica inferior a 200mm, a<br />
heveicultura poderá ser implanta<strong>da</strong>. Neste particular o Norte e Noroeste<br />
do Paraná podem ser considerados como regiões aptas para a<br />
cultura.<br />
Com relação ao solo, a seringueira vem sendo cultiva<strong>da</strong> no Brasil<br />
em diferentes tipos de solo, tais como, Laterita hidromórfica, Latossolo<br />
Amarelo textura média, argilosa e muito argilosa, concrescionário Laterítico,<br />
Latossolo Amarelo Húmico Antropogênico, Latossolo Vermelho<br />
Amarelo fase terraço, Vermelho Amarelo-horto, Vermelho escuro fase<br />
arenosa, Podzólicos, Terra Roxa estrutura<strong>da</strong> eutrófica e Areias Quartzozas<br />
(Brasil, 1970).<br />
No Noroeste do Paraná, a cultura começa a despontar ocupando<br />
principalmente a região do Arenito Caiuá, margeando a fronteira com o<br />
Estado de São Paulo, em áreas de Latossolo Vermelho escuro e em Podzólico<br />
Vermelho Amarelo textura média geralmente distróficos (solos<br />
de baixa fertili<strong>da</strong>de <strong>natural</strong>), com altitudes variando entre 300 e<br />
500metros a.n.m o que reduz a incidência de gea<strong>da</strong>s. Ain<strong>da</strong> no terceiro<br />
planalto ocorrem solos de maior fertili<strong>da</strong>de <strong>natural</strong> (região do basalto)<br />
que se estende do Norte ao Oeste Sudoeste do Estado.<br />
As características de clima e solo do Norte e Noroeste do Paraná<br />
viabilizam a implantação <strong>da</strong> cultura e o desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des<br />
de pesquisa, mormente no que se refere a competição de novos clones<br />
de comprova<strong>da</strong> produção comercial nas mais varia<strong>da</strong>s áreas ecológicas<br />
e similares, bem como a introdução e avaliação de novos germoplasmas<br />
ain<strong>da</strong> em fase de pesquisa visando a sua a<strong>da</strong>ptação à região e<br />
futura recomen<strong>da</strong>ção para plantio.<br />
O interesse do Instituto Agronómico do Paraná - IAPAR, em iniciar<br />
pesquisas com a cultura <strong>da</strong> seringueira a partir de 1990, decorreu<br />
em razão dos fatores acima citados e do interesse despertado pelos<br />
produtores rurais em disporem de novas alternativas sócioeconômicas<br />
de ocupação <strong>produtiva</strong> de extensas áreas com problemas<br />
65
culturais, pastagens decadentes e solos em processo acelerado de erosão.<br />
Com o início <strong>da</strong> pesquisa ficou patentea<strong>da</strong> a importância de ser<br />
avalia<strong>da</strong> a introdução e avaliação de novos germoplasmas, avaliar a<br />
influência exerci<strong>da</strong> pelo clima na escolha <strong>da</strong> melhor técnica, e no tempo<br />
necessário para a propagação, uma vez que baixas temperaturas e<br />
ausência de chuvas no período de inverno condicionam um período de<br />
18 a 24 meses para a realização <strong>da</strong> enxertia madura.<br />
O plantio de porta-enxertos em sacos de plástico adotado por alguns<br />
produtores paulistas, constituindo o chamado "cavalinho no<br />
campo", para receber enxertia no local definitivo foi o principal tipo de<br />
mu<strong>da</strong> adota<strong>da</strong> nos primeiros plantios no Paraná, sendo normalmente<br />
enxertado depois de 18 meses de plantado no local definitivo, aumenta<br />
os custos de produção e o tempo necessário para a entra<strong>da</strong> em produção,<br />
requerendo portanto, ações que visem antecipar a realização <strong>da</strong><br />
enxertia, levando em conta os períodos de inverno e verão ocorrentes<br />
na região.<br />
A enxertia <strong>da</strong> seringueira de um modo geral, consiste na substituição<br />
<strong>da</strong> parte aérea de uma planta pela de um outro indivíduo, portador<br />
de características desejáveis. Por esse processo é possível propagar<br />
materiais selecionados para resistência a pragas e doenças e boa<br />
produção. To<strong>da</strong>via, são amplamente conhecidos os efeitos exercidos<br />
por porta-enxertos sobre a parte aérea enxerta<strong>da</strong>, envolvendo efeitos<br />
aditivos ligados ao porta-enxerto, aos enxertos, e não aditivos ligados a<br />
ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s combinações <strong>da</strong><strong>da</strong>s, gerando fatores de incompatibili<strong>da</strong>de<br />
que poderão ser contornados pelo processo de enraizamento de<br />
estacas clonais, abrindo perspectivas para desenvolver clones crescendo<br />
às expensas de suas próprias raízes.<br />
Antigos cafezais hoje transformados em pastos, enfrentam um<br />
outro problema bem sério que é a erosão, característica marcante dos<br />
solos arenosos oriundos do Arenito Caiuá. Outras alternativas de exploração<br />
econômica como citricultura, cericicultura e mais recentemente<br />
a heveicultura, vem sendo tenta<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> sem respaldo técnico<br />
adequado. Grande parte dos seringais foram plantados em consórcio<br />
nas entrelinhas e nas próprias linhas de cafezais decadentes, requerendo<br />
a realização de estudos para analisar os distintos arranjos silviculturais<br />
compatíveis e economicamente rentáveis, como a convivência<br />
permanente do café adensado interplantado com a seringueira em filas<br />
duplas promovendo o aproveitamento racional <strong>da</strong> área com benefícios<br />
mútuos para as duas culturas.<br />
66
Sendo a seringueira originária de uma região com predominância<br />
de solos quimicamente pobres (distróficos), e muito ácidos, abrangendo<br />
faixas de pH de 3,5 a 5,0, o uso de calagem tem se restringido apenas<br />
a <strong>da</strong>r um suprimento de cálcio e magnésio, tendo por base a elevação<br />
<strong>da</strong> saturação de bases (V%) para, em torno de 50%. Dentre os<br />
elementos minerais (macro e micro-elementos), os mais importantes<br />
para o desenvolvimento <strong>da</strong> cultura são N, P e K.<br />
A despeito do efeito benéfico <strong>da</strong> adubação adequa<strong>da</strong> sobre o<br />
crescimento vegetativo, produção e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, há uma escassez<br />
muito grande sobre a adubação e nutrição <strong>da</strong> seringueira no<br />
Brasil. Desse modo, há que se desenvolver um amplo programa de<br />
pesquisa em solo, adubação e nutrição <strong>da</strong> cultura, no sentido de tornarem<br />
mínimos e/ou anular os efeitos negativos dos fatores térmico e<br />
hídrico que, numa condição de periodici<strong>da</strong>de estacionai, possam limitar<br />
o desenvolvimento vegetativo <strong>da</strong> seringueira, não pesquisados em<br />
outras áreas de cultivo <strong>da</strong> Hevea, devido às condições climáticas completamente<br />
diferentes.<br />
No Norte e Noroeste do Paraná, em algumas situações a seringueira<br />
irá ocupar espaços deixados por antigos cafezais, bem como,<br />
pastagens decadentes, o que, certamente, merecerá atenção no sentido<br />
de ser feito o acompanhamento do estado nutricional dos seringais e<br />
clones com i<strong>da</strong>des diferentes, seguidos de estudos de adubação mineral<br />
associa<strong>da</strong> ou não à, orgânica a fim de propiciar não só a melhoria<br />
química dos solos más também reduzir o período de imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
cultura com reflexos na produção laticífera.<br />
Na fase de explotação de <strong>borracha</strong>- <strong>natural</strong> (seringais adultos) é<br />
comum o uso de agentes estimulantes, visando não só aumentos de<br />
produção, como também a economia de mão-de-obra na sangria. O<br />
uso de Ethrel (2-cloro-etil fosfônico), aumenta a produção de látex e a<br />
drenagem de nutrientes. Essa prática além de inibir a proliferação de<br />
raízes laterais alimentícias, retar<strong>da</strong> a regeneração e renovação de casca<br />
do painel e afeta negativamente a área foliar total.<br />
No Paraná os primeiros seringais em fase de produção, vem sendo<br />
submetidos à estimulação, a despeito de, em alguns casos, terem se<br />
beneficiado somente do efeito residual <strong>da</strong>s adubações <strong>da</strong><strong>da</strong>s aos cafeeiros<br />
com os quais, se encontravam consorciados, podendo neste caso,<br />
haver uma redução no período de vi<strong>da</strong> útil <strong>da</strong>s árvores, por esgotamento,<br />
com ocorrência provável de seca fisiológica do painel "brownbast",<br />
o que é corrigido com a adubação adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s plantas estimula<strong>da</strong>s.<br />
67
Além do aspecto térmico, o Paraná exibe regimens hídrico (umi<strong>da</strong>de<br />
do ar) e eólico (intensi<strong>da</strong>de do vento) diferentes <strong>da</strong>queles ocorrentes<br />
na região tradicional (Amazônia), o que ressalta a necessi<strong>da</strong>de<br />
de estudos interdisciplinares voltados para caracterizar respostas fisiológicas<br />
<strong>da</strong> seringueira frente às variações espaciais e sazonais do ambiente,<br />
associando-as aos componentes de produção.<br />
8.1. Benefícios sócio-econômicos previstos<br />
Para que qualquer projeto possa atingir amplo beneficio social,<br />
ele deve estar voltado para atender às necessi<strong>da</strong>des básicas <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de,<br />
sendo ecologicamente equilibrado (preservando os recursos<br />
naturais), economicamente rentável e socialmente justo (equi<strong>da</strong>de em<br />
todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> a que esteja ligado), contribuindo,<br />
desse modo para a sustentabili<strong>da</strong>de.<br />
A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> cumpre uma função altamente<br />
socializante pela fixação do homem à terra, especializando mão-deobra<br />
no seu manejo, possibilitando a diversificação de uso <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de<br />
rural através o uso de sistemas integrados de produção com<br />
combinação de diferentes espécies vegetais considerando a diversi<strong>da</strong>de<br />
regional. Por sua vez, a matéria prima produzi<strong>da</strong>, possibilita a criação<br />
de uma estrutura industrial em torno <strong>da</strong> mesma gerando empregos diretos<br />
e indiretos fomentando o progresso social como um todo.<br />
8.2. Metas<br />
Como metas previstas pela pesquisa desenvolvi<strong>da</strong> pelo IAPAR,<br />
com base em experimentos de campo já implantados e a implantar,<br />
contando com a participação <strong>da</strong> EMBRAPA, IAC, ESALQ-USP, SEAB,<br />
EMATER, CIA. MELHORAMENTOS NORTE DO PARANÁ, COOPERATI-<br />
VAS, PREFEITURAS MUNICIPAIS, produtores rurais e captação de recursos<br />
externos, espera-se:<br />
Com cerca de 100 novos clones procedentes do IAC e ESALQ-<br />
USP, CPAC/EMBRAPA, a serem testados em experimentos de pequena<br />
e grande escala, num horizonte de 10 anos contados a partir de 1999,<br />
sejam selecionados 10 novos clones (10%) visando a sua recomen<strong>da</strong>ção<br />
para plantio , principalmente em áreas de pequenos e médios produtores,<br />
cumprindo o aspecto social de melhoria de ren<strong>da</strong> na proprie<strong>da</strong>de<br />
rural.<br />
Num espaço de cinco anos espera-se obter pelo menos, um porta-enxerto<br />
clonal que além de apresentar resistência às principais ra-<br />
68
ças fisiológicas de Meloidogyne exígua, Meloidogyne incognita e M. javanica,<br />
sejam portadores de boa capaci<strong>da</strong>de de combinação como portaenxertos.<br />
Dentro de quatro anos é esperado através a técnica <strong>da</strong> minienxertia,<br />
reduzir de 18-24 meses para apenas 4 meses o período necessário<br />
para a produção de mu<strong>da</strong>s, com eliminação de viveiros. No<br />
mesmo período solucionar prováveis problemas metodológicos e operacionais<br />
que envolvem o enraizamento de estacas clonais de seringueira,<br />
mediante a definição <strong>da</strong> técnica, selecionando clones com percentuais<br />
de enraizamento acima de 60%.<br />
Ao final de cinco anos, definir recomen<strong>da</strong>ções para adubação de<br />
viveiros nos períodos de pré e de pós enxertia e, num período de 10<br />
anos definir recomen<strong>da</strong>ções para adubação de seringais em formação<br />
e em produção no estado do Paraná.<br />
Num espaço de cinco anos, definir as variáveis climáticas que<br />
mais interferem na produção <strong>da</strong> seringueira no Paraná e, metodologia<br />
de manejo adequado (sistema e intensi<strong>da</strong>de de sangria) envolvendo os<br />
principais clones plantados no estado.<br />
9. PONTOS DE ESTRANGULAMENTO E<br />
OPORTUNIDADES<br />
9.1. PONTOS DE ESTRANGULAMENTO<br />
Fatores críticos são variáveis e estruturas que tem forte impacto<br />
no desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>. Como o desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> objetiva a competitivi<strong>da</strong>de, estes fatores foram relacionados<br />
como sendo os de maior impacto na competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Tomando por base os consumidores nacionais e internacionais<br />
dos produtos finais <strong>da</strong>s <strong>borracha</strong>s <strong>natural</strong> e sintética, os parâmetros<br />
de competitivi<strong>da</strong>de seriam produtivi<strong>da</strong>de, quali<strong>da</strong>de e preço.<br />
Para melhor visualização dos fatores críticos, (fatores de maior<br />
impacto, referentes as necessi<strong>da</strong>des e aspirações de tecnologias dos diversos<br />
elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>) foram organizados em termos de forças<br />
restritivas e forças propulsoras à competitivi<strong>da</strong>de.<br />
69
Fator Crítico 1. Concorrência <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> produzi<strong>da</strong> no<br />
país com o produto importado<br />
Forças Restritivas<br />
• Produção mundial concentra<strong>da</strong> em uns poucos países do Sudeste<br />
Asiático que manipulam para baixo os preços internacionais do<br />
produto.<br />
• Baixo custo <strong>da</strong> mão-de-obra na extração <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Sudeste<br />
Asiático.<br />
• Prática de subsídios diretos e indiretos pelos países Asiáticos.<br />
• O Brasil importa 64 % do seu consumo interno .<br />
• Preços internos <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> superiores aos preços de im<br />
portação.<br />
Forças Propulsoras<br />
• Possibili<strong>da</strong>de de oferta de matéria prima produzi<strong>da</strong> nas áreas de es<br />
cape, com condições favoráveis para o cultivo, a preços competiti<br />
vos, como é o exemplo do Noroeste do Paraná.<br />
• Níveis de produtivi<strong>da</strong>de dos seringais nessas áreas de escape su<br />
peram as obti<strong>da</strong>s nos países Asiáticos.<br />
• Situação fundiária basea<strong>da</strong> na pequena proprie<strong>da</strong>de, em regime de<br />
mão-de-obra familiar, torna a exploração competitiva com o produto<br />
importado.<br />
• Aprovação <strong>da</strong> Lei 9.479 que estabelece concessão de subsídios ao<br />
produtor nacional por oito anos.<br />
Fator Crítico 2. Inexistência de mini-usinas e Usinas de beneficiamento<br />
no Paraná<br />
Forças Restrititivas<br />
• Produção de matéria prima ain<strong>da</strong> incipiente no Estado.<br />
• To<strong>da</strong> a produção de matéria prima sai diretamente dos seringais<br />
para as usinas de São Paulo e P. E. Michelin (MS).<br />
• Indústrias de artefatos do Paraná reimportam to<strong>da</strong> a matéria prima<br />
beneficia<strong>da</strong> de São Paulo, outros estadofe e do exterior.<br />
Forças Propulsoras<br />
• Aumento progressivo <strong>da</strong> oferta de matéria prima com a entra<strong>da</strong> em<br />
produção dos novos seringais.<br />
70
• Possibili<strong>da</strong>de de ampliação <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> aproveitando as condi<br />
ções e<strong>da</strong>foclimáticas favoráveis<br />
• Implantação de montadoras de automóveis e indústrias de pneu<br />
máticos, além <strong>da</strong> ampliação <strong>da</strong>s existentes no Estado, carentes de<br />
matéria prima usina<strong>da</strong><br />
Fator Crítico 3. Incentivo ao fomento <strong>da</strong> produção no Estado do<br />
Paraná<br />
Forças Restritivas<br />
• Inexistência de linha de crédito específica para heveicultura que<br />
beneficie a pequena proprie<strong>da</strong>de<br />
• Falta de interesse dos organismos financiadores em investir em he<br />
veicultura<br />
• Preços atuais baixos e retorno econômico demorado (6 a 7 anos)<br />
• Descapitalização do meio rural, mormente na pequenas proprie<strong>da</strong><br />
des<br />
• Falta de conhecimento e tradição com a cultura nos diferentes ní<br />
veis<br />
• Carência de infra-estrutura botânica (viveiros e jardins clonais) no<br />
Paraná<br />
• Instabili<strong>da</strong>de do mercado face à ineficiente ação governamental no<br />
país<br />
Forças Propulsoras<br />
• Déficit mundial de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> a partir de 2005<br />
• Condições altamente favoráveis para produção de borrasha <strong>natural</strong><br />
em 3,5 milhões de hectares na região do Arenito Caiuá<br />
• Excelente comportamento vegetativo, sanitário e produtivo dos<br />
plantios existentes<br />
• Caráter perene <strong>da</strong> cultura, cujo investimento tem produção garan<br />
ti<strong>da</strong> por 30 anos<br />
• Carência mundial de madeira. Ao final <strong>da</strong> exploração econômica é<br />
produzi<strong>da</strong> madeira de quali<strong>da</strong>de para a indústria moveleira<br />
• Oferta de opção para diversificação (culturas associa<strong>da</strong>s) e agrega<br />
ção de valor na proprie<strong>da</strong>de rural<br />
• Aspecto socializante <strong>da</strong> cultura, fixando o homem à terra e especia<br />
lizando a mão-de-obra, pois para ca<strong>da</strong> 1.000 - 2.000 árvores explo<br />
ra<strong>da</strong>s é necessária uma família<br />
• Aspecto ecológico, protegendo mananciais, melhorando as proprie<br />
<strong>da</strong>des do solo, clima, flora e fauna<br />
71
• Aspecto econômico, o déficit brasileiro e mundial, aliado à crescente<br />
deman<strong>da</strong> nacional e regional, garantem a absorção de to<strong>da</strong> a pro<br />
dução do Estado, gerando riquezas em todos os níveis<br />
• Presença de indústrias do Rio Grande do Sul interessa<strong>da</strong>s na maté<br />
ria prima produzi<strong>da</strong> no Paraná<br />
• Presença do setor público e privado atuando dinamicamente no<br />
Estado, que poderão atuar em parceria<br />
• Aprovação recente <strong>da</strong> Lei 9.479 concedendo subsídios ao produtor<br />
nacional são um estímulo à ampliação dos plantios nas áreas mais<br />
favoráveis do país como é o exemplo do Noroeste do Paraná<br />
Fator Crítico 4 - Eficiência <strong>produtiva</strong> dos plantios e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
<strong>borracha</strong> produzi<strong>da</strong><br />
Forças Restritivas<br />
• Redução de investimentos em pesquisa<br />
• Desativação dos Centros e Instituições Nacionais de Pesquisa com<br />
seringueira<br />
• Usinas de beneficiamento obsoletas, com baixo rendimento proces<br />
sando <strong>borracha</strong> sem padronização defini<strong>da</strong><br />
Forças Propulsoras<br />
• Existência de novos clones em teste pela pesquisa e clones já sele-<br />
cionados e recomen<strong>da</strong>dos pela pesquisa para plantio no Estado<br />
• Avanços tecnológicos já obtidos e disponíveis para transferência<br />
• Existência de um órgão de pesquisa (IAPAR) pesquisando em he-<br />
veicultura no Paraná.<br />
9.2. OPORTUNIDADES<br />
Ao analisar mais acura<strong>da</strong>mente o contexto histórico do setor,<br />
identificam-se alguns esforços tímidos ao longo de todos esses anos,<br />
visando <strong>da</strong>r suporte à <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, em respostas a<br />
conjunturas específicas e passageiras, associa<strong>da</strong>s a pressões de deman<strong>da</strong>s,<br />
refletindo interesses político-econômicos regionais momentâneos<br />
ou de parte de segmentos setorizados.<br />
Com a recente aprovação <strong>da</strong> Lei n° 9.479 estabelecendo a concessão<br />
Subsídios econômicos ao produtor nacional por oito anos, caso<br />
esta se concretize plenamente, abrem-se perspectivas para retoma<strong>da</strong><br />
de novos plantios no país visando aumento de oferta de matéria-prima.<br />
72
No âmbito <strong>da</strong> ecologia, o plantio de seringueiras, por ser uma espécie<br />
florestal, induz uma série de vantagens ao meio ambiente, preservando<br />
mananciais, protegendo e melhorando as proprie<strong>da</strong>des do<br />
solo, clima, flora e fauna. Pela sua grande versatili<strong>da</strong>de, oferecendo<br />
vantagens ao desenvolvimento social e econômico , pode ser vista como<br />
grande opção ambiental.<br />
No âmbito <strong>da</strong> economia, a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> é uma grande geradora<br />
de ren<strong>da</strong>, impostos e divisas, seja no elos de produção e proces<br />
samento agro-industrial, seja nos elos de transformação industrial e<br />
de comercialização. O atual déficit brasileiro e mundial de matéria<br />
prima, provocados pela crescente deman<strong>da</strong> nacional e internacional,<br />
garantem a absorção <strong>da</strong> produção atual e de futuros plantios.<br />
As próprias características <strong>da</strong> heveicultura a tornam uma interessante<br />
alternativa para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro,<br />
nota<strong>da</strong>mente para o segmento de agricultura familiar, ain<strong>da</strong> em busca<br />
de boas alternativas econômicas para o seu desenvolvimento:<br />
- Possibilita o uso de culturas intercalares, por exemplo culturas<br />
alimentares, para diversificação de produção e de ren<strong>da</strong>.<br />
- Tem ganho real superior à maioria <strong>da</strong>s culturas convencionais,<br />
fator importante para uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s limita<strong>da</strong>s em tamanho<br />
<strong>da</strong> terra.<br />
- Possibilita aumento substancial <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, e sem sazona-<br />
li<strong>da</strong>de, já que a exploração é feita durante todo o ano.<br />
- Permite a criação de uma estrutura industrial em seu entorno,<br />
criando uma estrutura de agregação de valor que pode ser apro<br />
pria<strong>da</strong> pelos produtores agrícolas.<br />
- O transporte <strong>da</strong> produção é feito pelo comprador, dispensando a<br />
necessi<strong>da</strong>de de veículo próprio do produtor agrícola.<br />
- A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> não requer estruturas sofistica<strong>da</strong>s para esto-<br />
cagem e armazenamento do produto, utilizando instalações rústi<br />
ca e baratas e também as já disponíveis nas proprie<strong>da</strong>des. As ne<br />
cessi<strong>da</strong>des de investimentos em infra-estrutura são reduzi<strong>da</strong>s. O<br />
produto não é perecível.<br />
- Possibilita a agregação de valor à produção na própria proprie<strong>da</strong>de<br />
rural, mediante a instalação de pequenas mini-usinas de proces<br />
samento de látex.<br />
- Pelo seu caráter de cultura permanente, é excelente alternativa<br />
para a fixação do homem a sua gleba, uma característica interes<br />
sante para os assentamentos de pequenos produtores, atualmente<br />
em curso no país.<br />
73
10. PROPOSTAS DE AÇÕES INTEGRADAS<br />
10.1.INCENTIVO À IMPLANTAÇÃO DE SERINGAIS DE CULTIVO<br />
A análise dos fatores intervenientes no setor forneceu subsídios<br />
que permitiram formular propostas visando implementar a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Paraná, contemplando os distintos<br />
segmentos envolvidos no processo (Figura 6):<br />
74
• Uni<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong> (seringal), incentivo ao plantio inicial de 7.000<br />
hectares de seringueira num horizonte de dez anos, corresponden<br />
tes a apenas 0,2% <strong>da</strong> área apta, num total de 3.500.000 árvores<br />
planta<strong>da</strong>s, produzindo 10 mil tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> seca/ano.<br />
Essa produção, além de ser suficiente para movimentar até cinco<br />
usinas de médio porte, fornecerá matéria-prima para atender de<br />
150 a 200 indústrias de artefatos leves com capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong><br />
para consumir 5 tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>/ mês, gerando em<br />
pregos diretos e indiretos em todos os segmentos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />
• Garantia <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong> pequena e média proprie<strong>da</strong><br />
de rural, num espaço de 10 anos, beneficiando cerca de 1.750 pe<br />
quenas proprie<strong>da</strong>des familiares com terra e em áreas de assenta<br />
mento de agricultores sem terra e criação de núcleos comunitários<br />
em Vilas Rurais, com recursos financeiros do Estado e Bancos atra<br />
vés linhas específicas de crédito.<br />
• Incentivo à implantação de indústrias de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Esta<br />
do num espaço de 5 a 10 anos.<br />
É desejável que num horizonte de 10 anos, até o ano 2005 o Paraná<br />
tenha uma área de 7.000 hectares plantados com seringueira,<br />
correspondendo apenas 0,2% <strong>da</strong> área apta para a cultura, que é de<br />
1.445.867,7 alqueires ou 3.499.000 hectares, com um total de<br />
3.500.000 árvores planta<strong>da</strong>s, produzindo cerca de 8.235.294 litros de<br />
látex ou 8.000 a 10.000 tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> seca (Proposta Técnica<br />
encaminha<strong>da</strong> à SEAB com detalhes operacionais).<br />
Esta produção representaria uma redução de 7,67% do déficit<br />
atual de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil (105.0p0 t em 1999), e implicaria<br />
num aumento de faturamento do Estado em ICMS, além de contribuir<br />
para o suprimento de matéria prima para a indústria local, <strong>da</strong><br />
região (atendendo 93% do atual consumo regional) e na geração de novos<br />
empregos diretos no meio rural e indiretos nos centros urbanos<br />
com o aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> <strong>da</strong> indústria de artefatos de<br />
<strong>borracha</strong>. Considerando um módulo médio de 4 ha isto representaria o<br />
benefício a 1750 estabelecimentos rurais e em consequência a igual<br />
numero de famílias que, a partir do 4 o ano de produção comercializando<br />
a folha fuma<strong>da</strong> Tipo 1 (R$2,68/kg) produção verticaliza<strong>da</strong>, ao invés do<br />
Cernambi à granel (R$0,65/kg), preços atuais, possibilitaria o ingresso<br />
mensal em torno de R$ 1.072,00.<br />
Para atingir as metas projeta<strong>da</strong>s para o ano 2005, deverão ser<br />
implementa<strong>da</strong>s algumas ações abor<strong>da</strong>ndo aspectos políticos e técnicos,<br />
tais como:<br />
75
10.2. - ASPECTOS POLÍTICOS DE MÉDIO E LONGO PRAZO<br />
a) Criar condições de incentivo ao setor produtivo mediante a<br />
ampliação de plantios comerciais em pequenas, médias e grandes pro<br />
prie<strong>da</strong>des através um programa de diversificação agrícola (Projeto para<br />
implantação de 7.000 ha e Modelo Tecnológico - Encaminhados ao<br />
Governo do Estado para implementação) .<br />
b) Possibilitar a alocação de recursos financeiros e materiais<br />
para a pesquisa visando <strong>da</strong>r respaldo tecnológico à produção através a<br />
introdução, avaliação e recomen<strong>da</strong>ção de novos clones mais produtivos<br />
e a<strong>da</strong>ptados ao Paraná; estudos de adubação e nutrição em to<strong>da</strong>s as<br />
fases <strong>da</strong> cultura; métodos de propagação e manejos agrossilviculturais<br />
que inclusive reduzam o periodo de imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cultura e métodos<br />
racionais de expio tacão de seringais e; à Extensão Rural visando trei<br />
namentos e capacitação de técnicos para<br />
promover a orientação e assistência técnica ao programa heveícola<br />
do Estado.<br />
c) Criar mecanismos para a agregação de valor à produção de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> na proprie<strong>da</strong>de rural fomentando a verticalização dos<br />
empreendimentos mediante a instalação de mini-usinas de processa<br />
mento primário produzindo a FCB- Folha Clara Brasileira FFB - Folha<br />
Fuma<strong>da</strong> Brasileira PBD - Placa Bruta Defuma<strong>da</strong> ou CVP - Cernambi<br />
Virgem Prensado além do produto <strong>da</strong> sangria o Cernambi à granel,<br />
subproduto o Cernambi Fita e manufatura de artigos finais na propri<br />
e<strong>da</strong>de, cabendo ao produtor rural as operações de sangria, coleta e<br />
processamento primário do látex, cuja produção seria recolhi<strong>da</strong> em co<br />
operativas dos próprios produtores rurais, visando a estocagem e co<br />
mercialização direta com as indústrias atuantes no Estado e na região<br />
Sul.<br />
d) Atrair a implantação de novos mercados e expansão dos já<br />
existentes que visem o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas<br />
de modificação química visando novas aplicações.<br />
e) Fomentar o aproveitamento dos subprodutos <strong>da</strong> heveicultu-<br />
ra, particularmente a madeira (fuste) utiliza<strong>da</strong> para fabricação de mó<br />
veis beneficiando as indústrias do ramo além de produção de energia<br />
com o uso <strong>da</strong> galha<strong>da</strong>.<br />
f) Adequação de todo o processo de produção voltado às políti<br />
cas agrícolas e ambientais vigentes no Estado.<br />
76
10.3. - ASPECTOS POLÍTICOS DE CURTO E MÉDIO PRAZO<br />
a) Através <strong>da</strong>s prefeituras municipais, estabelecer infra-estrutura<br />
botânica (viveiros e jardins clonais), para atender à produção e forne<br />
cimento de mu<strong>da</strong>s a preço de custo aos pequenos e médios produtores<br />
(com áreas de plantio variando de 2 a 20 hectares). Produtores com<br />
área superior a 20 hectares poderão produzir suas próprias mu<strong>da</strong>s.<br />
b) Incentivar a iniciativa priva<strong>da</strong> e cooperativas a adotarem o<br />
mesmo procedimento, com vistas a aumentar a capaci<strong>da</strong>de de produ<br />
ção e fornecimento de mu<strong>da</strong>s enxerta<strong>da</strong>s, além de prestar apoio finan<br />
ceiro com celebração de contratos para tal fim.<br />
c) Em áreas de pequenos e médios produtores implementar a<br />
continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des de Observação com a cultura em módulos<br />
de 3 ha a 4 ha, com parte dos custos subsidiados.<br />
d) Estabelecer uma linha de crédito na rede bancária estadual<br />
para apoio à pequena proprie<strong>da</strong>de com plantio de 4 até 10 ha em<br />
áreas de pequenos e médios produtores que queiram entrar na ativi-<br />
<strong>da</strong>de más que não disponham de recursos próprios para tal fim, a ju<br />
ros subsidiados, a serem pagos com um prazo de carência de 7 anos,<br />
com a própria produção do seringal conforme os indicadores a seguir:<br />
O empréstimo para apoio à pequena proprie<strong>da</strong>de será efetuado<br />
para cobrir as despesas correntes com insumos (aquisição de mu<strong>da</strong>s,<br />
fertilizantes e defensivos) durante o período de seis anos, considera<strong>da</strong><br />
fase de implantação <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira.<br />
A amortização dos recursos iniciará no 7° ano, período em que<br />
começa a produção de látex. No período de implantação <strong>da</strong> cultura<br />
será cultivado milho intercalar, que ocupará. até a 3 o ano, 75% <strong>da</strong> área<br />
e com produção equivalente a 67,5% Saco/ha. Esta ativi<strong>da</strong>de será<br />
conduzi<strong>da</strong> com uso <strong>da</strong> tecnologia recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>, propiciando amortização<br />
de parte <strong>da</strong>s despesas correntes e também contribuirá para que a<br />
cultura <strong>da</strong> seringueira seja beneficia<strong>da</strong> com parte dos fertilizantes<br />
aplicados na cultura do milho, refletindo-se em maior vigor <strong>da</strong>s árvores<br />
e em consequência maior potencial para produção de látex no início<br />
<strong>da</strong> sangria.<br />
Dado que as mu<strong>da</strong>s correspondem ao maior montante nos custos<br />
de implantação <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira, ou seja 69% dos insumos<br />
especificados, procedeu-se o cálculo do valor atual com mu<strong>da</strong>s e<br />
sem mu<strong>da</strong>s. Para efeito de implantação, quando não for considerado o<br />
valor <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, será necessário que sua obtenção seja subsidia<strong>da</strong>.<br />
Para efeito de viabilização <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira concentraremos<br />
a análise nos custos com mu<strong>da</strong>s. Neste, o valor atual dos custos<br />
77
no 7 o ano são de R$ 2.161,00, as receitas com a produção de milho<br />
intercalar de R$ 327,00, acumulando saldo negativo de R$ 1.882,00,<br />
conforme Tabela 22.<br />
Para viabilização <strong>da</strong> cultura em uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s com limitação<br />
de área física, elaborou-se um plano de amortização dos recursos<br />
necessários para 1 ha. A taxa de amortização é crescente no período de<br />
5 anos, <strong>da</strong>do à limitação de recursos financeiros e também que a produção<br />
de látex vai aumentando até o 4 o ano quando estabiliza-se o<br />
crescimento <strong>da</strong>s árvores (Tabela 23).<br />
78
O valor a ser amortizado em 5 anos (R$ 1.882,00) foi corrigido a<br />
uma taxa de 6% ao ano e distribuído segundo as taxas relaciona<strong>da</strong>s,<br />
somando um montante de R$ 2.518,54.<br />
O início <strong>da</strong> amortização coincide com o <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong><br />
( cernambi a granel com 53% de <strong>borracha</strong>), que é crescente no tempo<br />
e comercializa<strong>da</strong> a R$ 0,65/ kg (preço atual em 1999, pago pelas usinas),<br />
o que equivale a R$ 1,23 /kg de <strong>borracha</strong> seca.<br />
O saldo anual é suficiente para o pagamento <strong>da</strong> amortização,<br />
pois ain<strong>da</strong> contribuirá para a estabili<strong>da</strong>de dos sistemas de produção<br />
diversificados, na medi<strong>da</strong> em que poderá absorver custos de outras<br />
ativi<strong>da</strong>des na uni<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong>, tal como ocorreu no início <strong>da</strong> implantação<br />
do seringal, em que era deficitária. Este suporte de outras<br />
ativi<strong>da</strong>des foi efetuado no seringal com a cultura do milho, onde a receita<br />
bruta correspondeu a 19% dos custos, apesar de ter sido cultivado<br />
até o 3 o ano.<br />
A partir <strong>da</strong>í o seringal estará pago apresentando uma ren<strong>da</strong> média<br />
anual bruta de R$ 2.214,00 equivalente a R$ 184,50/ha/mês durante<br />
o ano ( com a produção de 10 meses/ano, durante 25 a 30<br />
anos), com base apenas na ven<strong>da</strong> de cernambi a granel. Neste contesto,<br />
uma pequena proprie<strong>da</strong>de familiar com apenas uma força de trabalho<br />
ativa (1 homem), pode conduzir e fazer produzir até 8 hectares<br />
de seringal o que poderá representar uma ren<strong>da</strong> mensal bruta de R$<br />
1.476,00, além de ren<strong>da</strong> sazonal auferi<strong>da</strong> com cultivos intercalares.<br />
e) Em áreas onde existem problemas de agricultores sem terra,<br />
sejam criados pólos em 4 a 5 municípios representativos <strong>da</strong> região No<br />
roeste, para a implantação <strong>da</strong> seringueira enr sistemas agroflorestais,<br />
com cultivos intercalares de subsistência nos quatro primeiros anos<br />
após o plantio visando a produção de alimentos para atender às po<br />
pulações de baixa ren<strong>da</strong> e posterior loteamento de pequenos seringais<br />
em módulos de 3-4 ha para famílias de sem terra que tenham partici<br />
pado efetivamente <strong>da</strong> implantação e manutenção desde o início <strong>da</strong> cri<br />
ação dos pólos, pagando os gastos de implantação, com um percentual<br />
anual <strong>da</strong> produção dos respectivos seringais loteados.<br />
f) Nas atuais Vilas Rurais, que sejam implantados seringais nos<br />
mesmos moldes acima, em área contígua às mesmas, como forma de<br />
fixação do homem à terra além de produção econômica pela exploração<br />
comunitária, agregando ren<strong>da</strong>, valor à produção e garantindo a sus-<br />
tentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s vilas.<br />
79
10.4. - ASPECTOS TÉCNICOS<br />
a) Incentivar treinamento de técnicos de nível superior e nível<br />
médio em heveicultura e promover cursos de capacitação nos mesmos<br />
níveis incluindo produtores rurais, nas áreas de produção de mu<strong>da</strong>s,<br />
implantação, manejo e exploração de seringais, <strong>da</strong>ndo ênfase à quali<br />
<strong>da</strong>de do produto visando atender às exigências e necessi<strong>da</strong>des dos<br />
consumidores.<br />
b) Proceder a avaliação contínua <strong>da</strong> implementação do processo<br />
produtivo visando evitar e corrigir possíveis distorções em qualquer<br />
<strong>da</strong>s fases durante o an<strong>da</strong>mento do processo.<br />
c) As priori<strong>da</strong>des <strong>da</strong> estratégia <strong>da</strong> pesquisa e desenvolvimento<br />
(P&D) para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deve estar direciona<strong>da</strong> para o desenvol<br />
vimento futuro do setor, tendo em mente : 1- ampla distribuição dos<br />
pequenos heveicultores no processo e, 2 - propiciar a crescente con<br />
versão do látex e <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> brutos ou beneficiados em artigos ma-<br />
nufaturados, visando aumento <strong>da</strong> receita.<br />
Fomentar a implantação de Usinas e Mini-usinas de beneficiamento<br />
Como não existe ain<strong>da</strong> nenhuma usina de processamento de<br />
<strong>borracha</strong> no Estado, é desejável que num horizonte de 5 anos se incentive<br />
o aumento <strong>da</strong> oferta de matéria prima visando a instalação de<br />
até 5 usinas com capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> para processar 300 tonela<strong>da</strong>s<br />
/mês para a produção de folha fuma<strong>da</strong>, GEB e GCB (atendendo aos<br />
padrões de quali<strong>da</strong>de contidos na Tabela 11) e gerando receita de<br />
ICMS em torno de R$-l,5 milhões/ano, a exemplo do que já ocorre em<br />
São Paulo, hoje o primeiro produtor nacional e com o maior parque industrial<br />
consumidor do país. Referi<strong>da</strong>s usinas terão por finali<strong>da</strong>de receber<br />
o produto <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s, fazer o processamento inicial<br />
e fornecer <strong>borracha</strong>s dentro dos padrões tecnológicos exigidos, às<br />
indústrias de artefatos existentes e a serem implanta<strong>da</strong>s no estado.<br />
Hoje no país existem cerca de 30 usinas de processamento inicial.<br />
Incentivo à implantação de indústrias de artefatos leves e pesados<br />
A médio e longo prazo, num espaço de tempo de 5 a 10 anos in-<br />
centwar a ampliação <strong>da</strong>s industrias de artefatos leves já existentes<br />
bem como atrair a implantação de novas ao lado de indústria de<br />
pneumáticos que viria a completar o ciclo <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />
no estado, cobrindo assim, além dos artefatos já produzidos pe-<br />
80
Ias atuais indústrias, como correias, câmaras-de-ar, materiais de conserto,<br />
a produção de pneumáticos para veículos automotores<br />
(caminhões, ônibus, automóveis, caminhonetes, motonetas, tratores,<br />
máquinas etc,.) gerando riqueza e divisas para o Paraná.<br />
Um exemplo concreto a viabilizar a implantação <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s indústrias<br />
de artefatos é a instalação <strong>da</strong>s fábricas montadoras de veículos<br />
Renault, Chrysler, Audi e Sko<strong>da</strong> no Paraná que por si só irão absorver<br />
além de pneumáticos, todos os demais componentes de<br />
<strong>borracha</strong> normais de um veículo automotor.<br />
Reconhece-se que para cobrir todos os segmentos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no estado com competitivi<strong>da</strong>de e sustentabili<strong>da</strong>de,<br />
o setor produtivo terá que estabelecer metas <strong>produtiva</strong>s mais agressivas<br />
que poderão ser facilmente atingi<strong>da</strong>s, com base na experiência capitaliza<strong>da</strong><br />
ao longo dos 5 primeiros anos do cenário proposto, onde a<br />
eficiência dos atores dos distintos segmentos terá papel de significativa<br />
importância na sua concretização.<br />
81
10.5. - ESTRATÉGIA GOVERNAMENTAL<br />
a) gestionar junto a organismos financeiros diversos, nacionais e<br />
internacionais, para a captação de recursos necessários à implementa<br />
ção e execução de um programa de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Estado do Pa<br />
raná.<br />
. Banco Mundial;<br />
. BID;<br />
. Fundos Constitucionais e Regionais.<br />
b) isenção ou redução fiscal temporária para estímulo à implan<br />
tação de estabelecimentos industriais consumidores de <strong>borracha</strong> natu<br />
ral.<br />
c) proporcionar garantia de preços, escoamento e comercializa<br />
ção de <strong>borracha</strong> e produtos beneficiados com o exercício de controle e<br />
regulação de mercado conforme lei vigente com vistas ao amparo do<br />
produtor, usineiro, industrial e do consumidor final.<br />
O quadro a seguir sumariza a apropriação anual de recursos obti<strong>da</strong><br />
nos diversos segmentos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> com a implantação dos 7.000<br />
hectares propostos.<br />
82
1 1 . LITERATURA CONSULTADA<br />
ALLEN, P.A., "Comodity Strategy" for research and development on<br />
<strong>natural</strong> rubber. Institute Rubber Research and Development Board,<br />
England, 1995 8p.<br />
ANÁLISE CONJUNTURAL. Instituto Paranaense de Desenvolvimento<br />
Econômico Social, Curitiba, v. 17 n° 11-12 . p.1-48, 1995.<br />
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE PNEUMÁTICOS - ANIP,<br />
Situação <strong>da</strong> Indústria de Pneumáticos no Brasil. In: Simpósio sobre<br />
Tecnologia de Polímeros, CTEPO/SENAI , São Leopoldo -RS,<br />
1998.<br />
Aspectos Gerais <strong>da</strong> Cultura de Seringueira no Paraná. Rank Agroflorestal<br />
Apucarana, p.25 (mimeografado).<br />
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e <strong>da</strong> Amazônia Legal. Mercado<br />
<strong>da</strong> Borracha. Anuário Estatístico 1990. Brasília, v. 7, n° 7. 1990 .<br />
64p.<br />
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e <strong>da</strong> Amazônia Legal. Mercado<br />
<strong>da</strong> Borracha. Anuário Estatístico 1991-1993, Brasília, v.8/ 10 . p.l-<br />
75, 1995.<br />
CARDOSO, E.G. , A Cadeia Produtiva <strong>da</strong> Pecuária Bovina de Corte.<br />
Campo Grande. EMBRAPA-CNPGC, Ia. Reimp. 17p. (EMBRAPA-<br />
CNPGC Documento, 49), 1994.<br />
CORRÊA. A.R. Seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.) - Aptidão<br />
climática - Paraná. IAPAR, Londrina-PR, 1986. 7p. (mimeografado).<br />
CORTEZ, J.V. & MARTIN, N.B., A sazonali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> seringueira<br />
e a política brasileira de contingenciamento <strong>da</strong> importação de<br />
<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>. Informações Econômicas. SP v.26, n° 7. p. 45-<br />
54, 1996.<br />
CORTEZ, J.V. , Evolução <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira no Estado de São<br />
Paulo- Brasil. In: Anais do I Ciclo de Palestras sobre a heveicultura<br />
paulista, Barretos -SP, p 61- 92, 1998.<br />
DEAN, WARREN, A luta pela <strong>borracha</strong> no Brasil: Um estudo de história<br />
ecológica. São Paulo, Nobel. 1989. 250p.<br />
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Prospecção<br />
de Deman<strong>da</strong>s Tecnológicas. Manual Metodológico para o SNPA,<br />
Brasília. EMBRAPA, 82 p. 1995.<br />
EMBRESA PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO<br />
RURAL DO PARANÁ, EMATER- PARANÁ. Fluxogramas <strong>da</strong>s Cadeias<br />
Produtivas Paraná, p.37. 1995<br />
FERRAZ, M.A.M., Situação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Cenário Internacional. In:<br />
84
Natureza Viva.-IBAMA. Brasília, p 2. 1995. INSTITUTO<br />
AGRONÓMICO DO PARANÁ, IAPAR. Cenários do Negócio<br />
Agrícola do Estado do Paraná. Londrina, p.23. 1995.<br />
INTERNATIONAL RUBBER STUDY GROUP. Rubber Statistical Bulle-<br />
tin, Wembley - England IRSG, v.50. N°4 p. 51. 1996.<br />
INTERNATIONAL RUBBER STUTY GROUP. Rubber Statistical Bulletin,<br />
Wembley- England IRSG, v. 53. N° 9 p.41, 1999.<br />
MARTIN, B.N. & ARRUDA, T.S., Produção Brasileira de Borracha Natural:<br />
Situação atual e perspectivas, Informações Econômicas. São<br />
Paulo, v.23, n°10, p.47. 1993.<br />
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DOS RECURSOS HÍDRICOS EDA<br />
AMAZÔNIA LEGAL. Diretrizes para a formulação de uma política<br />
para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira. Brasília, p. 33, 1995 (mimeografado).<br />
PEREIRA, J. <strong>da</strong> P., LEAL, A.C. & RAMOS, A.L.M. , Perspectivas <strong>da</strong> Heveicultura<br />
no Noroeste do Estado do Paraná. In: Seminário sobre<br />
Sistemas Agroílorestais na Região Sul do Brasil, Colombo. EMBRA-<br />
PA-CNPF, P. 231-240, 1994 (EMBRAPA- CNPF. Documento, 26).<br />
RC CONSULTORES, Borracha Natural - Diagnóstico do Setor, Rio de<br />
Janeiro, RC Consultores, 1992, 194p.<br />
RUBBER, INRO, extends the current agreement for an additional year.<br />
Commodity Bulletin, New York, 1994. p.8.<br />
RUBBER RESEARCH INSTITUTE OF MALAYA. Planting Recomen<strong>da</strong>tion,<br />
1986-8, Planter's Bulletin, n°186, Kuala Lumpur. 5-22. 1986. .<br />
RUBBER STATISTICAL BULLETIN - International Rubber Study<br />
Group, Vol. 50 n° 4, 1996.<br />
RUBBER STATISTICAL BULLETIN - International Rubber Study<br />
Group, Vol. 56. n° 9, 1999.<br />
SISTEMAS DE PRODUÇÃO PARA SERINGAIS NATIVOS. EMPRESA<br />
BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA, Manaus, 1986. 57 p.<br />
(EMBRAPA .Circular 90).<br />
Sugestões de Alternativas de política para a cultura <strong>da</strong> seringueira.<br />
Relatório <strong>da</strong> Comissão cria<strong>da</strong> pela Portaria n° 121/86. Ministro do<br />
Estado Indústria e Comércio. Brasília, 1986. 57p. (mimeografado).<br />
WISNIEWISKI, A., Fraudes no Preparo <strong>da</strong> Borracha Crua. Instituto<br />
Agronómico do Norte. Belém, 1949. 31p. Boletim Técnico n Q 16.<br />
WRIGT, J.T.C., DOS SANTOS, S.A. 85 JOHNSON, B.B., Análise <strong>da</strong> vitivinicultura<br />
brasileira: Questões Críticas, Cenários para o ano 2.000<br />
e objetivos setoriais. MARA. EMBRAPA-CNUV, Bento Gonçalves,<br />
1992. 49p.<br />
85
ANTONINA<br />
Estação Agrometeorológica<br />
A/C Usina Hidrelétrica Parigot de Souza<br />
Cx. Postal 34 - CEP 83370<br />
APUCARANA<br />
Estação Agrometeorológica Fazen<strong>da</strong><br />
Ubatuba S.A. (Pirapó) Cx. Postal 99 -<br />
fone: (0434) 22-0022 CEP 86800<br />
BANDEIRANTES<br />
Estação Agrometeorológica A/C Fun<strong>da</strong>ção<br />
Facul<strong>da</strong>de de Agronomia Luiz Meneghel, Rod.<br />
BR 369 - km 54 Cx. Postal 261 - fone:<br />
(0437) 42-1123 CEP 86360<br />
BELA VISTA DO PARAÍSO<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Património Santa Margari<strong>da</strong> - Av. Indianópolis,<br />
s/n-Cx. Postal 82-CEP 86130<br />
CAMBARA<br />
Estação Experimental/Uni<strong>da</strong>de de Beneficiamento de<br />
Sementes e Estação Agrometeorológica Rod. BR<br />
369 - a 5 km de Cambará Cx. Postal 195 - Fone:<br />
(0437)32-1343 CEP 86390<br />
CAMPO MOUflAO<br />
Laboratório de Análise de Solos<br />
Av. João Bento, 486<br />
Fone: (0448)23-1172 - CEP 87300<br />
CÂNDIDO DE ABREU<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Reserva E. Maria Flora - A/C Prefeitura Municipal<br />
Fone: (0434)76-1222 - CEP 84470<br />
CASCAVEL<br />
. Laboratório de Análise de Solos<br />
R. Piquiri, s/n (junto à SEAB)<br />
Cx. Postal 1203 - fone: (0452)23-0445 ,<br />
CEP 85800 . Estação<br />
Agrometeorológica<br />
Centro Exp. Pesq. Eloy Gomes (junto à OCEPAR)<br />
Rod. BR 467, km 19 - fone: (0452)23-3536<br />
CEP 85800<br />
CERRO AZUL<br />
Estação Experimental e<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Rod. PR 92, km 82 (sentido Rio Branco/Cerro Azul)<br />
Cx. Postal 11 -CEP 83570<br />
CIANORTE<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Av. Rondônia, 696 - fone: (0447)22-3420<br />
CEP 87200<br />
CLEVELANDIA<br />
Estação Agrometeorológica A/C Colégio<br />
Agrícola Estadual Assis Brasil R. José Zilio, 97<br />
- fone: (0462)52-1761 CEP 85539<br />
FRANCISCO BELTRÃO<br />
Estação Agrometeorológica A/C<br />
Núcleo Regional SEAB R. Tenente<br />
Camargo, 1312 Fone: (0465) 23-<br />
4888 - CEP 85600<br />
Bases físicas do IAPAR<br />
GUARAPUAVA<br />
. Est. Experimental<br />
Rodovia Guarapuava (BK 277), km 358,4 Cx.<br />
Postal 344 - fone: (0427)23-7273<br />
. Estação Agrometeorológica: A/C Colégio Agrícola<br />
Estadual Ar indo Ribeiro Rod. 277, km 154 - Caixa<br />
Postal 56 Fone: (0427)23-1422 - CEP 85100<br />
GUARAQUEÇABA<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Fazen<strong>da</strong> Caldeirão - Rod. BR 101, km 110<br />
Cx. Postal 47 - CEP 83370<br />
IBIPORÁ<br />
Estação Experimental<br />
Laboratório de Apoio à Pesquisa e<br />
Estação Agrometeorológica<br />
BR 369, km 134, saí<strong>da</strong> p/ Jataizinho<br />
Cx. Postal 197 - fone: (0432)58-1506<br />
CEP 85200<br />
JOAQUIM TAVORA<br />
Est. Experimental e Est. Agrometeorológica Rod.<br />
Joaquim Távora/Guapirama, a 2 km de J. Távora -<br />
Cx. Postal 60 Fone: (0437)62-1434 - CEP 86550<br />
LAPA<br />
Est. Experimental e Est. Agrometeorológica<br />
BR 476 (sentido Lapa/São Mateus do Sul) a 5,3 km<br />
do trevo principal de Lapa<br />
Cx. Postal 131 - fone: (041)822-3406<br />
CEP 83750<br />
LARANJEIRAS DO SUL<br />
Est. Agrometeorológica<br />
R. Osvaldo Cruz, s/n / R. Paraná 405 (contato)<br />
Fone: (0427)35-2658 - CEP 85300<br />
MARILANDIA DO SUL<br />
Estação Agrometeorológica<br />
A/C Sementes Mauá - Rod. do Café, km 307<br />
Fone: (0434)64-125* - CEP 86825,,<br />
MORRETES<br />
Est. Experimental e Estação Agrometeorológica PR<br />
408, km 64 - Cx. Postei 11 Fone: (041)462-1203 -<br />
CEP 83350<br />
NOVA CANTU<br />
Estação Agrometeorológica A/C Prefeitura Municipal<br />
- Av. Cantu, 709 Morro <strong>da</strong> Torre, ao lado <strong>da</strong><br />
SANEPAR Fone: (0449)27-1207 - CEP 87330<br />
PALMAS<br />
Est. Experimental e Est. Agrometeorológica Final <strong>da</strong><br />
Rua Tertuliano B. de Andrade Cx. Postal 212 - fone:<br />
(0462)62-1401 CEP 84670* '<br />
PALOTINA<br />
Estação Experimental/<br />
Uni<strong>da</strong>de de Beneficiamento de Sementes e<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Linha São Roque,'km 8 - Cx. Postal 69 «..., '<br />
Fone: (0446)49-2176 - CEP 85940<br />
PARANAVAÍ<br />
Est. Experimental e Est. Agrometeorológica R. Paulo<br />
António <strong>da</strong> Costa (ao lado do DER) Vila Ipê - Cx.<br />
Postal 564 Fones: (0444)23-1157 e 23-1607 - CEP<br />
87700<br />
PATO BRANCO<br />
Estação Experimental/Laboratório de Apoio à Pesquisa<br />
e Estação Agrometeorológica Rod. Guarapuava/Três<br />
Pinheiros (BR 373), km 14 Bom Retiro Cx. Postal<br />
510 - fone: (0462)24-3381 CEP 85500<br />
PtRAQUARA (Região Metropolitua de Ciritiba)<br />
Polo Regional com Est. Experimentai<br />
Laboratório de Apoio à Pesquisa e<br />
Estação Agrometeorológica<br />
Estra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Graciosa, km 18. Pq. Castelo Branco<br />
Cx. Postal 2301 e 1493<br />
Fone: (041)358-6336 - Telex: (041)30062<br />
FAX: (041)358-6979 - CEP 80001<br />
PLANALTO<br />
Estação Agrometeorológica A/C Prefeitura<br />
Municipal Pça São Francisco de Assis<br />
Fone: (0465)55-1373 - CEP 85750<br />
PONTA GROSSA<br />
. Polo Regional/Estação Experimental Ponta Grossa e<br />
Laboratório de Análise de Solos Av. Pres. Kennedy,<br />
s/n, (Rod. do Café, km 104) Cx. Postal 129 - fone:<br />
(0422)24-9000 CEP 84100<br />
. Estação Experimental Fazen<strong>da</strong> Modelo e Laboratório<br />
de Apoio á Pesquisa Av. Euzébio de Queirós s/n -<br />
fone: (0422)24-1433 CEP 84100<br />
. Estação Experimental Vila Velha, Uni<strong>da</strong>de de<br />
Beneficiamento de Sementes e Estação<br />
Agrometeorológica BR 376 (Rod. do Café) km<br />
89, Fumas Cx. Postei 433 - fone: (0422)24-<br />
5966 CEP 84100<br />
QUEDAS DO IGUAÇU<br />
Estação Agrometeorológica A/C Usina<br />
Hidrelétrica de Salto Osório ELETROSUL<br />
(PR 473-Usina Eta) Fone: (0465)23-4611 -<br />
CEP 85460<br />
SAO MIGUEL DO IGUAÇU<br />
Estação Agrometeorológica - Faz. Mitacoré A/C<br />
Bamerindus Agro Pastoril Lt<strong>da</strong>. BR 277, km 706<br />
- Cx. Postal 70 Fone: (0455)41-1396 - CEP<br />
85880<br />
TEIXEIRA SOARES<br />
Est. Experimental e Est. Agrometeorológica BR<br />
277, km 242/243 - Cx. Postal 108 (Irati) Fone:<br />
(0424)22-2574 - CEP 84500<br />
TELÊMACO BORBA<br />
Estação Agrometeorológica - Rua Bahia s/n<br />
Cx. Postal 82 - fone: (0422)71-9966 - CEP 84260<br />
UMUARAMA<br />
Estação Agrometeorológica<br />
A/C Núcleo Regional <strong>da</strong> SEAB<br />
Rua São Mateus, 5034 - Bairro Anchiete<br />
Fone: (0446)22-5533 - CEP 87500 *
ESTADO DO PARANÁ<br />
SECRETARIADE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO