A deficiência mental na visão do Espiritismo - Revista Cristã de ...
A deficiência mental na visão do Espiritismo - Revista Cristã de ...
A deficiência mental na visão do Espiritismo - Revista Cristã de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
16<br />
PSICOLOGIA<br />
A DEFICIÊNC<br />
NA VISÃO DO ESPIRITISMO<br />
SOMENTE ATRAVÉS DA PERSPECTIVA REENCARNACIONISTA, SOB A LUZ DO<br />
EVANGELHO, É QUE PODEREMOS ANALISAR COM PROFUNDIDADE<br />
Vale a pe<strong>na</strong> refletir <strong>na</strong> questão<br />
da <strong><strong>de</strong>ficiência</strong> <strong>mental</strong>,<br />
já que no Brasil muitas instituições<br />
espíritas se <strong>de</strong>dicam a<br />
cuidar <strong>de</strong> pessoas nestas condições,<br />
num abençoa<strong>do</strong> trabalho<br />
verda<strong>de</strong>iramente cristão. Procurase<br />
seguir as lições <strong>de</strong> Jesus, que <strong>de</strong>terminou<br />
que amássemos o próximo<br />
como a nós mesmos.<br />
Em 1997, fizemos um estu<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>sse assunto, juntamente com o<br />
amigo Luciano Grisolia, por ocasião<br />
da data aniversária <strong>do</strong> Centro Espírita<br />
Nosso Lar Casas André Luiz, que<br />
aten<strong>de</strong> 700 crianças especiais. Fizemos<br />
então um resumo <strong>de</strong> parte <strong>do</strong><br />
trabalho para compor este artigo.<br />
UM BREVE HISTÓRICO<br />
Na antigüida<strong>de</strong>, constatamos o<br />
<strong>de</strong>sprezo e mesmo a elimi<strong>na</strong>ção<br />
das crianças que <strong>na</strong>sciam com algum<br />
tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito, seja ele físico<br />
ou <strong>mental</strong>. Segun<strong>do</strong> o gran<strong>de</strong> historia<strong>do</strong>r<br />
americano Will Durant<br />
(1885-1981), a maioria <strong>do</strong>s povos<br />
primitivos permitiam a morte <strong>do</strong>s<br />
recém-<strong>na</strong>sci<strong>do</strong>s que eram <strong>de</strong>forma<strong>do</strong>s,<br />
<strong>do</strong>entes, bastar<strong>do</strong>s ou<br />
cujas mães tinham morri<strong>do</strong> ao dar<br />
a luz (Our Oriental Heritage, Will<br />
Durant).<br />
Os conceitos morais ensi<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />
por Jesus reforçaram a idéia <strong>de</strong> que<br />
também o <strong>de</strong>ficiente <strong>mental</strong> tives-<br />
AS CAUSAS DA DEFICIÊNCIA MENTAL<br />
Washington Luiz Nogueira Fer<strong>na</strong>n<strong>de</strong>s<br />
washingt@sti.com.br<br />
se uma alma e que to<strong>do</strong> e qualquer<br />
ato discrimi<strong>na</strong>tório e anticari<strong>do</strong>so<br />
seria consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> contrário às leis <strong>de</strong><br />
Deus. Na Ida<strong>de</strong> Média, surgiram as<br />
dúvidas: e se o <strong>de</strong>ficiente fosse um<br />
aplaca<strong>do</strong>r da cólera divi<strong>na</strong>, a receber<br />
uma vingança celeste? Ou teria<br />
uma alma, mas não teria virtu<strong>de</strong>s?<br />
Como po<strong>de</strong>ria ser salvo <strong>do</strong> inferno?<br />
No começo <strong>do</strong> século XIX, o<br />
médico francês Jean Marc Gaspard<br />
Itard (1774-1838) foi um <strong>do</strong>s pioneiros<br />
no atendimento educacio<strong>na</strong>l aos<br />
<strong>de</strong>ficientes mentais, provan<strong>do</strong> que<br />
eles <strong>de</strong>veriam ser atendi<strong>do</strong>s com<br />
amor, cada um <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />
suas possibilida<strong>de</strong>s. Este trabalho<br />
inspirou seu discípulo E<strong>do</strong>uard<br />
Seguin (1812-1880) a prosseguir<br />
nestes estu<strong>do</strong>s. Seguin, que também<br />
era médico, tornou-se o primeiro<br />
especialista em <strong><strong>de</strong>ficiência</strong> <strong>mental</strong> e<br />
seu ensino. Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, em<br />
1848, Samuel Gridley (1801-1876)<br />
fun<strong>do</strong>u a Escola Howe para <strong>de</strong>ficientes<br />
mentais, para <strong>de</strong>z crianças.<br />
Johann Traugott Weise (1793-<br />
1859), educa<strong>do</strong>r alemão, embora tenha<br />
escrito em 1820 um panfleto<br />
intitula<strong>do</strong> Pensamentos, a respeito<br />
<strong>de</strong> crianças oligofrênicas, abordan<strong>do</strong><br />
suas varieda<strong>de</strong>s e causas, somente<br />
em 1859 é que foi estabelecida a<br />
primeira classe especial ou escola<br />
auxiliar. Hoje, a obra <strong>de</strong> Weise tem<br />
o crédito <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> a primeira pu-<br />
blicação educacio<strong>na</strong>l voltada para<br />
os estudantes retarda<strong>do</strong>s mentais.<br />
Johann Jakob Guggenbuhl (1816-<br />
1863), médico suíço, <strong>de</strong>dicou sua<br />
vida a estudar a causa e o tratamento<br />
<strong>de</strong>stes problemas. John Lang<strong>do</strong>n<br />
Hay<strong>do</strong>n Down (1826-1896), químico<br />
e médico inglês, teve uma importante<br />
contribuição nesta área, ao elaborar<br />
uma classificação étnica <strong>do</strong><br />
retar<strong>do</strong> <strong>mental</strong> em 1866, a qual foi<br />
incluída em seu texto Mental<br />
Affections of Childhood and Youth<br />
(Afecções Mentais da Infância e Juventu<strong>de</strong>),<br />
publica<strong>do</strong> em 1887. Não<br />
se po<strong>de</strong>ria aqui omitir a educa<strong>do</strong>ra<br />
Maria Montessori (1870-1956), a<br />
primeira médica italia<strong>na</strong>. Ela aprimorou<br />
os processos <strong>de</strong> Itard e<br />
Seguin, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um programa<br />
<strong>de</strong> trei<strong>na</strong>mento para crianças<br />
retardadas mentais nos inter<strong>na</strong>tos <strong>de</strong><br />
Roma. Ainda <strong>na</strong> Europa, <strong>de</strong>staca-se<br />
Alice Descoeu<strong>de</strong>rs (1928-...), médica<br />
belga que elaborou uma proposta<br />
curricular para os retarda<strong>do</strong>s mentais<br />
leves.<br />
O BRASIL NO SÉCULO PASSA-<br />
DO E ALGUMAS INSTITUIÇÕES<br />
Encontramos somente duas instituições<br />
para <strong>de</strong>ficientes mentais,<br />
surgidas até o fim <strong>do</strong> Império: uma<br />
junto ao Hospital Juliano Moreira, <strong>de</strong><br />
1874, em Salva<strong>do</strong>r (BA), e outra, a<br />
Escola México, <strong>de</strong> 1887, no Rio <strong>de</strong>
IA MENTAL<br />
Janeiro. A<br />
primeira especializada<br />
e a<br />
segunda <strong>de</strong> ensino<br />
regular, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
também <strong>de</strong>ficientes físicos e visuais.<br />
Em 1900, surge a primeira monografia<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l sobre o Tratamento <strong>do</strong>s<br />
Idiotas, apresentada por Carlos Eira no<br />
4º Congresso <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong> e Cirurgia,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Em 1913, Basílio <strong>de</strong><br />
Magalhães escreveu Tratamento e<br />
Educação das Crianças Anormais <strong>de</strong><br />
Inteligência. Em 1958, aparece a Introdução<br />
ao Estu<strong>do</strong> da Deficiência Mental,<br />
<strong>de</strong> Clóvis Faria Alvim.<br />
Segun<strong>do</strong> levantamento <strong>do</strong> Reintegra/Amankay,<br />
Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Informações<br />
Integradas sobre Deficiências,<br />
existem muitas instituições no Brasil<br />
que se <strong>de</strong>dicam à assistência <strong>de</strong> crianças<br />
especiais. Para referir algumas<br />
das mais antigas, citamos: Instituto<br />
Pestalozzi <strong>de</strong> Canoas, cria<strong>do</strong> em<br />
1926, em Porto Alegre, RS; Socieda<strong>de</strong><br />
Pestalozzi <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais, fundada<br />
em 1932; Socieda<strong>de</strong> Pestalozzi<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, fundada<br />
em 1948; Socieda<strong>de</strong> Pestalozzi<br />
<strong>de</strong> São Paulo, fundada em 1952; Associação<br />
<strong>de</strong> Pais e Amigos <strong>do</strong>s Excepcio<strong>na</strong>is<br />
(APAE) <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
fundada em 1954; Associação <strong>de</strong><br />
Pais e Amigos <strong>do</strong>s Excepcio<strong>na</strong>is<br />
(APAE) <strong>de</strong> São Paulo, fundada em<br />
1961. Até 1996, havia 230 APAEs no<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo e 1058 no<br />
país, filiadas à<br />
Fe<strong>de</strong>ração Nacio<strong>na</strong>l<br />
das APAEs, em<br />
Brasília.<br />
ENTIDADES<br />
ESPÍRITAS DE<br />
ASSISTÊNCIA<br />
AO DEFICIENTE MENTAL<br />
No <strong>Espiritismo</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as<br />
Casas André Luiz, em Guarulhos,<br />
que aten<strong>de</strong> 700 crianças especiais; a<br />
Casa da Criança <strong>do</strong> Betinho – Lar<br />
Espírita para Excepcio<strong>na</strong>is, Rua<br />
Vacanga, 300, bairro <strong>de</strong> Vila Carrão;<br />
Caminhan<strong>do</strong> – Núcleo Espírita para<br />
Educação e Integração <strong>do</strong> Excepcio<strong>na</strong>l,<br />
Rua Rosária Mussara, 90, bairro<br />
<strong>de</strong> Vila Califórnia; Instituto Beneficente<br />
Nosso Lar, Praça Florence<br />
Nightingale, 56, Cambuci, que a<strong>do</strong>ta<br />
o méto<strong>do</strong> DIPCI (Desenvolvimento<br />
Integral das Potencialida<strong>de</strong>s da<br />
Criança Excepcio<strong>na</strong>l); AIA – Núcleo<br />
Assistencial Irmão Alfre<strong>do</strong> Entida<strong>de</strong><br />
Mantene<strong>do</strong>ra Obra Beneficente,<br />
Rua Ribeiro <strong>do</strong> Vale, 120, Brooklin.<br />
CAUSALIDADE<br />
MÉDICA E ESPÍRITA<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista médico, i<strong>de</strong>ntificam-se<br />
disposições gerais como<br />
agentes causa<strong>do</strong>res da <strong><strong>de</strong>ficiência</strong><br />
<strong>mental</strong> e também fatores biológicos,<br />
psicológicos e sociais. Entre estes<br />
agentes responsáveis, i<strong>de</strong>ntificamos:<br />
infecção e intoxicação; anormalida<strong>de</strong><br />
cromossômica; distúrbios <strong>de</strong> gestação;<br />
retar<strong>do</strong> <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> distúrbio<br />
psiquiátrico; rubéola ou sarampo<br />
alemão, que po<strong>de</strong> causar <strong>de</strong>fici-<br />
A MÁQUINA – DE VICTOR REBELO<br />
17
18<br />
PSICOLOGIA<br />
O <strong>de</strong>ficiente é uma <strong>de</strong>licada flor que requer carinho especial<br />
ência <strong>mental</strong> durante os três primeiros<br />
meses <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z; agentes tóxicos<br />
ingeri<strong>do</strong>s pela mãe durante a<br />
gravi<strong>de</strong>z ou pela criança po<strong>de</strong>m<br />
perturbar o equilíbrio bioquímico<br />
interno; vírus ou germes em forma<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças infecciosas po<strong>de</strong>m invadir<br />
o corpo e causar danos dura<strong>do</strong>uros<br />
ao sistema nervoso central; consumo<br />
<strong>de</strong> álcool, que po<strong>de</strong> atravessar<br />
a barreira placentária, permanecen<strong>do</strong><br />
<strong>na</strong> corrente sangüínea <strong>do</strong> feto e<br />
<strong>de</strong>primin<strong>do</strong> o funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> sistema<br />
nervoso central. Em qualquer<br />
caso, ocorre o funcio<strong>na</strong>mento intelectual<br />
abaixo da média durante o perío<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, associa<strong>do</strong><br />
a distúrbios <strong>de</strong> maturação, aprendiza<strong>do</strong><br />
ou adaptação social. Face a esta<br />
realida<strong>de</strong>, existem várias alter<strong>na</strong>tivas<br />
terapêuticas e formas <strong>de</strong> reabilitação,<br />
conforme o grau <strong>de</strong> comprometimento<br />
orgânico.<br />
EM BUSCA DAS CAUSAS<br />
A verda<strong>de</strong> é que muitas pessoas<br />
têm dificulda<strong>de</strong> em enten<strong>de</strong>r o fator<br />
causal <strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento <strong>de</strong> uma criança<br />
<strong>de</strong>ficiente. A medici<strong>na</strong> procura<br />
<strong>de</strong>screver seus efeitos e, por vezes,<br />
alcança causas imediatas, mas ainda<br />
permanece a gran<strong>de</strong> incógnita da<br />
causalida<strong>de</strong> primeira <strong>do</strong> problema.<br />
O <strong>Espiritismo</strong>, no século XIX, pô<strong>de</strong><br />
explicar e <strong>de</strong>screver, através da reen-<br />
car<strong>na</strong>ção, porque<br />
um espírito retor<strong>na</strong><br />
à vida física num<br />
corpo com alterações<br />
somáticas ou<br />
psíquicas.<br />
A <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> espírita<br />
nos ensi<strong>na</strong> que<br />
Deus é a Inteligência<br />
Suprema <strong>do</strong> Universo, causa primária<br />
<strong>de</strong> todas as coisas, sen<strong>do</strong> Ele<br />
eterno, único, imutável, imaterial,<br />
sobera<strong>na</strong>mente justo e bom, perfeito<br />
em todas as coisas. Mas como um<br />
Deus sobera<strong>na</strong>mente justo e bom<br />
po<strong>de</strong> permitir que um bebê totalmente<br />
inocente possa <strong>na</strong>scer com<br />
tantos <strong>de</strong>feitos, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta<br />
forma, ter uma vida normal?<br />
O <strong>Espiritismo</strong> explica que to<strong>do</strong><br />
este sofrimento da criança <strong>de</strong>ve ter<br />
uma causa e, como Deus é justo,<br />
esta causa só po<strong>de</strong> ser justa. Se não<br />
encontramos a causa <strong>de</strong>ste sofrimento<br />
<strong>na</strong> vida atual, <strong>de</strong>vemos nos reportar<br />
às vidas pretéritas. Admitir a<br />
unicida<strong>de</strong> da existência, ou seja, a<br />
criação da alma juntamente com o<br />
corpo, seria o mesmo que duvidar da<br />
Justiça <strong>de</strong> Deus, que permitiria que<br />
seus filhos sofressem sem culpa.<br />
Em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> axioma (lei científica<br />
sem <strong>de</strong>monstração) que estabelece<br />
que to<strong>do</strong> efeito <strong>de</strong>ve ter uma<br />
causa, a explicação para isto se encontra<br />
<strong>na</strong> Lei <strong>de</strong> Causa e Efeito, <strong>na</strong><br />
Lei <strong>de</strong> Ação e Reação. Aplicada esta<br />
lei em nossa vida, nossas atitu<strong>de</strong>s,<br />
sen<strong>do</strong> a causa ou a ação, sempre<br />
terão os seus respectivos efeitos.<br />
Assim, pratican<strong>do</strong> o bem, conforme<br />
as Leis <strong>de</strong> Deus, conheceremos a seu<br />
tempo os bons efeitos, mas também<br />
se praticarmos o mal, conheceremos<br />
A MEDICINA PROCURA DESCREVER SEUS<br />
EFEITOS E, POR VEZES, ALCANÇA CAUSAS<br />
IMEDIATAS, MAS AINDA PERMANECE A<br />
GRANDE INCÓGNITA DA CAUSALIDADE<br />
PRIMEIRA DO PROBLEMA<br />
as suas amargas conseqüências, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
por nossa indiscipli<strong>na</strong> e<br />
por nossa transgressão à Lei <strong>de</strong> Deus,<br />
que é a Lei <strong>do</strong> Amor. Não se trata<br />
aqui <strong>de</strong> um mecanismo punitivo,<br />
mas sim educativo, como ocorre<br />
com um estudante que é leva<strong>do</strong> a<br />
repetir o ano letivo para o qual não<br />
se aplicou <strong>de</strong>vidamente e, para ele,<br />
isto será recebi<strong>do</strong> como uma pe<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>.<br />
Assim, por punição <strong>de</strong>vemos<br />
enten<strong>de</strong>r o esta<strong>do</strong> <strong>mental</strong> daquele<br />
que a sofre. Tu<strong>do</strong> isto po<strong>de</strong>mos extrair<br />
<strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s esclarece<strong>do</strong>res<br />
ensi<strong>na</strong>mentos espíritas.<br />
Allan Kar<strong>de</strong>c apresenta as seguintes<br />
consi<strong>de</strong>rações a respeito <strong>do</strong>s<br />
problemáticos mentais:<br />
“Os que <strong>na</strong>scem nessas condições,<br />
<strong>na</strong>da fizeram, seguramente,<br />
nesta vida, para merecer uma sorte<br />
tão triste, sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compensação,<br />
e que eles não pu<strong>de</strong>ram<br />
evitar, sen<strong>do</strong> impotentes para modificá-las<br />
e fican<strong>do</strong> à mercê da comiseração<br />
pública. Por que, pois, esses<br />
seres tão <strong>de</strong>sgraça<strong>do</strong>s, enquanto ao<br />
seu la<strong>do</strong>, sob o mesmo teto e <strong>na</strong><br />
mesma família, outros se apresentam<br />
favoreci<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s?<br />
Ora, a causa sen<strong>do</strong> sempre anterior<br />
ao efeito e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não se encontre<br />
<strong>na</strong> vida atual, é que pertence a<br />
uma existência prece<strong>de</strong>nte. Por outro<br />
la<strong>do</strong>, Deus, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> punir<br />
pelo bem que se fez, nem pelo mal<br />
que se não fez, se somos puni<strong>do</strong>s, é<br />
que fizemos o mal. E se não fizemos<br />
o mal nesta vida, é que o fizemos em<br />
outra. Esta é uma alter<strong>na</strong>tiva a que<br />
não po<strong>de</strong>mos escapar, e <strong>na</strong> qual a<br />
lógica nos diz <strong>de</strong> que la<strong>do</strong> está a<br />
justiça <strong>de</strong> Deus” (O Evangelho Segun<strong>do</strong><br />
o <strong>Espiritismo</strong>, Cap. V).
A CAUSA, SENDO SEMPRE ANTERIOR AO EFEITO<br />
E DESDE QUE NÃO SE ENCONTRE NA VIDA ATUAL,<br />
É QUE PERTENCE A UMA EXISTÊNCIA PRECEDENTE<br />
O LIVRO DOS ESPÍRITOS<br />
“Questão 371: A opinião <strong>de</strong> que<br />
os cretinos e os idiotas* teriam uma<br />
alma <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza inferior tem fundamento?<br />
(*Importante esclarecer que,<br />
antigamente, <strong>na</strong> terminologia médica,<br />
o indivíduo porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> qualquer<br />
anormalida<strong>de</strong> <strong>mental</strong> era chama<strong>do</strong><br />
idiota, cretino ou louco).<br />
– Não. Ele têm uma alma huma<strong>na</strong>,<br />
freqüentemente mais inteligente<br />
<strong>do</strong> que pensais, e que sofre com a<br />
insuficiência <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> que dispõe<br />
para se comunicar, como o<br />
mu<strong>do</strong> sofre por não po<strong>de</strong>r falar.<br />
Questão 372: Qual é o objetivo<br />
da Providência ao criar seres <strong>de</strong>sgraça<strong>do</strong>s<br />
como os cretinos e os idiotas?<br />
– São espíritos em punição que<br />
vivem em corpos <strong>de</strong> idiotas. Esses<br />
espíritos sofrem o constrangimento<br />
a que estão sujeitos e pela impossibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> manifestar-se através<br />
<strong>de</strong> órgãos não <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s<br />
ou <strong>de</strong>feituosos.<br />
Questão 373: Qual o mérito da<br />
existência para seres que, como idiotas<br />
e cretinos, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> fazer o bem<br />
nem o mal, não po<strong>de</strong>m progredir?<br />
– É uma expiação, imposta ao<br />
abuso que tenham feito <strong>de</strong> certas faculda<strong>de</strong>s;<br />
é um tempo <strong>de</strong> suspensão.<br />
Questão 373-a: Um corpo <strong>de</strong> idiota<br />
po<strong>de</strong> então encerrar um espírito<br />
que tivesse anima<strong>do</strong> um homem <strong>de</strong><br />
gênio numa existência prece<strong>de</strong>nte?<br />
– Sim, o gênio tor<strong>na</strong>-se às vezes<br />
uma <strong>de</strong>sgraça, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>le se abusa.<br />
NOTA: A superiorida<strong>de</strong> moral<br />
não está sempre <strong>na</strong> razão da superiorida<strong>de</strong><br />
intelectual e os maiores gênios<br />
po<strong>de</strong>m ter muito a expiar; daí<br />
resulta freqüentemente para eles<br />
uma existência inferior às que já te-<br />
1. (A São Luís) Po<strong>de</strong>mos evocar o espírito<br />
<strong>de</strong>ste menino?<br />
R. Sim, é como se o fizésseis ao <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>sencar<strong>na</strong><strong>do</strong>.<br />
2. Essa resposta faz-nos supor que a evocação<br />
se po<strong>de</strong> fazer a qualquer hora...<br />
R. Sim, visto como presa ao corpo por<br />
laços materiais, que não espirituais, a sua<br />
alma po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sligar-se a qualquer hora.<br />
3. (Evocação <strong>de</strong> Carlos)<br />
R. Sou um pobre Espírito preso à Terra por<br />
um pé como se passarinho fosse.<br />
4. Presentemente, isto é, como um Espírito,<br />
ten<strong>de</strong>s consciência <strong>de</strong> vossa nulida<strong>de</strong><br />
neste mun<strong>do</strong>?<br />
R. Decerto que sinto o cativeiro.<br />
5. Quan<strong>do</strong> o corpo a<strong>do</strong>rmece e o vosso<br />
Espírito se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>, ten<strong>de</strong>s as idéias tão<br />
lúcidas como se estivésseis em esta<strong>do</strong><br />
normal?<br />
R. Quan<strong>do</strong> o corpo infeliz repousa, fico<br />
um pouco mais livre para alçar-me ao céu<br />
a que aspiro.<br />
6. Experimentais no esta<strong>do</strong> espiritual<br />
qualquer sensação <strong>do</strong>lorosa oriunda <strong>do</strong><br />
vosso esta<strong>do</strong> corpóreo?<br />
R. Sim, por isso que é uma punição.<br />
7. Lembrai-vos da prece<strong>de</strong>nte encar<strong>na</strong>ção?<br />
R. Oh! Sim, e ela é causa <strong>de</strong> meu exílio<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
REFERÊNCIAS<br />
XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>/<br />
André Luiz.<br />
Os Mensageitos<br />
FEB<br />
Espíritos diversos<br />
Deficiente Mental, por que fui um?<br />
Petit<br />
Yvonne A. Pereira<br />
Memórias <strong>de</strong> um Suicida<br />
FEB<br />
UM CASO DE DEFICIÊNCIA MENTAL<br />
Do livro O Céu e o Inferno, Cap. 8, 2ª Parte:<br />
Este era um rapaz <strong>de</strong> 13 anos, ainda encar<strong>na</strong><strong>do</strong>, cujas faculda<strong>de</strong>s intelectuais<br />
eram nulas a ponto <strong>de</strong> não reconhecer os próprios pais, mal po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
tomar por si mesmo o alimento. Dava-se a completa suspensão <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
em to<strong>do</strong> o sistema orgânico.<br />
nham vivi<strong>do</strong>, que é uma causa <strong>de</strong><br />
sofrimentos. Os entraves que o espírito<br />
prova em suas manifestações são<br />
para ele como as ca<strong>de</strong>ias que constrangem<br />
os movimentos <strong>de</strong> um homem<br />
vigoroso. Po<strong>de</strong>-se dizer que os<br />
cretinos e os idiotas são estropia<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> cérebro, como o coxo o é das<br />
<strong>de</strong> hoje.<br />
8. Que existência era essa?<br />
R. A <strong>de</strong> um jovem libertino no rei<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Henrique III.<br />
9. Dizeis ser uma punição a vossa condição<br />
atual... acaso não a escolhestes?<br />
R. Não.<br />
10. Como po<strong>de</strong> vossa existência atual<br />
servir ao vosso adiantamento no esta<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> em que vos achais?<br />
R. Para mim não há nulida<strong>de</strong>, pois foi<br />
Deus quem me impôs esta contingência.<br />
11. Po<strong>de</strong>s prever o tempo <strong>de</strong> duração da<br />
existência atual?<br />
R. Não, porém, mais ano menos ano,<br />
reentrarei <strong>na</strong> minha pátria.<br />
12. Que fizestes durante o tempo que<br />
mediou entre a vossa última <strong>de</strong>sencar<strong>na</strong>ção<br />
e a encar<strong>na</strong>ção atual?<br />
R .Deus encarcerou-me; logo, eu era um<br />
Espírito leviano.<br />
13. Ten<strong>de</strong>s, quan<strong>do</strong> acorda<strong>do</strong>, a consciência<br />
<strong>do</strong> que se passa, apesar da imperfeição<br />
<strong>do</strong>s vossos órgãos ?<br />
R. Vejo e ouço, mas meu corpo <strong>na</strong>da vê<br />
nem percebe.<br />
14. Po<strong>de</strong>remos fazer alguma coisa <strong>de</strong><br />
proveito por vós?<br />
R. Nada.<br />
per<strong>na</strong>s e o cego <strong>do</strong>s olhos“ (O Livro<br />
<strong>do</strong>s Espíritos, Allan Kar<strong>de</strong>c).<br />
Ficam registradas estas sábias reflexões<br />
sobre a <strong><strong>de</strong>ficiência</strong> <strong>mental</strong> à<br />
luz <strong>do</strong> <strong>Espiritismo</strong>, trazen<strong>do</strong> valiosos<br />
esclarecimentos e conselhos para os<br />
que se encontram inseri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alguma<br />
forma nesta realida<strong>de</strong>.<br />
19