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cadeia produtiva da borracha natural - Iapar

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CADEIA PRODUTIVA DA<br />

BORRACHA NATURAL<br />

ANÁLISE DIAGNÓSTICA E<br />

DEMANDAS ATUAIS NO PARANÁ<br />

DOCUMENTO 23<br />

Jomar <strong>da</strong> Paes Pereira 1<br />

Moacir Doretto 2<br />

Alex Carneiro Leal 3<br />

Antônio Mana G. de Castro 4<br />

Neuza Almei<strong>da</strong> Rucker 5<br />

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - LONDRINA-PR<br />

1 Eng. Agrônomo, PhD., pesquisador <strong>da</strong> Área de Fitotecnia, IAPAR.<br />

2 Economista MSc, pesquisador <strong>da</strong> Área de Sócio-economia, IAPAR.<br />

3 Eng. Florestal, MSc., pesquisador <strong>da</strong> Área de Fitotecnia, IAPAR.<br />

4 Eng. Agrônomo, PhD., EMBRAPA.<br />

5 SEAB.


INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ<br />

VINCULADO A SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO<br />

Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (43) 376-2000 - Fax: (43) 376-2101<br />

Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL<br />

Visite o site do IAPAR: http://www.pr.gov.br/iapar<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Diretor-Presidente: Florindo Dalberto<br />

PRODUÇÃO<br />

Arte-final e capa: Sílvio Cézar Boralli e Tadeu K. Sakiyama<br />

Coordenação Gráfica: Márcio Rosa de Oliveira<br />

Impresso na Área de Reproduções Gráficas<br />

Todos os direitos reservados ao Instituto Agronômico do Paraná.<br />

É permiti<strong>da</strong> a reprodução parcial, desde que cita<strong>da</strong> a fonte.<br />

É proibi<strong>da</strong> a reprodução total desta obra.<br />

159c Instituto Agronômico do Paraná<br />

Cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>: análise diagnostica<br />

e deman<strong>da</strong>s atuais no Paraná / Jomar <strong>da</strong> Paes Pereira<br />

et ai. Londrina: IAPAR, 2000.<br />

85p. ilust. (IAPAR. Documento 23).<br />

1. Borracha-Cadeia Produtiva. 2. Seringueira. I. Pereira,<br />

Jomar <strong>da</strong> Paes. II. Doreto, Moacir. III. Leal, Alex Carneiro.<br />

IV. Castro, Antônio Maria G. de. V. Rucker, Neuza Almei<strong>da</strong>.<br />

VI. Título. VII. Série.<br />

CDD 338.1738952<br />

AGRIS E21<br />

2480<br />

G514


SUMÁRIO<br />

Pág.<br />

Apresentação............................................................................. 5<br />

Introdução.................................................................................. 7<br />

1. Panorama mundial...................................................................... 10<br />

2. Situação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira ..................................... 20<br />

3. Tipificação do processo produtivo.............................................. 27<br />

3.1 Sistema de produção agrícola extrativista: seringal nativo .. 29<br />

3.2 Sistema de produção agrícola tecnificado: seringal de cul<br />

tivo....................................................................................... 30<br />

3.3 Beneficiamento agro-industrial: usinas e mini usinas ........... 33<br />

3.4 Procesamento industrial: indústria de pneumáticos ............. 36<br />

3.5 Indústria de artefatos leves.................................................. 40<br />

4. Estrutura organizacional -diagnóstico ....................................... 47<br />

5. Expectativas dos componentes <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> ................... 50<br />

6. Agronegócio paranaense - <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> ............................. 52<br />

7. Análise <strong>da</strong>s matrizes <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

no estado do paraná ..................................................................... 59<br />

8. Indicadores técnicos e sócio-econômicos no contexto institu<br />

cional e organizacional <strong>da</strong> pesquisa heveícola no Paraná .......... 65<br />

9. Pontos de estrangulamento e oportuni<strong>da</strong>des .............................. 69<br />

9.1 Pontos de estrangulamento.................................................. 69<br />

9.2 Oportuni<strong>da</strong>des ..................................................................... 72<br />

10. Propostas de ações integra<strong>da</strong>s ................................................. 74<br />

10.1 Incentivo à implantação de seringais de cultivo.................. 74<br />

10.2 Aspectos políticos de médio e longo prazo ........................ 76<br />

10.3 Aspectos políticos de curto e médio prazo ......................... 77<br />

10.4 Aspectos técnicos.............................................................. 80<br />

10.5 Estratégia governamental .................................................. 82<br />

11. Literatura consulta<strong>da</strong> ................................................................ 84


APRESENTAÇÃO<br />

Os desafios que hoje se apresentam às organizações, públicas e<br />

priva<strong>da</strong>s, impõem a elas a necessi<strong>da</strong>de de desenvolverem mecanismos<br />

dinâmicos de leitura do ambiente onde atuam. Essa estratégia lhes<br />

permite compreender a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que estão ocorrendo<br />

em todos os âmbitos (político, econômico, tecnológico etc.) e o<br />

impacto que elas geram na organização. Nas <strong>cadeia</strong>s <strong>produtiva</strong>s as organizações<br />

não estão imunes à necessi<strong>da</strong>de de ler' essas mu<strong>da</strong>nças do<br />

ambiente. Por essa razão o Paraná, através <strong>da</strong> Secretaria <strong>da</strong> Agricultura<br />

e do Abastecimento, empreendeu o Estudo <strong>da</strong>s Cadeias Produtivas<br />

do Agronegócio Paranaense, entre 1995 e 1998, sob coordenação do<br />

Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR.<br />

O Projeto abrangeu o estudo <strong>da</strong>s <strong>cadeia</strong>s <strong>produtiva</strong>s dos principais<br />

produtos agropecuários do Paraná, entre eles a seringueira, com o<br />

objetivo principal de gerar uma base de informações para referenciar as<br />

políticas públicas e o planejamento <strong>da</strong>s organizações públicas e priva<strong>da</strong>s<br />

que atuam no agronegócio paranaense, em particular as do Sistema<br />

Estadual de Agricultura - SEAGRI e <strong>da</strong> Secretaria de Estado <strong>da</strong><br />

Agricultura e do Abastecimento - SEAB.<br />

O atendimento às exigências dos mercados e de seus consumidores,<br />

impõe padrões de quali<strong>da</strong>de aos produtos e eficiência interna e<br />

externa dos agentes <strong>da</strong>s <strong>cadeia</strong>s. Internamente pelo uso de tecnologias<br />

de produção, de gestão e de informação. Externamente, através de<br />

uma equilibra<strong>da</strong> coordenação <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> como um todo, tendo era vista<br />

que crescentemente a competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> está sendo<br />

defini<strong>da</strong> por fatores e setores externos à produção agrícola e ao próprio<br />

sistema. Este estudo procurou caracterizar os pontos críticos e as necessi<strong>da</strong>des<br />

de intervenção para minimizar esses fatores. Também<br />

identificou necessi<strong>da</strong>des específicas de ca<strong>da</strong> agente <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, apesar<br />

de concentrar-se mais nos aspectos relacionados aos sistemas de produção<br />

agrícola.<br />

O Estudo envolveu profissionais de diferentes formações e instituições<br />

do Brasil. Em especial participaram técnicos <strong>da</strong> SEAB e pesquisadores<br />

do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR e <strong>da</strong> Embrapa.<br />

A metodologia adota<strong>da</strong> incorpora os conceitos de prospecção, segmentação<br />

e enfoque sistêmico. Como estratégia o estudo adotou a consulta<br />

aos agentes produtivos para identificar os gargalos e oportuni<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />

5


No estudo <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, foram identifica<strong>da</strong>s<br />

deman<strong>da</strong>s de três níveis: a) tecnológicas cuja solução já foi<br />

desenvolvi<strong>da</strong> em algum centro de pesquisa, mas que ain<strong>da</strong> não chegou<br />

ao usuário; b) tecnológicas cuja solução ain<strong>da</strong> não foi desenvolvi<strong>da</strong><br />

pela pesquisa e c) não tecnológicas (leis, normas, tributos,<br />

crédito, infra-estrutura etc). Neste texto, o autor, apresenta uma síntese<br />

<strong>da</strong>s informações analisa<strong>da</strong>s no estudo e registra a necessi<strong>da</strong>de de<br />

ações articula<strong>da</strong>s, que foram identifica<strong>da</strong>s junto aos atores consultados.<br />

Da<strong>da</strong>s as características <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, historicamente,<br />

a coordenação esteve mais vincula<strong>da</strong> aos mecanismos de<br />

mercado em detrimento dos demais. To<strong>da</strong>via, com as novas tecnologias,<br />

o acesso facilitado às informações e as mu<strong>da</strong>nças no perfil do mercado,<br />

o estudo evidencia a necessi<strong>da</strong>de de se 'construir' instrumentos<br />

inovadores de coordenação dos interesses <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> no Paraná. Este<br />

estudo espera contribuir para isso, aprimorando os atuais mecanismos<br />

de formulação e implantação de políticas para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />

para o que o papel do governo é fun<strong>da</strong>mental.<br />

6<br />

Eng. Agr. ADELAR ANTÔNIO MOTTER<br />

Estudo de Cadeias Produtivas do Agronegócio Paranaense<br />

Coordenador


Antecedentes<br />

INTRODUÇÃO<br />

Exatamente quando a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> foi descoberta ain<strong>da</strong> é<br />

desconhecido. Os registros literários sobre tal assunto <strong>da</strong>tam <strong>da</strong> viagem<br />

de Colombo à América, quando o seu uso já parecia difundido<br />

entre os nativos do continente. Os artefatos de <strong>borracha</strong> encontrados<br />

pelos primeiros visitantes do novo continente, levaram a concluir que,<br />

o uso <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deveria existir há séculos.<br />

O Gênero Hevea, é um membro <strong>da</strong> família Euphorbiacea, e<br />

compreende cerca de 11 espécies, <strong>da</strong>s quais a H. brasiliensis é a única<br />

planta<strong>da</strong> e explora<strong>da</strong> comercialmente, por ser a mais <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong>s<br />

espécies e possuir látex de quali<strong>da</strong>de superior às demais.<br />

A domesticação <strong>da</strong> seringueira Hevea brasiliensis, inicia<strong>da</strong> a 100<br />

anos atrás, foi um dos grandes eventos históricos que alterou o curso<br />

<strong>da</strong> civilização. A atual importância <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> transcende o<br />

uso no transporte rodoviário para ser aplicado em praticamente todos<br />

os ramos <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de humana.<br />

A domesticação veio no tempo certo, quase que fortuitamente,<br />

durante a era vitoriana, na qual os Ingleses procuravam novas culturas<br />

promissoras para as partes tropicais do seu Império. Depois de<br />

inúmeras tentativas fracassa<strong>da</strong>s, o sucesso <strong>da</strong> missão coube a um<br />

plantador inglês Henry Wickhan que vivia em Santarém a 400 milhas<br />

acima do amazonas, com 70.000 sementes leva<strong>da</strong>s para Londres, em<br />

1876, <strong>da</strong>s quais foram obti<strong>da</strong>s 2.800 plantas, que vieram a constituir<br />

o maior império gumífero do oriente nos dias atuais!<br />

No Brasil, a área de distribuição geográfica do gênero abrange os<br />

estados do Amazonas, Pará, Acre, Roraima e Amapá, até o meridiano<br />

46° a noroeste do estado do Maranhão, norte do estado de Mato Grosso<br />

e Rondônia. Não obstante, as espécies do gênero Hevea ocorrem numa<br />

grande área abrangendo por inteiro a bacia amazônica, compreendendo<br />

essa parte do Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela,<br />

Guiana Francesa, Suriname e Guiana Holandesa, indo desde 7 o de<br />

Latitude Norte até 15° Sul.<br />

Conforme REIS (1953), La Con<strong>da</strong>mine em 1743, escreveu (Relation<br />

abrangée d'un voyage fait <strong>da</strong>ns l'intérieur de 1' Amérique Méridionale)<br />

a respeito de uma árvore que os indígenas nativos de Quito às<br />

margens do Marafion chamavam de cau-chu (que significa "pau-quedá-leite"),<br />

de cujo leite, fabricavam uma goma que usavam para fazer<br />

7


garrafas, calçados, bolsas, bolas e bombas ou seringas (<strong>da</strong>í a denominação<br />

em português), tais objetos chamavam a atenção pela sua elastici<strong>da</strong>de.<br />

Nessa época, o <strong>natural</strong>ista francês François Fresnau, em estudos<br />

realizados na Guiana Francesa, interessado pelas árvores cujo látex os<br />

nativos faziam os mais variados usos, estudou a Hevea guianensis,<br />

primeira espécie do gênero a ser descrita.<br />

Nos dias atuais a seringueira se expandiu para áreas extra<br />

amazônicas, considera<strong>da</strong>s de escape à principal enfermi<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong><br />

por "Mal Sul Americano <strong>da</strong>s folhas causado pelo fungo Microcyclus<br />

ulei, onde vem se estabelecendo em plantios comerciais como é o<br />

exemplo mais recente do Estado do Paraná.<br />

Metodologia Utiliza<strong>da</strong> no Estudo<br />

O principal objetivo deste estudo foi fornecer subsídios para que<br />

o Estado do Paraná participe desse esforço, implementando a <strong>cadeia</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, em todos os seus elos e assim, com competitivi<strong>da</strong>de,<br />

poder contribuir para que o país possa atingir a auto-suficiência<br />

na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />

Para proceder a elaboração <strong>da</strong>s matrizes que caracterizam os<br />

segmentos e as distintas expectativas dos componentes <strong>da</strong> Cadeia <strong>da</strong><br />

Borracha Natural no Paraná, não foi possível adotar a metodologia<br />

proposta pela EMBRAPA, no seu Manual Metodológico (1995), devido<br />

à inexistência <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> completa no Estado. Referi<strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> encontrase<br />

fragmenta<strong>da</strong> e representa<strong>da</strong> apenas pelo segmento produtivo em<br />

fase inicial de implantação e o segmento industrial de artefatos leves<br />

consumindo matéria prima externa.<br />

Nesse sentido, procederam-se levantamentos, estudos e análises<br />

de informações acerca de mercado nacional, internacional, tendências<br />

e situação atual <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, no contexto interno e<br />

externo.<br />

Para a obtenção de <strong>da</strong>dos sobre a <strong>cadeia</strong>, foram toma<strong>da</strong>s como<br />

fonte as referências bibliográficas de órgãos governamentais como<br />

IBAMA/ Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>, IPARDES, enti<strong>da</strong>des de classe, relatórios<br />

de campo além de análises processa<strong>da</strong>s pelos autores do trabalho.<br />

A maior dificul<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> reside na interpretação correta<br />

dos conflitos existentes entre os distintos elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, envolvendo<br />

principalmente os setores produtivo nacional e industrial frente as políticas<br />

governamentais vigentes, tais como, liberação de importação de<br />

8


matéria prima a preços subsidiados (68%) pelos países asiáticos além<br />

de manufaturados (pneumáticos) em concorrência com a indústria nacional.<br />

O estado atual do estudo define o desempenho dos componentes<br />

<strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> (deman<strong>da</strong>s), com identificação de variáveis críticas que<br />

interferem no seu funcionamento atual e passado. São sugeri<strong>da</strong>s projeções<br />

futuras, tendências, de base predominantemente empírica.<br />

Nas próximas etapas do estudo, será aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> a visão prospectiva,<br />

aplicando-se técnicas prospectivas para a elaboração do prognóstico<br />

do desempenho dos fatores críticos apontados pelo diagnóstico.<br />

1.1 - Produção<br />

1. PANORAMA MUNDIAL<br />

A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> é uma importante matéria prima agrícola, essencial<br />

para a manufatura de um amplo espectro de produtos. Considera<strong>da</strong><br />

estratégica é, ao lado do aço e do petróleo, um dos alicerces<br />

que sustentam o progresso <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Cerca de 70% <strong>da</strong> produção<br />

mundial são empregados na indústria de pneumáticos. A produção<br />

provém <strong>da</strong> Hevea brasiliensis, cujo cultivo representa a ativi<strong>da</strong>de de<br />

maior importância sócio-econômica em muitos países em desenvolvimento.<br />

Milhões de pessoas, envolvendo principalmente 9.980 pequenos<br />

proprietários rurais com área planta<strong>da</strong> de 2 ha, ao redor do mundo,<br />

têm na heveicultura seu principal meio de vi<strong>da</strong> , contribuindo com<br />

4,89 milhões de tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> produzi<strong>da</strong>, representando<br />

81,1% <strong>da</strong> produção mundial (Tabelas 1 e 2 ).<br />

9


A distribuição percentual <strong>da</strong> produção global de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

em 1994 foi <strong>da</strong> seguinte ordem:<br />

Em escala mundial, (Burger & Smit, 1997) a produção de BN<br />

aumentou dramaticamente durante os anos 80 com uma taxa de crescimento<br />

anual composto superior a 3%. No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, a<br />

produção mundial estagnou como um resultado <strong>da</strong> produção menor<br />

<strong>da</strong> Malásia e preços baixos. A economia mundial recuperou-se durante<br />

1994 e 1995, e assim também os preços e a produção. Detalhes <strong>da</strong><br />

distribuição nos países são apresentados na Tabela 3 para 1970, 1980<br />

e 1990.<br />

10


a) inclui poss bili<strong>da</strong>de de discrepância estatística ..<br />

Fonte: Burger & Smit, 1997<br />

A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> apresentou uma taxa de crescimento<br />

em torno de 3% ao ano, em média, nos últimos quinze anos.<br />

Mesmo tendo a sua produção distribuí<strong>da</strong> por vários países, cerca de<br />

75% a 85% se concentra na Tailândia, Indonésia e Malásia, que contribuem<br />

efetivamente para atender a uma deman<strong>da</strong> sempre crescente<br />

lidera<strong>da</strong> pelos Estados Unidos <strong>da</strong> América com 18% do consumo<br />

mundial em 1994, seguido do Japão com 11%, China com 13%, índia<br />

com 8%, Malásia com 5% e Brasil com 2% ( Tabela 4 )<br />

11


1.2. - Consumo de <strong>borracha</strong> - análise, história e perspectiva<br />

O enfoque deste capítulo é chegar-se às projeções do consumo<br />

total de <strong>borracha</strong> sem separá-la em <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> e sintética.<br />

Segundo Burger & Smit (1997), o cálculo do consumo de <strong>borracha</strong><br />

pelo setor de pneus parece fácil. Entretanto, há vários problemas.<br />

Inicialmente a atenção será concentra<strong>da</strong> naqueles países para os quais<br />

<strong>da</strong>dos de consumo estão disponíveis para ambos setores de pneu e<br />

mercadorias de <strong>borracha</strong> em geral. Esses países são os Estados Unidos,<br />

Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Brasil e índia. O<br />

consumo de <strong>borracha</strong> no setor de pneus inclui <strong>borracha</strong> para pneus e<br />

tubos além de carros de passeio e veículos comerciais. Nessa análise,<br />

estima-se que aproxima<strong>da</strong>mente 15-20% do consumo total de <strong>borracha</strong><br />

esteja no setor de pneus, variando de acordo com o país, ajustados<br />

o peso de <strong>borracha</strong> dos pneus de carros de passeio e veículos comerciais<br />

<strong>da</strong> mesma maneira para que os totais sejam iguais.<br />

Há uma tendência em direção a uma menor quanti<strong>da</strong>de de <strong>borracha</strong><br />

por pneu na maioria dos países na déca<strong>da</strong> de 80, exceto para o<br />

Japão. Para todos os oito países mencionados acima, a combinação resultante<br />

entre estimativas de modelo e <strong>da</strong>dos é muito boa. O peso mé-12


dio estimado de um pneu de carro de passeio varia de 3 à 4 kg. Para<br />

todos os países, exceto Japão, estima-se que um pneu de veículo comercial<br />

tenha um peso médio de <strong>borracha</strong> entre 15 e 18 kg.<br />

Considerando apenas o consumo mundial de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

pode-se observar o comportamento por países na Tabela 5 a seguir:<br />

Tabela 5 - Consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> por países selecionados (1.000 t).<br />

A crescente industrialização dos países como a China e a Índia,<br />

aumenta a ca<strong>da</strong> dia o consumo, e os principais países produtores iniciam<br />

a agregação de valor ao produto primário através a expansão de<br />

seus parques industriais.<br />

Para o ano de 1995 a estimativa de deman<strong>da</strong> de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

no mundo foi <strong>da</strong> ordem de 6 milhões de tonela<strong>da</strong>s para uma produção<br />

prevista de 5,7 milhões de tonela<strong>da</strong>s. Dados de 1995 mostram uma<br />

produção de 6,0 milhões de tonela<strong>da</strong>s (Tabela 4), para um consumo de<br />

5,99 (Tabela 5). Neste contexto, observa-se um maciço ingresso de<br />

capital multinacional na Malásia, Tailândia e Indonésia, determinante<br />

de um forte processo de industrialização (informática, eletroeletrônicos,<br />

construção civil, indústria automobilística etc), gerando<br />

como principal consequência o êxodo rural, o que poderá implicar em<br />

sensíveis alterações na estrutura <strong>da</strong> economia global do produto, já<br />

nos primórdios do ano 2.000.<br />

13


Um exemplo concreto dessa tendência é a paralisação de cerca<br />

de 500 mil hectares de seringais produtivos na Malásia, um dos mais<br />

importantes produtores, cedendo lugar a culturas agro-industriais<br />

como dendê, coco e cacau, que dispensam mão-de-obra permanente e<br />

especializa<strong>da</strong> na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>. Visando compensar a<br />

sua impossibili<strong>da</strong>de de aumentar a produção de matéria prima básica,<br />

a Malásia vem estimulando a exportação de manufaturados de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> com valor agregado.<br />

Manti<strong>da</strong> essa tendência, vislumbra-se o Sudeste Asiático procurando<br />

abdicar-se do papel de principal fornecedor <strong>da</strong> matéria prima<br />

básica, transferindo-o para regiões tropicais de outros continentes,<br />

onde obviamente se enquadra o Brasil. Desse modo, projeta-se um<br />

futuro promissor para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, onde novos mercados terão<br />

de absorver qualquer incremento, na medi<strong>da</strong> em que se espera um déficit<br />

de oferta para os próximos anos, uma vez que, a tão decanta<strong>da</strong><br />

competitivi<strong>da</strong>de entre o produto sintético e o <strong>natural</strong>, objeto de grandes<br />

controvérsias nas déca<strong>da</strong>s de 60 e 70, está longe de acontecer e,<br />

ambos os tipos podem coexistir complementando-se.<br />

Para Burger & Smit (1996), o consuma mundial total de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> (i.e., <strong>natural</strong> e sintética) aumentou dramaticamente nas<br />

últimas duas déca<strong>da</strong>s, apesar <strong>da</strong> recessão econômica mundial no início<br />

dos anos 80 ter depreciado severamente o mercado <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>.<br />

Isso teve como resultado um crescimento inferior durante a déca<strong>da</strong> de<br />

80: taxa de crescimento anual composto de 1.8%. Um retrato do desenvolvimento<br />

do consumo de <strong>borracha</strong> é <strong>da</strong>do na Tabela 6 , para 1970,<br />

1980 e 1990.<br />

14


1.3 - Comércio Internacional<br />

A maioria dos principais países produtores são exportadores líquidos.<br />

Os únicos principais produtores que são (principalmente) importadores<br />

líquidos são índia e China. A Tabela 7, mostra exportações<br />

por país para Malásia, Indonésia, Tailândia e Sri Lanka e para o resto<br />

do mundo bem como a proporção em relação à produção total (%) para<br />

os quatro principais exportadores e para o mundo. Os países produtores<br />

de BN, exceto índia e China, e em particular Indonésia, Malásia,<br />

Tailândia e Sri Lanka, enfatizaram muito o desenvolvimento <strong>da</strong> indústria<br />

de manufatura e processamento de <strong>borracha</strong> doméstica. É óbvio<br />

que a maioria dos exportadores movimentam-se em direção a uma<br />

porcentagem crescente de produção para consumo interno. O decréscimo<br />

<strong>da</strong> porção dedica<strong>da</strong> à exportação em nível mundial também é<br />

causado por países como China e índia, que eram importadores líquidos.<br />

As tendências prevalecentes durante a déca<strong>da</strong> de 80 provavelmente<br />

continuarão no futuro (Burger & Smit, 1997).<br />

Dados sobre o consumo de <strong>borracha</strong> no setor de pneus para Canadá,<br />

Oceania, outros países <strong>da</strong> Europa Ocidental, Europa Oriental,<br />

outros países <strong>da</strong> América Latina, China, Indonésia, Malásia, Tailândia e<br />

outros países <strong>da</strong> Ásia foram estimados por Burger & Smit (1997),<br />

usando os <strong>da</strong>dos sobre produção de pneus de carros de passeio e<br />

pneus de veículos comerciais por país e peso estimado de <strong>borracha</strong> por<br />

tipo de pneu. Tais estimativas seriam basea<strong>da</strong>s em <strong>da</strong>dos derivados<br />

para países com tipos semelhantes de pneus e na divisão resultante<br />

15


entre consumo de <strong>borracha</strong> no setor de pneus e no setor de mercadorias<br />

em geral de <strong>borracha</strong>. Assim, este modelo é também usado para se<br />

fazer projeções basea<strong>da</strong>s nas projeções para produção de pneus por<br />

tipo como foi deriva<strong>da</strong> no capítulo anterior. Isto leva aos totais mundiais<br />

e conjuntos regionais como é mostrado nas Previsões detalha<strong>da</strong>s<br />

são apresenta<strong>da</strong>s na Tabela 8.<br />

1.4. - Consumo total de <strong>borracha</strong> por país ou região<br />

Projeções do consumo total de <strong>borracha</strong> podem agora ser alcança<strong>da</strong>s<br />

simplesmente adicionando-se os dois componentes: consumo<br />

de <strong>borracha</strong> no setor de pneus e no setor de mercadorias em geral.<br />

Os resultados em escala mundial e para cinco regiões são apresentados.<br />

A distribuição internacional é apresenta<strong>da</strong> na Tabela 8.1. Fortes<br />

perspectivas de crescimento são previstas para a maioria <strong>da</strong>s regiões<br />

subdesenvolvi<strong>da</strong>s.<br />

16


O decréscimo de produção de matéria prima e o concomitante<br />

incremento <strong>da</strong> manufatura de artigos de <strong>borracha</strong> e uso final nos<br />

países produtores, segundo o IRRDB/95, assumiu grande significância<br />

nos últimos anos. Com a agregação de valor, cria-se para a Tailândia,<br />

Indonésia e Malásia, os maiores exportadores <strong>da</strong> matéria prima, novas<br />

alternativas de exportação, consumindo grande fatia de sua própria<br />

produção, e já se incluem no seleto grupo dos 12 países maiores consumidores.<br />

Países de economia emergente como China, índia Continental e<br />

alguns <strong>da</strong> Europa Oriental, cujo crescimento econômico-industrial se<br />

mostra irreversível, vêm promovendo um incremento acelerado do consumo<br />

nos últimos anos.<br />

A exportação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> para os países desenvolvidos<br />

foi a razão para a introdução <strong>da</strong> Hevea em países tropicais em desenvolvimento<br />

ao final do século XXI. Com o crescimento <strong>da</strong> industrialização<br />

destes últimos, verificou-se aumento significativo de sua participação<br />

no consumo global de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, que. de 19,8% em 1994,<br />

17


hoje se aproxima dos 50,5%, enquanto que nos primeiros caiu de<br />

80,2% para 49,5%.<br />

A indústria de pneumáticos responde hoje por cerca de 70% do<br />

consumo mundial <strong>da</strong> matéria prima, vindo a seguir artigos leves manufaturados<br />

a partir de látex líquido beneficiado, como luvas cirúrgicas<br />

etc.<br />

A participação dos diferentes segmentos industriais no consumo<br />

global de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> está assim distribuído (Fonte: IRRDB /95):<br />

Pneumáticos 68%; Artigos leves oriundos de látex 8%; Componentes<br />

de construção civil, maquinaria e equipamentos 7,8%; calçados 5%;<br />

adesivos 3,2% e outros 8%.<br />

1.5. Preços<br />

A série histórica de preços internacionais <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> (Tabelas<br />

8.2. e 8.3), indica a existência de "ciclos", com duração média de seis<br />

anos, onde ocorre uma elevação de preços durante três anos iniciais e<br />

consequente que<strong>da</strong> nos três anos seguintes. Segundo RC<br />

CONSULTORES, esses ciclos tendem a ficar mais atenuados, com elevações<br />

e que<strong>da</strong>s menos bruscas nos últimos anos, até 1996, observando-se<br />

que<strong>da</strong> acentua<strong>da</strong> de 1997 para 1998 em função do colapso<br />

<strong>da</strong> economia asiática, conforme se observa no período de 1979 a 1998,<br />

tendendo a convergir para uma retoma<strong>da</strong> de preço estável, a menos<br />

que algum evento tecnológico possa aumentar a produtivi<strong>da</strong>de e a<br />

quali<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> mais, reduzindo, assim, custos e preços. Como fatores<br />

restritivos está a concentração <strong>da</strong> produção mundial em uns poucos<br />

países que monopolizam, influenciam a que<strong>da</strong> dos preços no mercado<br />

internacional e a facili<strong>da</strong>de de financiamento externo via concessão de<br />

prazos maiores e taxas de juros menores que as pratica<strong>da</strong>s no país.<br />

Como fatores impulsionadores <strong>da</strong> elevação, aparecem os novos parques<br />

industriais carentes de matéria prima de quali<strong>da</strong>de como a China,<br />

índia, Japão, aliados à possibili<strong>da</strong>de de falta mundial de matéria<br />

prima prevista para os primórdios do ano 2000.<br />

18


O preço internacional estabelecido por seis países produtores e<br />

14 consumidores era regulado pela moe<strong>da</strong> Malaia o Ringgit, despencou<br />

causando sérios problemas para países produtores de matéria prima<br />

más, acima de tudo, importadores como é o caso do Brasil. Mediante<br />

pressões para a subi<strong>da</strong> de preços a Malásia saiu <strong>da</strong> INRO, sendo agora<br />

os preços internacionais regulados pelo US$ com tendências a aumentar.<br />

Nesse aspecto a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> produzi<strong>da</strong> na<br />

Malásia (SMR), atende aos padrões tecnológicos mais exigentes <strong>da</strong>s indústrias<br />

de pneumáticos e de artefatos (SSR), conferindo alta quali<strong>da</strong>de<br />

aos artefatos delas oriundos.<br />

A quali<strong>da</strong>de do produto <strong>natural</strong>/ sintético segue as normas <strong>da</strong><br />

I.S.O. - International Stan<strong>da</strong>rd Organization, com sede em Viena, onde<br />

as distintas instituições responsáveis pelas normas de ca<strong>da</strong> país, buscam<br />

estabelecer padrões consensuais a serem adotados mundialmente.<br />

2. SITUAÇÃO DA BORRACHA<br />

NATURAL BRASILEIRA<br />

A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil, historicamente exerce uma forte<br />

influência na situação do setor gumífero, suscitando reações mais<br />

emocionais do que econômicas, especialmente pelo crescimento <strong>da</strong>s<br />

pressões internacionais e internas visando a preservação <strong>da</strong> floresta<br />

amazônica, berço e habitat <strong>natural</strong> <strong>da</strong>s espécies do gênero Hevea. A<br />

despeito <strong>da</strong> atual devastação indiscrimina<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta, essa região<br />

ain<strong>da</strong> responde por uma pequena parcela <strong>da</strong> exploração extrativista <strong>da</strong><br />

seringueira, de onde 70.000 sementes retira<strong>da</strong>s clandestinamente em<br />

1876, constituíram o maior império gumífero estabelecido nas regiões<br />

tropicais e subtropicais <strong>da</strong> África e <strong>da</strong> Ásia, que hoje abastece o mercado<br />

mundial <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, todo ele conseguido às expensas<br />

desse próprio extrativismo.<br />

O extrativismo <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, desde a primeira exportação,<br />

se manteve atuante durante mais de um século, praticamente<br />

estagnado, sem recorrer ao uso de insumos modernos, usando os escassos<br />

recursos naturais disponíveis com excessivo dispêndio de esforços<br />

e baixa produtivi<strong>da</strong>de, não acompanhando a evolução dos florescentes<br />

seringais de plantio do Oriente. 20


Ao final de mais de 170 anos de história, a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no<br />

Brasil, apresentou em 1992 uma produção de 26,2 mil tonela<strong>da</strong>s, inferior<br />

à sua exportação de 1911 (33,1 mil tonela<strong>da</strong>s), para um consumo<br />

de 107,7 mil tonela<strong>da</strong>s. Em 1993 e 1994, houve uma recuperação do<br />

setor com produções em torno de 40 e 45 mil tonela<strong>da</strong>s respectivamente,<br />

atingindo em 1996 cerca de 52.892 mil tonela<strong>da</strong>s.<br />

O aumento contínuo do consumo é suprido por importações<br />

crescentes em <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> do Sudeste Asiático que, de 11,7 mil<br />

tonela<strong>da</strong>s importa<strong>da</strong>s em 1970, passou para 98,6 mil tonela<strong>da</strong>s em<br />

1993, demonstrando com isso uma enorme dificul<strong>da</strong>de interna de<br />

atendimento à deman<strong>da</strong>, a despeito de to<strong>da</strong>s as políticas de incentivo à<br />

produção gestiona<strong>da</strong>s a partir de 1972, e agrava<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> mais pelo decréscimo<br />

progressivo <strong>da</strong> produção dos seringais nativos e pela nova<br />

política de liberação <strong>da</strong>s importações implementa<strong>da</strong>s pelo governo brasileiro.<br />

No período de 1985-93, entre 19% e 47% <strong>da</strong>s importações brasileiras<br />

de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, foram efetua<strong>da</strong>s em regime de "Drawback",<br />

sem incidência <strong>da</strong> TORMB - Taxa de Organização e Regulamentação<br />

do Mercado <strong>da</strong> Borracha e do Imposto de Importação, destinado<br />

à produção de pneumáticos e artefatos leves visando exportação.<br />

Em 1993, dos 31,6 milhões de pneus produzidos, 7,9 milhões foram<br />

exportados.<br />

As discussões envolvendo a atuação do Estado no setor gumífero<br />

<strong>da</strong>tam desde meados do século passado, quando fabricantes de pneumáticos<br />

eram obrigados a investir em plantios de seringais, parte dos<br />

seus lucros. Desde aí, a política governamental contempla ora os produtores<br />

ora a indústria, conforme as diversas Influências, sem a preocupação<br />

com a melhor aplicação social dos recursos de que dispõe a<br />

economia.<br />

No Brasil, embora a desativação gradual <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong><br />

dos seringais nativos <strong>da</strong> Amazônia esteja sendo compensa<strong>da</strong> com<br />

excedentes pela entra<strong>da</strong> em produção dos seringais cultivados nas<br />

áreas não tradicionais, não tem sido possível acompanhar o crescente<br />

aumento do consumo interno.<br />

A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil a partir de seringais<br />

cultivados vem se expandindo rapi<strong>da</strong>mente em função <strong>da</strong> extração<br />

crescente oriun<strong>da</strong> dos seringais adultos e <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em produção de<br />

novas áreas de plantio.<br />

A participação <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil em<br />

relação ao consumo tem mostrado ao longo dos anos uma tendência<br />

21


niti<strong>da</strong>mente decrescente. De uma participação de 67,98% em 1970,<br />

decresce para 30,87% em 1993, com manutenção desse mesmo percentual<br />

em 1994, mesmo a despeito de um crescimento de produção<br />

de 24,9 mil tonela<strong>da</strong>s para 40,6 mil tonela<strong>da</strong>s, que não foi capaz de<br />

acompanhar um aumento sempre crescente do consumo (Tabela 9 e<br />

Figura 1).<br />

22


Figura 1. Evolução <strong>da</strong> produção e consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil.<br />

A produção nacional está concentra<strong>da</strong> nos Estados de São Paulo<br />

(50,4%), Mato Grosso (16,3%), Bahia (18,5%) e Amazônia (10,0%), podendo-se<br />

dizer que mais de 86% <strong>da</strong> produção brasileira de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> ocorre nas Regiões Sudeste, Centro Oeste e no Estado <strong>da</strong><br />

Bahia (Vasquez Cortez, 1998)<br />

Segundo Cortez & Martin (1996), nas condições e<strong>da</strong>foclimáticas<br />

dessas regiões a produção de látex ou coágulo apresenta forte variação<br />

sazonal, cuja causa básica são as condições climáticas associa<strong>da</strong>s às<br />

estações do ano. O conhecimento dessas variações sazonais <strong>da</strong> produção<br />

podem fornecer subsídios importantes aos produtores sobre as<br />

condições de oferta ao longo do ano e no gerenciamento <strong>da</strong> produção.<br />

Estimativas de crescimento de 27% na produção no período de<br />

1992 a 1996 (RC Consultores, 1992), já se encontram supera<strong>da</strong>s com<br />

o crescimento de 55,3% de 1992 para 1993.<br />

Nesse contexto, a participação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> procedente do seringal<br />

nativo caiu de 93,61% para apenas 11,90% no período de 1972<br />

para 1994, enquanto que os seringais de cultivo passaram de 6,39%*<br />

para 88,10% (Tabela 10 e Figura 1), cujo aumento é decorrente <strong>da</strong><br />

23


produção de grandes projetos implantados em meados <strong>da</strong> última déca<strong>da</strong>,<br />

sem isso ter implicado em aumento de área planta<strong>da</strong>.<br />

A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> em 1996 situou-se em 52.892 t,<br />

representa<strong>da</strong> por cerca de 50% <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> no país, estimando-se<br />

para 1997 um incremento de 22% sobre o volume <strong>da</strong> produção de 96,<br />

ou seja, cerca de 64.500 t., para um consumo estimado de 154.000 t.<br />

Esses valores elevam para uma taxa média de crescimento de 15% ao<br />

ano, nos últimos três anos, esperando-se a duplicação <strong>da</strong> oferta interna<br />

em cerca de cinco anos.<br />

24


A situação atual é tal que qualquer expansão no consumo interno<br />

para os próximos anos, como a deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> meta de elevação <strong>da</strong><br />

produção nacional de veículos de 1,1 milhão em 1992 para 2,0 milhões<br />

de uni<strong>da</strong>des no ano 2.000, deverá aumentar ain<strong>da</strong> mais as importações<br />

de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />

Para atender a um consumo sempre crescente há necessi<strong>da</strong>de de<br />

serem adota<strong>da</strong>s políticas que visem auxiliar o setor como um todo e<br />

tenha como meta principal o aumento <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> nos seus mais<br />

distintos aspectos visando o aumento <strong>da</strong> oferta de matéria prima de<br />

quali<strong>da</strong>de. A expansão <strong>da</strong> heveicultura no Brasil tem condições de se<br />

<strong>da</strong>r tanto pelo aumento <strong>da</strong> fronteira agrícola mediante ampliação nas<br />

área chama<strong>da</strong>s de escape, quanto pelo aumento de produtivi<strong>da</strong>de, pois<br />

para tanto se dispõe <strong>da</strong> mais diversifica<strong>da</strong> fonte de germoplasma.<br />

A produção nacional, a despeito de mecanismos criados como, a<br />

taxa de equalização, contingenciamento, extensão de subsídios creditícios<br />

aos plantadores através programas com juros reais negativos, não<br />

mostrou perspectivas espera<strong>da</strong>s a longo prazo. As indústrias consumidoras<br />

continuam obriga<strong>da</strong>s a comprar <strong>borracha</strong> no mercado nacional,<br />

às vezes de quali<strong>da</strong>de inferior à importa<strong>da</strong> e por preços superiores aos<br />

internacionais (Tabela 11), criando-se assim um hiato entre esses<br />

dois setores importantes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de gumífera.<br />

Um outro aspecto a considerar é que o Brasil como importa cerca<br />

de 64% <strong>da</strong> sua <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> consumi<strong>da</strong>, não pode exportar,<br />

embora se saiba que os países do Mercosul como Argentina, Uruguai,<br />

importam 50t e 30t respectivamente, assim, o produtor nacional com<br />

to<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>des para vender o seu produto no mercado interno,<br />

está privado de exportar.<br />

25


3. TIPIFICAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO<br />

A importância do desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Estado<br />

do Paraná, está concentra<strong>da</strong> na necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> melhor compreensão<br />

do processo produtivo a nível nacional. O setor gumífero nacional é<br />

representado por uma <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> composta de três segmentos<br />

básicos importantes : O produtivo constituído <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s<br />

"seringal nativo" (Sistema de Produção Extrativista) e "seringal de<br />

cultivo" (Sistema Tecnificado); o segmento beneficiador do qual fazem<br />

parte as usinas e mini-usinas de beneficiamento de <strong>borracha</strong> e, o segmento<br />

industrial, constituído pela indústria pesa<strong>da</strong> (pneumáticos) e<br />

de artefatos leves. Destes o Paraná conta apenas com o segmento produtivo<br />

(seringal de cultivo) e o beneficiador (indústrias de artefatos).<br />

Os sistemas produtivos agropecuários (a produção agrícola) foram<br />

divididos em três segmentos principais, adotando-se a proposição<br />

de Molina, conti<strong>da</strong> em Castro et ai. (1995): a produção extrativa familiar<br />

dos seringais nativos; a empresa familiar de seringais de cultivo; e a<br />

empresa capitalista de seringais de cultivo.<br />

Os fornecedores de insumos para a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> são segmentados em armazéns e empórios de produtos agropecuários,<br />

tais como adubos, defensivos, pequenas máquinas e equipamentos,<br />

coagulantes e estimulantes, canequinhas para coleta de<br />

látex, facas de sangria etc; os fornecedores de tratores, implementos e<br />

máquinas pesa<strong>da</strong>s; os produtores de mu<strong>da</strong>s e de jardins clonais;-<br />

Destes, os fornecedores de mu<strong>da</strong>s e borbulhas para a propagação <strong>da</strong><br />

seringueira em escala comercial são os de maior importância para a<br />

<strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>.<br />

Além destes componentes, a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> possui torno de si,<br />

um ambiente organizacional e um ambiente institucional (Figura 2). A<br />

pesquisa agropecuária, a assistência técnica e o sistema bancário para<br />

operação de crédito rural, componentes do ambiente institucional <strong>da</strong><br />

<strong>cadeia</strong>, são os mais importantes para efeitos de análise de competitivi<strong>da</strong>de.<br />

Em relação ao aparato legal que compõe o ambiente institucional,<br />

as leis de crédito rural para apoiar os plantios e o aparato legal de<br />

controle de mercado (normas de importação e exportação) e o controle<br />

de preços de <strong>borracha</strong> no mercado brasileiro, que vigorou por muitos<br />

anos e foi recentemente revogado, são os mais relevantes.<br />

27


3.1. SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA EXTRATIVISTA<br />

SERINGAL NATIVO<br />

Este segmento já foi a base <strong>da</strong> economia regional e nacional,<br />

sendo que a <strong>borracha</strong> vegetal extraí<strong>da</strong> dos seringais nativos, um dos<br />

principais produtos <strong>da</strong> pauta de exportação do país, concorreu para<br />

financiar as grandes plantações do sudeste <strong>da</strong> Ásia e para implementar<br />

a cafeicultura paulista. Hoje o setor agoniza por falta de apoio governamental<br />

e pela destruição criminosa e indiscrimina<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta<br />

e, por consequência, dos seringais para se transformar em exploração<br />

madeireira e em ativi<strong>da</strong>de pecuária pre<strong>da</strong>tória e incompatível com a<br />

reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> região.<br />

O seringal nativo como empresa envolve a existência de organização<br />

administrativa mínima e de to<strong>da</strong> a infra-estrutura necessária<br />

para o funcionamento do processo extrativo, incluindo as instalações<br />

<strong>da</strong> sede do seringal, transporte externo e recolhimento do produto,<br />

com as vias de acesso indispensáveis, abertura de estra<strong>da</strong>s de sangria,<br />

barracos de seringueiros e aparelhamento <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s para extração<br />

e processamento primário do látex.<br />

A estrutura de funcionamento de um seringal nativo está alicerça<strong>da</strong><br />

na sede do mesmo, circun<strong>da</strong><strong>da</strong> por "colocações" dispersas na<br />

mata ( ca<strong>da</strong> colocação constitui-se de um tapiri (casa do seringueiro),<br />

e de duas a três estra<strong>da</strong>s de seringueira - trilha sinuosa ao longo <strong>da</strong><br />

mata interligando as chama<strong>da</strong>s madeiras ou árvores em sangria, cujo<br />

número varia de 150 a 300 árvores por estra<strong>da</strong>, sendo uma destas<br />

chama<strong>da</strong> "estra<strong>da</strong> de porta", pois tem início e fim no tapiri do seringueiro.<br />

O seringueiro deve ser considerado como um agente econômico<br />

"especial", pois extrai <strong>da</strong> floresta quase tudo de que precisa para a sua<br />

subsistência, <strong>borracha</strong> (400 - 500 kg/ ano), castanha, madeira, preservando-a<br />

como um ver<strong>da</strong>deiro "guar<strong>da</strong>-florestal". Sem a sua presença,<br />

a devastação para extração de madeira e implantação de pecuária<br />

extensiva ( nessa ativi<strong>da</strong>de a necessi<strong>da</strong>de aproxima<strong>da</strong> é de 1 trabalhador<br />

para ca<strong>da</strong> 1450 acres - 300 vezes superior à utiliza<strong>da</strong> pelo seringueiro),<br />

seria extrema e a erosão genética, incalculável.<br />

Segundo estimativas do CNPT - Centro Nacional para o Desenvolvimento<br />

Sustentado <strong>da</strong>s Populações Tradicionais (1992), existiam<br />

cerca de 3.650 famílias de seringueiros nas reservas extrativistas <strong>da</strong><br />

Amazônia e 30.000 fora delas, com média de duas pessoas por família<br />

na ativi<strong>da</strong>de, teríamos 67.300 seringueiros extraindo látex, com média<br />

29


de produção anual de 500 kg de <strong>borracha</strong>, chegaríamos a uma produção<br />

anual de 33.600 tonela<strong>da</strong>s, valor muito acima <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de de<br />

1994, quando a participação do seringal nativo foi <strong>da</strong> ordem de apenas<br />

5.367 tonela<strong>da</strong>s (Tabela 10).<br />

Este fato se deve principalmente ao fechamento de várias usinas<br />

de beneficiamento primário de <strong>borracha</strong>, pressionando a um aumento<br />

considerável do êxodo rural, associado também à derruba<strong>da</strong> indiscrimina<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> floresta.<br />

Pelo observado, o potencial produtivo dos seringais silvestres<br />

acha-se significativamente subaproveitado, quando o extrativismo <strong>da</strong><br />

<strong>borracha</strong>, em associação ao extrativismo de outros recursos naturais,<br />

além de acarretar expressivos efeitos sócio-econômicos, poderia proporcionar<br />

a salvaguar<strong>da</strong> <strong>da</strong> região de fronteira e do bioma amazônico,<br />

que teriam na figura do seringueiro o seu guardião <strong>natural</strong> e efetivo.<br />

3.2. SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA TECNIFICADO<br />

SERINQAL DE CULTIVO<br />

Consiste basicamente na implantação em série de plantas com<br />

características vegetativas e <strong>produtiva</strong>s mais homogêneas (clones), objetivando<br />

facilitar a exploração econômica <strong>da</strong> seringueira.<br />

Uma vez implantado, o seringal pode ser sangrado a partir do<br />

sexto ou sétimo ano, alcançando rendimento máximo de produção do<br />

quarto ano de sangria em diante, mantendo-se estável até o final do<br />

período de vi<strong>da</strong> <strong>produtiva</strong> útil, entre o vigésimo quinto e trigésimo ano<br />

de sangria, dependendo do sistema e <strong>da</strong> frequência de sangria, quando<br />

é eliminado e produz madeira de quali<strong>da</strong>de para a fabricação de móveis<br />

(fuste) e energia (produção de lenha a partir dos ramos mais finos).<br />

Tanto no período imaturo quanto produtivo o seringal merece<br />

atenção de tratos culturais e fitossanitários (quando necessários) visando<br />

manter as árvores sempre com bom vigor e uniformi<strong>da</strong>de compatíveis<br />

se refletindo em bons níveis de produtivi<strong>da</strong>de. Com isso, o<br />

aporte de insumos e defensivos necessários ao consumo no seringal de<br />

cultivo movimenta uma indústria e gera um apreciável contingente de<br />

mão-de-obra indireta à montante, o que não ocorre no extrativismo<br />

puro e simples.<br />

As relações de produção nos seringais de cultivo, principalmente<br />

aqueles fora <strong>da</strong> Amazônia Legal, são muito diferentes <strong>da</strong>quelas ocor-<br />

30


entes nos seringais nativos, sejam dentro ou fora <strong>da</strong>s reservas extrati-<br />

vistas.<br />

As proprie<strong>da</strong>des apresentam áreas bem defini<strong>da</strong>s e com certificados<br />

de proprie<strong>da</strong>de legais onde os seringueiros constituem mão-deobra<br />

especializa<strong>da</strong>, recebem treinamentos específicos direcionados a<br />

executarem sua tarefa de forma a obterem o máximo de rendimento e<br />

produtivi<strong>da</strong>de com quali<strong>da</strong>de.<br />

Há uma perfeita divisão do trabalho, envolvendo grupos de sangradores,<br />

coletores, fiscais de sangria, equipes de manutenção, ron<strong>da</strong>s<br />

fitossanitárias, permitindo desse modo, alto grau de especialização e<br />

consequente aumento de produção.<br />

Nas grandes e médias plantações, são cumpri<strong>da</strong>s as legislações<br />

trabalhista e previdenciária, os trabalhadores contam com carteira assina<strong>da</strong>,<br />

direito ao FGTS e residências localiza<strong>da</strong>s em agrovilas, com<br />

to<strong>da</strong> a infra-estrutura para atender às necessi<strong>da</strong>des básicas e de lazer<br />

<strong>da</strong>s famílias.<br />

As chama<strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s-empresas como a MICHELIN,<br />

FIRESTONE, GOODYEAR, PIRELLI, BONAL e outras acreditam que<br />

oferecendo uma ampla gama de serviços e benefícios diretos e/ou indiretos,<br />

estão investindo no homem, seu melhor capital, como forma de<br />

incentivar maior rendimento no trabalho.<br />

A ativi<strong>da</strong>de no Brasil oferece em torno de 415.000 empregos diretos<br />

com tendência a aumentar anualmente, abrangendo um universo<br />

de mais de um milhão de pessoas incluindo os membros <strong>da</strong> família.<br />

Estimativa feita pela Socie<strong>da</strong>de Rural Brasileira, conjuntamente<br />

com <strong>da</strong>dos obtidos do M.M.A. (1995), dão conta <strong>da</strong>s áreas planta<strong>da</strong>s<br />

através o PROBOR e iniciativa priva<strong>da</strong>, e economicamente viáveis com<br />

seringais no país, como sendo: Bahia, 23 mil ha, com 15 mil produtivos<br />

e 8 mil abandonados; Mato Grosso, em torno de 60 mil plantados<br />

com 18 mil abandonados; São Paulo com 42 mil ha plantados e com<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 20 mil em produção; Espírito Santo, 12 mil ha<br />

plantados; Minas Gerais, 4 mil ha; Pernambuco, 2 mil ha; Goiás e Maranhão,<br />

1,5 mil ha e o Paraná, com aproxima<strong>da</strong>mente 1,5 mil ha<br />

plantados e um pouco mais de 150 ha em produção (Tabela 12).<br />

31


Estimativa feita pelo IBAMA, em 1995. mostra de um total de<br />

216 mil hectares de área planta<strong>da</strong>, existem 181 mil hectares, em todo<br />

o Brasil, incluindo a Amazônia. Trata-se de um <strong>da</strong>do muito otimista,<br />

considerando que a grande maioria dos seringais plantados pelo<br />

PROBOR na Amazônia, foram abandonados.<br />

Se considerarmos os patamares médios de produtivi<strong>da</strong>de obtidos<br />

nos seringais de cultivo nos países tradicionalmente produtores , <strong>da</strong><br />

ordem de 1 tonela<strong>da</strong> de <strong>borracha</strong> seca/ha/ano, depreende-se que,<br />

confirma<strong>da</strong> a estimativa do IBAMA, à médio prazo, disporemos de potencial<br />

para a obtenção de excedentes exportáveis, aliado ao fato de<br />

que o rendimento dos plantios brasileiros, sobretudo os mais jovens,<br />

situados nas chama<strong>da</strong>s áreas-de-escape às doenças foliares, ultrapassa<br />

tais padrões, projetando um futuro animador para a heveicultura<br />

nacional. 32


Em contraparti<strong>da</strong>, se forem mantidos os níveis de crescimento<br />

anual do consumo, a longo prazo continuaremos a importar <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> e perder divisas para o exterior, a menos que medi<strong>da</strong>s governamentais<br />

(governo federal e estaduais) de impacto sejam toma<strong>da</strong>s.<br />

3.3. BENEFICIAMENTO AGRO-INDUSTRIAL:<br />

USINAS E MINI USINAS<br />

Depois de entregue ao regatão (seringal nativo) ou comercializa<strong>da</strong><br />

diretamente (seringal de cultivo), a <strong>borracha</strong> é leva<strong>da</strong> às usinas de beneficiamento<br />

primário. A tecnologia utiliza<strong>da</strong> é ain<strong>da</strong> o tradicional processo<br />

de lavagem, formação de crepe (CEB-CCB) e secagem. Na última<br />

déca<strong>da</strong> um novo procedimento foi adotado por parte <strong>da</strong>s usinas, fazendo<br />

a granulação, através <strong>da</strong> qual é consegui<strong>da</strong> a homogeneização<br />

<strong>da</strong> matéria prima, mantendo um nível de quali<strong>da</strong>de estável (GEB-<br />

GCB).<br />

A uni<strong>da</strong>de de beneficiamento de folha fuma<strong>da</strong> denomina<strong>da</strong> usina<br />

ou mini-usina, consumidora de látex <strong>natural</strong>, é composta pelas seguintes<br />

estruturas básicas, sala para recepção, usinagem e présecagem;<br />

sala para prensagem, embalagem e armazenagem; defumador<br />

e fornalha, sistema de captação, tratamento elevação e distribuição<br />

de água e armazém para insumos e mercadorias.<br />

As menores uni<strong>da</strong>des são de construção bem simples, pois utilizam<br />

basicamente madeira, pregos, fibrocimento, tijolos maciços e alvenaria,<br />

sendo as uni<strong>da</strong>des maiores um pouco mais complexas. A estrutura<br />

de uma usina e mini-usina para produção de folha fuma<strong>da</strong> é st<br />

mesma, embora possam existir vários tipos conforme a capaci<strong>da</strong>de de<br />

produção:<br />

Tipo A (92m 2 ) : para produção de até 10t/ ano (p/ 3.000 árvores = 3<br />

alqueires a 10.000 árvores).<br />

Tipo B (112m 2 ) : para produção de até 30t/ ano (p/ 10.000 árvores<br />

= 10 alqueires a 20.000 árvores).<br />

Tipo C (167m 2 ) : para produção de até 70t/ano (p/ 25.000 árvores<br />

= 25 alqueires)<br />

Tipo D (660m 2 ) : para produção entre 70t/ano até 360t/ano (p/<br />

25.000 árvores a 125.000 árvores)<br />

As usinas dos Tipos A e B podem ser instala<strong>da</strong>s tanto em seringais<br />

nativos quanto em seringais cultivados, agregando valor à produção,<br />

enquanto que o Tipo C é ideal para médios produtores rurais.<br />

33


Em 1992 existiam cerca de 24 médias e grandes usinas de beneficiamento<br />

<strong>da</strong> produção ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no IBAMA. Hoje esse número aumentou<br />

extra oficialmente para 30, a despeito <strong>da</strong> desativação <strong>da</strong> maioria<br />

<strong>da</strong>quelas que operavam na Amazônia, pois só no estado de São<br />

Paulo existem cerca de 21 usinas implanta<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s quais, 15 em funcionamento.<br />

Aqui residia um gargalo sério pois as 21 usinas implanta<strong>da</strong>s em<br />

São Paulo, com capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> para consumir 4 mil tonela<strong>da</strong>s/mês<br />

e destas só a Firestone ( já desativa<strong>da</strong> e transferi<strong>da</strong> para a<br />

Libéria) consumia 2 mil tonela<strong>da</strong>s/mês, obrigando a busca de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> nos estados vizinhos Mato Grosso, Minas Gerais e inclusive<br />

no Paraná. Ain<strong>da</strong> assim, a oferta de matéria prima é de apenas %<br />

<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> (1.000 tonela<strong>da</strong>s), com os seringais paulistas<br />

atingindo a partir de 1995 a produção anual acima de 15,5 mil tonela<strong>da</strong>s,<br />

observa-se a existência de um mercado altamente dependente de<br />

matéria prima/ o que fatalmente implicará na desativação <strong>da</strong>quelas de<br />

menor porte.<br />

Essas usinas consomem o cernambi a granel com 53 -58% de<br />

<strong>borracha</strong> seca pagando em média RS 0,87/ kg (preço de 1996) e processam<br />

o Granulado Escuro Brasileiro (GEB 1) numa relação aproxima<strong>da</strong><br />

de 2:1 comercializando o produto a RS 2,51/ kg. O lucro operacional<br />

de uma usina de pequeno a médio porte gira em torno de 10% e<br />

o patrimonial (incluindo depreciação de maquinaria) varia de 0 a 2%.<br />

Sob o ponto de vista técnico essas usinas seguem duas linhas<br />

básicas de beneficiamento: látex concentrado e <strong>borracha</strong> sóli<strong>da</strong>, defini<strong>da</strong>s<br />

precipuamente pelos produtos finais de beneficiamento e pela<br />

utilização industrial a que se destinam. O GEB 1 é o tipo de <strong>borracha</strong><br />

mais consumido e aceito no mercado, sendo empregado para usos gerais<br />

juntamente com as folhas fuma<strong>da</strong>s enquanto que os crepes têm<br />

usos específicos e em linhas restritas de industrialização. A grande<br />

maioria dessas usinas vem trabalhando com equipamento já obsoleto,<br />

algumas dessas desativa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Amazônia e trazi<strong>da</strong>s para São Paulo,<br />

necessitam de modernização imediata para poderem oferecer um produto<br />

dentro dos padrões de quali<strong>da</strong>de internacional.<br />

No que se refere ao porte, prevalece as de médio e grande porte,<br />

cujo volume médio de processamento anual é de 2.500 tonela<strong>da</strong>s de<br />

<strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> GEB e CCB, cuja padronização está conti<strong>da</strong> na<br />

Tabela 13.<br />

Até 1997, a <strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> nas usinas era compra<strong>da</strong> ao<br />

preço de R$ 0,92 por quilo, correspondendo a 1/3 do preço de ven<strong>da</strong><br />

34


para a indústria, R$ 2,50, ocasião em que a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> importa<strong>da</strong><br />

era comercializa<strong>da</strong> por R$ 1.000,00 a tonela<strong>da</strong>, chegando ao Brasil por<br />

1.300,00/tonela<strong>da</strong>. Atualmente, em decorrência <strong>da</strong> que<strong>da</strong> <strong>da</strong>s bolsas<br />

Asiáticas, o preço internacional do produto caiu para US$<br />

500,00/tonela<strong>da</strong> (agosto/99), apresentando uma recuperação em novembro/99<br />

subindo para US$ 750,00 ain<strong>da</strong> assim, bem abaixo dos<br />

patamares observados nos dois anos anteriores, girando em torno de<br />

R$1,20 o preço pago pelo GEB às usinas.<br />

Essa retoma<strong>da</strong> do mercado, deve-se em parte à recuperação <strong>da</strong><br />

economia asiática, principal centro produtor mundial, alia<strong>da</strong> à elevação<br />

dos preços do petróleo, os quais, elevaram as cotações <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />

sintética e por conseqüência, a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />

No início de 1999, as usinas compravam do produtor pagando<br />

R$ 0,34/kg de sernambi até 30 dias após o recebimento e R$ 0,31/kg,<br />

quando recebem o subsídio <strong>da</strong>do pelo governo, somente por ocasião <strong>da</strong><br />

ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> para as indústrias de pneumáticos. O<br />

35


governo, por sua vez, que deveria pagar com oito dias após o encontro<br />

<strong>da</strong>s faturas do produtor (ven<strong>da</strong>) e <strong>da</strong>s indústrias (compra), está atrasando<br />

o pagamento do subsídio em até oito meses, chegando esse recurso<br />

às mãos do produtor somente nove meses depois, provocando<br />

um desestímulo total em virtude de o mesmo operar no vermelho durante<br />

muitos meses.<br />

Uma alternativa seria as usinas pagarem direto ao produtor os<br />

R$ 0,65/kg de sernambi num processo em que as indústrias já teriam<br />

que adiantar o valor do subsídio às usinas e se ressarcirem por ocasião<br />

do recebimento <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> beneficia<strong>da</strong> pelas referi<strong>da</strong>s usinas.<br />

Deve-se observar que com a tendência de recuperação <strong>da</strong> economia<br />

asiática e aumento de preço do produto sintético, a remuneração do<br />

produtor pelo quilo de coágulo passou a girar em torno de R$ 0,75.<br />

3.4. PROCESSAMENTO INDUSTRIAL<br />

INDÚSTRIA DE PNEUMÁTICOS<br />

A indústria produtora de todos os tipos de pneumáticos instala<strong>da</strong><br />

no país conta com 11 empresas produtoras, que investem mais de<br />

U$ 100 milhões em tecnologia, manutenção de fábricas e treinamento,<br />

gerando milhares de empregos diretos e indiretos, mantendo um alto<br />

nível de quali<strong>da</strong>de do produto, com crescente aumento anual de exportação<br />

de pneumáticos, principalmente para os Estados Unidos <strong>da</strong><br />

América, Europa, América Latina e Japão.<br />

Segundo a ANIP (1998) as Indústrias de pneumáticos instala<strong>da</strong>s<br />

no Brasil são BRIDGESTONE/FIRESTONE do Brasil Ind. e Com. Lt<strong>da</strong>,<br />

GOODYEAR do Brasil Produtos de Borracha Lt<strong>da</strong>, Pirelli Pneus S.A.,<br />

Indústria Levorin S.A., Indústria JOÃO MAGGION S.A., Artefatos de!<br />

Borracha RECORD S. A., Indústrias de Pneumáticos RINALDI S.A.,|<br />

PIRELLI <strong>da</strong> Bahia S.A., Indústria de Artefatos de Borracha RUZU S.A.,<br />

União Industrial de Borrachas S.A. - UNISA, Companhia Brasileira de<br />

Pneumáticos MICHELIN S.A., FIRESTONE, MAGION, MULTIGOMA, e<br />

TROPICAL.<br />

Para o período de 1998/2000 estão previstas novas uni<strong>da</strong>des<br />

como CONTINENTAL-PR, GOODYEAR -RS, KUMHO - PR, MICHELIN -<br />

RJ e RANIRA - MG, estando em expansão<br />

BRIDGESTONE/FIRESTONE - SP e PIRELLI -RS/SP.<br />

Para uma produção de 23,1 milhões em 1984 e 29,58 milhões<br />

em 1993, houve uma exportação de 5,367 milhões de peças em 1984<br />

para 7,144 em 1993, neste contexto, envolvendo pneus de carro de<br />

36


passeio, caminhões, ônibus, motocicletas, tratores, veículos industriais e<br />

aviões (Tabela 14).<br />

Nesse mesmo período a indústria nacional de pneumáticos apresentou<br />

um aumento de consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> de 77.036 tonela<strong>da</strong>s<br />

para 107.769 tonela<strong>da</strong>s, no qual, o consumo <strong>da</strong> matéria prima<br />

interna se manteve estável ao longo desses 10 anos, girando em torno<br />

de 28.000 tonela<strong>da</strong>s (falta de oferta do produto), para um consumo do<br />

37


produto importado variando de 49.363 tonela<strong>da</strong>s em 1984 para 79.081<br />

em 1993 (Tabela 15).<br />

Em 1997 a indústria nacional de pneumáticos produziu cerca de<br />

40,0 milhões de uni<strong>da</strong>des e vendeu 39,4 milhões assim distribuídos<br />

12,6 milhões para exportação, 10,8 milhões para montadoras e 16,0<br />

milhões para reposição.<br />

Boa parte dos investimentos é direciona<strong>da</strong> para a constante modernização<br />

dos parques industriais e assim manter o padrão de quali<strong>da</strong>de<br />

desejado, a despeito <strong>da</strong>s constantes queixas em relação às políti-<br />

38


cas governamentais que afetam o <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> (principal insumo<br />

entre as matérias primas utiliza<strong>da</strong>s) e os encargos sociais e tributários<br />

que incidem sobre a produção, alterando sensivelmente os custos de<br />

fabricação, quali<strong>da</strong>de do produto e/ou a competitivi<strong>da</strong>de nos mercados<br />

internacionais (RC Consultores).<br />

Os principais componentes de um pneu são <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />

derivados de petróleo (<strong>borracha</strong>s sintéticas, negro de fumo, fios e tecidos<br />

de nylon além de produtos químicos) e derivados de aço (arame para<br />

frisos e cordonéis de aço). Em relação a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, a indústria<br />

consome matérias primas considera<strong>da</strong>s de primeira quali<strong>da</strong>de, onde se<br />

incluem: a nacional representa<strong>da</strong> por GCB - 1 (Granulado Claro<br />

Brasileiro); FFB ( Folha Fuma<strong>da</strong> Brasileira);GEB (Granulado Escuro<br />

Brasileiro) e a matéria prima importa<strong>da</strong> SMR - 10 e 20 (Stan<strong>da</strong>rd Malaysian<br />

Rubber - Tipos 10 e 20); RSS -1 e 3 (Ribbed Smoked Sheet -<br />

Tipo i e tipo 3).<br />

Os pneus radiais respondem hoje por mais de 80% dos vendidos<br />

tanto para a industria automobilística quanto para o mercado de reposição<br />

e, na sua fabricação a participação <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> praticamente<br />

dobra nos custos finais. Para os pneus de ônibus e caminhões a<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> responde por 31% do custo industrial, possuindo íntima<br />

relação com o custo final dos mesmos.<br />

Diante <strong>da</strong> globalização <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong> abertura do mercado,<br />

brasileiro, as indústrias de pneumáticos e de artefatos, vêm sua produção<br />

seriamente ameaça<strong>da</strong> pela per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>de em relação à<br />

concorrência estrangeira inclusive oriun<strong>da</strong> do Mercosul, em vista <strong>da</strong><br />

impossibili<strong>da</strong>de de ter acesso a compra de matérias primas a preços<br />

internacionais, primordialmente <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> na produção de<br />

pneus pesados, muito embora venha ocorrendo compra de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> pela própria indústria, no mercado uruguaio, quando é perfeitamente<br />

sabido que aquele país não possui um só pé de seringueira<br />

plantado.<br />

Com a recente desvalorização cambial do Real, as indústrias de<br />

pneumáticos obtiveram aumentos dos preços médios dos pneus de<br />

automóveis e de caminhão em cerca de 11,5% nos últimos 12 meses,<br />

observando-se um comportamento claramente altista dos preços a partir<br />

de fevereiro de 1999.<br />

Hoje os principais entraves à competitivi<strong>da</strong>de, apresentados pelas<br />

Industrias referem-se ao alto custo de mão-de-obra para a produção <strong>da</strong><br />

matéria prima e à grande variação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e desuniformi-<br />

<strong>da</strong>de do produto recebido <strong>da</strong>s usinas de beneficiamento, muitas vezes<br />

39


abaixo dos padrões internacionais, em virtude de operarem equipamentos<br />

já obsoletos, associados a ausência de laboratórios nas usinas<br />

que garantam o mesmo padrão de quali<strong>da</strong>de exigido pelas indústrias<br />

de pneumáticos.<br />

3.5. PROCESSAMENTO INDUSTRIAL<br />

INDÚSTRIA DE ARTEFATOS LEVES<br />

Neste segmento <strong>da</strong> indústria é enorme a diversi<strong>da</strong>de de bens produzidos,<br />

constituídos de artefatos que usam látex centrifugado como matéria<br />

prima tais como (luvas cirúrgicas, preservativos, chupetas etc.,) e<br />

artefatos que utilizam <strong>borracha</strong> sóli<strong>da</strong> (coxins, solados, lençóis industriais,<br />

camel back, protetores, ban<strong>da</strong>s de ro<strong>da</strong>gem, etc). Aqui, a participação<br />

<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> varia em função <strong>da</strong>s características que<br />

deve possuir o artefato, em função <strong>da</strong> maior ou menor maleabili<strong>da</strong>de e<br />

resistência, que podem consumir mais ou menos <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />

podendo atingir até 40% dos custos finais.<br />

A indústria de artefatos possui grande versatili<strong>da</strong>de nas suas linhas de<br />

fabricação produzindo bens nas mais varia<strong>da</strong>s formas e nas mais diferentes<br />

formulações de matéria prima, possuindo suas próprias matizarias,<br />

o que lhes garante substituir a produção dos artefatos que contenham<br />

menos matéria prima na sua composição caso haja eventual<br />

aumento de preço <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />

Um dos maiores problemas apontados pela indústria de artefatos a<br />

exemplo <strong>da</strong> indústria de pneumáticos, é a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

e o preço de comercialização, que deve corresponder aos tipos classificados<br />

como GEB-1, CEB-1, CCB-1 ou FFB-1, padrões estes atingidos<br />

por poucos produtores e beneficiadores nacionais.<br />

Comércio <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira deixou de ser competitiva no mercado<br />

internacional, a partir do início do século atual, inicialmente pela'<br />

ausência de tecnologias apropria<strong>da</strong>s no processamento e exploração<br />

dos seringais nativos; concorrência de novos produtores como a Malásia/<br />

Indonésia/ Tailândia e, principalmente pela ineficácia <strong>da</strong> política<br />

agrícola que regula o setor produtivo nacional. Desse modo, o setor de<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> vem sendo exposto de maneira desprotegi<strong>da</strong> à concorrência<br />

desleal do produto importado do sudeste asiático. Apesar de<br />

o Brasil ter colhido em 1997 uma safra recorde, estima<strong>da</strong> em torno de<br />

40


70 mil tonela<strong>da</strong>s, os produtores nacionais ficaram impossibilitados de<br />

vender a produção devido a industria consumidora preferir o produto<br />

importado a custo inferior.<br />

A concorrência em preço com o produto asiático promove um<br />

total colapso no setor heveícola brasileiro devido aos subsídios diretos<br />

e indiretos, além de altos investimentos em pesquisa e serviço de apoio<br />

praticados pelos exportadores estimados em 68%.<br />

A nível internacional, a INRO - Organização Internacional <strong>da</strong><br />

Borracha Natural e o Conselho Internacional <strong>da</strong> Borracha, ambos criados<br />

pelo INRA - Acordo Internacional <strong>da</strong> Borracha, e Desenvolvimento<br />

Internacional <strong>da</strong> Borracha Natural, celebrado em 1979, no âmbito <strong>da</strong><br />

Conferência <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s sobre Comércio e Desenvolvimento,<br />

tendo como signatários países exportadores e importadores, administram<br />

um estoque regulador de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> que, ao lado de preços<br />

referenciais, constituem instrumentos de regulação do mercado global<br />

do produto. Existe um estoque normal <strong>da</strong> ordem de 400 mil tonela<strong>da</strong>s<br />

e o estoque de contingência de aproxima<strong>da</strong>mente 150 mil tonela<strong>da</strong>s<br />

para resguar<strong>da</strong>r o valor <strong>da</strong>s exportações e garantir o suprimento para<br />

quem dele necessite.<br />

No âmbito dos países produtores observa-se como referência,<br />

que a Malásia através do seu governo, investe maciçamente em programas<br />

sociais e de apoio ao pequeno produtor rural, onde 80% <strong>da</strong><br />

produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> provêm desse mini-heveicultor, com<br />

área média planta<strong>da</strong> em torno de 2,0 ha (Tabela 1).<br />

A execução <strong>da</strong>s ações de desenvolvimento agrícola compete ao<br />

RISDA, que orienta to<strong>da</strong>s as operações de plantio e assistência técnica<br />

sem qualquer ónus ao produtor.<br />

A extensão e a pesquisa agrícola são de responsabili<strong>da</strong>de do<br />

MARDI (Malaysian Agricultural Research and Development Institute) e<br />

ao FELDA (Field Land Development Association), cabe os programas de<br />

assentamento agrícola patrocinando projetos de infra-estrutura nas<br />

pequenas proprie<strong>da</strong>des também sem qualquer ónus ao produtor. Para<br />

tanto instalam redes de energia elétrica, hidráulica, estra<strong>da</strong>s, escolas,<br />

igrejas, postos de saúde etc, a fundo perdido.<br />

A pesquisa de novos clones mais precoces e produtivos, novas<br />

técnicas de sangria e manejo de produção, alem <strong>da</strong> extensão em heveicultura<br />

e <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> cabem ao RRIM ( Rubber Research Institute<br />

of Malaysia), órgão de maior tradição, reputação e dimensão no<br />

âmbito internacional, a custo zero.<br />

41


O MRRDB (Malaysian Rubber Research and Development Board)<br />

juntamente com o RRIM, são responsáveis pela gestão <strong>da</strong> política de<br />

P&D em <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, financiando os produtores locais a juros<br />

normalmente negativos e cobre as etapas que vão do plantio e custeio<br />

até a entra<strong>da</strong> em produção.<br />

O MARDEC (Malaysian Rubber Development Corporation) presta<br />

assistência aos pequenos produtores no que se refere ao beneficiamento,<br />

em suas usinas a um preço simbólico, comercialização e exploração<br />

<strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, juntamente com a colaboração do MRELB - Malaysian<br />

Rubber Exchange and Licensing Board, órgão regulador do<br />

mercado no país.<br />

Pelo grande número de enti<strong>da</strong>des públicas e priva<strong>da</strong>s, a Malásia<br />

subsidia fortemente o setor, praticando preços artificiais para as matérias<br />

primas exporta<strong>da</strong>s, e para o produto <strong>natural</strong> com um percentual<br />

de subsídio correspondente a 68% do preço FOB ( valor por kg <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> do tipo SMR, em Kuala Lumpur).<br />

Conforme o Fórum Nacional de Secretários de Agricultura e Reforma<br />

Agrária FNSARA-050/92 a per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>de do produto<br />

brasileiro decorre dos seguintes indicadores de Produção por hectare<br />

(em US$):<br />

Como conseqüência a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> produzi<strong>da</strong> naquele continente,<br />

chegava ao nosso país em 1997, ao preço de 1,30 a 2,10 dólares<br />

por quilo enquanto o produto nacional teria que ser vendido pelo<br />

produtor acima de 2,50 dólares para cobrir os custos internos e garantir<br />

uma lucrativi<strong>da</strong>de mínima aos mesmos. Isso gera uma forte<br />

pressão nos preços internos <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, tendendo a achatálos<br />

a níveis tão baixos, que se tornam insuficientes para cobrir os<br />

custos operacionais de produção, pois a indústria nacional prefere im-<br />

portar.<br />

A Lei 5.227 previa a cobrança <strong>da</strong> TORMB - Taxa de Organização<br />

e Regulamentação do Mercado <strong>da</strong> Borracha, concebi<strong>da</strong> para promover<br />

a equalização de preços em relação à <strong>borracha</strong> importa<strong>da</strong>, considerando<br />

to<strong>da</strong>s as <strong>borracha</strong>s produzi<strong>da</strong>s e comercializa<strong>da</strong>s no território nacional.<br />

A alíquota de 5% dos recursos oriundos <strong>da</strong> TORMB deveriam ser<br />

42


evertidos integralmente para as ativi<strong>da</strong>des do setor gumífero. Entretanto<br />

essa taxa não foi devi<strong>da</strong>mente aplica<strong>da</strong> em benefício do setor<br />

pelo órgão responsável, no caso o IBAMA.<br />

Além <strong>da</strong> cobrança <strong>da</strong> TORMB, era previsto o Contingenciamento<br />

de importações, ou seja, as indústrias consumidoras <strong>da</strong> matéria prima<br />

somente poderiam importar, depois de consumirem a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

produzi<strong>da</strong> no país. Não obstante, esse mecanismo vem sendo inócuo,<br />

inicialmente devido a lineari<strong>da</strong>de do percentual de contingenciamento<br />

em face à sazonali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção, em relação ao consumo, criandose<br />

uma situação irreal de produção e consumo.<br />

De acordo com o PARECER -SEAB/92 (N.A.Rucker), os diferentes<br />

sistemas de produção <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, extrativista/ cultiva<strong>da</strong>/ sintética,<br />

determinam os custos/ benefícios sociais e as políticas de preços<br />

recebidos pelo produtor. Neste aspecto, torna-se importante avaliar os<br />

interesses dos diferentes grupos sociais envolvidos como, seringueiros/<br />

seringalistas/ comerciantes/ produtores de <strong>borracha</strong> vegetal<br />

oriun<strong>da</strong> de seringais cultivados/processadores de <strong>borracha</strong> (usinas)/<br />

industriais do setor de pneumáticos/ artefatos leves e de produtos residuais<br />

reciclados ou não, tanto para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> quanto para<br />

a, sintética.<br />

Tomando por base o consumidor nacional/ internacional dos<br />

produtos finais <strong>da</strong>s <strong>borracha</strong>s <strong>natural</strong> e sintéticas, os parâmetros de<br />

competitivi<strong>da</strong>de seriam: produtivi<strong>da</strong>de/ quali<strong>da</strong>de / preços.<br />

A competitivi<strong>da</strong>de do produto <strong>natural</strong>/ sintético segue as normas<br />

<strong>da</strong> I.S.O. - International Stan<strong>da</strong>rd Organization, com sede em Viena,<br />

onde as distintas instituições responsáveis pelas normas de ca<strong>da</strong> país,<br />

buscam estabelecer padrões consensuais a serem adotados mundialmente.<br />

No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT e o<br />

Instituto Nacional de Metrologia - IMETRO adotam uma série desses<br />

padrões e conjunto de normas ISO 9000, registra<strong>da</strong>s nessas enti<strong>da</strong>des<br />

como NB 9.000 e NBR 19.000. Desse modo, o modelo que garanta a<br />

quali<strong>da</strong>de nos projetos de desenvolvimento <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> nos seringais cultivados é composto por componentes tecnológicos<br />

que estruturam a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, envolvendo todos<br />

os distintos setores <strong>da</strong> economia.<br />

A formação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> aparente <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> elabora<strong>da</strong><br />

através os fatores: produção + importações - exportações, torna-se difícil<br />

de ser obti<strong>da</strong> devido a ausência de <strong>da</strong>dos quantitativos concretos<br />

(t), custo/ benefício dos diversos segmentos bem como a evolução <strong>da</strong>s<br />

43


principais variáveis do mercado <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, uma vez que se omitem<br />

informações básicas, na salvaguar<strong>da</strong> de interesses pessoais.<br />

Como se não bastasse inúmeros procedimentos adotados pelos<br />

consumidores ensejam o escape à legislação em vigor, inviabilizando<br />

quaisquer efeitos <strong>da</strong> política nacional para o setor, destacando-se:<br />

- Importação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> do Uruguai, país sabi<strong>da</strong>mente não<br />

produtor de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> más como integrante do Mercosul,<br />

usado como ponto de passagem para a <strong>borracha</strong> oriun<strong>da</strong> de outros<br />

países, numa clara distorção, devi<strong>da</strong>mente ampara<strong>da</strong> pelas nossas<br />

autori<strong>da</strong>des competentes.<br />

- O segundo procedimento era a importação do "master", <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> com alguma mistura, após um processo primário de indus<br />

trialização, não estando sujeita ao pagamento <strong>da</strong> TORMB e tampouco<br />

à política de contingenciamento.<br />

- O terceiro era a importação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> através do "Draw<br />

back" com isenção do pagamento <strong>da</strong> TORMB e do contingenciamento<br />

tendo como obrigatorie<strong>da</strong>de por parte do setor industrial, a exporta<br />

ção dos produtos industrializados num prazo de 24 meses. Trata-se<br />

de um prazo muito longo, que possibilita aquisições gigantescas m<br />

mercado internacional, sem a adequa<strong>da</strong> fiscalização, a preços baixos<br />

formando estoques indevidos e valendo-se destes para pressionar os<br />

preços internos para baixo além de prorrogar os prazos de aquisição<br />

<strong>da</strong> matéria prima nacional.<br />

Até 1993 a importação nesse regime vinha sendo obedecido<br />

conforme se observa na tabela 16.<br />

44


Pelos <strong>da</strong>dos acima observa-se que no período de 1985 a 1993<br />

houve uma que<strong>da</strong> de 12% no regime de importação ordinária sujeita a<br />

taxações para um aumento equivalente <strong>da</strong> importação sob regime<br />

"Draw-back" , sem taxações.<br />

- Um outro aspecto a considerar é que a produção e oferta de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> vem aumentando a ca<strong>da</strong> ano, em contraparti<strong>da</strong> reduziu-se a<br />

deman<strong>da</strong> em face <strong>da</strong> que<strong>da</strong> na produção de pneumáticos pesados,<br />

pois esse segmento do mercado passou a ser abastecido pelos pneus<br />

importados, aliado à crise recente <strong>da</strong>s bolsas no sudeste asiático.<br />

Como consequência imediata destaca-se o agravamento <strong>da</strong> crise<br />

no setor produtivo com profundos reflexos sociais negativos pois o<br />

setor de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> (ativi<strong>da</strong>de extrativista e de cultivo) é atualmente<br />

responsável por quase dois milhões de pessoas (empregos diretos<br />

e indiretos). Somente nos seringais nativos, localizados na<br />

Amazônia vivem mais de 60 mil seringueiros com base na extração de<br />

látex (<strong>da</strong>dos extra-oficiais) enquanto que nos seringais de cultivo <strong>da</strong>s<br />

regiões Centro-Sul, Sudeste e Sul, são encontrados cerca de 70 mil<br />

empregos diretos.<br />

Os investimentos realizados até o momento pelo setor privado,<br />

com suporte do setor público, superam os R$ 2 bilhões em cerca de<br />

216 mil hectares plantados nos diversos estados brasileiros (Tabela<br />

12), dos quais, a metade já se encontra em fase de produção.<br />

Por outro lado, os produtores brasileiros estão impossibilitados<br />

de comercializar sua oferta de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> a preços internacionais<br />

(pelos motivos já de conhecimento <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des governamentais)<br />

e, portanto, necessitam imperiosamente de um prazo de carência<br />

de 10 anos, ficando claro que a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>, só poderá ter sustentabili<strong>da</strong>de<br />

e equi<strong>da</strong>de, produzindo e consumindo <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> a<br />

preços internacionais, se o governo assumir de alguma forma a ser<br />

estu<strong>da</strong><strong>da</strong> em conjunto, a diferença de preço entre o produto importado e<br />

o nacional.<br />

Considerando que a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção nacional de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> e o seu desenvolvimento tecnológico, são altamente prioritários<br />

para o país Comissão forma<strong>da</strong> pela Associação Brasileira <strong>da</strong><br />

Indústria de Artefatos de Borracha - ABIARB; Associação nacional <strong>da</strong><br />

Indústria de Pneumáticos - ANIP; Associação Paulista dos Produtores<br />

e Beneficiadores de Borracha - APABOR; Associação dos Produtores de<br />

Borracha Natural do Brasil - APBNB; Confederação Nacional <strong>da</strong> Agricultura<br />

- CNA; Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS; MICHELIN<br />

Pneumáticos Michelin Lt<strong>da</strong> e Socie<strong>da</strong>de Rural Brasileira - SBR, após<br />

45


eunião em Brasília, em 26.02.97, encaminhou preito à Secretaria de<br />

Desenvolvimento Integrado do Ministério do Meio Ambiente no sentido<br />

de estu<strong>da</strong>r mecanismos adequados que satisfaçam todos os elos <strong>da</strong><br />

Cadeia Produtiva.<br />

Tal medi<strong>da</strong> visava reduzir de dois anos para 90 dias o prazo para<br />

prestação de contas <strong>da</strong> importação de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> por Drawback;<br />

instalar o Grupo de Trabalho criado pela Portaria IBAMA N°<br />

110/95, para acompanhar e controlar o contingenciamento <strong>da</strong> importação<br />

de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>; inclusão <strong>da</strong>s importações em regime de<br />

Draw- back no percentual de contingenciamento; e gestões junto ao<br />

Ministério <strong>da</strong> Agricultura para incluir a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> na pauta <strong>da</strong><br />

PGPM.<br />

Em 12/05/97 o governo Brasileiro encaminhou ao Congresso o<br />

Projeto de Lei, n°3.100/97, que extingue a Lei 5.227/67, subvencionando<br />

a produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, limita<strong>da</strong> à diferença<br />

de preço entre esta e o produto importado. Assim, na prática o subsídio<br />

foi de R$ 0,72/ kg podendo chegar até a R$ 0,95 pelo período de<br />

oito anos sofrendo reduções anuais de 20% a partir do 5 o ano. Contudo,<br />

tal projeto não estabelece mecanismos para a concessão <strong>da</strong> subvenção<br />

econômica e não apresenta alternativa que reduza a carga tributária<br />

que incide sobre a produção e gestão do setor, necessitando de ajustes.<br />

Segundo a Revista Gleba -CNA (jun/97), tal projeto decorreu do<br />

colapso de todo o setor requerendo uma intervenção urgente para alinhamento<br />

de preços <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> e importa<strong>da</strong>, onde o governo<br />

procurou tratar a questão com base na proposta do MMA que propunha<br />

a concessão de subsídio à <strong>borracha</strong> cultiva<strong>da</strong>, a ser obti<strong>da</strong> pelo<br />

produtor em Bolsa de Valores, na forma de "papéis de bonificação", os<br />

quais seriam negociados com as indústrias para abater o valor <strong>da</strong> bonificação<br />

no IPI a recolher. O governo disponibilizaria os recursos de<br />

bonificação por oito anos, prazo considerado adequado para o produtor<br />

nacional adquirir competitivi<strong>da</strong>de frente aos produtores asiáticos.<br />

Ain<strong>da</strong> na mesma proposta dispunha-se sobre a extinção <strong>da</strong><br />

TORMB, que incidia sobre a comercialização <strong>da</strong> matéria-prima, estando<br />

inclusive prevista a definição de uma quota de importação, de modo<br />

a garantir o escoamento <strong>da</strong> produção nacional e fazer com que o volume<br />

importado fosse apenas um complemento ao consumo nacional.<br />

46


4. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL - DIAGNÓSTICO<br />

A <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil está composta<br />

por um mercado consumidor interno e externo, atacadistas e varejistas<br />

de artefatos, indústrias de pneumáticos e de artefatos leves, usinas e<br />

mini usinas de processamento primário, produtores agrícolas ou uni<strong>da</strong>des<br />

<strong>produtiva</strong>s com diversos sistemas e fornecedores de insumos<br />

(sementes, adubos, máquinas, mu<strong>da</strong>s, implementos defensivos e demais<br />

serviços.<br />

De acordo com RC Consultores (1992), custo social <strong>da</strong> produção<br />

interna, parece bem mais econômico e acessível que o custo privado<br />

devido ao desajuste entre o preço ótimo e os praticados no mercado<br />

interno e internacional, com isso, o estímulo à produção deverá ser<br />

feito pelo ajuste de preços no sentido do ótimo, corrigindo as distorções<br />

através de mecanismos como tarifa cambial compensatória, linha<br />

de crédito agrícola com juros a nível internacional, isenção de impostos<br />

indiretos, contraparti<strong>da</strong> para os encargos sociais pagos pelos produtores,<br />

dentre outros.<br />

Neste contexto, a ativi<strong>da</strong>de extrativista aparece como a grande<br />

vilã do processo, pois há necessi<strong>da</strong>de de ampará-la visando principalmente<br />

a preservação do estoque de germoplasma (grande manancial<br />

supridor de fontes de produtivi<strong>da</strong>de e resistência à enfermi<strong>da</strong>des),<br />

prestes a se extinguir pela derruba<strong>da</strong> acelera<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta, além <strong>da</strong><br />

ocupação de importantes espaços de fronteira na Amazônia. Essa preservação<br />

contudo, se <strong>da</strong>va às expensas de taxações (taxa de equalização<br />

contingenciamento. TORMB, etc), subsídios necessários à cobertura<br />

dos altos custos de produção e baixa quali<strong>da</strong>de" do produto, para<br />

atender às necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> indústria, não atingindo os padrões internacionais<br />

devido a mistura de látices de diferentes espécies de Hevea<br />

ou mesmo adulterações com outras espécies laticíferas do gênero botânico<br />

Brosimum e com o gênero Couma (sorva).<br />

Já a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> procedente de seringais cultivados, apresenta<br />

as características desejáveis para o consumo devido aos cui<strong>da</strong>dos<br />

técnicos mantidos durante todo o processo de produção, pois utiliza<br />

plantas seleciona<strong>da</strong>s (clones), insumos e defensivos modernos,<br />

mobilizando indústrias à montante (fertilizantes, defensivos, equipamentos<br />

e materiais para sangria, etc), visando acima de tudo conferir<br />

bons níveis de produtivi<strong>da</strong>de e alta quali<strong>da</strong>de do produto.<br />

Criados os mecanismos governamentais capazes de corrigir essas<br />

distorções entre a <strong>borracha</strong> oriun<strong>da</strong> dos seringais de cultivo e aquelas<br />

47


procedentes dos seringais nativos, mantendo viva a ativi<strong>da</strong>de extrativista,<br />

não faria mais sentido a manutenção de preço diferenciado no<br />

mercado interno ou mesmo o contingenciamento <strong>da</strong>s importações do<br />

sudeste asiático, pois os desajustes estariam corrigidos automaticamente,<br />

flutuando os preços nacionais em relação aos praticados no<br />

mercado internacional.<br />

A partir <strong>da</strong>í o país poderia atingir o máximo de eficiência, quali<strong>da</strong>de<br />

e equi<strong>da</strong>de, onde os produtores internos não teriam mais um<br />

mercado cativo, adequando-se assim, aos padrões de exigência <strong>da</strong>s<br />

diferentes indústrias consumidoras, gerando benefícios sociais, com<br />

aumento <strong>da</strong> oferta de trabalho praticamente em todos os segmentos <strong>da</strong><br />

<strong>cadeia</strong>, em consequência do aumento <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> e <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de<br />

média dos seringais de cultivo.<br />

O setor de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil necessita, em caráter ur<br />

gentíssimo, passar por uma completa reorganização nortea<strong>da</strong> pelos<br />

princípios básicos de liber<strong>da</strong>de de mercado, estímulo à busca de quali<br />

<strong>da</strong>de total, com competitivi<strong>da</strong>de, equi<strong>da</strong>de e eficiência para atingir o<br />

ótimo social e estabilizante <strong>da</strong> economia do setor gumífero.<br />

Depois que o país perdeu a hegemonia na produção de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> e o Sudeste Asiático passou a despontar como o principal su-<br />

pridor <strong>da</strong> matéria prima, o país tentou algumas alternativas tími<strong>da</strong>s<br />

para a melhoria <strong>da</strong> sua produção extrativista, culminando com o es-<br />

forço de guerra, durante o segundo conflito mundial, visando suprir a<br />

interrupção do fluxo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> pela ocupação japonesa na<br />

Ásia.<br />

Cessado o conflito e fin<strong>da</strong>do o acordo com o governo Americano a<br />

produção nacional entrou em colapso, pela per<strong>da</strong> de garantia de deman<strong>da</strong><br />

do produto, culminando com a reversão <strong>da</strong> condição de exporta<br />

tador, para importador <strong>da</strong> matéria prima a partir de 1951, para aten-<br />

der à crescente industrialização do país.<br />

Em 1952, para tentar acompanhar o significativo crescimento <strong>da</strong><br />

indústria de pneumáticos o governo federal, através Decreto, obrigou<br />

aos fabricantes de artefatos de <strong>borracha</strong> e de pneumáticos a investirem<br />

20% do lucro líquido em plantio de seringais de cultivo.<br />

Posteriormente é cria<strong>da</strong> a Superintendência de Valorização<br />

Econômica <strong>da</strong> Amazônia - SPVEA , o Banco de Crédito <strong>da</strong> Amazônia,<br />

ETA-54 em 1958, a SUDHEVEA em 1967 (Lei, 5227) como órgão<br />

executou <strong>da</strong> política <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> e o Conselho Nacional <strong>da</strong> Borracha,<br />

como órgão normatizador.<br />

48


Em 1968, dá-se a instituição <strong>da</strong> Taxa de Organização e Regulamentação<br />

do Mercado <strong>da</strong> Borracha - TORMB, tendo por meta assegurar<br />

a pari<strong>da</strong>de dos preços entre a <strong>borracha</strong> nacional e a importa<strong>da</strong>,<br />

funcionando como principal mecanismo de contingenciamento de importação<br />

e fonte de receita para o investimento em pesquisa, novos<br />

plantios (Probor I, II e III), recuperação de seringais nativos, instalação<br />

de usinas de beneficiamento e assistência alimentícia e médica a seringueiros<br />

<strong>da</strong> Amazônia.<br />

O fomento ao setor no País, envolvendo o conjunto de ativi<strong>da</strong>des<br />

de operação de crédito, assistência técnica, extensão, formação de<br />

mão-de-obra e fornecimento de material botânico deve seu apogeu durante<br />

a vigência do Programa de Incentivo à Produção de Borracha<br />

Natural - PROBOR, lançado em 1972 em três edições. Este foi o mais<br />

ambicioso programa já implementado no país, voltado precipuamente<br />

para a Amazônia, onde as grandes distâncias dos centros consumidores<br />

<strong>da</strong> matéria prima, a falta de infra-estrutura para implantação de<br />

projetos e escoamento de produção e, principalmente incidência de<br />

pragas e enfermi<strong>da</strong>des criptogâmicas inviabilizaram a maioria dos<br />

projetos implantados. Com o seu fracasso e <strong>da</strong> política de crédito subsidiado,<br />

a SUDHEVEA e o CNB são extintos e absorvidos pelo IBAMA e<br />

pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente em 1988, seguindo-se a retira<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> TORMB, com a sua função de taxa equalizadora, desestruturando<br />

assim uma política governamental volta<strong>da</strong> sobretudo para o setor.<br />

Tendências e Oportuni<strong>da</strong>des Futuras<br />

Para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, projeta-se um futuro bastante promissor,<br />

pois a participação do produto <strong>natural</strong> no mercado global <strong>da</strong>s <strong>borracha</strong>s<br />

tem aumentado coexistindo pacificamente ambos os tipos. As<br />

possibili<strong>da</strong>des de crescimento do consumo surgem com a disseminação<br />

<strong>da</strong>s aplicações já conheci<strong>da</strong>s ou em se criando novas maneiras de<br />

utilização do produto, pois a matéria prima pode se a<strong>da</strong>ptar a novas<br />

exigências através a modificação química ou quando mistura<strong>da</strong> a outro<br />

polímero.<br />

Novas aplicações podem ser identifica<strong>da</strong>s mediante a potencialização<br />

de proprie<strong>da</strong>des especiais que são inerentes à <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>,<br />

ain<strong>da</strong> não iguala<strong>da</strong> por outros demais polímeros de uso comum.<br />

49


5. EXPECTATIVAS DOS COMPONENTES<br />

DA CADEIA PRODUTIVA<br />

Os heveicultores brasileiros acreditam que, reverti<strong>da</strong> a crise financeira<br />

atual, o País poderá conseguir atingir nos próximos anos um<br />

novo ciclo <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>. Em 1996, saíram <strong>da</strong>s usinas brasileiras<br />

cerca de 54 mil tonela<strong>da</strong>s do produto, 100% a mais que em 1991.<br />

Até o ano 2000 a expectativa será a produção chegar próximo a 100<br />

mil tonela<strong>da</strong>s o que fará do país um potencial fornecedor futuro de<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, pois estaríamos produzindo quase 70% do nosso<br />

atual consumo.<br />

Hoje o setor ocupa estimativamente cerca de 181 mil hectares,<br />

emprega diretamente 70 mil pessoas e tem condições de dobrar de tamanho<br />

em uma déca<strong>da</strong>, pois além <strong>da</strong> Lei que estabelece o subsídio de<br />

oito anos aos produtores nacionais para equalizar os seus preços com<br />

os internacionais, os plantios feitos ao longo dos últimos 20 anos tem<br />

por base clones mais produtivos e, mormente nas áreas considera<strong>da</strong>s<br />

de escape à principal enfermi<strong>da</strong>de, Microcyclus ulei P. Henn.<br />

Desse modo, é possível incorporar novos clones com potenciais<br />

de produção em torno de 2 tonela<strong>da</strong>s por hectare o que poderá garantir<br />

alta competitivi<strong>da</strong>de com o produto importado, pois sob tais condir<br />

ções, teremos níveis de produtivi<strong>da</strong>de superiores aos obtidos atualmente<br />

Sudeste Asiático.<br />

O consumo atual per capita de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil é de<br />

0,93 quilo por habitante, enquanto a média mundial é de 1,53 quilos.<br />

As indústrias automobilísticas brasileiras anunciam investimentos de<br />

17 bilhões nas suas diversas linhas de atuação e só esse segmento<br />

responde por quase 90% do consumo de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />

Nos próximos anos, mesmo com o limite de expansão econômica<br />

dos Estados Unidos <strong>da</strong> América e <strong>da</strong> Europa, é previsto que os chamados<br />

mercados emergentes como a China, Índia e América Latina,<br />

impulsionem a indústria mundial e o consumo para patamares acima<br />

de 6,5 milhões de tonela<strong>da</strong>s por ano. Se a deman<strong>da</strong> continuar crescendo<br />

a taxas de 4% ao ano, acreditam os analistas internacionais que o<br />

consumo mundial terá um aumento de 1,8 milhão de tonela<strong>da</strong>s até o<br />

ano 2005, devendo nessa oportuni<strong>da</strong>de o consumo atingir cerca de 9<br />

milhões de tonela<strong>da</strong>s e a produção mais otimista crescerá até 8 mi-<br />

lhões. Sob tais circunstâncias haverá falta de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no<br />

mundo, que poderá por cerca de dois anos ser regula<strong>da</strong> pelos estoques<br />

estimados em 1 a 2 milhões de tonela<strong>da</strong>s.<br />

50


Para superar essa crise haveria necessi<strong>da</strong>de de ser planta<strong>da</strong><br />

imediatamente 1.250.000 hectares de 1999 a 2002 para serem acrescidos<br />

aos 9.743.200 ha existentes (IRSG -1997). Mesmo que se plante<br />

hoje, vai haver falta de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> nos próximos 10 a 15 anos,<br />

que dependerá de preços do petróleo, oferta de matéria prima e de<br />

outros fatores, pois desde 1994, tem havido uma grande procura pela<br />

madeira <strong>da</strong> seringueira o que tem provocado uma forte per<strong>da</strong> na área<br />

planta<strong>da</strong> de 3 a 5% <strong>da</strong> superfície (200.000 a 300.000 ha/ano).<br />

A despeito de os preços atuais <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> serem desencorajadores,<br />

o suprimento dessa crescente deman<strong>da</strong> projeta um cenário<br />

bastante promissor para o Brasil, como sendo um dos únicos países<br />

dispondo de áreas ecologicamente favoráveis à expansão do<br />

cultivo, sem riscos de enfermi<strong>da</strong>des para a cultura e sem problemas<br />

políticos sérios como os que ocorrem nos países africanos e asiáticos.<br />

Ao analisar mais acura<strong>da</strong>mente o contexto histórico do setor,<br />

identificam-se alguns esforços tímidos ao longo de todos esses anos,<br />

visando <strong>da</strong>r suporte à <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, em respostas a<br />

conjunturas específicas e passageiras associa<strong>da</strong>s a pressões de deman<strong>da</strong>s<br />

refletindo interesses politico-econômicos regionais momentâneos<br />

ou de parte de segmentos setorizados.<br />

Esforços através de preços diferenciados que atingiram até mais<br />

de três vezes os preços internacionais e de elevados subsídios para implantar<br />

uma área superior a 200 mil hectares na região norte do país<br />

(PROBOR I, II e III) que, segundo a SUDHEVEA, já extinta, garantiria a<br />

auto-suficiência do país a partir dos anos 80, não se concretizaram<br />

devido a inúmeros problemas conjunturais, embora tenham sido investidos<br />

cerca de U$l,00 bilhão no período de 1972 a 1989, que somados<br />

aos investimentos privados, supera os R$ 2 bilhões.<br />

A participação <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil em<br />

relação ao consumo tem mostrado ao longo dos anos uma tendência<br />

niti<strong>da</strong>mente decrescente. De uma participação de 67,98% em 1970 decresceu<br />

para 35,10% em 1996, mesmo a despeito de um crescimento<br />

de produção de 24,9 mil tonela<strong>da</strong>s para 52,892 (50% <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong>),<br />

que não foi capaz de acompanhar o aumento do consumo de<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 140 mil tonela<strong>da</strong>s (Tabela 9). .<br />

O incremento de 22% em 1997, sobre o volume <strong>da</strong> produção de<br />

1996, cerca de 64.500 tonela<strong>da</strong>s conduz a uma taxa média de crescimento<br />

anual de 15% nos últimos três anos, esperando-se a duplicação<br />

<strong>da</strong> oferta em cinco anos, que é ain<strong>da</strong> insuficiente para atender à deman<strong>da</strong>.<br />

51


A produção nacional está concentra<strong>da</strong> nos Estados de São Paula<br />

(50%), Mato Grosso (29%) e Bahia (15%), podendo-se dizer que mais de<br />

80% <strong>da</strong> produção brasileira de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> ocorre nas Regiões<br />

Sudeste, Centro Oeste e no Estado <strong>da</strong> Bahia.<br />

Com a recente aprovação <strong>da</strong> Lei n° 9.479 estabelecendo a concessão<br />

subsídios econômicos ao produtor nacional por oito anos<br />

caso esta se concretize plenamente, vislumbra-se uma tendência para<br />

retoma<strong>da</strong> de novos plantios no país visando aumento de oferta de matéria<br />

prima.<br />

Considerando o crescimento <strong>da</strong> produção de 196% e aumento do<br />

consumo de 123%, observados nos últimos 10 anos, projeta-se que<br />

para o ano de 2006, a produção brasileira de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deverá<br />

atingir cerca de 130 mil tonela<strong>da</strong>s para um consumo estimado de 190<br />

mil tonela<strong>da</strong>s, o que levaria o país a um esforço de fomentar o plantio<br />

de cerca de 60 mil hectares visando atingir a auto-suficiência no aten<br />

dimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des de consumo. Nesse contexto, o Paraná po<br />

derá vir a suprir parte desses plantios, considerando as condições<br />

e<strong>da</strong>foclimáticas favoráveis e a sua posição estratégica como supridor<br />

de matéria prima.<br />

6. AGRONEGÓCIO PARANAENSE<br />

BORRACHA NATURAL<br />

Antes de situarmos o agronegócio <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Paraná, devemos<br />

considerar que, a conjuntura atual de preços baixos funciona<br />

como um fator desestimulante para que se pense era plantar seringueira.<br />

Deve-se observar que o preço <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, tal como o de<br />

outras matérias primas sempre foi motivo de queixas por parte de produtores<br />

e consumidores. Este costuma exibir picos de alta e que<strong>da</strong>, em<br />

resposta a situações conjunturais de curto prazo no mercado, retornando<br />

a patamares médios a longo prazo, mantendo-se às vezes por<br />

várias déca<strong>da</strong>s.<br />

O próprio Ministro <strong>da</strong>s Indústrias Básicas <strong>da</strong> Malásia, Lim Keng<br />

Yalk, (03/97), ressaltou a discrepância no preço <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

que vem caindo regularmente nos últimos 50 anos enquanto que os<br />

níveis de preços dos produtos oriundos <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> têm sido<br />

mantidos e exortou a Organização Internacional <strong>da</strong> Borracha Natural -<br />

INRO a procurar uma solução justa e eqüitativa, pois o preço atual do<br />

52


quilo do produto <strong>natural</strong> é de RR$ 304 sent, enquanto que a 50 anos<br />

atrás era de RS$ 500 sent (Uni<strong>da</strong>de malaia). O atual clima e condições<br />

geográficas dos três principais produtores - Tailândia, Indonésia e<br />

Malásia - são favoráveis à plantação de palmeiras de dendê que é mais<br />

lucrativo, uma vez que o preço justo atual para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deveria<br />

ser de RM 6 por quilo (equivalente a R$ 2,58). Isso, abre perspectivas<br />

para que se possa reativar a heveicultura no Brasil e, mormente<br />

em regiões favoráveis como o Paraná.<br />

A <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Paraná está constituí<strong>da</strong><br />

atualmente de apenas dois segmentos básicos: o sistema produtivo<br />

em fase inicial de implementação e o sistema beneficiador representado<br />

somente pelas indústrias de artefatos leves, tendo suas<br />

ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s ao setor na esfera estadual e tendo também por limite<br />

a região Sul e Centro Sul onde se concentra 93% <strong>da</strong> indústria de<br />

artefatos consumidores de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> envolvendo os estados de<br />

São Paulo, principal parque produtor e consumidor com 81% e Rio<br />

Grande do Sul com 12%.<br />

Objetivos e limites <strong>da</strong> Cadeia Produtiva<br />

Pode-se alinhar os seguintes objetivos para o desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />

<strong>produtiva</strong> no Estado:<br />

• Aumento <strong>da</strong> oferta de matéria prima de forma competitiva visando<br />

enfrentar a concorrência de outros países (Sudeste Asiático);<br />

• Redução <strong>da</strong> importação (64 %) e busca <strong>da</strong> auto-suficiente em maté<br />

ria prima com competitivi<strong>da</strong>de;<br />

• Ampliação de alternativas para atrair, usinas de beneficiamento,<br />

novas indústrias de artefatos leves e de pneumáticos inexistentes<br />

no Estado.<br />

• Promover o desenvolvimento de pequenos e médios produtores de<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, com a implantação <strong>da</strong> agroindústria heveícola e<br />

com melhoria <strong>da</strong> distribuição de ren<strong>da</strong> gera<strong>da</strong> pelo setor junto aos<br />

diversos segmentos (equi<strong>da</strong>de).<br />

Em relação aos limites <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>, o estudo foi principalmente<br />

circunscrito ao Estado do Paraná, tendo como contexto o mercado nacional<br />

A despeito de somente agora estar iniciando a produção de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong>, o potencial agro-industrial do Paraná é ain<strong>da</strong> pouco explorado.<br />

O mercado industrial consumidor carente, principalmente do<br />

Rio Grande do Sul e São Paulo, desponta como oportuni<strong>da</strong>de para o<br />

53


segmento produtivo emergente, e o exame <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no<br />

Paraná sugere esforços concentrados para aumentar a produção de<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>, tanto para consumo no mercado nacional como no<br />

mercado externo (Mercosul).<br />

Neste contexto, o potencial agro-industrial do Estado é ain<strong>da</strong><br />

pouco explorado, representando uma oportuni<strong>da</strong>de de ampliação <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong>.<br />

O exame <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Paraná, sugere esforços concentrados<br />

para aumento de produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> tanto para<br />

consumo no mercado local como no mercado externo (São Paulo, Rio<br />

Grande do Sul e países do Mercosul).<br />

Os objetivos e limites propostos aqui, visam estimular a implantação<br />

de todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no estado (mini<br />

usinas, usinas e indústrias de artefatos e de pneumáticos), tendo por<br />

base o levantamento de informações preliminares junto a produtores,<br />

usineiros, algumas indústrias de artefatos leves com avaliação dos fatores<br />

restritivos e impulsionadores visando fornecer subsídios aos<br />

distintos segmentos do setor inclusive o governamental, para promover<br />

a estabili<strong>da</strong>de econômica do segmento primário <strong>da</strong> produção, envolvendo<br />

pequenos e médios produtores agrícolas.<br />

Só para termos uma ideia, a indústria nacional de pneumáticos<br />

consumiu em 1993 cerca de 107.769 tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

para um consumo de 23.948 tonela<strong>da</strong>s pela indústria de artefatos leves<br />

assim distribuídos:<br />

23.948 3.018 144 19.398 1.532<br />

Uni<strong>da</strong>de: t (peso)<br />

No Paraná, os últimos <strong>da</strong>dos de 1989 (na falta de <strong>da</strong>dos mais<br />

atualizados), apontam a existência de 90 pequenas indústrias de artefatos<br />

de <strong>borracha</strong>, localiza<strong>da</strong>s nos diversos municípios e na capital<br />

consumindo látex centrifugado para a fabricação de bolas, chupetas<br />

etc. e <strong>borracha</strong> sóli<strong>da</strong>, cujos depoimentos, em contatos mantidos com<br />

algumas destas, apontam uma estimativa de consumo de 10 a 12 tonela<strong>da</strong>s/mês<br />

para a produção de uma grande quanti<strong>da</strong>de de bens manufaturados<br />

como sacos de ar, protetores, ban<strong>da</strong>s de ro<strong>da</strong>gem premol-<br />

54


<strong>da</strong><strong>da</strong>s, camel back etc. Parte dessa produção é consumi<strong>da</strong> no mercado<br />

local e o excedente exportado para os estados vizinhos e mais recentemente<br />

vem sendo colocado no Mercosul constituindo fonte de divisas<br />

para o Estado, conforme a Tabela 17.<br />

Observa-se pela figura 3, que ha mais de duas déca<strong>da</strong>s a indústria<br />

de transformação de <strong>borracha</strong> está presente na economia paranaense.<br />

O máximo de estabelecimentos industriais foi atingido em 1975<br />

(141), sofrendo grande redução em 1984 tendo uma lenta recuperação<br />

a partir <strong>da</strong>í.<br />

55


Por ain<strong>da</strong> não possuir uma produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> que<br />

suporte a instalação de usinas de processamento primário de <strong>borracha</strong>,<br />

a pouca quanti<strong>da</strong>de inicialmente produzi<strong>da</strong> está sendo diretamente<br />

exporta<strong>da</strong> para as usinas de São Paulo, e Michelin (MS), cabendo<br />

às indústrias de artefato locais a "re-importação" <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

matéria prima consumi<strong>da</strong> (Figura 4).<br />

Como se<br />

pode observar, a<br />

Região Sul a despeito<br />

de somente agora<br />

estar iniciando a<br />

produção de<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

representa<strong>da</strong> pelos<br />

primeiros plantios<br />

feitos no Paraná<br />

apresenta um<br />

mercado industrial<br />

consumidor<br />

carente, no qual só<br />

o Rio Grande do<br />

Sul dispõe de 38 indústrias<br />

de artefatos<br />

leves e 4 de artefatos<br />

pesados, ao lado do<br />

maior parque<br />

consumidor que é<br />

São Paulo e o<br />

mercado emergente e<br />

totalmente aberto ao<br />

consumo de variados artefatos de <strong>borracha</strong> representado pelo<br />

Mercosul, onde o Paraná já está se inserindo conforme demonstrado na<br />

Tabela 18.<br />

Neste contexto, a instalação de indústrias processadoras de <strong>borracha</strong><br />

<strong>natural</strong> no Estado do Paraná, desencadearia o processo de alavancagem<br />

de todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>, através a agregação de<br />

valor e, principalmente diminuiria o fluxo / circulação de produtos e<br />

secviços <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> entre estados produtores e o Estado de São<br />

Paulo como potencial processador, através <strong>da</strong>s usinas de beneficiamento.<br />

56


Neste contexto, o potencial agro-industrial do Estado é ain<strong>da</strong><br />

pouco explorado, tanto nos novos segmentos que poderiam ser criados<br />

como é o exemplo de mini-usinas de processamento primário, que fatalmente<br />

terão de ser implementa<strong>da</strong>s à medi<strong>da</strong> que os plantios existentes<br />

e os novos que se fizerem, forem entrando em produção, quanto<br />

naqueles que necessitam de ampliação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong>, gerando<br />

assim, novos empregos diretos e indiretos em benefício do Estado<br />

e de sua população menos favoreci<strong>da</strong>.<br />

Contatos recentes mantidos com representante de indústria de<br />

artefatos leves do Rio Grande do Sul, ficou patente o interesse na<br />

aquisição de to<strong>da</strong> a matéria prima produzi<strong>da</strong> no Paraná já de forma<br />

verticaliza<strong>da</strong> (folha fuma<strong>da</strong>), com valor agregado ao produtor primário,<br />

devido à sua maior proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele mercado estritamente consumidor,<br />

saindo diretamente <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong> ( seringal) para a<br />

transformação direta pela indústria, sem a participação de quaisquer<br />

segmentos intermediários, representando assim, benefícios mútuos no<br />

processo.<br />

A par de tal situação, o objetivo deste estudo foi fornecer subsídios<br />

para que o estado do Paraná participe desse esforço, implementando<br />

a <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> em todos os seus elos, e assim,<br />

com competitivi<strong>da</strong>de, poder contribuir para a auto-suficiência na produção<br />

de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>.<br />

O estudo <strong>da</strong> Cadeia Produtiva <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Paraná<br />

está diretamente relaciona<strong>da</strong> à questão <strong>da</strong> viabili<strong>da</strong>de de investimento<br />

na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil. Com o processo de globalização<br />

, na busca de auto-suficiência na produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong><br />

deve-se ponderar a importância estratégica vis-a-vis aos custos sociais<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de gumífera.<br />

Vem sendo discuti<strong>da</strong> a viabili<strong>da</strong>de e oportuni<strong>da</strong>de em estimular<br />

a implantação de todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Estado<br />

do Paraná (mini usinas, usinas e indústrias de artefatos e de<br />

pneumáticos). Para avaliar este empreendimento, procedeu-se ao levantamento<br />

e análise de informações junto a produtores, usineiros, algumas<br />

indústrias de artefatos, seguido de avaliação dos fatores críticos,<br />

restritivos e impulsores ao desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>.<br />

Busca-se ain<strong>da</strong> subsidiar o setor governamental, para promover<br />

o desenvolvimento do segmento primário <strong>da</strong> produção, envolvendo pequenos<br />

e médios produtores agrícolas através a implantação <strong>da</strong><br />

agroindústria heveícola no Estado em bases competitivas, como forma<br />

58


de aumentar a oferta de matéria prima nacional aos consumidores<br />

desta <strong>cadeia</strong>.<br />

7. ANALISE DAS MATRIZES DA CADEIA<br />

PRODUTIVA DA BORRACHA NATURAL NO<br />

ESTADO DO PARANÁ<br />

A análise <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> projeta para o<br />

Estado do Paraná, um segmento produtivo em fase inicial de implantação<br />

e um industrial também ain<strong>da</strong> pouco estruturado para enfrentar<br />

um mercado consumidor interno e externo de matéria prima transforma<strong>da</strong>,<br />

crescente e diversificado, onde o Mercosul aparece como alavanca<br />

propulsora de sua evolução. A inserção <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> fio<br />

Paraná tem a configuração a seguir:<br />

Regiões Produtoras<br />

Com relação ao segmento produtivo <strong>da</strong> matéria prima, a área<br />

atualmente planta<strong>da</strong> com seringueiras no Paraná é de um pouco mais<br />

de 1.000 hectares, estabelecidos em pequenas, médias e uma grande<br />

proprie<strong>da</strong>de (400 ha.), dos quais, menos de 200 ha estão em início de<br />

produção.<br />

Do ponto de vista agroclimático, a região do Arenito Caiuá, com<br />

extensão em torno de 34.990 km 2 , limita<strong>da</strong> ao Sul pelo paralelo 24°,<br />

com relevo suave, altitude média de 600 metros, precipitação anual de<br />

1.500 mm e temperatura média de 22°C, classifica-se como preferencial<br />

para a implantação <strong>da</strong> seringueira como cultura de reflorestamento,<br />

ocupando espaços vazios deixados por cafezais, pastos decadentes<br />

e assim, melhorar as proprie<strong>da</strong>des físicas, protegendo o solo,<br />

flora e fauna, reciclando nutrientes através a reposição anual de folhagem,<br />

além <strong>da</strong> produção econômica de <strong>borracha</strong> (produto não perecível),<br />

em sistemas agrossilviculturais compatíveis, com ingresso de ren<strong>da</strong><br />

contínua durante 10 meses/ano, por 25 a 30 anos de vi<strong>da</strong> útil do seringal,<br />

ocasião em que ao ser renovado, produzirá ain<strong>da</strong> madeira de<br />

quali<strong>da</strong>de para a fabricação de móveis.<br />

Na Tabela 19 estão listados alguns municípios do Noroeste-Pr.,<br />

com suas respectivas coordena<strong>da</strong>s e relevo compatíveis com a implantação<br />

<strong>da</strong> cultura.<br />

59


Na figura 5 vislumbra-se os municípios com seringueira planta<strong>da</strong><br />

e aqueles com potencial para o plantio.<br />

Com relação ao uso de insumos agrícolas a cultura é pouco exigente<br />

em defensivos, a exceção de fertilizantes que, quando corretamente<br />

aplicados, reduzem o período de imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cultura.<br />

61


Tamanho <strong>da</strong>s Proprie<strong>da</strong>des Rurais<br />

Tomando por base o Norte Novíssimo de Paranavaí, a estrutura<br />

fundiária calca<strong>da</strong> em pequenas proprie<strong>da</strong>des com área menor que 10<br />

ha (46,08%), ocupando mão-de-obra do tipo familiar em torno de<br />

59,41%, o que permite a implementação de sistemas produtivos semelhantes<br />

aos praticados no sudeste asiático, onde 80% <strong>da</strong> produção<br />

está nas mãos dos chamados pequenos produtores com área planta<strong>da</strong><br />

com seringueira varia de 0,5 a 5,0 ha(Tabela 20).<br />

A área ocupa<strong>da</strong> por pequenos e médios produtores, conforme o<br />

Censo Agropecuário do Paraná (1985), representa<strong>da</strong> por 13.579 estabelecimentos<br />

rurais, corresponde a 171.349 ha ou 17,29% <strong>da</strong> área total.<br />

Tais características permitem a implantação <strong>da</strong> heveicultura diversifica<strong>da</strong>,<br />

dentro do programa de viabilização <strong>da</strong> pequena proprie<strong>da</strong>de<br />

estabelecido pelo governo estadual.<br />

62


Sistemas de Condução e Exploração<br />

Sob o ponto de vista técnico-econômico, o uso de sistemas de<br />

produção integrados envolvendo combinações de diferentes espécies<br />

vegetais considerando a diversi<strong>da</strong>de regional, tamanho <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des<br />

e o nível de tecnologia do produtor rural poderá ser praticado. Em<br />

proprie<strong>da</strong>des com cafezais envelhecidos em vias de substituição, poderá<br />

ocorrer com interplantio <strong>da</strong> seringueira usufruindo de benefícios<br />

proporcionados pelo café através microclima criado por este, favorável<br />

ao crescimento inicial <strong>da</strong> seringueira, reduzindo inclusive o tempo necessário<br />

para início <strong>da</strong> produção.<br />

Em áreas com condições e<strong>da</strong>foclimáticas mais favoráveis ao café<br />

e com cafeeiros economicamente produtivos ou potencialmente recuperáveis,<br />

a seringueira poderá entrar como cultura de exploração complementar,<br />

onde beneficiará o café através o sombreamento, alem de<br />

oferecer opção de ren<strong>da</strong> mensal ao agricultor.<br />

Em áreas explora<strong>da</strong>s com cultivos anuais, a seringueira poderá<br />

ser implanta<strong>da</strong> em arranjos que possibilitem a exploração <strong>da</strong>s culturas<br />

intercalares por período mínimo de quatro anos, viabilizando assim,<br />

sistemas produtivos que permitam obter ren<strong>da</strong> bienal (café), anual<br />

(lavouras anuais) e mensal (seringueira e outros), garantindo a<br />

estabili<strong>da</strong>de sócio-econômica <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de rural.<br />

Para que a <strong>cadeia</strong> se torne competitiva a médio/ longo prazo, devem<br />

ser cria<strong>da</strong>s condições para a ampliação de plantios comerciais em<br />

pequenas, médias e grandes proprie<strong>da</strong>des através a diversificação<br />

agrícola, criando mecanismos para a agregação de valores à produção<br />

na proprie<strong>da</strong>de com instalação de mini-usinas de processamento primário<br />

e assim atrair a implantação de industrias de pneumáticos não<br />

existentes no estado e indústrias de artefatos leves, produtos cirúrgicos<br />

além <strong>da</strong>s já existentes cujo consumo anual é superior a 144 tonela<strong>da</strong>s<br />

possibilitando o aumento de oferta de matéria prima, gerando<br />

quanti<strong>da</strong>de significativa de novos empregos diretos e indiretos em todos<br />

os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />

63


No caso de seringais implantados em pequenas proprie<strong>da</strong>des,<br />

explorados com mão-de-obra familiar estimam-se as Despesas Operacionais<br />

(DOs) sem incluir os custos de mão-de-obra e encargos para<br />

avaliar a margem bruta <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de visando remunerar os demais fatores<br />

de produção. Neste caso os Custos de Produção do Seringal<br />

Adulto estarão incorporados nos programas de diversificação agrícola<br />

<strong>da</strong> pequena proprie<strong>da</strong>de, especialmente aquela explora<strong>da</strong> exclusivamente<br />

por mão-de-obra familiar, sendo que um trabalhador treinado<br />

na operação de sangria pode conduzir de 3 ha (sistema D/2) a 8 hectares<br />

( no sistema D/4), sendo esta a situação que deverá predominar<br />

para o Noroeste do Estado do Paraná.<br />

Clones<br />

A grande maioria dos plantios iniciais feitos no Paraná foram<br />

constituídos dos chamados "cavalinhos no campo" visando a receber<br />

enxertia no local definitivo, fato desconhecido de muitos produtores,<br />

por não terem tradição com a cultura, culminando com o abandono de<br />

muitas áreas.<br />

Os plantios mais recentes são constituídos de clones selecionados<br />

para produção como RRIM 600, Gt 1, PB 235, IAN 873, PR 255,<br />

PR 261, considerando o bom comportamento que estes vêm apresentando<br />

no estado de São Paulo. Já existem jardins clonais em Alto Paraná<br />

e Paranapoema com os citados clones, os quais estão aptos a<br />

atender à produção de mu<strong>da</strong>s seleciona<strong>da</strong>s em futuros programas de<br />

plantio no estado cujas produções médias ao longo de 15 anos de sangria<br />

estão conti<strong>da</strong>s na Tabela 21.<br />

64


8. INDICADORES TÉCNICOS E SÓCIO-<br />

ECONÔMICOS NO CONTEXTO INSTITUCIONAL<br />

E ORGANIZACIONAL DA PESQUISA HEVEÍCO-<br />

LA NO PARANÁ<br />

Em São Paulo até 23°.S (Planalto) e 25°.S (Litoral), em condições<br />

quase subtropicais a seringueira vem despontando como uma <strong>da</strong>s<br />

culturas mais rentáveis. Em regiões com temperatura média do mês<br />

mais frio entre 16°C e 20°C e deficiência hídrica inferior a 200mm, a<br />

heveicultura poderá ser implanta<strong>da</strong>. Neste particular o Norte e Noroeste<br />

do Paraná podem ser considerados como regiões aptas para a<br />

cultura.<br />

Com relação ao solo, a seringueira vem sendo cultiva<strong>da</strong> no Brasil<br />

em diferentes tipos de solo, tais como, Laterita hidromórfica, Latossolo<br />

Amarelo textura média, argilosa e muito argilosa, concrescionário Laterítico,<br />

Latossolo Amarelo Húmico Antropogênico, Latossolo Vermelho<br />

Amarelo fase terraço, Vermelho Amarelo-horto, Vermelho escuro fase<br />

arenosa, Podzólicos, Terra Roxa estrutura<strong>da</strong> eutrófica e Areias Quartzozas<br />

(Brasil, 1970).<br />

No Noroeste do Paraná, a cultura começa a despontar ocupando<br />

principalmente a região do Arenito Caiuá, margeando a fronteira com o<br />

Estado de São Paulo, em áreas de Latossolo Vermelho escuro e em Podzólico<br />

Vermelho Amarelo textura média geralmente distróficos (solos<br />

de baixa fertili<strong>da</strong>de <strong>natural</strong>), com altitudes variando entre 300 e<br />

500metros a.n.m o que reduz a incidência de gea<strong>da</strong>s. Ain<strong>da</strong> no terceiro<br />

planalto ocorrem solos de maior fertili<strong>da</strong>de <strong>natural</strong> (região do basalto)<br />

que se estende do Norte ao Oeste Sudoeste do Estado.<br />

As características de clima e solo do Norte e Noroeste do Paraná<br />

viabilizam a implantação <strong>da</strong> cultura e o desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des<br />

de pesquisa, mormente no que se refere a competição de novos clones<br />

de comprova<strong>da</strong> produção comercial nas mais varia<strong>da</strong>s áreas ecológicas<br />

e similares, bem como a introdução e avaliação de novos germoplasmas<br />

ain<strong>da</strong> em fase de pesquisa visando a sua a<strong>da</strong>ptação à região e<br />

futura recomen<strong>da</strong>ção para plantio.<br />

O interesse do Instituto Agronómico do Paraná - IAPAR, em iniciar<br />

pesquisas com a cultura <strong>da</strong> seringueira a partir de 1990, decorreu<br />

em razão dos fatores acima citados e do interesse despertado pelos<br />

produtores rurais em disporem de novas alternativas sócioeconômicas<br />

de ocupação <strong>produtiva</strong> de extensas áreas com problemas<br />

65


culturais, pastagens decadentes e solos em processo acelerado de erosão.<br />

Com o início <strong>da</strong> pesquisa ficou patentea<strong>da</strong> a importância de ser<br />

avalia<strong>da</strong> a introdução e avaliação de novos germoplasmas, avaliar a<br />

influência exerci<strong>da</strong> pelo clima na escolha <strong>da</strong> melhor técnica, e no tempo<br />

necessário para a propagação, uma vez que baixas temperaturas e<br />

ausência de chuvas no período de inverno condicionam um período de<br />

18 a 24 meses para a realização <strong>da</strong> enxertia madura.<br />

O plantio de porta-enxertos em sacos de plástico adotado por alguns<br />

produtores paulistas, constituindo o chamado "cavalinho no<br />

campo", para receber enxertia no local definitivo foi o principal tipo de<br />

mu<strong>da</strong> adota<strong>da</strong> nos primeiros plantios no Paraná, sendo normalmente<br />

enxertado depois de 18 meses de plantado no local definitivo, aumenta<br />

os custos de produção e o tempo necessário para a entra<strong>da</strong> em produção,<br />

requerendo portanto, ações que visem antecipar a realização <strong>da</strong><br />

enxertia, levando em conta os períodos de inverno e verão ocorrentes<br />

na região.<br />

A enxertia <strong>da</strong> seringueira de um modo geral, consiste na substituição<br />

<strong>da</strong> parte aérea de uma planta pela de um outro indivíduo, portador<br />

de características desejáveis. Por esse processo é possível propagar<br />

materiais selecionados para resistência a pragas e doenças e boa<br />

produção. To<strong>da</strong>via, são amplamente conhecidos os efeitos exercidos<br />

por porta-enxertos sobre a parte aérea enxerta<strong>da</strong>, envolvendo efeitos<br />

aditivos ligados ao porta-enxerto, aos enxertos, e não aditivos ligados a<br />

ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s combinações <strong>da</strong><strong>da</strong>s, gerando fatores de incompatibili<strong>da</strong>de<br />

que poderão ser contornados pelo processo de enraizamento de<br />

estacas clonais, abrindo perspectivas para desenvolver clones crescendo<br />

às expensas de suas próprias raízes.<br />

Antigos cafezais hoje transformados em pastos, enfrentam um<br />

outro problema bem sério que é a erosão, característica marcante dos<br />

solos arenosos oriundos do Arenito Caiuá. Outras alternativas de exploração<br />

econômica como citricultura, cericicultura e mais recentemente<br />

a heveicultura, vem sendo tenta<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> sem respaldo técnico<br />

adequado. Grande parte dos seringais foram plantados em consórcio<br />

nas entrelinhas e nas próprias linhas de cafezais decadentes, requerendo<br />

a realização de estudos para analisar os distintos arranjos silviculturais<br />

compatíveis e economicamente rentáveis, como a convivência<br />

permanente do café adensado interplantado com a seringueira em filas<br />

duplas promovendo o aproveitamento racional <strong>da</strong> área com benefícios<br />

mútuos para as duas culturas.<br />

66


Sendo a seringueira originária de uma região com predominância<br />

de solos quimicamente pobres (distróficos), e muito ácidos, abrangendo<br />

faixas de pH de 3,5 a 5,0, o uso de calagem tem se restringido apenas<br />

a <strong>da</strong>r um suprimento de cálcio e magnésio, tendo por base a elevação<br />

<strong>da</strong> saturação de bases (V%) para, em torno de 50%. Dentre os<br />

elementos minerais (macro e micro-elementos), os mais importantes<br />

para o desenvolvimento <strong>da</strong> cultura são N, P e K.<br />

A despeito do efeito benéfico <strong>da</strong> adubação adequa<strong>da</strong> sobre o<br />

crescimento vegetativo, produção e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>borracha</strong>, há uma escassez<br />

muito grande sobre a adubação e nutrição <strong>da</strong> seringueira no<br />

Brasil. Desse modo, há que se desenvolver um amplo programa de<br />

pesquisa em solo, adubação e nutrição <strong>da</strong> cultura, no sentido de tornarem<br />

mínimos e/ou anular os efeitos negativos dos fatores térmico e<br />

hídrico que, numa condição de periodici<strong>da</strong>de estacionai, possam limitar<br />

o desenvolvimento vegetativo <strong>da</strong> seringueira, não pesquisados em<br />

outras áreas de cultivo <strong>da</strong> Hevea, devido às condições climáticas completamente<br />

diferentes.<br />

No Norte e Noroeste do Paraná, em algumas situações a seringueira<br />

irá ocupar espaços deixados por antigos cafezais, bem como,<br />

pastagens decadentes, o que, certamente, merecerá atenção no sentido<br />

de ser feito o acompanhamento do estado nutricional dos seringais e<br />

clones com i<strong>da</strong>des diferentes, seguidos de estudos de adubação mineral<br />

associa<strong>da</strong> ou não à, orgânica a fim de propiciar não só a melhoria<br />

química dos solos más também reduzir o período de imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

cultura com reflexos na produção laticífera.<br />

Na fase de explotação de <strong>borracha</strong>- <strong>natural</strong> (seringais adultos) é<br />

comum o uso de agentes estimulantes, visando não só aumentos de<br />

produção, como também a economia de mão-de-obra na sangria. O<br />

uso de Ethrel (2-cloro-etil fosfônico), aumenta a produção de látex e a<br />

drenagem de nutrientes. Essa prática além de inibir a proliferação de<br />

raízes laterais alimentícias, retar<strong>da</strong> a regeneração e renovação de casca<br />

do painel e afeta negativamente a área foliar total.<br />

No Paraná os primeiros seringais em fase de produção, vem sendo<br />

submetidos à estimulação, a despeito de, em alguns casos, terem se<br />

beneficiado somente do efeito residual <strong>da</strong>s adubações <strong>da</strong><strong>da</strong>s aos cafeeiros<br />

com os quais, se encontravam consorciados, podendo neste caso,<br />

haver uma redução no período de vi<strong>da</strong> útil <strong>da</strong>s árvores, por esgotamento,<br />

com ocorrência provável de seca fisiológica do painel "brownbast",<br />

o que é corrigido com a adubação adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s plantas estimula<strong>da</strong>s.<br />

67


Além do aspecto térmico, o Paraná exibe regimens hídrico (umi<strong>da</strong>de<br />

do ar) e eólico (intensi<strong>da</strong>de do vento) diferentes <strong>da</strong>queles ocorrentes<br />

na região tradicional (Amazônia), o que ressalta a necessi<strong>da</strong>de<br />

de estudos interdisciplinares voltados para caracterizar respostas fisiológicas<br />

<strong>da</strong> seringueira frente às variações espaciais e sazonais do ambiente,<br />

associando-as aos componentes de produção.<br />

8.1. Benefícios sócio-econômicos previstos<br />

Para que qualquer projeto possa atingir amplo beneficio social,<br />

ele deve estar voltado para atender às necessi<strong>da</strong>des básicas <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de,<br />

sendo ecologicamente equilibrado (preservando os recursos<br />

naturais), economicamente rentável e socialmente justo (equi<strong>da</strong>de em<br />

todos os elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> a que esteja ligado), contribuindo,<br />

desse modo para a sustentabili<strong>da</strong>de.<br />

A produção de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> cumpre uma função altamente<br />

socializante pela fixação do homem à terra, especializando mão-deobra<br />

no seu manejo, possibilitando a diversificação de uso <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de<br />

rural através o uso de sistemas integrados de produção com<br />

combinação de diferentes espécies vegetais considerando a diversi<strong>da</strong>de<br />

regional. Por sua vez, a matéria prima produzi<strong>da</strong>, possibilita a criação<br />

de uma estrutura industrial em torno <strong>da</strong> mesma gerando empregos diretos<br />

e indiretos fomentando o progresso social como um todo.<br />

8.2. Metas<br />

Como metas previstas pela pesquisa desenvolvi<strong>da</strong> pelo IAPAR,<br />

com base em experimentos de campo já implantados e a implantar,<br />

contando com a participação <strong>da</strong> EMBRAPA, IAC, ESALQ-USP, SEAB,<br />

EMATER, CIA. MELHORAMENTOS NORTE DO PARANÁ, COOPERATI-<br />

VAS, PREFEITURAS MUNICIPAIS, produtores rurais e captação de recursos<br />

externos, espera-se:<br />

Com cerca de 100 novos clones procedentes do IAC e ESALQ-<br />

USP, CPAC/EMBRAPA, a serem testados em experimentos de pequena<br />

e grande escala, num horizonte de 10 anos contados a partir de 1999,<br />

sejam selecionados 10 novos clones (10%) visando a sua recomen<strong>da</strong>ção<br />

para plantio , principalmente em áreas de pequenos e médios produtores,<br />

cumprindo o aspecto social de melhoria de ren<strong>da</strong> na proprie<strong>da</strong>de<br />

rural.<br />

Num espaço de cinco anos espera-se obter pelo menos, um porta-enxerto<br />

clonal que além de apresentar resistência às principais ra-<br />

68


ças fisiológicas de Meloidogyne exígua, Meloidogyne incognita e M. javanica,<br />

sejam portadores de boa capaci<strong>da</strong>de de combinação como portaenxertos.<br />

Dentro de quatro anos é esperado através a técnica <strong>da</strong> minienxertia,<br />

reduzir de 18-24 meses para apenas 4 meses o período necessário<br />

para a produção de mu<strong>da</strong>s, com eliminação de viveiros. No<br />

mesmo período solucionar prováveis problemas metodológicos e operacionais<br />

que envolvem o enraizamento de estacas clonais de seringueira,<br />

mediante a definição <strong>da</strong> técnica, selecionando clones com percentuais<br />

de enraizamento acima de 60%.<br />

Ao final de cinco anos, definir recomen<strong>da</strong>ções para adubação de<br />

viveiros nos períodos de pré e de pós enxertia e, num período de 10<br />

anos definir recomen<strong>da</strong>ções para adubação de seringais em formação<br />

e em produção no estado do Paraná.<br />

Num espaço de cinco anos, definir as variáveis climáticas que<br />

mais interferem na produção <strong>da</strong> seringueira no Paraná e, metodologia<br />

de manejo adequado (sistema e intensi<strong>da</strong>de de sangria) envolvendo os<br />

principais clones plantados no estado.<br />

9. PONTOS DE ESTRANGULAMENTO E<br />

OPORTUNIDADES<br />

9.1. PONTOS DE ESTRANGULAMENTO<br />

Fatores críticos são variáveis e estruturas que tem forte impacto<br />

no desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>. Como o desempenho <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> objetiva a competitivi<strong>da</strong>de, estes fatores foram relacionados<br />

como sendo os de maior impacto na competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong><br />

estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Tomando por base os consumidores nacionais e internacionais<br />

dos produtos finais <strong>da</strong>s <strong>borracha</strong>s <strong>natural</strong> e sintética, os parâmetros<br />

de competitivi<strong>da</strong>de seriam produtivi<strong>da</strong>de, quali<strong>da</strong>de e preço.<br />

Para melhor visualização dos fatores críticos, (fatores de maior<br />

impacto, referentes as necessi<strong>da</strong>des e aspirações de tecnologias dos diversos<br />

elos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong>) foram organizados em termos de forças<br />

restritivas e forças propulsoras à competitivi<strong>da</strong>de.<br />

69


Fator Crítico 1. Concorrência <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> produzi<strong>da</strong> no<br />

país com o produto importado<br />

Forças Restritivas<br />

• Produção mundial concentra<strong>da</strong> em uns poucos países do Sudeste<br />

Asiático que manipulam para baixo os preços internacionais do<br />

produto.<br />

• Baixo custo <strong>da</strong> mão-de-obra na extração <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no Sudeste<br />

Asiático.<br />

• Prática de subsídios diretos e indiretos pelos países Asiáticos.<br />

• O Brasil importa 64 % do seu consumo interno .<br />

• Preços internos <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> superiores aos preços de im<br />

portação.<br />

Forças Propulsoras<br />

• Possibili<strong>da</strong>de de oferta de matéria prima produzi<strong>da</strong> nas áreas de es<br />

cape, com condições favoráveis para o cultivo, a preços competiti<br />

vos, como é o exemplo do Noroeste do Paraná.<br />

• Níveis de produtivi<strong>da</strong>de dos seringais nessas áreas de escape su<br />

peram as obti<strong>da</strong>s nos países Asiáticos.<br />

• Situação fundiária basea<strong>da</strong> na pequena proprie<strong>da</strong>de, em regime de<br />

mão-de-obra familiar, torna a exploração competitiva com o produto<br />

importado.<br />

• Aprovação <strong>da</strong> Lei 9.479 que estabelece concessão de subsídios ao<br />

produtor nacional por oito anos.<br />

Fator Crítico 2. Inexistência de mini-usinas e Usinas de beneficiamento<br />

no Paraná<br />

Forças Restrititivas<br />

• Produção de matéria prima ain<strong>da</strong> incipiente no Estado.<br />

• To<strong>da</strong> a produção de matéria prima sai diretamente dos seringais<br />

para as usinas de São Paulo e P. E. Michelin (MS).<br />

• Indústrias de artefatos do Paraná reimportam to<strong>da</strong> a matéria prima<br />

beneficia<strong>da</strong> de São Paulo, outros estadofe e do exterior.<br />

Forças Propulsoras<br />

• Aumento progressivo <strong>da</strong> oferta de matéria prima com a entra<strong>da</strong> em<br />

produção dos novos seringais.<br />

70


• Possibili<strong>da</strong>de de ampliação <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> aproveitando as condi<br />

ções e<strong>da</strong>foclimáticas favoráveis<br />

• Implantação de montadoras de automóveis e indústrias de pneu<br />

máticos, além <strong>da</strong> ampliação <strong>da</strong>s existentes no Estado, carentes de<br />

matéria prima usina<strong>da</strong><br />

Fator Crítico 3. Incentivo ao fomento <strong>da</strong> produção no Estado do<br />

Paraná<br />

Forças Restritivas<br />

• Inexistência de linha de crédito específica para heveicultura que<br />

beneficie a pequena proprie<strong>da</strong>de<br />

• Falta de interesse dos organismos financiadores em investir em he<br />

veicultura<br />

• Preços atuais baixos e retorno econômico demorado (6 a 7 anos)<br />

• Descapitalização do meio rural, mormente na pequenas proprie<strong>da</strong><br />

des<br />

• Falta de conhecimento e tradição com a cultura nos diferentes ní<br />

veis<br />

• Carência de infra-estrutura botânica (viveiros e jardins clonais) no<br />

Paraná<br />

• Instabili<strong>da</strong>de do mercado face à ineficiente ação governamental no<br />

país<br />

Forças Propulsoras<br />

• Déficit mundial de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> a partir de 2005<br />

• Condições altamente favoráveis para produção de borrasha <strong>natural</strong><br />

em 3,5 milhões de hectares na região do Arenito Caiuá<br />

• Excelente comportamento vegetativo, sanitário e produtivo dos<br />

plantios existentes<br />

• Caráter perene <strong>da</strong> cultura, cujo investimento tem produção garan<br />

ti<strong>da</strong> por 30 anos<br />

• Carência mundial de madeira. Ao final <strong>da</strong> exploração econômica é<br />

produzi<strong>da</strong> madeira de quali<strong>da</strong>de para a indústria moveleira<br />

• Oferta de opção para diversificação (culturas associa<strong>da</strong>s) e agrega<br />

ção de valor na proprie<strong>da</strong>de rural<br />

• Aspecto socializante <strong>da</strong> cultura, fixando o homem à terra e especia<br />

lizando a mão-de-obra, pois para ca<strong>da</strong> 1.000 - 2.000 árvores explo<br />

ra<strong>da</strong>s é necessária uma família<br />

• Aspecto ecológico, protegendo mananciais, melhorando as proprie<br />

<strong>da</strong>des do solo, clima, flora e fauna<br />

71


• Aspecto econômico, o déficit brasileiro e mundial, aliado à crescente<br />

deman<strong>da</strong> nacional e regional, garantem a absorção de to<strong>da</strong> a pro<br />

dução do Estado, gerando riquezas em todos os níveis<br />

• Presença de indústrias do Rio Grande do Sul interessa<strong>da</strong>s na maté<br />

ria prima produzi<strong>da</strong> no Paraná<br />

• Presença do setor público e privado atuando dinamicamente no<br />

Estado, que poderão atuar em parceria<br />

• Aprovação recente <strong>da</strong> Lei 9.479 concedendo subsídios ao produtor<br />

nacional são um estímulo à ampliação dos plantios nas áreas mais<br />

favoráveis do país como é o exemplo do Noroeste do Paraná<br />

Fator Crítico 4 - Eficiência <strong>produtiva</strong> dos plantios e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

<strong>borracha</strong> produzi<strong>da</strong><br />

Forças Restritivas<br />

• Redução de investimentos em pesquisa<br />

• Desativação dos Centros e Instituições Nacionais de Pesquisa com<br />

seringueira<br />

• Usinas de beneficiamento obsoletas, com baixo rendimento proces<br />

sando <strong>borracha</strong> sem padronização defini<strong>da</strong><br />

Forças Propulsoras<br />

• Existência de novos clones em teste pela pesquisa e clones já sele-<br />

cionados e recomen<strong>da</strong>dos pela pesquisa para plantio no Estado<br />

• Avanços tecnológicos já obtidos e disponíveis para transferência<br />

• Existência de um órgão de pesquisa (IAPAR) pesquisando em he-<br />

veicultura no Paraná.<br />

9.2. OPORTUNIDADES<br />

Ao analisar mais acura<strong>da</strong>mente o contexto histórico do setor,<br />

identificam-se alguns esforços tímidos ao longo de todos esses anos,<br />

visando <strong>da</strong>r suporte à <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira, em respostas a<br />

conjunturas específicas e passageiras, associa<strong>da</strong>s a pressões de deman<strong>da</strong>s,<br />

refletindo interesses político-econômicos regionais momentâneos<br />

ou de parte de segmentos setorizados.<br />

Com a recente aprovação <strong>da</strong> Lei n° 9.479 estabelecendo a concessão<br />

Subsídios econômicos ao produtor nacional por oito anos, caso<br />

esta se concretize plenamente, abrem-se perspectivas para retoma<strong>da</strong><br />

de novos plantios no país visando aumento de oferta de matéria-prima.<br />

72


No âmbito <strong>da</strong> ecologia, o plantio de seringueiras, por ser uma espécie<br />

florestal, induz uma série de vantagens ao meio ambiente, preservando<br />

mananciais, protegendo e melhorando as proprie<strong>da</strong>des do<br />

solo, clima, flora e fauna. Pela sua grande versatili<strong>da</strong>de, oferecendo<br />

vantagens ao desenvolvimento social e econômico , pode ser vista como<br />

grande opção ambiental.<br />

No âmbito <strong>da</strong> economia, a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> é uma grande geradora<br />

de ren<strong>da</strong>, impostos e divisas, seja no elos de produção e proces<br />

samento agro-industrial, seja nos elos de transformação industrial e<br />

de comercialização. O atual déficit brasileiro e mundial de matéria<br />

prima, provocados pela crescente deman<strong>da</strong> nacional e internacional,<br />

garantem a absorção <strong>da</strong> produção atual e de futuros plantios.<br />

As próprias características <strong>da</strong> heveicultura a tornam uma interessante<br />

alternativa para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro,<br />

nota<strong>da</strong>mente para o segmento de agricultura familiar, ain<strong>da</strong> em busca<br />

de boas alternativas econômicas para o seu desenvolvimento:<br />

- Possibilita o uso de culturas intercalares, por exemplo culturas<br />

alimentares, para diversificação de produção e de ren<strong>da</strong>.<br />

- Tem ganho real superior à maioria <strong>da</strong>s culturas convencionais,<br />

fator importante para uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s limita<strong>da</strong>s em tamanho<br />

<strong>da</strong> terra.<br />

- Possibilita aumento substancial <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, e sem sazona-<br />

li<strong>da</strong>de, já que a exploração é feita durante todo o ano.<br />

- Permite a criação de uma estrutura industrial em seu entorno,<br />

criando uma estrutura de agregação de valor que pode ser apro<br />

pria<strong>da</strong> pelos produtores agrícolas.<br />

- O transporte <strong>da</strong> produção é feito pelo comprador, dispensando a<br />

necessi<strong>da</strong>de de veículo próprio do produtor agrícola.<br />

- A <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> não requer estruturas sofistica<strong>da</strong>s para esto-<br />

cagem e armazenamento do produto, utilizando instalações rústi<br />

ca e baratas e também as já disponíveis nas proprie<strong>da</strong>des. As ne<br />

cessi<strong>da</strong>des de investimentos em infra-estrutura são reduzi<strong>da</strong>s. O<br />

produto não é perecível.<br />

- Possibilita a agregação de valor à produção na própria proprie<strong>da</strong>de<br />

rural, mediante a instalação de pequenas mini-usinas de proces<br />

samento de látex.<br />

- Pelo seu caráter de cultura permanente, é excelente alternativa<br />

para a fixação do homem a sua gleba, uma característica interes<br />

sante para os assentamentos de pequenos produtores, atualmente<br />

em curso no país.<br />

73


10. PROPOSTAS DE AÇÕES INTEGRADAS<br />

10.1.INCENTIVO À IMPLANTAÇÃO DE SERINGAIS DE CULTIVO<br />

A análise dos fatores intervenientes no setor forneceu subsídios<br />

que permitiram formular propostas visando implementar a <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Paraná, contemplando os distintos<br />

segmentos envolvidos no processo (Figura 6):<br />

74


• Uni<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong> (seringal), incentivo ao plantio inicial de 7.000<br />

hectares de seringueira num horizonte de dez anos, corresponden<br />

tes a apenas 0,2% <strong>da</strong> área apta, num total de 3.500.000 árvores<br />

planta<strong>da</strong>s, produzindo 10 mil tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> seca/ano.<br />

Essa produção, além de ser suficiente para movimentar até cinco<br />

usinas de médio porte, fornecerá matéria-prima para atender de<br />

150 a 200 indústrias de artefatos leves com capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong><br />

para consumir 5 tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong>/ mês, gerando em<br />

pregos diretos e indiretos em todos os segmentos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong>.<br />

• Garantia <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong>de econômica <strong>da</strong> pequena e média proprie<strong>da</strong><br />

de rural, num espaço de 10 anos, beneficiando cerca de 1.750 pe<br />

quenas proprie<strong>da</strong>des familiares com terra e em áreas de assenta<br />

mento de agricultores sem terra e criação de núcleos comunitários<br />

em Vilas Rurais, com recursos financeiros do Estado e Bancos atra<br />

vés linhas específicas de crédito.<br />

• Incentivo à implantação de indústrias de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Esta<br />

do num espaço de 5 a 10 anos.<br />

É desejável que num horizonte de 10 anos, até o ano 2005 o Paraná<br />

tenha uma área de 7.000 hectares plantados com seringueira,<br />

correspondendo apenas 0,2% <strong>da</strong> área apta para a cultura, que é de<br />

1.445.867,7 alqueires ou 3.499.000 hectares, com um total de<br />

3.500.000 árvores planta<strong>da</strong>s, produzindo cerca de 8.235.294 litros de<br />

látex ou 8.000 a 10.000 tonela<strong>da</strong>s de <strong>borracha</strong> seca (Proposta Técnica<br />

encaminha<strong>da</strong> à SEAB com detalhes operacionais).<br />

Esta produção representaria uma redução de 7,67% do déficit<br />

atual de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Brasil (105.0p0 t em 1999), e implicaria<br />

num aumento de faturamento do Estado em ICMS, além de contribuir<br />

para o suprimento de matéria prima para a indústria local, <strong>da</strong><br />

região (atendendo 93% do atual consumo regional) e na geração de novos<br />

empregos diretos no meio rural e indiretos nos centros urbanos<br />

com o aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> <strong>da</strong> indústria de artefatos de<br />

<strong>borracha</strong>. Considerando um módulo médio de 4 ha isto representaria o<br />

benefício a 1750 estabelecimentos rurais e em consequência a igual<br />

numero de famílias que, a partir do 4 o ano de produção comercializando<br />

a folha fuma<strong>da</strong> Tipo 1 (R$2,68/kg) produção verticaliza<strong>da</strong>, ao invés do<br />

Cernambi à granel (R$0,65/kg), preços atuais, possibilitaria o ingresso<br />

mensal em torno de R$ 1.072,00.<br />

Para atingir as metas projeta<strong>da</strong>s para o ano 2005, deverão ser<br />

implementa<strong>da</strong>s algumas ações abor<strong>da</strong>ndo aspectos políticos e técnicos,<br />

tais como:<br />

75


10.2. - ASPECTOS POLÍTICOS DE MÉDIO E LONGO PRAZO<br />

a) Criar condições de incentivo ao setor produtivo mediante a<br />

ampliação de plantios comerciais em pequenas, médias e grandes pro<br />

prie<strong>da</strong>des através um programa de diversificação agrícola (Projeto para<br />

implantação de 7.000 ha e Modelo Tecnológico - Encaminhados ao<br />

Governo do Estado para implementação) .<br />

b) Possibilitar a alocação de recursos financeiros e materiais<br />

para a pesquisa visando <strong>da</strong>r respaldo tecnológico à produção através a<br />

introdução, avaliação e recomen<strong>da</strong>ção de novos clones mais produtivos<br />

e a<strong>da</strong>ptados ao Paraná; estudos de adubação e nutrição em to<strong>da</strong>s as<br />

fases <strong>da</strong> cultura; métodos de propagação e manejos agrossilviculturais<br />

que inclusive reduzam o periodo de imaturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cultura e métodos<br />

racionais de expio tacão de seringais e; à Extensão Rural visando trei<br />

namentos e capacitação de técnicos para<br />

promover a orientação e assistência técnica ao programa heveícola<br />

do Estado.<br />

c) Criar mecanismos para a agregação de valor à produção de<br />

<strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> na proprie<strong>da</strong>de rural fomentando a verticalização dos<br />

empreendimentos mediante a instalação de mini-usinas de processa<br />

mento primário produzindo a FCB- Folha Clara Brasileira FFB - Folha<br />

Fuma<strong>da</strong> Brasileira PBD - Placa Bruta Defuma<strong>da</strong> ou CVP - Cernambi<br />

Virgem Prensado além do produto <strong>da</strong> sangria o Cernambi à granel,<br />

subproduto o Cernambi Fita e manufatura de artigos finais na propri<br />

e<strong>da</strong>de, cabendo ao produtor rural as operações de sangria, coleta e<br />

processamento primário do látex, cuja produção seria recolhi<strong>da</strong> em co<br />

operativas dos próprios produtores rurais, visando a estocagem e co<br />

mercialização direta com as indústrias atuantes no Estado e na região<br />

Sul.<br />

d) Atrair a implantação de novos mercados e expansão dos já<br />

existentes que visem o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas<br />

de modificação química visando novas aplicações.<br />

e) Fomentar o aproveitamento dos subprodutos <strong>da</strong> heveicultu-<br />

ra, particularmente a madeira (fuste) utiliza<strong>da</strong> para fabricação de mó<br />

veis beneficiando as indústrias do ramo além de produção de energia<br />

com o uso <strong>da</strong> galha<strong>da</strong>.<br />

f) Adequação de todo o processo de produção voltado às políti<br />

cas agrícolas e ambientais vigentes no Estado.<br />

76


10.3. - ASPECTOS POLÍTICOS DE CURTO E MÉDIO PRAZO<br />

a) Através <strong>da</strong>s prefeituras municipais, estabelecer infra-estrutura<br />

botânica (viveiros e jardins clonais), para atender à produção e forne<br />

cimento de mu<strong>da</strong>s a preço de custo aos pequenos e médios produtores<br />

(com áreas de plantio variando de 2 a 20 hectares). Produtores com<br />

área superior a 20 hectares poderão produzir suas próprias mu<strong>da</strong>s.<br />

b) Incentivar a iniciativa priva<strong>da</strong> e cooperativas a adotarem o<br />

mesmo procedimento, com vistas a aumentar a capaci<strong>da</strong>de de produ<br />

ção e fornecimento de mu<strong>da</strong>s enxerta<strong>da</strong>s, além de prestar apoio finan<br />

ceiro com celebração de contratos para tal fim.<br />

c) Em áreas de pequenos e médios produtores implementar a<br />

continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des de Observação com a cultura em módulos<br />

de 3 ha a 4 ha, com parte dos custos subsidiados.<br />

d) Estabelecer uma linha de crédito na rede bancária estadual<br />

para apoio à pequena proprie<strong>da</strong>de com plantio de 4 até 10 ha em<br />

áreas de pequenos e médios produtores que queiram entrar na ativi-<br />

<strong>da</strong>de más que não disponham de recursos próprios para tal fim, a ju<br />

ros subsidiados, a serem pagos com um prazo de carência de 7 anos,<br />

com a própria produção do seringal conforme os indicadores a seguir:<br />

O empréstimo para apoio à pequena proprie<strong>da</strong>de será efetuado<br />

para cobrir as despesas correntes com insumos (aquisição de mu<strong>da</strong>s,<br />

fertilizantes e defensivos) durante o período de seis anos, considera<strong>da</strong><br />

fase de implantação <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira.<br />

A amortização dos recursos iniciará no 7° ano, período em que<br />

começa a produção de látex. No período de implantação <strong>da</strong> cultura<br />

será cultivado milho intercalar, que ocupará. até a 3 o ano, 75% <strong>da</strong> área<br />

e com produção equivalente a 67,5% Saco/ha. Esta ativi<strong>da</strong>de será<br />

conduzi<strong>da</strong> com uso <strong>da</strong> tecnologia recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>, propiciando amortização<br />

de parte <strong>da</strong>s despesas correntes e também contribuirá para que a<br />

cultura <strong>da</strong> seringueira seja beneficia<strong>da</strong> com parte dos fertilizantes<br />

aplicados na cultura do milho, refletindo-se em maior vigor <strong>da</strong>s árvores<br />

e em consequência maior potencial para produção de látex no início<br />

<strong>da</strong> sangria.<br />

Dado que as mu<strong>da</strong>s correspondem ao maior montante nos custos<br />

de implantação <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira, ou seja 69% dos insumos<br />

especificados, procedeu-se o cálculo do valor atual com mu<strong>da</strong>s e<br />

sem mu<strong>da</strong>s. Para efeito de implantação, quando não for considerado o<br />

valor <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, será necessário que sua obtenção seja subsidia<strong>da</strong>.<br />

Para efeito de viabilização <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> seringueira concentraremos<br />

a análise nos custos com mu<strong>da</strong>s. Neste, o valor atual dos custos<br />

77


no 7 o ano são de R$ 2.161,00, as receitas com a produção de milho<br />

intercalar de R$ 327,00, acumulando saldo negativo de R$ 1.882,00,<br />

conforme Tabela 22.<br />

Para viabilização <strong>da</strong> cultura em uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s com limitação<br />

de área física, elaborou-se um plano de amortização dos recursos<br />

necessários para 1 ha. A taxa de amortização é crescente no período de<br />

5 anos, <strong>da</strong>do à limitação de recursos financeiros e também que a produção<br />

de látex vai aumentando até o 4 o ano quando estabiliza-se o<br />

crescimento <strong>da</strong>s árvores (Tabela 23).<br />

78


O valor a ser amortizado em 5 anos (R$ 1.882,00) foi corrigido a<br />

uma taxa de 6% ao ano e distribuído segundo as taxas relaciona<strong>da</strong>s,<br />

somando um montante de R$ 2.518,54.<br />

O início <strong>da</strong> amortização coincide com o <strong>da</strong> produção de <strong>borracha</strong><br />

( cernambi a granel com 53% de <strong>borracha</strong>), que é crescente no tempo<br />

e comercializa<strong>da</strong> a R$ 0,65/ kg (preço atual em 1999, pago pelas usinas),<br />

o que equivale a R$ 1,23 /kg de <strong>borracha</strong> seca.<br />

O saldo anual é suficiente para o pagamento <strong>da</strong> amortização,<br />

pois ain<strong>da</strong> contribuirá para a estabili<strong>da</strong>de dos sistemas de produção<br />

diversificados, na medi<strong>da</strong> em que poderá absorver custos de outras<br />

ativi<strong>da</strong>des na uni<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong>, tal como ocorreu no início <strong>da</strong> implantação<br />

do seringal, em que era deficitária. Este suporte de outras<br />

ativi<strong>da</strong>des foi efetuado no seringal com a cultura do milho, onde a receita<br />

bruta correspondeu a 19% dos custos, apesar de ter sido cultivado<br />

até o 3 o ano.<br />

A partir <strong>da</strong>í o seringal estará pago apresentando uma ren<strong>da</strong> média<br />

anual bruta de R$ 2.214,00 equivalente a R$ 184,50/ha/mês durante<br />

o ano ( com a produção de 10 meses/ano, durante 25 a 30<br />

anos), com base apenas na ven<strong>da</strong> de cernambi a granel. Neste contesto,<br />

uma pequena proprie<strong>da</strong>de familiar com apenas uma força de trabalho<br />

ativa (1 homem), pode conduzir e fazer produzir até 8 hectares<br />

de seringal o que poderá representar uma ren<strong>da</strong> mensal bruta de R$<br />

1.476,00, além de ren<strong>da</strong> sazonal auferi<strong>da</strong> com cultivos intercalares.<br />

e) Em áreas onde existem problemas de agricultores sem terra,<br />

sejam criados pólos em 4 a 5 municípios representativos <strong>da</strong> região No<br />

roeste, para a implantação <strong>da</strong> seringueira enr sistemas agroflorestais,<br />

com cultivos intercalares de subsistência nos quatro primeiros anos<br />

após o plantio visando a produção de alimentos para atender às po<br />

pulações de baixa ren<strong>da</strong> e posterior loteamento de pequenos seringais<br />

em módulos de 3-4 ha para famílias de sem terra que tenham partici<br />

pado efetivamente <strong>da</strong> implantação e manutenção desde o início <strong>da</strong> cri<br />

ação dos pólos, pagando os gastos de implantação, com um percentual<br />

anual <strong>da</strong> produção dos respectivos seringais loteados.<br />

f) Nas atuais Vilas Rurais, que sejam implantados seringais nos<br />

mesmos moldes acima, em área contígua às mesmas, como forma de<br />

fixação do homem à terra além de produção econômica pela exploração<br />

comunitária, agregando ren<strong>da</strong>, valor à produção e garantindo a sus-<br />

tentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s vilas.<br />

79


10.4. - ASPECTOS TÉCNICOS<br />

a) Incentivar treinamento de técnicos de nível superior e nível<br />

médio em heveicultura e promover cursos de capacitação nos mesmos<br />

níveis incluindo produtores rurais, nas áreas de produção de mu<strong>da</strong>s,<br />

implantação, manejo e exploração de seringais, <strong>da</strong>ndo ênfase à quali<br />

<strong>da</strong>de do produto visando atender às exigências e necessi<strong>da</strong>des dos<br />

consumidores.<br />

b) Proceder a avaliação contínua <strong>da</strong> implementação do processo<br />

produtivo visando evitar e corrigir possíveis distorções em qualquer<br />

<strong>da</strong>s fases durante o an<strong>da</strong>mento do processo.<br />

c) As priori<strong>da</strong>des <strong>da</strong> estratégia <strong>da</strong> pesquisa e desenvolvimento<br />

(P&D) para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> deve estar direciona<strong>da</strong> para o desenvol<br />

vimento futuro do setor, tendo em mente : 1- ampla distribuição dos<br />

pequenos heveicultores no processo e, 2 - propiciar a crescente con<br />

versão do látex e <strong>da</strong> <strong>borracha</strong> brutos ou beneficiados em artigos ma-<br />

nufaturados, visando aumento <strong>da</strong> receita.<br />

Fomentar a implantação de Usinas e Mini-usinas de beneficiamento<br />

Como não existe ain<strong>da</strong> nenhuma usina de processamento de<br />

<strong>borracha</strong> no Estado, é desejável que num horizonte de 5 anos se incentive<br />

o aumento <strong>da</strong> oferta de matéria prima visando a instalação de<br />

até 5 usinas com capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> para processar 300 tonela<strong>da</strong>s<br />

/mês para a produção de folha fuma<strong>da</strong>, GEB e GCB (atendendo aos<br />

padrões de quali<strong>da</strong>de contidos na Tabela 11) e gerando receita de<br />

ICMS em torno de R$-l,5 milhões/ano, a exemplo do que já ocorre em<br />

São Paulo, hoje o primeiro produtor nacional e com o maior parque industrial<br />

consumidor do país. Referi<strong>da</strong>s usinas terão por finali<strong>da</strong>de receber<br />

o produto <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s, fazer o processamento inicial<br />

e fornecer <strong>borracha</strong>s dentro dos padrões tecnológicos exigidos, às<br />

indústrias de artefatos existentes e a serem implanta<strong>da</strong>s no estado.<br />

Hoje no país existem cerca de 30 usinas de processamento inicial.<br />

Incentivo à implantação de indústrias de artefatos leves e pesados<br />

A médio e longo prazo, num espaço de tempo de 5 a 10 anos in-<br />

centwar a ampliação <strong>da</strong>s industrias de artefatos leves já existentes<br />

bem como atrair a implantação de novas ao lado de indústria de<br />

pneumáticos que viria a completar o ciclo <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>borracha</strong><br />

no estado, cobrindo assim, além dos artefatos já produzidos pe-<br />

80


Ias atuais indústrias, como correias, câmaras-de-ar, materiais de conserto,<br />

a produção de pneumáticos para veículos automotores<br />

(caminhões, ônibus, automóveis, caminhonetes, motonetas, tratores,<br />

máquinas etc,.) gerando riqueza e divisas para o Paraná.<br />

Um exemplo concreto a viabilizar a implantação <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s indústrias<br />

de artefatos é a instalação <strong>da</strong>s fábricas montadoras de veículos<br />

Renault, Chrysler, Audi e Sko<strong>da</strong> no Paraná que por si só irão absorver<br />

além de pneumáticos, todos os demais componentes de<br />

<strong>borracha</strong> normais de um veículo automotor.<br />

Reconhece-se que para cobrir todos os segmentos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> <strong>produtiva</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>borracha</strong> no estado com competitivi<strong>da</strong>de e sustentabili<strong>da</strong>de,<br />

o setor produtivo terá que estabelecer metas <strong>produtiva</strong>s mais agressivas<br />

que poderão ser facilmente atingi<strong>da</strong>s, com base na experiência capitaliza<strong>da</strong><br />

ao longo dos 5 primeiros anos do cenário proposto, onde a<br />

eficiência dos atores dos distintos segmentos terá papel de significativa<br />

importância na sua concretização.<br />

81


10.5. - ESTRATÉGIA GOVERNAMENTAL<br />

a) gestionar junto a organismos financeiros diversos, nacionais e<br />

internacionais, para a captação de recursos necessários à implementa<br />

ção e execução de um programa de <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> no Estado do Pa<br />

raná.<br />

. Banco Mundial;<br />

. BID;<br />

. Fundos Constitucionais e Regionais.<br />

b) isenção ou redução fiscal temporária para estímulo à implan<br />

tação de estabelecimentos industriais consumidores de <strong>borracha</strong> natu<br />

ral.<br />

c) proporcionar garantia de preços, escoamento e comercializa<br />

ção de <strong>borracha</strong> e produtos beneficiados com o exercício de controle e<br />

regulação de mercado conforme lei vigente com vistas ao amparo do<br />

produtor, usineiro, industrial e do consumidor final.<br />

O quadro a seguir sumariza a apropriação anual de recursos obti<strong>da</strong><br />

nos diversos segmentos <strong>da</strong> <strong>cadeia</strong> com a implantação dos 7.000<br />

hectares propostos.<br />

82


1 1 . LITERATURA CONSULTADA<br />

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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DOS RECURSOS HÍDRICOS EDA<br />

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para a <strong>borracha</strong> <strong>natural</strong> brasileira. Brasília, p. 33, 1995 (mimeografado).<br />

PEREIRA, J. <strong>da</strong> P., LEAL, A.C. & RAMOS, A.L.M. , Perspectivas <strong>da</strong> Heveicultura<br />

no Noroeste do Estado do Paraná. In: Seminário sobre<br />

Sistemas Agroílorestais na Região Sul do Brasil, Colombo. EMBRA-<br />

PA-CNPF, P. 231-240, 1994 (EMBRAPA- CNPF. Documento, 26).<br />

RC CONSULTORES, Borracha Natural - Diagnóstico do Setor, Rio de<br />

Janeiro, RC Consultores, 1992, 194p.<br />

RUBBER, INRO, extends the current agreement for an additional year.<br />

Commodity Bulletin, New York, 1994. p.8.<br />

RUBBER RESEARCH INSTITUTE OF MALAYA. Planting Recomen<strong>da</strong>tion,<br />

1986-8, Planter's Bulletin, n°186, Kuala Lumpur. 5-22. 1986. .<br />

RUBBER STATISTICAL BULLETIN - International Rubber Study<br />

Group, Vol. 50 n° 4, 1996.<br />

RUBBER STATISTICAL BULLETIN - International Rubber Study<br />

Group, Vol. 56. n° 9, 1999.<br />

SISTEMAS DE PRODUÇÃO PARA SERINGAIS NATIVOS. EMPRESA<br />

BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA, Manaus, 1986. 57 p.<br />

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Sugestões de Alternativas de política para a cultura <strong>da</strong> seringueira.<br />

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e objetivos setoriais. MARA. EMBRAPA-CNUV, Bento Gonçalves,<br />

1992. 49p.<br />

85


ANTONINA<br />

Estação Agrometeorológica<br />

A/C Usina Hidrelétrica Parigot de Souza<br />

Cx. Postal 34 - CEP 83370<br />

APUCARANA<br />

Estação Agrometeorológica Fazen<strong>da</strong><br />

Ubatuba S.A. (Pirapó) Cx. Postal 99 -<br />

fone: (0434) 22-0022 CEP 86800<br />

BANDEIRANTES<br />

Estação Agrometeorológica A/C Fun<strong>da</strong>ção<br />

Facul<strong>da</strong>de de Agronomia Luiz Meneghel, Rod.<br />

BR 369 - km 54 Cx. Postal 261 - fone:<br />

(0437) 42-1123 CEP 86360<br />

BELA VISTA DO PARAÍSO<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Património Santa Margari<strong>da</strong> - Av. Indianópolis,<br />

s/n-Cx. Postal 82-CEP 86130<br />

CAMBARA<br />

Estação Experimental/Uni<strong>da</strong>de de Beneficiamento de<br />

Sementes e Estação Agrometeorológica Rod. BR<br />

369 - a 5 km de Cambará Cx. Postal 195 - Fone:<br />

(0437)32-1343 CEP 86390<br />

CAMPO MOUflAO<br />

Laboratório de Análise de Solos<br />

Av. João Bento, 486<br />

Fone: (0448)23-1172 - CEP 87300<br />

CÂNDIDO DE ABREU<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Reserva E. Maria Flora - A/C Prefeitura Municipal<br />

Fone: (0434)76-1222 - CEP 84470<br />

CASCAVEL<br />

. Laboratório de Análise de Solos<br />

R. Piquiri, s/n (junto à SEAB)<br />

Cx. Postal 1203 - fone: (0452)23-0445 ,<br />

CEP 85800 . Estação<br />

Agrometeorológica<br />

Centro Exp. Pesq. Eloy Gomes (junto à OCEPAR)<br />

Rod. BR 467, km 19 - fone: (0452)23-3536<br />

CEP 85800<br />

CERRO AZUL<br />

Estação Experimental e<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Rod. PR 92, km 82 (sentido Rio Branco/Cerro Azul)<br />

Cx. Postal 11 -CEP 83570<br />

CIANORTE<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Av. Rondônia, 696 - fone: (0447)22-3420<br />

CEP 87200<br />

CLEVELANDIA<br />

Estação Agrometeorológica A/C Colégio<br />

Agrícola Estadual Assis Brasil R. José Zilio, 97<br />

- fone: (0462)52-1761 CEP 85539<br />

FRANCISCO BELTRÃO<br />

Estação Agrometeorológica A/C<br />

Núcleo Regional SEAB R. Tenente<br />

Camargo, 1312 Fone: (0465) 23-<br />

4888 - CEP 85600<br />

Bases físicas do IAPAR<br />

GUARAPUAVA<br />

. Est. Experimental<br />

Rodovia Guarapuava (BK 277), km 358,4 Cx.<br />

Postal 344 - fone: (0427)23-7273<br />

. Estação Agrometeorológica: A/C Colégio Agrícola<br />

Estadual Ar indo Ribeiro Rod. 277, km 154 - Caixa<br />

Postal 56 Fone: (0427)23-1422 - CEP 85100<br />

GUARAQUEÇABA<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Fazen<strong>da</strong> Caldeirão - Rod. BR 101, km 110<br />

Cx. Postal 47 - CEP 83370<br />

IBIPORÁ<br />

Estação Experimental<br />

Laboratório de Apoio à Pesquisa e<br />

Estação Agrometeorológica<br />

BR 369, km 134, saí<strong>da</strong> p/ Jataizinho<br />

Cx. Postal 197 - fone: (0432)58-1506<br />

CEP 85200<br />

JOAQUIM TAVORA<br />

Est. Experimental e Est. Agrometeorológica Rod.<br />

Joaquim Távora/Guapirama, a 2 km de J. Távora -<br />

Cx. Postal 60 Fone: (0437)62-1434 - CEP 86550<br />

LAPA<br />

Est. Experimental e Est. Agrometeorológica<br />

BR 476 (sentido Lapa/São Mateus do Sul) a 5,3 km<br />

do trevo principal de Lapa<br />

Cx. Postal 131 - fone: (041)822-3406<br />

CEP 83750<br />

LARANJEIRAS DO SUL<br />

Est. Agrometeorológica<br />

R. Osvaldo Cruz, s/n / R. Paraná 405 (contato)<br />

Fone: (0427)35-2658 - CEP 85300<br />

MARILANDIA DO SUL<br />

Estação Agrometeorológica<br />

A/C Sementes Mauá - Rod. do Café, km 307<br />

Fone: (0434)64-125* - CEP 86825,,<br />

MORRETES<br />

Est. Experimental e Estação Agrometeorológica PR<br />

408, km 64 - Cx. Postei 11 Fone: (041)462-1203 -<br />

CEP 83350<br />

NOVA CANTU<br />

Estação Agrometeorológica A/C Prefeitura Municipal<br />

- Av. Cantu, 709 Morro <strong>da</strong> Torre, ao lado <strong>da</strong><br />

SANEPAR Fone: (0449)27-1207 - CEP 87330<br />

PALMAS<br />

Est. Experimental e Est. Agrometeorológica Final <strong>da</strong><br />

Rua Tertuliano B. de Andrade Cx. Postal 212 - fone:<br />

(0462)62-1401 CEP 84670* '<br />

PALOTINA<br />

Estação Experimental/<br />

Uni<strong>da</strong>de de Beneficiamento de Sementes e<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Linha São Roque,'km 8 - Cx. Postal 69 «..., '<br />

Fone: (0446)49-2176 - CEP 85940<br />

PARANAVAÍ<br />

Est. Experimental e Est. Agrometeorológica R. Paulo<br />

António <strong>da</strong> Costa (ao lado do DER) Vila Ipê - Cx.<br />

Postal 564 Fones: (0444)23-1157 e 23-1607 - CEP<br />

87700<br />

PATO BRANCO<br />

Estação Experimental/Laboratório de Apoio à Pesquisa<br />

e Estação Agrometeorológica Rod. Guarapuava/Três<br />

Pinheiros (BR 373), km 14 Bom Retiro Cx. Postal<br />

510 - fone: (0462)24-3381 CEP 85500<br />

PtRAQUARA (Região Metropolitua de Ciritiba)<br />

Polo Regional com Est. Experimentai<br />

Laboratório de Apoio à Pesquisa e<br />

Estação Agrometeorológica<br />

Estra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Graciosa, km 18. Pq. Castelo Branco<br />

Cx. Postal 2301 e 1493<br />

Fone: (041)358-6336 - Telex: (041)30062<br />

FAX: (041)358-6979 - CEP 80001<br />

PLANALTO<br />

Estação Agrometeorológica A/C Prefeitura<br />

Municipal Pça São Francisco de Assis<br />

Fone: (0465)55-1373 - CEP 85750<br />

PONTA GROSSA<br />

. Polo Regional/Estação Experimental Ponta Grossa e<br />

Laboratório de Análise de Solos Av. Pres. Kennedy,<br />

s/n, (Rod. do Café, km 104) Cx. Postal 129 - fone:<br />

(0422)24-9000 CEP 84100<br />

. Estação Experimental Fazen<strong>da</strong> Modelo e Laboratório<br />

de Apoio á Pesquisa Av. Euzébio de Queirós s/n -<br />

fone: (0422)24-1433 CEP 84100<br />

. Estação Experimental Vila Velha, Uni<strong>da</strong>de de<br />

Beneficiamento de Sementes e Estação<br />

Agrometeorológica BR 376 (Rod. do Café) km<br />

89, Fumas Cx. Postei 433 - fone: (0422)24-<br />

5966 CEP 84100<br />

QUEDAS DO IGUAÇU<br />

Estação Agrometeorológica A/C Usina<br />

Hidrelétrica de Salto Osório ELETROSUL<br />

(PR 473-Usina Eta) Fone: (0465)23-4611 -<br />

CEP 85460<br />

SAO MIGUEL DO IGUAÇU<br />

Estação Agrometeorológica - Faz. Mitacoré A/C<br />

Bamerindus Agro Pastoril Lt<strong>da</strong>. BR 277, km 706<br />

- Cx. Postal 70 Fone: (0455)41-1396 - CEP<br />

85880<br />

TEIXEIRA SOARES<br />

Est. Experimental e Est. Agrometeorológica BR<br />

277, km 242/243 - Cx. Postal 108 (Irati) Fone:<br />

(0424)22-2574 - CEP 84500<br />

TELÊMACO BORBA<br />

Estação Agrometeorológica - Rua Bahia s/n<br />

Cx. Postal 82 - fone: (0422)71-9966 - CEP 84260<br />

UMUARAMA<br />

Estação Agrometeorológica<br />

A/C Núcleo Regional <strong>da</strong> SEAB<br />

Rua São Mateus, 5034 - Bairro Anchiete<br />

Fone: (0446)22-5533 - CEP 87500 *


ESTADO DO PARANÁ<br />

SECRETARIADE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

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