Untitled - Arquidiocese de Florianópolis
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SUMÁRIO<br />
Apresentação ........................................................................................................................................ 5<br />
Introdução ............................................................................................................................................. 7<br />
Por que Diretrizes?................................................................................................................................ 7<br />
Que são Diretrizes?............................................................................................................................... 8<br />
Diferença entre Diretrizes e outros documentos<br />
<strong>de</strong> nossa <strong>Arquidiocese</strong> .................................................................................................................... 8<br />
Esquema <strong>de</strong>stas Diretrizes ................................................................................................................. 10<br />
I Desafios à nossa Evangelização ................................................................................................... 11<br />
I.1 Desafios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social ...................................................................................................... 11<br />
Ameaças <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social ..................................................................................................... 12<br />
Oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social ............................................................................................. 15<br />
Apelos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social ......................................................................................................... 17<br />
I.2 Desafios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m eclesial .................................................................................................... 18<br />
Ameaças <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m eclesial ................................................................................................... 19<br />
Oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m eclesial .......................................................................................... 20<br />
Apelos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m eclesial ....................................................................................................... 21<br />
II Objetivo Geral ............................................................................................................................... 23<br />
II.1 Justificativa do Objetivo ......................................................................................................... 24<br />
II.2 Explicação do Objetivo .......................................................................................................... 25<br />
Evangelizar ............................................................................................................................ 25<br />
Sendo Igreja .......................................................................................................................... 27<br />
Seguidora <strong>de</strong> Jesus Cristo ..................................................................................................... 29<br />
Na Palavra ............................................................................................................................. 31<br />
No Testemunho ..................................................................................................................... 32<br />
Na Oração ............................................................................................................................. 33<br />
Na Partilha ............................................................................................................................. 34<br />
Na Fração do Pão .................................................................................................................. 36<br />
Envolvendo as forças vivas da <strong>Arquidiocese</strong> ......................................................................... 37<br />
A serviço da vida plena e da esperança ................................................................................ 39<br />
III Impulsos para a Caminhada ......................................................................................................... 41<br />
lll.1 No Horizonte da Novo Milênio ............................................................................................... 41<br />
III.2 Ação Evangelizadora ............................................................................................................. 41<br />
IV Indicações para a ação Evangelizadora ........................................................................................ 45<br />
IV.l Estruturas Pastorais .............................................................................................................. 46<br />
IV.2 Sustentação Financeira ......................................................................................................... 47<br />
IV.3 Forças Vivas .......................................................................................................................... 47<br />
IV.4 Formação <strong>de</strong> Agentes ........................................................................................................... 48<br />
IV.5 Ação Social ............................................................................................................................ 49<br />
IV.6 Meios <strong>de</strong> Comunicação ....................................... 50<br />
IV.7 Catequese e Família ............................................ 51<br />
IV.8 Novos Areópagos ................................................ 51<br />
Siglas e Abreviaturas ........................................................ 53<br />
População dos Municípios da <strong>Arquidiocese</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong> – Censo 2000 ...................................................................................................... 54
Relação <strong>de</strong> Paróquias, Santuários e Capelanias 56<br />
Relação <strong>de</strong> Pastorais, Movimentos, Organismos,<br />
Serviços, Colégios e Meios <strong>de</strong> Comunicação 58<br />
Mapa dos Municípios da <strong>Arquidiocese</strong> 61<br />
Mapa das Comarcas e Paróquias da <strong>Arquidiocese</strong> 62<br />
Composição das Comarcas da <strong>Arquidiocese</strong> 63<br />
APRESENTAÇÃO<br />
Em nossa Carta Pastoral <strong>de</strong> 08.12.2000 alertávamos contra um dos mais nocivos obstáculos<br />
ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Jesus: “Que eles sejam, ó Pai, um como nós” (Jo 17,11). Sob suas diferentes<br />
manifestações, esses entraves à unida<strong>de</strong> se radicam no auto-fechamento, na auto-suficiência, que<br />
transformam grupos, comunida<strong>de</strong>s inteiras, movimentos e até gran<strong>de</strong>s projetos em ilhas, feudos ou<br />
esforços isolados, conseqüentemente baldados.<br />
As Diretrizes <strong>de</strong> nossa Ação Evangelizadora visam exatamente o contrário: ação conjugada,<br />
trabalho harmônico, rumos e itinerários comuns para objetivar o que São Lucas nos diz dos<br />
membros das primeiras comunida<strong>de</strong>s cristãs: “Tudo entre eles era comum” (At 4,32).<br />
Desta forma, partindo das diversas realida<strong>de</strong>s – que nos envolvem, afetam e condicionam –<br />
queremos buscar impulsos, inspirações condivididas que partem do mesmo Espírito <strong>de</strong> Jesus. Pois,<br />
cremos e esperamos: “On<strong>de</strong> dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio<br />
<strong>de</strong>les” (Mt 18,20). O rosto da <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong> – em seu esforço e afã evangelizador –<br />
evi<strong>de</strong>nciará um rosto homogêneo, cognoscível a todos, aparentado com o rosto do próprio Jesus.<br />
Por isso mesmo, abraçamos um objetivo comum e dinâmico, repensado e escolhido com<br />
esmero e carinho, que é ponto <strong>de</strong> partida, suporte da caminhada e, pelo menos em parte, ponto <strong>de</strong><br />
chegada. Queremos efetivamente, ao ritmo da esperança, chegar àquela plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, que São<br />
Paulo <strong>de</strong>screve como “Deus presente e atuante, como tudo em todos” (1Co 15, 28).<br />
Cabe-me o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer repetidamente a todos os que - nas comunida<strong>de</strong>s, na<br />
coor<strong>de</strong>nação, nos grupos <strong>de</strong> reflexão, nas reuniões <strong>de</strong> comarca, nos movimentos e, sobretudo, na<br />
Assembléia Geral Extraordinária <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2001, <strong>de</strong>ram o melhor <strong>de</strong> si mesmos para o êxito<br />
da elaboração das presentes Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja na <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Florianópolis</strong> e, certamente, farão ainda mais para a sua efetivação concreta.<br />
Todos os itens, parte por parte, foram votados e aprovados pelos membros da referida<br />
Assembléia Geral e, assim, os aprovo “ad referendum” da próxima Assembléia Geral da nossa<br />
<strong>Arquidiocese</strong>.<br />
<strong>Florianópolis</strong> 15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<br />
Eusébio Oscar Scheid, S.C.J.<br />
Arcebispo Metropolitano <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong>
INTRODUÇÃO<br />
POR QUE DIRETRIZES?<br />
“Pareceu bem ao Espírito Santo<br />
e a nós...” (At 15,28)<br />
Toda ação evangelizadora <strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>senvolver em vista <strong>de</strong> objetivos a serem alcançados. Mas<br />
não bastam os objetivos, por mais elevados e meritórios que sejam. Fazem-se necessários outros<br />
dados: conhecimento da realida<strong>de</strong>, recursos disponíveis, estratégias a serem adotadas, cronograma<br />
a ser seguido, etc... A tudo isso, montado <strong>de</strong> forma orgânica, se dá o nome <strong>de</strong> “Plano <strong>de</strong> Pastoral”.<br />
Em anos passados, a CNBB elaborou planos em âmbito nacional; o Regional Sul IV, para<br />
Santa Catarina; e a <strong>Arquidiocese</strong> apresentou, em anos consecutivos, planos <strong>de</strong> pastoral a serem<br />
seguidos e cumpridos em todas as paróquias. Mas a experiência foi mostrando que qualquer plano<br />
<strong>de</strong> pastoral, para ser viável e prático, <strong>de</strong>ve ter como ponto <strong>de</strong> apoio e <strong>de</strong> partida a realida<strong>de</strong> da<br />
comunida<strong>de</strong>. A nossa <strong>Arquidiocese</strong> é constituída em torno <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> meia centena <strong>de</strong> paróquias e<br />
mais <strong>de</strong> seiscentas comunida<strong>de</strong>s, apresentando realida<strong>de</strong>s humanas e sociais muito diversas.<br />
Por isso, a exemplo do que fizeram a CNBB e o Regional Sul IV, também aqui, na<br />
<strong>Arquidiocese</strong>, pareceu-nos bem elaborar apenas Diretrizes <strong>de</strong> Ação Evangelizadora. Tomando em<br />
consi<strong>de</strong>ração estas Diretrizes e, mais do que isto, tomando-as como pano <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> toda ação<br />
evangelizadora, cada Paróquia há <strong>de</strong> elaborar seu Plano <strong>de</strong> Pastoral próprio, bem como cada<br />
Pastoral, Organismo e Movimento <strong>de</strong>verá elaborar seus Projetos Pastorais.<br />
QUE SÃO DIRETRIZES?<br />
As Diretrizes da Ação Evangelizadora – como as que ora apresentamos – são propostas e<br />
orientações para a ação evangelizadora, a partir da realida<strong>de</strong> arquidiocesana, válidas e aplicáveis às<br />
mais diversas realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada paróquia, pastoral, organismo, movimento, enfim a todos os<br />
segmentos que compõem a vida e a missão da <strong>Arquidiocese</strong>.<br />
As Diretrizes têm o papel importante e indispensável <strong>de</strong> dar um rosto orgânico a toda a nossa<br />
ação evangelizadora. Visam a aglutinar motivações e ações a partir <strong>de</strong> e em vista <strong>de</strong> um objetivo<br />
comum. Dão os traços básicos do rosto <strong>de</strong> nossa Igreja arquidiocesana. Sem elas, cada paróquia,<br />
pastoral, movimento ou organismo agiria como livre-atirador, seria um gueto ou feudo,<br />
comprometendo gravemente o anúncio e a prática do Evangelho <strong>de</strong> Jesus.<br />
As Diretrizes <strong>de</strong>vem fazer acontecer a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da diversida<strong>de</strong>. Elas têm caráter<br />
inspirador, iluminador, para toda a ação evangelizadora <strong>de</strong> qualquer instância e entida<strong>de</strong> pastoral.<br />
Elas são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m didática e preten<strong>de</strong>m perpassar toda a estruturação <strong>de</strong> nossa ação<br />
evangelizadora. Elas apontam caminhos. Direcionam e orientam tudo o que somos, como<br />
seguidores e seguidoras <strong>de</strong> Jesus, e tudo o que fazemos pelo Reino <strong>de</strong> Deus.<br />
DIFERENÇA ENTRE DIRETRIZES<br />
E OUTROS DOCUMENTOS DE<br />
NOSSA ARQUIDIOCESE<br />
As Orientações Pastorais da <strong>Arquidiocese</strong>, publicadas em 1996, continuam em vigor. Elas têm<br />
caráter normativo, jurídico, canônico. Dizem respeito aos procedimentos práticos quanto aos<br />
sacramentos, aos setores <strong>de</strong> pastoral e aos organismos eclesiais.<br />
O Projeto <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s, elaborado para cada ano, tem caráter programático. Diz respeito às<br />
ativida<strong>de</strong>s pastorais concretas – eventos, projetos, programas <strong>de</strong> ação – e concentra-se ao redor <strong>de</strong><br />
um tema inspirador da ação pastoral e evangelizadora <strong>de</strong> cada ano.<br />
Os Projetos Pastorais são elaborados pelas pastorais específicas. Dizem respeito às<br />
particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada setor <strong>de</strong> pastoral, <strong>de</strong> cada organismo eclesial. Assim, po<strong>de</strong> haver projetos<br />
pastorais para a pastoral familiar, a pastoral do dízimo, a pastoral dos grupos <strong>de</strong> reflexão, etc...
A Carta Pastoral, publicada por Dom Eusébio, no final do ano 2000, para celebrar o gran<strong>de</strong><br />
Jubileu, tem caráter exortativo, parenético, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva teológico-eclesiológica. É a<br />
mensagem do Pastor <strong>de</strong> nossa Igreja Particular, preocupado com a efetivação do Reino <strong>de</strong> Deus em<br />
nossa <strong>Arquidiocese</strong>.<br />
O Plano <strong>de</strong> Pastoral tem uma perspectiva abrangente. Ele segue, normalmente, a metodologia<br />
“ver-julgar-agir”. Contém dados sobre a realida<strong>de</strong> sócio-político-econômico-cultural e sobre a<br />
realida<strong>de</strong> eclesial-pastoral. Analisa essa realida<strong>de</strong> à luz da Bíblia e da doutrina da Igreja. Aponta<br />
caminhos <strong>de</strong> ação pastoral: objetivos, recursos disponíveis, estratégias a serem adotadas,<br />
cronograma a ser seguido, etc... Antes era elaborado pelas instâncias maiores da Igreja (país,<br />
estado, diocese). Ultimamente, prefere-se <strong>de</strong>ixar a essas instâncias mais amplas o compromisso <strong>de</strong><br />
traçar Diretrizes Pastorais, cabendo às instâncias menores a elaboração do Plano <strong>de</strong> Pastoral. Com<br />
efeito, a paróquia e/ou a comunida<strong>de</strong>, por situarem-se mais próximas à base e à realida<strong>de</strong> concreta,<br />
<strong>de</strong>vem ver, julgar e transformar essa realida<strong>de</strong>.<br />
Nenhum <strong>de</strong>sses documentos fica anulado com as Diretrizes. Nenhum <strong>de</strong>les as substitui. Todos<br />
eles <strong>de</strong>verão, <strong>de</strong> agora em diante, ser lidos e interpretados à luz <strong>de</strong>stas Diretrizes. Todos eles abrem<br />
caminhos e oferecem indicações práticas, que servirão para pôr em prática os objetivos <strong>de</strong>stas<br />
Diretrizes.<br />
ESQUEMA DESTAS DIRETRIZES<br />
As nossas Diretrizes se constituem a partir do seguinte esquema:<br />
Um rápido olhar sobre a realida<strong>de</strong> social que nos envolve, e sobre a realida<strong>de</strong> eclesial em que<br />
vivemos, para <strong>de</strong>tectar aí os <strong>de</strong>safios à nossa evangelização, na forma <strong>de</strong> ameaças, oportunida<strong>de</strong>s<br />
e apelos. Julgamos que esse olhar é fundamental, para que o objetivo <strong>de</strong> nossa ação não seja<br />
<strong>de</strong>sligado da realida<strong>de</strong>.<br />
A partir <strong>de</strong> nosso olhar sobre a realida<strong>de</strong>, formula-se um Objetivo Geral claro e breve, com sua<br />
<strong>de</strong>vida justificativa e sua fundamentação bíblica e teológica, on<strong>de</strong> se apresentam as motivações<br />
mais profundas <strong>de</strong> nossa fé para a ação evangelizadora. O Objetivo Geral é o centro <strong>de</strong> nossas<br />
Diretrizes. Ele é formulado a partir <strong>de</strong> nossa observação da realida<strong>de</strong> e da constatação dos <strong>de</strong>safios<br />
que nos provocam, e tem por finalida<strong>de</strong> levar-nos a interferir sobre esta mesma realida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong><br />
nela vivermos o discipulado <strong>de</strong> Cristo e anunciarmos o Reino <strong>de</strong> Deus.<br />
Para a consecução <strong>de</strong>ste Objetivo Geral, preten<strong>de</strong>mos contar com alguns impulsos para a<br />
caminhada, que servirão como idéias-força para recordar e animar nossa obra evangelizadora.<br />
Tendo claro nosso Objetivo Geral, seguem-se indicações estratégicas para o uso dos recursos<br />
<strong>de</strong> que dispomos ou a que apelamos, com vistas à execução <strong>de</strong>sse objetivo; indicações que <strong>de</strong>verão<br />
ser levadas em conta por todos os segmentos <strong>de</strong> nossa <strong>Arquidiocese</strong>, pelas quais se verificará a<br />
conjunção <strong>de</strong> forças em torno do objetivo comum.<br />
I DESAFIOS À NOSSA EVANGELIZAÇÃO<br />
“É preciso passar por muitas tribulações<br />
para entrar no reino <strong>de</strong> Deus” (At 14,22)<br />
É necessário, antes <strong>de</strong> tudo, um rápido olhar sobre a realida<strong>de</strong> social que nos envolve, e sobre<br />
a realida<strong>de</strong> eclesial em que vivemos, para <strong>de</strong>tectar aí os <strong>de</strong>safios à nossa evangelização, na forma<br />
<strong>de</strong> ameaças, oportunida<strong>de</strong>s e apelos. Julgamos que esse olhar é fundamental, para que o objetivo<br />
<strong>de</strong> nossa ação não seja <strong>de</strong>sligado da realida<strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>safios à evangelização nos levam a passar<br />
por tribulações pelo Reino <strong>de</strong> Deus.<br />
Para efeito didático, consi<strong>de</strong>ramos estes <strong>de</strong>safios a partir <strong>de</strong> sua proveniência: <strong>de</strong>safios<br />
externos, vindos <strong>de</strong> nossa vida em meio à socieda<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>safios internos, presentes na vida interna<br />
da própria Igreja. Em cada um <strong>de</strong>stes ambientes, iremos perceber ameaças (ou fraquezas),<br />
oportunida<strong>de</strong>s (ou forças) e apelos (ou interpelações).<br />
É muito importante perceber estas distinções. É precisamente com o aproveitamento das<br />
oportunida<strong>de</strong>s externas que se consegue <strong>de</strong>bilitar ou diminuir as ameaças externas, bem como é
com o uso das forças internas que é possível vencer as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s existentes em nossa instituição<br />
eclesial e em nossas atitu<strong>de</strong>s. E é com a percepção dos apelos, com seu conhecimento, verificação<br />
e discernimento, que iremos dando uma marca criativa à nossa ação evangelizadora.<br />
I.1 DESAFIOS DE ORDEM SOCIAL<br />
Para po<strong>de</strong>r lançar as sementes do Evangelho em vista da construção <strong>de</strong> um mundo justo e<br />
fraterno, é preciso que a Igreja conheçaefetivamente toda a realida<strong>de</strong> que a envolve, e seja a<br />
primeira <strong>de</strong>fensora e protagonista do efetivo seguimento <strong>de</strong> Jesus. Frente às profundas<br />
transformações da última década no cenário mundial, nacional e estadual, as quais se refletem na<br />
<strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong>, é preciso que i<strong>de</strong>ntifiquemos os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social, isto é,<br />
postos à nossa frente pela realida<strong>de</strong> social em que vivemos.<br />
Alguns são consi<strong>de</strong>rados como ameaças, outros como oportunida<strong>de</strong>s, outros como apelos.<br />
Uma vez i<strong>de</strong>ntificados, <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>rados e <strong>de</strong>vidamente trabalhados, para que a ação<br />
evangelizadora em nossa <strong>Arquidiocese</strong> seja eficaz e produtiva, e, além <strong>de</strong> tudo, libertadora, para<br />
realmente realizar o que Jesus mandou: evangelizar para salvar.<br />
AMEAÇAS DE ORDEM SOCIAL<br />
São situações ou fenômenos que se tornam problema para nós, pois ameaçam direta ou<br />
indiretamente a ação evangelizadora, exigindo <strong>de</strong> nós combatê-los e minimizá-los:<br />
• Crise ética em todos os segmentos da socieda<strong>de</strong>: Os valores morais e religiosos são<br />
muitas vezes colocados em segundo plano e até mesmo ignorados, em busca <strong>de</strong> uma vida<br />
mais fácil e hedonista;<br />
• Permissivismo cultural e sexual: Os valores culturais e sexuais <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser<br />
importantes, <strong>de</strong>vido ao relaxamento das consciências e dos costumes, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando<br />
inúmeras distorções maléficas, para as pessoas, as famílias e toda a socieda<strong>de</strong>;<br />
• Contravalores transmitidos pela mídia: Desestruturam ainda mais a socieda<strong>de</strong> em que<br />
vivemos, induzindo as pessoas e famílias a não lutarem pela manutenção <strong>de</strong> valores<br />
importantes, como o sentido <strong>de</strong> pertença à família e à comunida<strong>de</strong>;<br />
• Cultura do consumismo e utilitarismo: Incita à aquisição <strong>de</strong> bens que não são<br />
necessários e nem utilizados; induz os que não têm acesso a <strong>de</strong>terminado produto, a<br />
sentirem-se excluídos;<br />
• Ausência total ou parcial do senso do bem comum e da cidadania: O que conta é a<br />
satisfação da necessida<strong>de</strong> individual, o que serve ao usufruto próprio e imediato; as outras<br />
pessoas não são consi<strong>de</strong>radas como companheiras e necessitadas do mesmo bem, que é<br />
<strong>de</strong> todos;<br />
• Opressão econômica, política, social, cultural, racial e sexual: Só os mais fortes são os<br />
<strong>de</strong>tentores do capital, do po<strong>de</strong>r e do saber, têm vez e voz e dão a última palavra, quase<br />
sempre em benefício próprio;<br />
• Neoliberalismo e globalização econômica: O dinheiro e o lucro postos como objetivo <strong>de</strong><br />
tudo, produzem exclusão social e transformam os costumes, <strong>de</strong>turpam os valores<br />
educacionais, religiosos e culturais. Os direitos básicos dos seres humanos (alimentação,<br />
saú<strong>de</strong>, educação, moradia, trabalho, vestuário) viram mercadoria, à qual só têm acesso os<br />
que po<strong>de</strong>m pagar;<br />
• Dívidas interna e externa: Um dos mecanismos mais brutais <strong>de</strong> exploração das economias,<br />
estas dívidas constituem um urgente <strong>de</strong>safio para a consciência da humanida<strong>de</strong>, pois muitas<br />
vezes po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas imorais;<br />
• Efeitos danosos da migração crescente e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada: Milhares <strong>de</strong> pessoas são<br />
atraídas por uma vida aparentemente melhor, causando o crescimento dos cinturões <strong>de</strong><br />
pobreza ao redor das cida<strong>de</strong>s maiores, on<strong>de</strong> saneamento básico, escola, posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
creche, habitação, vias <strong>de</strong> acesso e lazer são insuficientes ou inexistentes;<br />
• Mercantilização da religião: A religião torna-se um bem <strong>de</strong> venda e consumo. Busca-se o<br />
acesso a esse bem, comofonte <strong>de</strong> satisfação imediata das necessida<strong>de</strong>s puramente<br />
materiais, tornando o prestígio e o sucesso financeiro uma <strong>de</strong> suas principais metas, e<br />
levando ao <strong>de</strong>scompromisso com o social, ao egocentrismo e ao individualismo;
• Vulnerabilida<strong>de</strong> às seitas: Por falta <strong>de</strong> formação na fé e firmeza no que se propunham<br />
seguir, muitos <strong>de</strong>ixam a Igreja católica diante do primeiro aceno mais convidativo, e outros<br />
freqüentam simultaneamente diversas propostas religiosas;<br />
• Pluralismo e subjetivismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominações religiosas: Formam um mosaico religioso<br />
que po<strong>de</strong> muitas vezes <strong>de</strong>sorientar a fé no único Deus da vida;<br />
• Crescimento da violência nos meios urbano e rural: O respeito ao ser humano e aos<br />
bens materiais <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser importante e constituinte da natureza do ser humano;<br />
• Proliferação das drogas e avanço da AIDS: O <strong>de</strong>srespeito à vida, própria e alheia, leva<br />
muitas pessoas a abusarem das drogas e do sexo, produzindo uma série ininterrupta <strong>de</strong><br />
agressões ao dom maior <strong>de</strong> Deus que é a vida humana;<br />
• Indiferentismo religioso, social e político: Torna as pessoas apáticas e até ausentes,<br />
quando solicitadas a tomar posição diante <strong>de</strong> questões que afetam a própria vida pessoal e,<br />
sobretudo, a vida em socieda<strong>de</strong>;<br />
• Desmobilização social: Enfraquece algumas bases da nossa socieda<strong>de</strong>, como os<br />
sindicatos, movimentos populares e partidos políticos;<br />
• Manipulação i<strong>de</strong>ológica <strong>de</strong> pequenos grupos: É feita por aqueles que comandam o<br />
cenário político, econômico e social, para não encontrarem dificulda<strong>de</strong>s no seguimento <strong>de</strong><br />
seus interesses;<br />
• Falta <strong>de</strong> consciência crítica e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> religiosa: É causada muitas vezes pelo<br />
<strong>de</strong>sconhecimento das bases da fé, que leva as pessoas a mudarem constantemente <strong>de</strong><br />
religião.<br />
OPORTUNIDADES DE ORDEM SOCIAL<br />
São fenômenos ou situações <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos nos aproveitar em nossa ação evangelizadora;<br />
po<strong>de</strong>m ser úteis à nossa missão, sendo que <strong>de</strong>vemos aproveitá-los e expandi-los:<br />
• Participação em ações coletivas e organizadas: Uma gran<strong>de</strong> parcela da população está<br />
se tornando cada vez mais sensível ao apelo <strong>de</strong> movimentos, grupos e entida<strong>de</strong>s que se<br />
preocupam com o bem comum;<br />
• Crescimento da consciência ecológica: É fruto <strong>de</strong> um trabalho educacional <strong>de</strong>senvolvido<br />
em todos os segmentos da socieda<strong>de</strong>, objetivando a união <strong>de</strong> esforços em prol <strong>de</strong> melhor<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no ambiente em que vivemos;<br />
• Crescimento do espírito crítico: Percebe-se que a maioria da população, <strong>de</strong>vido ao<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> informações que recebe, está <strong>de</strong>senvolvendo seu espírito crítico, o que<br />
leva a <strong>de</strong>cididas tomadas <strong>de</strong> posição em favor da vida e contra as injustiças;<br />
• Participação em projetos alternativos: Grupos que se unem para lutar por melhores<br />
condições <strong>de</strong> vida e subsistência e fomentar a solidarieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m servir-se <strong>de</strong> diversos<br />
projetos e <strong>de</strong> soluções criativas, que lhes são apresentados pela socieda<strong>de</strong>, pelo governo e<br />
pela própria Igreja;<br />
• Voluntariado: Constata-se um crescente envolvimento da população em ações voluntárias,<br />
embora esse trabalho ainda não esteja sendo <strong>de</strong>vidamente valorizado;<br />
• Evidência <strong>de</strong> esforços por realizar articulações e parcerias: A união <strong>de</strong> vários grupos em<br />
torno da busca <strong>de</strong> soluções a problemas comuns tem apresentado bons resultados;<br />
• Presença da mística e da esperança: São as forças espirituais que alentam e estimulam a<br />
luta pela construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa e fraterna;<br />
• Índice satisfatório <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano: É sinal e garantia <strong>de</strong> uma vida mais<br />
longa e com melhores condições;<br />
• Presença mais pública da Igreja na socieda<strong>de</strong>: A comunida<strong>de</strong> cristã não fica restrita aos<br />
templos religiosos, mas marca presença efetiva nos espaços públicos e nos meios <strong>de</strong><br />
comunicação em prol da promoção e <strong>de</strong>fesa da vida;
• Participação popular nos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão: A população exerce sua cidadania<br />
participando <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> moradores e <strong>de</strong> conselhos paritários <strong>de</strong> direitos, que<br />
gerenciam os recursos em favor <strong>de</strong> políticas públicas;<br />
• Credibilida<strong>de</strong> da Igreja: Em todas as pesquisas <strong>de</strong> opinião, feitas <strong>de</strong> vez em quando no<br />
país, a Igreja Católica aparece entre as primeiras instituições <strong>de</strong> maior credibilida<strong>de</strong>, com<br />
ótima aceitação na socieda<strong>de</strong>;<br />
• Tecnologia da comunicação: Oferece instrumentos facilitadores para a evangelização na<br />
<strong>Arquidiocese</strong>, tais como: rádios e jornais, televisão, computadores, internet, telefone;<br />
• Acesso aos Meios <strong>de</strong> Comunicação Social: Esses meios proporcionam possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> veiculação da mensagem do evangelho, e estão abrindo portas à Igreja;<br />
• Tentativa <strong>de</strong> resgate da cultura popular: Uma gran<strong>de</strong> parcela da população do nosso<br />
litoral (açorianos, negros, italianos, alemães...) busca maior valorização <strong>de</strong> seus costumes e<br />
tradições.<br />
APELOS DE ORDEM SOCIAL<br />
São fenômenos ou situações que tanto po<strong>de</strong>m ser valiosos quanto nocivos para a ação<br />
evangelizadora; exigem por isso firme posicionamento em termos <strong>de</strong> conhecê-los e pon<strong>de</strong>rá-los<br />
segundo os critérios do Evangelho:<br />
• Crescente fluxo migratório para o litoral: Requer tratamento qualificado, pois é<br />
necessário dar atenção especial tanto às pessoas que migram quanto aos primeiros<br />
moradores <strong>de</strong> nossas comunida<strong>de</strong>s;<br />
• Crescimento acentuado das periferias: Reclama uma presença mais efetiva da Igreja<br />
nesses ambientes;<br />
• Presença <strong>de</strong> população flutuante na temporada <strong>de</strong> verão: Faz-se necessária uma<br />
atenção pastoral específica, pois as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa população temporária não são<br />
apenas <strong>de</strong> divertimento e lazer, mas também <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m espiritual;<br />
• Grito dos excluídos por justiça: Cada vez mais estamos sendo anestesiados e<br />
<strong>de</strong>ssensibilizados frente a esse clamor, e muitas vezes não damos respostas a<strong>de</strong>quadas à<br />
situação;<br />
• Questão ecológica: Faz-se urgente uma posição firme em <strong>de</strong>fesa da natureza como um<br />
todo, uma vez que a injustiça social produz também <strong>de</strong>sequilíbrio ambiental, e este, por sua<br />
vez, gera mais injustiça social, formando-se um verda<strong>de</strong>iro círculo vicioso;<br />
• Prática do ecumenismo e do diálogo inter-religioso: A fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao Evangelho, no qual<br />
Jesus pe<strong>de</strong>: “Pai que todos sejam um” (Jo 17,21), exige <strong>de</strong> todo o povo cristão abertura para<br />
o diálogo com outras igrejas e religiões;<br />
• Descobertas científicas com suas aplicações técnicas: Quando bem usadas, segundo<br />
os critérios da ética e da moral, po<strong>de</strong>m auxiliar no aumento da expectativa <strong>de</strong> vida, na cura<br />
<strong>de</strong> doenças e na melhoria da saú<strong>de</strong> das pessoas;<br />
• Utilização a<strong>de</strong>quada dos meios <strong>de</strong> comunicação social: Há nesse campo um apelo<br />
fundamental, no sentido <strong>de</strong> se usarem corretamente veículos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> tão gran<strong>de</strong><br />
alcance, como sejam o rádio, jornal e televisão, o que exige também a colaboração <strong>de</strong><br />
profissionais do ramo e a obtenção dos espaços necessários;<br />
• Presença <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s: Elas trazem um novo público para a nossa região, como<br />
também a viabilização <strong>de</strong> projetos úteis e necessários à melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em<br />
nossa socieda<strong>de</strong>, graças aos estudos e pesquisas que oferecem e fomentam;<br />
• Religiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caráter fortemente subjetivo: Po<strong>de</strong> levar a uma prática individualista da<br />
fé, mas, quando <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>senvolvida, po<strong>de</strong> levar à abertura para as gran<strong>de</strong>s questões<br />
sociais.<br />
I.2 DESAFIOS DE ORDEM ECLESIAL<br />
A força e a fraqueza, o zelo e o <strong>de</strong>sencanto marcaram e marcam a dinâmica da Igreja<br />
peregrina, santa e pecadora. Certos <strong>de</strong>safios constituem-se ora em problema, ora em oportunida<strong>de</strong>
para a vida da Igreja. Na <strong>Arquidiocese</strong>, temos numerosos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>sta natureza. Relacionamos<br />
alguns, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificá-los, para que se busquem soluções.<br />
Os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m eclesial são aqueles que experimentamos internamente, com os quais<br />
convivemos diariamente na vida da própria Igreja. Po<strong>de</strong>m ser vistos como ameaças, oportunida<strong>de</strong>s e<br />
apelos.<br />
AMEAÇAS DE ORDEM ECLESIAL<br />
São situações ou circunstâncias que <strong>de</strong>bilitam nossa tarefa evangelizadora:<br />
• Fragmentação da ação pastoral e da vivência da fé: É produzida pelo pouco<br />
conhecimento da doutrina, pela linguagem pouco a<strong>de</strong>quada, pelo planejamento pouco<br />
participativo e pela resistência às diretrizes pastorais comuns. Ela conduz a ativida<strong>de</strong>s<br />
paralelas e po<strong>de</strong> originar crises <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;<br />
• Isolacionismo ou particularismo: Apresenta-se ora como apego à opinião própria, ora<br />
como auto-suficiência, dividindo as li<strong>de</strong>ranças e comprometendo a unida<strong>de</strong> da ação pastoral.<br />
Sem comunhão torna-se difícil planejar e trabalhar;<br />
• Modo sacramentalista <strong>de</strong> pastoral: Não convoca e não compromete suficientemente para<br />
a missão, isto é, para a corresponsabilida<strong>de</strong>, a solidarieda<strong>de</strong> e a compaixão. Está centrado<br />
<strong>de</strong>masiadamente sobre os sacramentos. Essa prática e mentalida<strong>de</strong> estão presentes tanto<br />
entre o clero quanto entre as li<strong>de</strong>ranças leigas;<br />
• Formação insuficiente: Favorece entre o povo cristão e, por vezes, entre os agentes <strong>de</strong><br />
pastoral a confusão <strong>de</strong> crenças, a ineficiência da evangelização e a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
respostas frente às questões próprias do pluralismo religioso que caracteriza nossa<br />
socieda<strong>de</strong>. A fé popular é pouco esclarecida, o que propicia o superficialismo, o<br />
subjetivismo e o <strong>de</strong>sinteresse. Há pouco conhecimento e respeito por toda a tradição<br />
religiosa e popular;<br />
• Falta <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong>: Há fiéis, seja entre os membros do clero seja entre as li<strong>de</strong>ranças<br />
leigas, que muitas vezes exercem funções na Igreja com a intenção <strong>de</strong> promoção pessoal ou<br />
busca <strong>de</strong> status, sem se preocuparem com a mística evangélica do serviço, e sem<br />
fundamentarem sua ação na verda<strong>de</strong>ira espiritualida<strong>de</strong> cristã;<br />
• Sobrecarga: Os muitos compromissos das li<strong>de</strong>ranças conduzem ao cansaço e geram malestar<br />
entre os agentes <strong>de</strong> pastoral e o povo <strong>de</strong> Deus. Falta valorizar os ministérios leigos,<br />
<strong>de</strong>scentralizar funções e priorizar ativida<strong>de</strong>s, acolher novas li<strong>de</strong>ranças e aproveitar pessoas<br />
qualificadas;<br />
• Fisionomia clerical: Persiste na concepção e na ação da Igreja, por parte <strong>de</strong> alguns padres<br />
e agentes <strong>de</strong> pastoral. A notória centralização das <strong>de</strong>cisões, a insuficiente valorização da<br />
mulher e, por vezes, a excessiva importância dada a normas disciplinares, <strong>de</strong>formam a<br />
imagem da Igreja, povo <strong>de</strong> Deus.<br />
OPORTUNIDADES DE ORDEM ECLESIAL<br />
As oportunida<strong>de</strong>s são situações que nos oferecem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agir; encorajam-nos e nos<br />
ajudam a evangelizar com mais empenho:<br />
• Número razoável <strong>de</strong> vocações: Temos um bom número <strong>de</strong> seminaristas, o que nos<br />
permite contar, todos os anos, com algumas or<strong>de</strong>nações presbiterais. São relativamente<br />
numerosas as vocações para o diaconato e para a vida religiosa. Há inúmeros fiéis leigos e<br />
leigas que passam a assumir papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na vida da Igreja. Por sua vez, o número<br />
razoável <strong>de</strong> vocações favorece o crescimento da consciência e da prática missionária;<br />
• Presença da mulher: Revela-se bem mais expressiva do que a masculina e questiona<br />
certamente nossa pastoral. Constitui uma força disponível a merecer melhor espaço em<br />
todas as instâncias e <strong>de</strong>cisões;
• Estruturas organizacionais da Igreja: Presentes em quase todas as paróquias, como<br />
CPPs, CAEPs, Ações Sociais e outras, favorecem organização e articulação para uma<br />
evangelização mais a<strong>de</strong>quada aos nossos tempos;<br />
• Estruturas materiais e espaços: São colocados à disposição do povo cristão como<br />
instrumentos que favorecem a convivência, a formação e a celebração;<br />
• Formação permanente: Os agentes <strong>de</strong> pastoral, bem como todos os fiéis, não po<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>scuidá-la, face aos <strong>de</strong>safios prementes que envolvem os cristãos e toda a Igreja;<br />
• Grupos <strong>de</strong> reflexão: Multiplicam-se em toda a <strong>Arquidiocese</strong>, constituindo, a exemplo das<br />
primeiras comunida<strong>de</strong>s cristãs, a “Igreja-nas-casas”. Devem ser assumidos e motivados em<br />
todas as paróquias.<br />
APELOS DE ORDEM ECLESIAL<br />
Os apelos são situações ou fenômenos que nos convocam à ação e ao encaminhamento <strong>de</strong><br />
soluções; po<strong>de</strong>m atrapalhar nossa tarefa evangelizadora, se nos omitirmos:<br />
• Pastoral Urbana: A crescente urbanização reclama por parte da Igreja maior presença e<br />
ação no mundo da cida<strong>de</strong>, em suas estruturas e instituições, nos espaços on<strong>de</strong> se tomam<br />
<strong>de</strong>cisões que afetam a todo o povo;<br />
• Ministerialida<strong>de</strong> da Igreja: A <strong>Arquidiocese</strong> precisa assumir os ministros e ministras e todas<br />
as li<strong>de</strong>ranças que <strong>de</strong>spertou e formou através <strong>de</strong> cursos teológicos, bíblicos ecatequéticos.<br />
Constituem uma riqueza a ser <strong>de</strong>vidamente aproveitada, com uma coor<strong>de</strong>nação sempre<br />
necessária;<br />
• Casais em Segunda União: Crescem em número e são fruto da mentalida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna que<br />
promove o <strong>de</strong>scompromisso e relativiza os valores cristãos; esperam uma palavra e um<br />
encaminhamento por parte da Igreja, e precisam ser acolhidos;<br />
• Movimentos e grupos por afinida<strong>de</strong>: São manifestações representativas, e seus a<strong>de</strong>ptos<br />
pautam sua fé e a sua expressão religiosa pelos grupos a que pertencem; po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>safiar a<br />
unida<strong>de</strong> da Igreja e da ação pastoral;<br />
• Busca da espiritualida<strong>de</strong> cristã: Entre os cristãos, aumentam o <strong>de</strong>sejo da vida<br />
sacramental e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultivar a vida <strong>de</strong> oração, com manifestações múltiplas;<br />
• Apreço pelos sacramentos: A maioria <strong>de</strong> nosso povo valoriza os sacramentos, sobretudo<br />
os da iniciação cristã. Também pessoas que vivem em situações peculiares, estranhas às<br />
leis da Igreja (mães solteiras, recasados, concubinatos), buscam os sacramentos. É preciso<br />
acolher a todos, partindo das boas intenções iniciais para um processo <strong>de</strong> evangelização<br />
mais explícita, com prevalência da misericórdia sobre a lei;<br />
• Animação Vocacional: Faz-se necessário, da parte <strong>de</strong> todos, maior empenho na promoção<br />
<strong>de</strong> um clima vocacional favorável ao surgimento <strong>de</strong> todas as vocações: as leigas, as<br />
missionárias específicas, as vocações ao ministério or<strong>de</strong>nado e à vida consagrada;<br />
• Atendimento pastoral a minorias: São muitos os grupos minoritários que carecem da<br />
atenção <strong>de</strong> nossa ação evangelizadora: portadores do vírus HIV, homossexuais, etc.<br />
II OBJETIVO GERAL<br />
“Eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos,<br />
à comunhão fraterna, à fração do pão<br />
e às orações” (At 2,42)<br />
Como seguidores <strong>de</strong> Jesus, responsáveis pela evangelização neste pedaço <strong>de</strong> chão on<strong>de</strong><br />
vivemos, reconhecemos que nos interpelam esses inúmeros <strong>de</strong>safios, anteriormente citados. São os<br />
sinais dos tempos que a realida<strong>de</strong> social e eclesial põe diante <strong>de</strong> nós. A fé cristã que vivemos e<br />
anunciamos, <strong>de</strong>ve estar atenta a essa situação. Além do olhar direcionado para o alto, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem<br />
nossa esperança, <strong>de</strong>vemos ter um olhar voltado para o chão em que pisamos, pois <strong>de</strong>le vêm as<br />
perguntas e os sonhos humanos, para os quais a Palavra <strong>de</strong> Deus é a resposta.
Tendo, pois, em conta essa realida<strong>de</strong> e seus <strong>de</strong>safios, assumimos como Objetivo Geral <strong>de</strong><br />
nossa ação evangelizadora:<br />
Evangelizar,<br />
sendo Igreja seguidora <strong>de</strong> Jesus Cristo,<br />
na palavra, no testemunho, na oração,<br />
na partilha e na fração do pão,<br />
envolvendo as forças vivas da <strong>Arquidiocese</strong>,<br />
a serviço da vida plena e da esperança.<br />
II.1 JUSTIFICATIVA DO OBJETIVO<br />
Concluímos com êxito a execução do Projeto <strong>de</strong> Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”. Ele<br />
nos ajudou a preparar e a celebrar com entusiasmo o gran<strong>de</strong> Jubileu dos 2000 anos do nascimento<br />
<strong>de</strong> Jesus Cristo e dos 500 anos <strong>de</strong> evangelização do Brasil.<br />
Ele <strong>de</strong>spertou muito ânimo no coração <strong>de</strong> todos nós, porque nos relembrou que o centro <strong>de</strong><br />
toda a nossa vida é Jesus Cristo e o seu Evangelho e porque nos apontou pistas iluminadoras para<br />
a nova evangelização. Ele reforçou, entre nós, as principais notas da caminhada pastoral da Igreja<br />
na América Latina <strong>de</strong> hoje. Apren<strong>de</strong>mos a ser uma Igreja mais missionária, ecumênica, profética,<br />
solidária e dialogante.<br />
Assumindo o Projeto “Rumo ao Novo Milênio”, adiamos o prazo <strong>de</strong> execução e valida<strong>de</strong> do 12 º<br />
Plano <strong>de</strong> Pastoral da <strong>Arquidiocese</strong>. Ao retomarmos agora nosso processo <strong>de</strong> planejamento pastoral,<br />
não mais com planos <strong>de</strong> pastoral, mas com diretrizes, queremos ter bem claro diante <strong>de</strong> nós o<br />
Objetivo Geral <strong>de</strong> nossa ação evangelizadora. Damos continuida<strong>de</strong> à caminhada pastoral <strong>de</strong> nossa<br />
própria <strong>Arquidiocese</strong>, reportando-nos aos textos que compuseram nosso 12 º Plano <strong>de</strong> Pastoral:<br />
“Elementos para a nova evangelização na <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong>”, <strong>de</strong> 1992; e “Orientações<br />
Pastorais”, <strong>de</strong> 1995.<br />
A nos iluminar e inspirar, além da rica experiência teológica, espiritual e pastoral que vivemos<br />
nestes últimos anos, temos:<br />
• <strong>de</strong> João Paulo II, a Carta Apostólica “Novo Millennio Ineunte” e a Exortação Apostólica Pós-<br />
Sinodal “Ecclesia in America”;<br />
• da CNBB, as “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – 1999-2002” e o<br />
Projeto <strong>de</strong> Evangelização “Ser Igreja no Novo Milênio”;<br />
• da CNBB – Regional Sul IV, as “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja em<br />
Santa Catarina – 2001-2003”;<br />
• <strong>de</strong> Dom Eusébio Oscar Scheid, a “Carta Pastoral por ocasião do Gran<strong>de</strong> Jubileu”.<br />
Com esses textos iluminadores e inspiradores, enten<strong>de</strong>mos que nosso Objetivo Geral <strong>de</strong>ve<br />
contemplar o essencial <strong>de</strong> toda a obra evangelizadora e a forma <strong>de</strong> concretizá-lo em nossa vida.<br />
Para nós, o essencial da evangelização é o anúncio e o seguimento <strong>de</strong> Jesus Cristo. A forma <strong>de</strong><br />
concretizá-lo, consi<strong>de</strong>rando os sinais dos tempos, neste início <strong>de</strong> novo milênio, é buscar um novo<br />
modo <strong>de</strong> ser Igreja.<br />
II.2 EXPLICAÇÃO DO OBJETIVO:<br />
Para melhor entendimento do nosso Objetivo Geral, em vista <strong>de</strong> facilitação para sua execução,<br />
seguem algumas reflexões explicativas <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> seus termos:<br />
EVANGELIZAR<br />
A Igreja tem por missão própria a evangelização. A vida cristã só tem sentido, se houver<br />
disponibilida<strong>de</strong> para o anúncio do Evangelho. Quem recebeu a boa notícia do amor <strong>de</strong> Deus-Pai, da<br />
salvação em Cristo e da santificação no Espírito, não po<strong>de</strong> fechar-se no gozo egoísta <strong>de</strong>ssa graça,<br />
mas é chamado a levá-la adiante.
O novo milênio tem-se apresentado bastante <strong>de</strong>safiador para os cristãos. Constata-se que<br />
menos <strong>de</strong> um terço da humanida<strong>de</strong> recebeu o anúncio do Evangelho. Entre os que o receberam,<br />
muitos não o vivem <strong>de</strong> fato. Há outros que <strong>de</strong>ixaram a Igreja, abandonaram a fé, per<strong>de</strong>ram contato<br />
com as fontes da graça que provém do Evangelho. Por outro lado, há muitos cristãos que se fecham<br />
em sua particular experiência <strong>de</strong> Deus, isolam-se em seu movimento, em suaativida<strong>de</strong> pastoral, em<br />
sua vida paroquial. Têm receio <strong>de</strong> que a abertura e o diálogo com o mundo os leve a per<strong>de</strong>r a fé.<br />
Vivem, assim, uma fé infantil e insegura, que não é comunitária nem missionária<br />
Em sua Carta Apostólica sobre o Início do Novo Milênio, o Papa nos convida a lançarmos as<br />
re<strong>de</strong>s para as águas mais profundas. Isso exige coragem, <strong>de</strong>sapego, disposição para novas<br />
atitu<strong>de</strong>s, novas idéias, novo jeito <strong>de</strong> ser Igreja. Há mais tempo se fala em novo ardor, novos<br />
métodos, novas expressões na obra da evangelização. É chegada a hora <strong>de</strong> darmos um passo<br />
<strong>de</strong>cisivo, que seja significativo e perseverante.<br />
Em nossa <strong>Arquidiocese</strong>, queremos que todas as nossas ações tenham um rosto missionário.<br />
Além <strong>de</strong> nos voltarmos para o cultivo <strong>de</strong> nossa própria fé (catequese, formação, celebração...),<br />
queremos dispor-nos para o anúncio da alegria da fé em Cristo, queremos que mais pessoas<br />
<strong>de</strong>scubram ou re<strong>de</strong>scubram o amor do Pai. Para isso, além <strong>de</strong> ações pastorais, voltadas para o<br />
interior da Igreja, precisamos <strong>de</strong> ações evangelizadoras, <strong>de</strong> anúncio, diálogo e serviço, ações que se<br />
voltem para a socieda<strong>de</strong>, para os mundos em que vivem nossos irmãos e irmãs, tantas vezes<br />
ansiosos pelo encontro com a verda<strong>de</strong>ira salvação.<br />
Esses mundos são os novos areópagos, aon<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> nós, o Evangelho <strong>de</strong>verá chegar.<br />
Entre tantos novos areópagos que nos <strong>de</strong>safiam, apontamos alguns, tão próprios <strong>de</strong> nossa<br />
realida<strong>de</strong>, que têm exigido <strong>de</strong> nós uma presença mais efetiva e qualificada: a exclusão dos pobres,<br />
as universida<strong>de</strong>s, o turismo, a política, o funcionalismo público, as escolas, as comunicações, a<br />
ecologia. Se isso não acontecer, aqui e agora, por nossas mãos, em vez <strong>de</strong> motores propulsores<br />
estaremos sendo freio e obstáculo para o anúncio e a efetivação do Reino que Deus quer para<br />
todos.<br />
SENDO IGREJA<br />
Somos a gran<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fiéis cristãos que formam a Igreja Católica na <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Florianópolis</strong>, em comunhão com a Igreja em Santa Catarina, no Brasil e no mundo. Queremos que<br />
em nossa Igreja arquidiocesana se consoli<strong>de</strong>m as pequenas comunida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> a convivência cristã<br />
é testemunhada <strong>de</strong> modo visível e concreto, a exemplo das primeiras comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scritas nos<br />
Atos dos Apóstolos. Os Grupos <strong>de</strong> Reflexão <strong>de</strong>vem ser estimulados e fortalecidos, tanto nas ruas e<br />
bairros, como nos condomínios, escolas e locais <strong>de</strong> trabalho, sempre ligados a uma pequena<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> base (capela) e motivados pelos gran<strong>de</strong>s temas das campanhas da <strong>Arquidiocese</strong> e<br />
da CNBB. Desse modo, fazem parte da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s que compõem a Paróquia e, através<br />
<strong>de</strong>la, a <strong>Arquidiocese</strong>. Além dos Grupos <strong>de</strong> Reflexão, é preciso valorizar outros meios <strong>de</strong> ser Igreja na<br />
base, como grupos <strong>de</strong> jovens, movimentos.<br />
Em nossa <strong>Arquidiocese</strong>, faremos que cada Paróquia seja uma célula vital da Diocese e<br />
encontre na formação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s o essencial para sua vida. Para a formação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s,<br />
não se po<strong>de</strong> pensar somente nos limites geográficos <strong>de</strong> nossas paróquias. À medida que as<br />
comunida<strong>de</strong>s se consolidam, a Paróquia <strong>de</strong>ve ir se transformando numa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s, na<br />
qual a matriz é mediadora <strong>de</strong> serviços (formação permanente <strong>de</strong> animadores e ministros,<br />
celebrações especiais, registros, administração) e não um centro <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r clerical.<br />
Enten<strong>de</strong>mos que nossa Igreja arquidiocesana <strong>de</strong>ve se assemelhar cada vez mais à Igreja dos<br />
tempos apostólicos. As seguintes perguntas irão nos acompanhar nos próximos anos, como <strong>de</strong>safio<br />
permanente ao nosso ser e ao nosso agir: Quais as características que <strong>de</strong>ve ter a Igreja <strong>de</strong> Jesus no<br />
novo milênio, para se parecer com a Igreja do tempo dos Apóstolos? Que qualida<strong>de</strong>s sonhamos<br />
para a Igreja dos nossos tempos? Como Jesus gostaria que fosse a sua Igreja?<br />
Através da leitura do livro dos Atos dos Apóstolos, dos documentos do Papa e da CNBB e das<br />
atas <strong>de</strong> nossas últimas Assembléias <strong>de</strong> Pastoral, percebemos que nossa Igreja <strong>de</strong>verá tornar-se<br />
cada vez mais:<br />
Santa, para nela po<strong>de</strong>rmos fazer a experiência do encontro afetuoso com Deus-Pai, fonte <strong>de</strong><br />
amor e <strong>de</strong> vida, com Jesus Cristo, o único Senhor da nossa existência, e com o Espírito Santo, fogo<br />
que nos aquece e ilumina.
Comunitária, capaz <strong>de</strong> criar novas comunida<strong>de</strong>s, sobretudo em lugares <strong>de</strong> aumento<br />
populacional, para que as pessoas possam se encontrar com Deus e entre si e sejam valorizadas<br />
em seus anseios <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>, comunhão, participação e bem-estar; imitadora da Trinda<strong>de</strong> divina;<br />
vivenciadora do amor mútuo, da partilha, sem nenhum tipo <strong>de</strong> discriminação e exclusão.<br />
Missionária, com abertura para ir ao encontro <strong>de</strong> todos, principalmente dos afastados e dos que<br />
não conhecem o Cristo, para anunciar-lhes o Evangelho, por palavras, ações, celebrações e modo<br />
<strong>de</strong> viver.<br />
Ministerial, para aproveitar bem os dons e carismas e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada qual, para que<br />
ninguém fique <strong>de</strong> fora; uma Igreja <strong>de</strong>spojada <strong>de</strong> estilos e práticas clericais e centralizadoras.<br />
Servidora, em <strong>de</strong>fesa dos que sofrem e dos que não têm <strong>de</strong>fesa, capaz <strong>de</strong> educar para a<br />
prática da justiça e <strong>de</strong> trabalhar para transformar a realida<strong>de</strong> social.<br />
Dialogante, com disposição para falar a linguagem das pessoas <strong>de</strong> hoje, ensinando e<br />
apren<strong>de</strong>ndo, reconhecendo valores que existem também fora <strong>de</strong> suas fronteiras.<br />
Acolhedora, para os que chegam e os que já estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la, menos legalista e mais<br />
misericordiosa, com o coração aberto para receber cada pessoa, com suas esperanças e alegrias,<br />
com suas angústias e dificulda<strong>de</strong>s, construindo novas relações e <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a li<strong>de</strong>rança<br />
autoritária, que não dá espaços para novas pessoas, novas idéias e novas maneiras <strong>de</strong> agir.<br />
Alegre, composta <strong>de</strong> pessoas e comunida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>spertem em seus interlocutores o <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> experimentar a felicida<strong>de</strong> que provém da fé em Deus e do empenho no anúncio do Evangelho.<br />
Criativa, com entusiasmo para respon<strong>de</strong>r a situações e <strong>de</strong>safios novos, disposta a se<br />
transformar constantemente, atenta a não per<strong>de</strong>r o essencial, fiel à mensagem <strong>de</strong> Jesus Cristo e à<br />
linguagem dos tempos atuais.<br />
Pneumática, dócil e obediente ao Espírito Santo, animada por seu fogo que aquece, e sua luz<br />
que ilumina, reconhecendo que é ele o protagonista da evangelização e que ele sopra on<strong>de</strong>, quando<br />
e como quer.<br />
Profética, com coragem para <strong>de</strong>nunciar os mecanismos que sustentam a socieda<strong>de</strong> idolátrica<br />
em que vivemos, sustentada pelo sistema econômico capitalista que cria, divulga e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> os<br />
ídolos do mundo – dinheiro, po<strong>de</strong>r, prestígio, prazer, etc. –, que nos afastam do Deus da Vida e<br />
levam à morte muitos irmãos e irmãs.<br />
Martirial, disposta a arcar com as conseqüências do anúncio <strong>de</strong> um Reino que não é <strong>de</strong>ste<br />
mundo, sabendo-se, por isso, perseguida, sofrida, incompreendida, pondo sua confiança não nos<br />
bens e pessoas do mundo, mas unicamente no seu Senhor.<br />
Pobre, <strong>de</strong>spojada <strong>de</strong> bens supérfluos, <strong>de</strong>sprendida <strong>de</strong> pretensões triunfalistas, presente nos<br />
meios populares, disposta a partilhar com os menos favorecidos seus bens espirituais e materiais,<br />
pondo-se ao lado dos pobres na luta por melhores condições <strong>de</strong> vida.<br />
SEGUIDORA DE JESUS CRISTO<br />
É a fé em Jesus Cristo e a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> à sua proposta que nos reúnem, nos dão força e nos<br />
impulsionam a pôr o pé na estrada da vida, como seguidores e seguidoras do Caminho. Como disse<br />
SãoPaulo: “Quanto ao fundamento, ninguém po<strong>de</strong> colocar outro diferente daquele que foi posto:<br />
Jesus Cristo” (1Cor 3, 11).<br />
João Paulo II, em sua Carta Apostólica sobre o Início do Novo Milênio, diz que, para nossa<br />
ação, não precisamos inventar um “programa novo”. O programa já existe: é o mesmo <strong>de</strong> sempre,<br />
expresso no Evangelho e na Tradição viva. Concentra-se, em última análise, no próprio Cristo, que<br />
temos <strong>de</strong> conhecer, amar, imitar, para nele viver a vida trinitária e com ele transformar a história,<br />
construindo o Reino <strong>de</strong> Deus, até a plenitu<strong>de</strong> na Jerusalém celeste. A travessia do novo milênio nos<br />
<strong>de</strong>safia a <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> lado expressões, mo<strong>de</strong>los e atitu<strong>de</strong>s que não tenham referência imediata e<br />
explícita ao único centro <strong>de</strong> nossa fé: Jesus Cristo. O anúncio explícito <strong>de</strong> Jesus <strong>de</strong> Nazaré, <strong>de</strong> sua<br />
pessoa, mensagem e obra, <strong>de</strong>ve concentrar todos os nossos esforços, num amplo e multiforme<br />
serviço que mostre nosso autêntico seguimento <strong>de</strong> Jesus Cristo.<br />
Ao tomar Jesus Cristo como sentido <strong>de</strong> nossa existência, reconhecemos que o centro <strong>de</strong> nossa<br />
ação evangelizadora consiste na aceitação do mistério da vida, paixão, morte e ressurreição <strong>de</strong><br />
Cristo. É <strong>de</strong> toda a sua vida, culminada na cruz, que brotam as “fontes da salvação”, os “rios <strong>de</strong>
água viva que jorram até à vida eterna”, “o sangue e a água” que purificam e santificam a Igreja (Is<br />
12,3; Jo 7, 38-39; 4,14). São Paulo aponta o mistério central da Cruz como síntese <strong>de</strong> toda a<br />
sabedoria e consistência <strong>de</strong> sua pregação: “Pregamos o Cristo crucificado... po<strong>de</strong>r e sabedoria da<br />
parte <strong>de</strong> Deus: justiça, santificação e re<strong>de</strong>nção” (1 Cor 1, 23 e 30). Não po<strong>de</strong>mos temer a cruz, como<br />
conseqüência <strong>de</strong> uma ação evangelizadora que segue os passos <strong>de</strong> alguém que foi crucificado. Seu<br />
ministério, suas opções, os conflitos que enfrentou, o martírio que sofreu, a vitória sobre o mal,<br />
precisam ser atualizados na vida <strong>de</strong> cada evangelizador.<br />
NA PALAVRA<br />
A Palavra <strong>de</strong> Deus é a fonte na qual bebemos constantemente. São Jerônimo, gran<strong>de</strong><br />
estudioso da Bíblia e tradutor da Palavra <strong>de</strong> Deus para o latim, a língua vulgar do seu tempo,<br />
ensinou que a ignorância das Escrituras é ignorância do próprio Cristo. Os textos sagrados, quando<br />
acolhidos com a mesma atenção com que as multidões escutavam a Jesus, produzem em nós<br />
autêntica conversão e <strong>de</strong>spertam a paixão pelo seguimento.<br />
Nas primeiras comunida<strong>de</strong>s cristãs, a palavra que os Apóstolos ensinavam, lembrando os fatos<br />
e ensinamentos <strong>de</strong> Jesus, servia para ler a vida e enten<strong>de</strong>r o que o próprio Deus estava falando. Era<br />
a luz do caminho e fonte <strong>de</strong> força na hora das perseguições (At 4, 23-31). Como os primeiros<br />
cristãos, sabemos que todo aquele que ouve e pratica a Palavra do Senhor, é sábio e previ<strong>de</strong>nte,<br />
porque constrói a sua vida, os seus i<strong>de</strong>ais e valores sobre um fundamento tão sólido que nenhuma<br />
força adversa po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>rrubar (Mt 7, 24-25; 1 Cor 2, 4-5).<br />
A eficácia da ação evangelizadora brota da própria força da Palavra, e do testemunho que ela<br />
exige: “Como a chuva e a neve <strong>de</strong>scem do céu, e para lá não voltam, mas regam a terra, para ela<br />
ficar fértil e produtiva, para dar semente ao semeador e pão para comer, assim acontece com a<br />
palavra que sai da minha boca: não volta para mim sem efeito, sem ter realizado a minha vonta<strong>de</strong>,<br />
sem ter cumprido a sua missão” (Is 55, 10-11).<br />
Sendo assim, <strong>de</strong>vemos fortalecer a presença da Bíblia em toda a nossa vida <strong>de</strong> Igreja, como<br />
fonte vital, estudada, refletida e rezada, pessoalmente e em comunida<strong>de</strong>. Sua leitura e meditação<br />
<strong>de</strong>ve acontecer na família, nos grupos <strong>de</strong> reflexão, na catequese, nos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />
li<strong>de</strong>ranças, nas celebrações da Palavra e da Eucaristia e <strong>de</strong> outros sacramentos. Em toda a parte a<br />
Palavra <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>ve ser a nossa luz e força.<br />
NO TESTEMUNHO<br />
A missão específica dos cristãos é dar testemunho <strong>de</strong> Jesus Cristo, da força transformadora <strong>de</strong><br />
sua Palavra e do Reino que ele veio anunciar e iniciar. Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar este mundo, para assumir<br />
um outro tipo <strong>de</strong> presença junto dos seus amigos, Jesus lhes disse: “O Espírito Santo <strong>de</strong>scerá sobre<br />
vós e <strong>de</strong>le recebereis força, e sereis minhas testemunhas” (At 1,8). As primeiras comunida<strong>de</strong>s<br />
cristãs eram caracterizadas pelo testemunho que davam <strong>de</strong> Jesus Cristo: anunciando o Evangelho,<br />
mesmo às custas <strong>de</strong> perseguições, prisões e mortes, pregando o Reino <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> casa em casa,<br />
perseverando na fé em Deus e no amor aos irmãos e irmãs, partilhando os bens que possuíam.<br />
“Não po<strong>de</strong>mos nos calar diante do que vimos e ouvimos” (At 4,20), diziam os discípulos diante<br />
das autorida<strong>de</strong>s judaicas que os proibiam <strong>de</strong> falar sobre Jesus. Assim, testemunho e anúncio são<br />
inseparáveis. A palavra vem sempre acompanhada da prática <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong>dicada ao Reino <strong>de</strong><br />
Deus e à Igreja. O testemunho não era privilégio ou <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> alguns, mas compromisso <strong>de</strong> todos,<br />
conforme a missão e as condições <strong>de</strong> cada qual.<br />
Como as primeiras comunida<strong>de</strong>s cristãs, somos também chamados a um compromisso<br />
profético, corajoso, em favor da vida, anunciando a força e a alegria da ressurreição, na linha da<br />
transformação <strong>de</strong> nossa realida<strong>de</strong>, tão marcada pela violência e pelo po<strong>de</strong>r da morte. Devemos<br />
concentrar nossa ação evangelizadora no mistério pascal da morte e da ressurreição <strong>de</strong> Jesus<br />
Cristo, anunciando-o com a própria vida, com gratidão e humilda<strong>de</strong>, sem fanatismo, sem<br />
agressivida<strong>de</strong>, sem sectarismo.
Como os gran<strong>de</strong>s missionários da Igreja primitiva (cf. At 10,26; 14, 14-15), <strong>de</strong>vemos recusar<br />
qualquer publicida<strong>de</strong> e mordomia, homenagens exageradas, ostentação, busca <strong>de</strong> interesses<br />
pessoais, cultivo <strong>de</strong> dons extraordinários que sufoquem a simplicida<strong>de</strong> da vida cotidiana.<br />
Como exemplos radicais do testemunho cristão que confirma a fé no po<strong>de</strong>r transformador da<br />
Palavra, lembramos as legiões <strong>de</strong> santos e santas, heróis e mártires, que <strong>de</strong>ram a vida como gesto<br />
<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são total ao divino Mestre e aos seus ensinamentos e práticas.<br />
NA ORAÇÃO<br />
Também neste aspecto seguimos o exemplo dos primeiros discípulos e discípulas <strong>de</strong> Jesus,<br />
que freqüentavam o Templo para rezar (At 2,46), que rezavam os salmos (At 4,27-31). A exemplo <strong>de</strong><br />
Jesus, era com a oração que enfrentavam a tentação. Com a oração, prepararam-se para um novo<br />
Pentecostes (At 4,31). Permaneciam assíduos à oração e à palavra (At 6, 4). Com a oração,<br />
mantinham-se fortes quando eram perseguidos.<br />
A oração garante nossa intimida<strong>de</strong> e experiência pessoal com Deus e seu projeto salvador e<br />
libertador. A leitura orante da Bíblia, pessoalmente e em grupo, os momentos <strong>de</strong> contemplação da<br />
vida em todas as suas dimensões, a meditação sobre alegrias e sofrimentos, e a memória dos<br />
santos e mártires da caminhada são meios que nos mantêm firmes na fé e no ardor da<br />
evangelização. A oração nos ajuda a manter viva a mística da ligação entre fé e vida.<br />
Embora não busquemos resultados, nem esperemos colher os frutos da evangelização, pois<br />
isso compete ao Senhor, sabemos que a vida <strong>de</strong> oração produz efeitos eficazes. Na verda<strong>de</strong>,<br />
somente quando estivermos unidos a Cristo, como ramos na vi<strong>de</strong>ira, é que po<strong>de</strong>remos produzir<br />
frutos, como ele assegurou: “sem mim nada po<strong>de</strong>is fazer” (Jo 15,5).<br />
O resultado perene dos frutos da vida cristã e da evangelização é garantido pela presença do<br />
próprio Deus. Esta presença nós a experimentamos <strong>de</strong> modo autêntico quando vivemos diante da<br />
Palavra e do Espírito <strong>de</strong> Deus. Os diversos chamados e mandatos para a ação evangelizadora<br />
sempre vêm acompanhados com a promessa da presença do Senhor: “Eu estarei contigo,<br />
convosco. Porei minhas palavras em tua boca. É o Espirito Santo que falará em vós. Não temais!”<br />
(Mt 28, 16-20; Mc 16, 19-20; Jr 1,7-8; Mt 10, 19-20; Is 51,16).<br />
Desta forma, a Boa Nova e seus conteúdos jamais po<strong>de</strong>m ser apreciados como resultado do<br />
engenho ou da sabedoria humana, como alerta São Paulo: “Falamos uma sabedoria que não é<br />
<strong>de</strong>ste mundo... ensinamos uma sabedoria divina, misteriosa, escondida, pre<strong>de</strong>stinada por Deus...” (1<br />
Cor 2,6-7). “Tu tens palavras <strong>de</strong> vida eterna” (Jo 6, 68).<br />
Um dos resultados mais palpáveis do valor intrínseco e transformador da evangelização é a<br />
vida <strong>de</strong> oração, a santida<strong>de</strong> e a pureza <strong>de</strong> coração. Isso é visível na felicida<strong>de</strong> dos que recebem o<br />
Evangelho e se <strong>de</strong>ixam dirigir por ele: “Falo essas coisas para que eles participem plenamente da<br />
minha alegria... Santifica-os na Verda<strong>de</strong>, pois a tua Palavra é a Verda<strong>de</strong>... Que o amor com que me<br />
amaste, ó Pai, esteja neles, porque guardaram a tua Palavra” (Jo 17, 6.13.26).<br />
Na vida em família, nos encontros e reuniões, nos cursos <strong>de</strong> formação, na catequese, no<br />
trabalho, a oração <strong>de</strong>verá estar sempre presente. Nossas comunida<strong>de</strong>s, a exemplo das primeiras<br />
comunida<strong>de</strong>s cristãs, <strong>de</strong>vem tornar-se escolas <strong>de</strong> oração, sendo incentivadas a rezar os salmos, em<br />
profunda sintonia com Deus e a Igreja. Os ambientes e eventos eclesiais precisam tornar-se<br />
verda<strong>de</strong>iros encontros <strong>de</strong> oração. A exemplo <strong>de</strong> Jesus, que vivia em relação permanente com o Pai,<br />
assim queremos viver nós hoje, seus seguidores e seguidoras.<br />
NA PARTILHA<br />
Sinal maior da vida cristã é a comunhão que nasce da aceitação da Boa Nova <strong>de</strong> Jesus e se<br />
traduz em partilha <strong>de</strong> vida numa convivência fraterna e solidária. Os primeiros cristãos colocavam<br />
tudo em comum, e já não havia mais necessitados entre eles (At 2, 44-45; 4, 32.34-35). Assim,<br />
cumpriam a Lei que dizia: “Entre vocês não po<strong>de</strong> haver pobre!” (Dt 15, 4). Viviam o mandamento<br />
novo do Senhor e davam testemunho <strong>de</strong> serem seus discípulos: “O mundo conhecerá que sois<br />
meus discípulos, se vos amar<strong>de</strong>s uns aos outros” (Jo 13,35).<br />
O i<strong>de</strong>al da comunhão é chegar a uma partilha não só <strong>de</strong> bens, mas também dos sentimentos, a<br />
ponto <strong>de</strong> ter um só coração e uma só alma (At 4, 32; 1,14; 2,46) e superar as barreiras <strong>de</strong> classe,<br />
sexo, raça e religião (Gl 3,28; 1Cor 12,13). A partilha dos bens espirituais, que são <strong>de</strong> valor perene e
eterno, leva conseqüentemente à partilha dos bens materiais, que são provisórios. Para os cristãos,<br />
a comunhão é sagrada. Não po<strong>de</strong> ser profanada nem manipulada. Quem <strong>de</strong>la abusa em benefício<br />
próprio, morre para a comunida<strong>de</strong>. Esta é a lição do episódio <strong>de</strong> Ananias e Safira (At 5, 1-11).<br />
A vida <strong>de</strong> comunhão e <strong>de</strong> partilha implica uma evangelização que tenha caráter social e que<br />
interfira na vida cotidiana, nas realida<strong>de</strong>s terrestres. Todos somos chamados ao apostolado da<br />
evangelização como força transformadora das realida<strong>de</strong>s humanas e terrestres, a fim <strong>de</strong> que, pela<br />
obra da evangelização, se estabeleça entre nós o Reino <strong>de</strong> Deus, reino <strong>de</strong> justiça e <strong>de</strong> paz, <strong>de</strong><br />
fraternida<strong>de</strong> e partilha.<br />
Quando falamos em partilha enten<strong>de</strong>mos nosso compromisso social, que implica a organização<br />
e fortalecimento da dimensão social <strong>de</strong> nossa ação evangelizadora, a qual <strong>de</strong>ve perpassar tudo o<br />
que fazemos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os sacramentos, a liturgia e a catequese, até as ativida<strong>de</strong>s específicas das<br />
pastorais sociais, Ações Sociais Paroquiais e Ação Social Arquidiocesana, que precisam estar muito<br />
bem articuladas e coor<strong>de</strong>nadas na Pastoral Social, a ser organizada em cada paróquia e em nível<br />
arquidiocesano.<br />
Também faz parte da partilha a oferta mensal do dízimo, que entre nós será feita como ato <strong>de</strong><br />
fé e confiança na Divina Providência, como compromisso social e solidário com os pobres, como ato<br />
<strong>de</strong> esperança na Igreja, que é sinal e instrumento do Reino <strong>de</strong> Deus.<br />
A partilha <strong>de</strong> recursos humanos e materiais entre as paróquias da <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong>ve tornar-se<br />
um sinal explícito <strong>de</strong> nossa comunhão em Cristo.<br />
NA FRAÇÃO DO PÃO<br />
A expressão “fração do pão” vem das refeições judaicas, on<strong>de</strong> o pai partilhava o pão com os<br />
filhos, com os empregados (Lc 15,17) e os que não tinham nada. Ela lembra as muitas vezes em<br />
que Jesus partilhou o pão com os discípulos e com o povo faminto. Lembra o gesto <strong>de</strong> partilha que<br />
abriu os olhos dos discípulos <strong>de</strong> Emaús (Lc 24,30-35). Recorda sobretudo o gesto supremo do<br />
“amor até o fim” (Jo 13,1), a Eucaristia (1Cor 10,16), a memória da morte e ressurreição <strong>de</strong> Jesus<br />
(1Cor 11,26).<br />
A Eucaristia é a fonte e o ápice <strong>de</strong> toda obra evangelizadora. Toda ação evangelizadora <strong>de</strong>ve<br />
partir da Eucaristia e a ela conduzir. Na Eucaristia celebramos o encontro <strong>de</strong> todas as vocações e<br />
ministérios, pelos quais nos reconhecemos agra<strong>de</strong>cidos ao Senhor, que nos chama e envia. Ao<br />
alimentar-nos do pão da vida e do cálice da salvação, recebemos força para continuar a caminhada.<br />
O exemplo <strong>de</strong> Jesus Cristo <strong>de</strong> dar a vida em resgate por muitos é a nossa constante fonte <strong>de</strong><br />
inspiração para o trabalho da evangelização.<br />
A celebração eucarística é memória da vida, do ministério, da paixão, da morte e da<br />
ressurreição <strong>de</strong> Jesus <strong>de</strong> Nazaré. Ele pediu: “Fazei isto em memória <strong>de</strong> mim”. Quando celebramos a<br />
Eucaristia, nos propomos a refazer a caminhada <strong>de</strong> Jesus, a ser seus seguidores e seguidoras, a<br />
fazer memória <strong>de</strong> tudo o que ele foi, disse e fez. Por isso, a celebração da Eucaristia <strong>de</strong>ve estar<br />
sempre relacionada à prática do amor e da promoção e <strong>de</strong>fesa da vida<br />
É a Eucaristia que alimenta a vida em comunida<strong>de</strong>, a nossa Igreja. A celebração eucarística é o<br />
cartão <strong>de</strong> visita <strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong> eclesial. A alegria festiva do encontro com o Senhor, a<br />
experiência da vida em família, a iniciação permanente nos mistérios da fé e a valorização criativa<br />
<strong>de</strong> gestos e símbolos, são as características que <strong>de</strong>verão marcar nossas celebrações.<br />
ENVOLVENDO AS FORÇAS VIVAS<br />
DA ARQUIDIOCESE<br />
Contamos com todas as forças vivas que atuam em nossa <strong>Arquidiocese</strong>. Damos graças e<br />
glórias ao Espírito Santo que nos conce<strong>de</strong> muitas vocações sacerdotais, religiosas, missionárias e<br />
leigas. Temos entre nós muitas pessoas que assumem os mais diferentes serviços e ministérios.<br />
Somos gente que ama a Igreja <strong>de</strong> Jesus Cristo. Oferecemos muito <strong>de</strong> nós: o amor, o tempo, o<br />
cansaço, as lutas, o empenho pelo diálogo e pela superação <strong>de</strong> conflitos. Dedicamos à obra da<br />
evangelização os nossos talentos e muitas vezes boa parte <strong>de</strong> nossos bens materiais.<br />
Atuamos nas mais diversas pastorais, organismos, serviços, associações e movimentos,<br />
colégios, meios <strong>de</strong> comunicação. São muitas as forças vivas que atuam na ação evangelizadora em<br />
nossa <strong>Arquidiocese</strong>. No entanto, a beleza da diversida<strong>de</strong> aparece muitas vezes ofuscada pela perda
da unida<strong>de</strong>, por conflitos que persistem, pela dificulda<strong>de</strong> para o encontro e o diálogo, pela insistência<br />
em fechamentos nas próprias idéias e práticas, pelo <strong>de</strong>sconhecimento da caminhada comum.<br />
Com a graça do Espírito Santo, que é laço <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> na diversida<strong>de</strong>, queremos garantir maior<br />
comunhão e diálogo entre todas as pessoas e organizações que participam <strong>de</strong> nossa Igreja e<br />
colaboram na missão evangelizadora. Com isto, seremos imagem mais pura e fiel da comunhão<br />
trinitária.<br />
Na ação evangelizadora, partimos do princípio <strong>de</strong> que continuamos a obra <strong>de</strong> Cristo e <strong>de</strong> todos<br />
os gran<strong>de</strong>s evangelizadores que nos prece<strong>de</strong>ram. Queremos integrar o nosso trabalho apostólico no<br />
plano <strong>de</strong> Deus, prosseguido pela Igreja <strong>de</strong> Cristo até o fim dos tempos. Estamos convictos <strong>de</strong> que,<br />
com isso, realizamos uma obra agradável a Deus. Para garantir uma obra comum em uma Pastoral<br />
<strong>de</strong> Conjunto, será necessário assumir a ação pastoral e evangelizadora na perspectiva <strong>de</strong> uma fé<br />
profunda, assumida e vivida. São Paulo, o gran<strong>de</strong> missionário das gentes, nos adverte: “A fé opera<br />
através da carida<strong>de</strong>” (Gl 5,6), e o autor da Carta aos Hebreus acrescenta: “Sem fé é impossível<br />
agradar a Deus”( Hb 11,6).<br />
Como motivação teológica para nossa ação evangelizadora, vivida na comunhão e<br />
participação, bastaria elencar e abraçar o que o próprio Cristo nos aponta nos chamados discursos<br />
missionários, relatados nos Evangelhos sinóticos: Mt 10, 5-42; Lc 10, 1-20; Mc 6,7-12. Encontramos<br />
aí, claramente expostas, as atitu<strong>de</strong>s, a metodologia, as diversas circunstâncias e vicissitu<strong>de</strong>s que<br />
caracterizam a ação dos autênticos evangelizadores. Com proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ríamos consi<strong>de</strong>rar<br />
essas passagens como orientações e diretrizes para os que assumem o envio <strong>de</strong> Deus.<br />
Na Sagrada Escritura aparece, com clareza, que a iniciativa, o imperativo da ação<br />
evangelizadora não parte <strong>de</strong> nós, <strong>de</strong> nossa inteligência, <strong>de</strong> nossos i<strong>de</strong>ais e propósitos. Decorre <strong>de</strong><br />
um chamado, <strong>de</strong> uma vocação essencialmente divina: “Não fostes vós que me escolhestes. Fui eu<br />
que vos escolhi a vós, para ir<strong>de</strong>s e produzir<strong>de</strong>s fruto e para que esse fruto permaneça” (Jo 15,16).<br />
Esse fruto, por correspon<strong>de</strong>r a um chamado divino, não se restringe ao tempo, mas permanece para<br />
sempre.<br />
A ação evangelizadora nunca é missão individual e isolada. É ação comunitária, conjunta e<br />
solidária, que parte da vida e da oração em comum (Mt 18,20). Trata-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ver imperioso <strong>de</strong><br />
cada fiel, a ser executado em comunida<strong>de</strong>. É fácil averiguar isso na vocação dos profetas, dos<br />
missionários, dos apóstolos – homens e mulheres – que se <strong>de</strong>votaram e se <strong>de</strong>votam a essa causa,<br />
que transcen<strong>de</strong> nossos esquemas e posicionamentos (Mc 16, 15-18; Mt 28,18-20).<br />
A participação em reuniões, conselhos e assembléias, que envolvem todas as forças vivas da<br />
<strong>Arquidiocese</strong>, com vistas a conhecimento mútuo e <strong>de</strong>cisões comuns para a caminhada, <strong>de</strong>verá fazer<br />
parte da agenda <strong>de</strong> todos os discípulos e discípulas do Senhor, que se preten<strong>de</strong>m chamados à<br />
evangelização em nossa Igreja.<br />
A SERVIÇO DA VIDA PLENA<br />
E DA ESPERANÇA<br />
A vida nos foi dada como dom <strong>de</strong> Deus. Enquanto estamos a caminho da vida plena, na<br />
esperança do Reino <strong>de</strong>finitivo, é nossa missão promover e cuidar da vida terrena, em todas as suas<br />
dimensões e tempos, pois é para isso que Jesus disse que veio morar em nosso meio: “Eu vim para<br />
que todos tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10). A vida criada por Deus está sob nossa<br />
responsabilida<strong>de</strong>, tanto a vida humana, como a <strong>de</strong> toda natureza. Não po<strong>de</strong>mos ser verda<strong>de</strong>iros<br />
seguidores e seguidoras <strong>de</strong> Jesus, se não tivermos a coragem <strong>de</strong> nos inserir nas transformações<br />
históricas para atingir o gran<strong>de</strong> objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a vida com todas as nossas forças e acima <strong>de</strong><br />
todas as mediações (estruturas, instituições, projetos pessoais e coletivos, etc.).<br />
Ao afirmar que estamos a caminho, esperando “contra toda esperança” (Rom 4,18), já<br />
dizemos que nosso <strong>de</strong>stino final não está neste mundo: “Não temos aqui morada fixa, mas<br />
buscamos a que há <strong>de</strong> vir” (Hb 13,14). Cristo instaurou um Reino que está no mundo, mas “não é<br />
<strong>de</strong>ste mundo” (Jo 19,36). A história nos mostra esse Reino em marcha, em consolidação, muitas<br />
vezes em crise, e constantemente em busca <strong>de</strong> um termo final. No Cristo Ressuscitado, na<br />
glorificação <strong>de</strong> Nossa Senhora, no paraíso celestial, temos os inícios e a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>sse Reino<br />
em fase <strong>de</strong>finitiva: a realização plena e total. Quanto mais a Igreja conseguir transformar a fase<br />
terrena <strong>de</strong>sse Reino num reino <strong>de</strong> justiça, <strong>de</strong> amor, <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> e paz, mais ela conseguirá<br />
apontar – como sinal e instrumento – o estágio final e <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong>sse Reino <strong>de</strong> Cristo.
A mensagem e ação evangelizadora da Igreja, discípula <strong>de</strong> Cristo, têm como centro a<br />
proclamação <strong>de</strong>sse Reino <strong>de</strong> Deus – comunhão profunda, perfeita e <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> Deus com os seres<br />
humanos e <strong>de</strong>stes entre si. Esse Reino não coinci<strong>de</strong> com nenhuma realização histórica concreta,<br />
nem tampouco é fruto <strong>de</strong> empenho puramente humano, mas se projeta para além do tempo e da<br />
história, como consumada salvação que, em Jesus Cristo, é oferecida a todos os seres humanos,<br />
como dom da graça e da misericórdia <strong>de</strong> Deus.<br />
O termo final <strong>de</strong> nossa ação evangelizadora é a felicida<strong>de</strong> eterna no convívio com Deus-<br />
Trinda<strong>de</strong>, com os anjos, santos e santas, que cantam a infinita misericórdia, beleza, sabedoria e<br />
glória do Todo-Po<strong>de</strong>roso. Não há mestre humano que nos possa guiar nessa caminhada. Cristo é o<br />
único mestre, o caminho seguro e a luz que nos levará a esse termo pelo amor que o une ao Pai no<br />
Espírito (Mt 23,8; Jo 14,6: Jo 8,12).<br />
Nossa obra evangelizadora, pela crítica profética às realida<strong>de</strong>s do mundo envoltas no pecado<br />
do egoísmo e do orgulho, e, sobretudo, pelo anúncio <strong>de</strong> um mundo novo, <strong>de</strong> justiça e paz, é a<br />
contribuição que Deus espera <strong>de</strong> nós, como seus simples e humil<strong>de</strong>s servidores.<br />
III IMPULSOS PARA A CAMINHADA<br />
III.1 NO HORIZONTE DO NOVO MILÊNIO<br />
“Aproximou-se e caminhou<br />
com eles” (Lc 24,15)<br />
Temos consciência <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos ficar parados “a olhar para os céus” (At 1,10), mas<br />
somos convidados a pisar firmemente o chão <strong>de</strong> nossa vida, em que o próprio Cristo vai conosco e<br />
nos pe<strong>de</strong> o testemunho <strong>de</strong>ssa presença (Mt 18,20).<br />
Isso há <strong>de</strong> transparecer, principalmente, em cinco atitu<strong>de</strong>s fundamentais que se entrelaçam:<br />
• anúncio da boa-notícia da vida nova em Cristo e na Igreja;<br />
• diálogo, franco e aberto, entre nós, com todos os que aceitam o Cristo e com os que<br />
reconhecem um Deus único (EN 140-141), bem como com todas as outras manifestações<br />
religiosas e culturais;<br />
• serviço, constante e transformador, <strong>de</strong> quem sabe que não há evangelização sem<br />
promoção humana;<br />
• testemunho <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> comunhão que vai até à doação suprema: o martírio;<br />
• celebração da memória <strong>de</strong> Cristo e dos que nos antece<strong>de</strong>ram.<br />
III.2 AÇÃO EVANGELIZADORA<br />
Das atitu<strong>de</strong>s acima se <strong>de</strong>duzem as características <strong>de</strong> nossa evangelização, que há <strong>de</strong> ser:<br />
• comunional e participativa,<br />
• inculturada,<br />
• fiel,<br />
• dialogante,<br />
• missionária,<br />
• solidária,<br />
• celebrativa.<br />
Evangelização comunional e participativa:<br />
Aqui se apela para a multiplicida<strong>de</strong> dos carismas ou talentos na união do mesmo Espírito do<br />
qual proce<strong>de</strong>m (1 Cor 12,4.11).<br />
Obedientes ao mandato do Senhor: “nisto reconhecerão que sois meus discípulos: se vos<br />
amar<strong>de</strong>s uns aos outros” (Jo 13,35), queremos dar testemunho eficaz <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, para que o mundo<br />
creia.<br />
Procuraremos a parceria com todos aqueles que respeitam a vida e a dignida<strong>de</strong> da pessoa<br />
humana, mesmo que o façam por razões políticas ou humanísticas.
Todos os organismos e serviços <strong>de</strong> colegialida<strong>de</strong> entram aqui em colaboração íntima.<br />
É o caminho para se fugir do individualismo e do centralismo.<br />
Adota-se o princípio <strong>de</strong> confiança e corresponsabilida<strong>de</strong> na ação das pessoas em seus<br />
respectivos níveis e instâncias (princípio <strong>de</strong> subsidiarieda<strong>de</strong>).<br />
Evangelização inculturada:<br />
É preciso assimilar o essencial da mensagem evangélica e transpô-lo para uma linguagem<br />
atualizada, mo<strong>de</strong>rna e tornada compreensível a todos, pelo anúncio a<strong>de</strong>quado.<br />
Há que atingir a vida real e concreta dos ouvintes, saturada <strong>de</strong> palavras ocas e ambíguas,<br />
dando “as razões <strong>de</strong> nossa esperança” (Hb 10,23).<br />
Iremos aceitar os reais valores das diversas culturas, aperfeiçoando-as pelo Evangelho.<br />
Evangelização fiel:<br />
Evite-se cair no subjetivismo e relativismo da verda<strong>de</strong> e da moral, i<strong>de</strong>ntificando-as, como tantos<br />
preten<strong>de</strong>m, com a opinião corrente.<br />
Não se po<strong>de</strong> trair ou diluir o conteúdo da verda<strong>de</strong> revelada, sob o pretexto <strong>de</strong> traduzi-la melhor<br />
(EN 23).<br />
O profeta da atualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá anunciar a esperança e <strong>de</strong>nunciar as injustiças e procurará<br />
aten<strong>de</strong>r à sensibilida<strong>de</strong> dos que o escutam, ciente <strong>de</strong> que “minhas palavras não passarão” (Mt<br />
24,35).<br />
Evangelização dialogante:<br />
O diálogo se impõe pela própria natureza da Palavra anunciada, que se irradia, criando grupos<br />
e comunida<strong>de</strong>s.<br />
Deverá esten<strong>de</strong>r-se, em esforço planejado, aos cristãos que aceitam o Senhor Jesus como<br />
salvador e mediador (ecumenismo), e aos que aceitam um Deus supremo e único, que sopra<br />
“sementes da Verda<strong>de</strong>” em todas as religiões (diálogo inter-religioso).<br />
Inclui-se, ainda, o diálogo com as outras formas culturais da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, que se encontram,<br />
não raro, longe <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> qualquer igreja.<br />
Evangelização missionária:<br />
Essa ação evangelizadora respon<strong>de</strong> a um mandato claro e direto <strong>de</strong> Cristo, quando da sua<br />
ascensão (Mt 28,16-20; Mc 16,14-18).<br />
É uma das notas distintivas da Igreja <strong>de</strong> Cristo, que realiza o plano <strong>de</strong> Deus-Trinda<strong>de</strong> “até os<br />
confins do mundo” (At 1,8).<br />
Evangelização solidária:<br />
Apoia-se no princípio <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong> haver evangelização autêntica sem promoção humana<br />
e sem a libertação plena <strong>de</strong> tudo o que oprime o ser humano (DP 14; 189; 26).<br />
Ela pe<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós um amor especial aos pobres e excluídos, uma opção concreta por eles como<br />
conseqüência <strong>de</strong> abraçar o Evangelho “ao jeito” <strong>de</strong> Jesus (DAEISC 37).<br />
Evangelização celebrativa:<br />
A comunida<strong>de</strong> celebra o mistério pascal <strong>de</strong> Jesus Cristo e procura viver sob a luz <strong>de</strong>sse<br />
mistério, para dar testemunho e anúncio. Por sua vez, as alegrias, tristezas, angústias e esperanças<br />
(GS 1) são transpostas para as celebrações.<br />
As celebrações traduzem o ponto mais elevado da evangelização, que nelas se resume e<br />
completa (SC 6-8).<br />
Não existe verda<strong>de</strong>ira evangelização sem esta dimensão celebrativa.
IV INDICAÇÕES PARA A<br />
AÇÃO EVANGELIZADORA<br />
“Tudo era comum entre eles” (At 4,12)<br />
Para enfrentar os <strong>de</strong>safios externos e internos, e pôr em execução o Objetivo Geral <strong>de</strong> nossa<br />
evangelização, contamos com uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes e recursos.<br />
Por recursos, enten<strong>de</strong>m-se os meios <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos dispor para a concretização do nosso<br />
agir evangelizador. Os recursos são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m humana (pessoas), física (estruturas), sociológica<br />
(organizações, pastorais, movimentos, serviços, ONGs, sindicatos), econômica (patrimônio e bens<br />
materiais). Nossa <strong>Arquidiocese</strong> dispõe <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>stes recursos.<br />
Mas não basta ter os recursos, se não houver estratégias <strong>de</strong> uso dos mesmos. Por estratégias,<br />
enten<strong>de</strong>-se a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneiras <strong>de</strong> se usarem os recursos. Elas representam o jeito <strong>de</strong> se<br />
atuar, para conseguir alcançar os objetivos que se tem em mente, ou as transformações que se<br />
<strong>de</strong>seja fazer. Um plano <strong>de</strong> pastoral que não leve em conta os recursos, está per<strong>de</strong>ndo muito <strong>de</strong> sua<br />
força.<br />
As indicações estratégicas que seguem, servem para toda a <strong>Arquidiocese</strong>. São também muito<br />
úteis para a elaboração do Plano <strong>de</strong> Pastoral, que as paróquias, pastorais, organismos, movimentos<br />
e serviços <strong>de</strong>verão elaborar.<br />
Com a intenção <strong>de</strong> garantir maior unida<strong>de</strong> pastoral, assumiremos as seguintes indicações para<br />
nosso agir evangelizador:<br />
IV.1 ESTRUTURAS PASTORAIS:<br />
• As estruturas e organizações existentes na <strong>Arquidiocese</strong> e nas paróquias constituem forças<br />
que <strong>de</strong>vem ser verda<strong>de</strong>iramente colocadas a serviço das pessoas na construção do Reino.<br />
• A Paróquia é uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s, é a “célula vital da Diocese, que representa a maior<br />
riqueza espiritual e moral da Diocese” (Carta Pastoral <strong>de</strong> Dom Eusébio). È na formação e<br />
revitalização <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s que se encontra o essencial para a vida da mesma.<br />
• Toda Paróquia <strong>de</strong>verá elaborar seu Plano <strong>de</strong> Pastoral, consi<strong>de</strong>rando sua realida<strong>de</strong> sóciocultural,<br />
seus <strong>de</strong>safios pastorais e suas urgências próprias, tendo como pano <strong>de</strong> fundo estas<br />
Diretrizes. Para a elaboração <strong>de</strong> seu Plano Paroquial <strong>de</strong> Pastoral, <strong>de</strong>verá promover<br />
assembléias, que envolvam o maior número possível <strong>de</strong> agentes.<br />
• Não se po<strong>de</strong> ignorar a força e o compromisso dos Conselhos Paroquiais <strong>de</strong> Pastoral (CPPs)<br />
e dos Conselhos <strong>de</strong> Pastoral da Comunida<strong>de</strong> (CPCs). Todas as paróquias e comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>verão contar com seu Conselho <strong>de</strong> Pastoral, a fim <strong>de</strong> que se evi<strong>de</strong>ncie para os próprios<br />
membros e para todo o povo um mo<strong>de</strong>lo mais comunitário <strong>de</strong> ser Igreja e <strong>de</strong> exercer a obra<br />
evangelizadora.<br />
• As Comissões para Assuntos Econômicos Paroquiais (CAEPs) têm assumido com serieda<strong>de</strong><br />
e com zelo a manutenção das estruturas e garantem a eficiência das organizações. Mas as<br />
preocupações com a manutenção das estruturas têm sentido, se forem resposta às<br />
necessida<strong>de</strong>s da evangelização, e se as organizações forem promotoras dos valores<br />
evangélicos e <strong>de</strong> serviço para toda a comunida<strong>de</strong>. Para tanto, as CAEPs <strong>de</strong>verão fazer<br />
parte, através <strong>de</strong> seu presi<strong>de</strong>nte ou coor<strong>de</strong>nador, do Conselho <strong>de</strong> Pastoral.<br />
• Por mais <strong>de</strong>safiador que isso seja, a ação evangelizadora na <strong>Arquidiocese</strong> supõe a atenção<br />
permanente com a organização dos grupos <strong>de</strong> reflexão, que são “uma das maiores graças<br />
para a Igreja em nossos dias” e um meio mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> evangelização.<br />
IV.2 SUSTENTAÇÃO FINANCEIRA:<br />
• O sustento financeiro <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s pastorais e <strong>de</strong> pessoas qualificadas em<br />
diversas áreas, é missão da Pastoral do Dízimo. Esta frente <strong>de</strong> ação evangelizadora
necessita <strong>de</strong> muita coragem e unida<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> uma conscientização interna. É preciso<br />
organizá-la em cada comunida<strong>de</strong>, para que seja em <strong>de</strong>finitivo a gran<strong>de</strong> solução <strong>de</strong> sustento<br />
<strong>de</strong> toda a Igreja.<br />
• Todas as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem contribuir financeiramente com a manutenção da Paróquia.<br />
De igual modo, os movimentos e organizações paroquiais. A oferta-colaboração que se faz a<br />
um movimento, não exime ninguém do direito-<strong>de</strong>ver do Dízimo, como oferta à Paróquia.<br />
• As paróquias mais bem estruturadas financeiramente <strong>de</strong>verão colaborar para a criação <strong>de</strong><br />
um fundo financeiro para aquisição <strong>de</strong> terrenos, a fim <strong>de</strong> construir locais <strong>de</strong> culto para as<br />
novas comunida<strong>de</strong>s.<br />
• É necessário que cada Paróquia e a <strong>Arquidiocese</strong> façam prestação <strong>de</strong> contas, entre si e<br />
para o povo, a fim <strong>de</strong> que testemunhemos pela nossa ação a ética e a transparência que<br />
cobramos da administração pública.<br />
IV.3 FORÇAS VIVAS:<br />
• É indispensável que as pastorais, as organizações e os serviços existentes em cada uma<br />
das paróquias, e os movimentos que atuam na <strong>Arquidiocese</strong> em qualquer âmbito, estejam<br />
ligados aos organismos pastorais e serviços da <strong>Arquidiocese</strong>. Sem esta ligação, não há<br />
testemunho <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> evangélica eclesial.<br />
• Todas as pastorais, organismos, serviços e movimentos <strong>de</strong>verão elaborar seu Plano <strong>de</strong><br />
Pastoral, tendo como pano <strong>de</strong> fundo estas Diretrizes.<br />
• Haja em cada Paróquia e na <strong>Arquidiocese</strong> um espaço permanente <strong>de</strong> encontro e<br />
intercâmbio entre pastorais e movimentos, a fim <strong>de</strong> que o conhecimento mútuo dos carismas<br />
e exigências facilite a caminhada comum na obra evangelizadora.<br />
• As manifestações visíveis da Igreja em gran<strong>de</strong>s concentrações, promovidas por movimentos<br />
e pastorais, para alcançarem autêntico significado evangelizador <strong>de</strong>verão ser resultado <strong>de</strong><br />
uma evangelização inserida e libertadora, atuante nas comunida<strong>de</strong>s (CEBs: comunida<strong>de</strong>s<br />
eclesiais <strong>de</strong> base), nas pastorais, nos grupos e nos movimentos.<br />
IV.4 FORMAÇÃO DE AGENTES:<br />
• As oportunida<strong>de</strong>s existentes na <strong>Arquidiocese</strong> para a formação humana, teológica, pastoral e<br />
espiritual <strong>de</strong> nossas li<strong>de</strong>ranças são muitas: Escola <strong>de</strong> Ministérios da <strong>Arquidiocese</strong> (EMAR),<br />
Instituto Teológico <strong>de</strong> Santa Catarina (ITESC), Escola <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Agentes <strong>de</strong><br />
Animação Vocacional, Cursos <strong>de</strong> Teologia para Leigos, Cursos <strong>de</strong> Catequese, <strong>de</strong> Bíblia,<br />
Encontros, Concentrações. Esses meios <strong>de</strong> formação precisam ser amplamente divulgados<br />
e valorizados.<br />
• Todos os segmentos da <strong>Arquidiocese</strong>, sobretudo as paróquias, <strong>de</strong>vem aplicar recursos na<br />
formação <strong>de</strong> agentes – catequistas, ministros, agentes da liturgia, etc. – a fim <strong>de</strong> que se<br />
possa contar sempre com alternância <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças nas coor<strong>de</strong>nações das diversas<br />
pastorais.<br />
• A força <strong>de</strong> uma Igreja ministerial, entendida e querida por um número extraordinário <strong>de</strong><br />
cristãos leigos e leigas dispostos a assumirem os mais variados ministérios, é um recurso<br />
que vai visibilizando uma Igreja presente na <strong>Arquidiocese</strong> e, ao mesmo tempo, dando<br />
resposta a muitas necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> católica. No trabalho da pastoral e na<br />
formação dos seminários e comunida<strong>de</strong>s religiosas, todos sejam orientados e formados<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma linha da Igreja Ministerial.<br />
• Cada Paróquia apóie o esforço pela efetivação dos ministérios, <strong>de</strong> acordo com suas<br />
necessida<strong>de</strong>s.<br />
IV.5 AÇÃO SOCIAL:<br />
• As Ações Sociais Paroquiais e as Pastorais Sociais existentes na <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong>vem estar<br />
ligadas à Ação Social Arquidiocesana, para facilitar uma maior eficiência conjunta e, ao<br />
mesmo tempo, para a formação <strong>de</strong> uma força comum que seja o rosto visível da ação<br />
caritativa da Igreja, na partilha <strong>de</strong> vida e na opção preferencial pelos pobres.
• As Ações Sociais Paroquiais têm o compromisso sério <strong>de</strong> marcar presença participativa nos<br />
Conselhos Municipais <strong>de</strong> Assistência Social e em outros conselhos paritários <strong>de</strong> direitos, que<br />
<strong>de</strong>terminam as políticas sociais dos municípios.<br />
• Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecer a importância das Organizações Não Governamentais em nossa<br />
socieda<strong>de</strong>. É muito importante para a evangelização que a Igreja esteja aberta ao diálogo e<br />
tome iniciativas <strong>de</strong> parcerias com estas organizações.<br />
• É importante trabalhar com programas que sejam promotores e <strong>de</strong>fensores da vida e que<br />
usem a força do Fundo Arquidiocesano <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>.<br />
• Nenhuma instituição dispõe <strong>de</strong> recursos humanos voluntários como a Igreja. Negligenciar a<br />
formação contínua dos agentes <strong>de</strong> pastorais e <strong>de</strong> serviços é, por isso, trair o Evangelho.<br />
Este é um trabalho que cada Paróquia necessita priorizar, para ser evangelizadora.<br />
IV.6 MEIOS DE COMUNICAÇÃO:<br />
• O aproveitamento <strong>de</strong> todas as oportunida<strong>de</strong>s oferecidas pelos Meios <strong>de</strong> Comunicação<br />
Social, especialmente através <strong>de</strong> pequenos programas radiofônicos e da presença na<br />
imprensa em geral, precisa ser assumido com disponibilida<strong>de</strong> pelos agentes <strong>de</strong> pastoral,<br />
a<strong>de</strong>quando a ação evangelizadora aos avanços da tecnologia, sobretudo referentes à<br />
informatização. Incentivamos as paróquias a irem além do aproveitamento das<br />
oportunida<strong>de</strong>s e assumirem até mesmo programas que exijam <strong>de</strong>spesas.<br />
• É preciso acreditar na força do Jornal da <strong>Arquidiocese</strong>, em torno do qual <strong>de</strong>ve haver uma<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio. Há que se valorizar também o jornal Missão Jovem que, entre tantas<br />
qualida<strong>de</strong>s, divulga nossa <strong>Arquidiocese</strong> pelo país afora. São válidos e é bom que se<br />
organizem os informativos paroquiais. A utilização das rádios comunitárias, em parceria<br />
entre entida<strong>de</strong>s e igrejas, é um meio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> eficácia.<br />
• A <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong>verá contar com um grupo <strong>de</strong> pessoas capazes <strong>de</strong> expor, <strong>de</strong> modo<br />
tempestivo e oportuno, a posição da Igreja a respeito <strong>de</strong> assuntos e eventos em pauta na<br />
mídia e na socieda<strong>de</strong>. Que o Conselho Arquidiocesano <strong>de</strong> Pastoral tome posições claras e<br />
proféticas em relação às graves questões sociais que afligem nosso povo.<br />
IV.7 CATEQUESE E FAMÍLIA:<br />
• O enfoque concentrado na catequese renovada, a qual <strong>de</strong>ve estar sempre atenta à<br />
participação comunitária e ao conhecimento da fé, é exigência indispensável para enfrentar<br />
o particularismo e o relativismo religioso.<br />
• É necessário priorizar cada vez mais a catequese com adultos, contemplando o<br />
catecumenato para todos os que se achegam às nossas paróquias, pedindo os<br />
sacramentos.<br />
• Em nossa <strong>Arquidiocese</strong>, há muitas famílias que sustentam o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “família cristã” ; por<br />
isso, <strong>de</strong>vem ser valorizadas, através da Pastoral Familiar e <strong>de</strong> uma catequese que apoie as<br />
verda<strong>de</strong>iras famílias cristãs. É necessário ainda que se promovam os valores cristãos junto a<br />
famílias que não seguem o padrão tradicional (pai-mãe-filhos).<br />
IV.8 NOVOS AREÓPAGOS:<br />
• As questões ecológicas fazem parte <strong>de</strong> nosso cotidiano, uma vez que nossa <strong>Arquidiocese</strong> se<br />
situa em área geográfica em que a natureza é bastante farta e bela. As paróquias e<br />
pastorais sociais precisam estar atentas às oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> parceria com Órgãos do<br />
Governo (IBAMA, por ex.) e com Organizações Não Governamentais relacionadas ao<br />
assunto.<br />
• Nas instituições educacionais, particulares e públicas, dos diferentes graus e níveis,<br />
existentes em nossas comunida<strong>de</strong>s, a Igreja <strong>de</strong>verá marcar presença, tratando-as como<br />
parceiras colaboradoras no processo <strong>de</strong> formação integral da pessoa humana.<br />
• O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s, que foram instaladas em nossa <strong>Arquidiocese</strong>, é um<br />
<strong>de</strong>safio premente. As paróquias, a Pastoral Universitária, a Pastoral da Juventu<strong>de</strong> e os
movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> são <strong>de</strong>safiados a marcar presença nesse importante ambiente <strong>de</strong><br />
evangelização.<br />
• Diante da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alienação ética e moral presente no mundo da juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos<br />
apelar para uma maior organização <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> jovens presentes nas diversas realida<strong>de</strong>s,<br />
quer seja nas escolas, nas periferias, nas comunida<strong>de</strong>s, nos condomínios, etc.<br />
• O turismo é hoje uma realida<strong>de</strong> que caracteriza nossa região. Todos os segmentos da<br />
<strong>Arquidiocese</strong> são chamados em causa, a fim <strong>de</strong> se encontrarem os melhores meios <strong>de</strong><br />
evangelizar esse novo areópago.<br />
• A chegada <strong>de</strong> migrantes que vêm morar em nossas cida<strong>de</strong>s, as quais se situam na área que<br />
mais cresce no país, exige <strong>de</strong> todos nós disponibilida<strong>de</strong> para uma acolhida eclesial e<br />
evangélica.<br />
SIGLAS E ABREVIATURAS<br />
À exceção das abreviaturas dos livros bíblicos, trazem-se aqui as siglas ou abreviaturas <strong>de</strong><br />
documentos citados:<br />
DAEISC: Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja em Santa Catarina. 2001-2003, da CNBB<br />
Regional Sul IV, <strong>de</strong> 2001.<br />
DP: Documento <strong>de</strong> Puebla: A evangelização no presente e no futuro da América Latina, da III<br />
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, <strong>de</strong> 1979.<br />
EN: Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo,<br />
<strong>de</strong> Paulo VI, <strong>de</strong> 1975.<br />
GS: Constituição Pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no Mundo <strong>de</strong> Hoje, do Concílio Vaticano<br />
II, <strong>de</strong> 1965.<br />
SC: Constituição Sacrossanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II, <strong>de</strong><br />
1963.<br />
POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS<br />
DA ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS<br />
CENSO 2000<br />
Município 1996 2000 Taxa Crescimento<br />
Angelina 6051 5767 -4,69%<br />
Anitápolis 3345 3228 -3,50%<br />
Antônio Carlos 6007 6417 6,83%<br />
Águas Mornas 4840 5387 11,30%<br />
Balneário Camboriú 58188 73266 25,91%<br />
Biguaçu 40047 47776 19,30%<br />
Bombinhas 5877 8698 48,0%<br />
Botuverá 4032 3757 -6,82%<br />
Brusque 66558 75798 13,88%<br />
Camboriú 34054 41351 21,43,%<br />
Canelinha 8209 9008 9,73%<br />
<strong>Florianópolis</strong> 271281 331784 22,30%<br />
Garopaba 11718 13133 12,08%<br />
Governador Celso Ramos 10864 11533 6,16%<br />
Guabiruba 11539 12988 12,56%
Itajaí 134942 147463 9,28%<br />
Itapema 18222 25857 41,90%<br />
Leoberto Leal 4120 3741 -9,20%<br />
Major Gercino 3534 3143 -11,06%<br />
Nova Trento 9369 9853 5,17%<br />
Palhoça 81176 102286 26,01%<br />
Paulo Lopes 5589 5931 6,12%<br />
Porto Belo 7606 10682 40,44%<br />
Rancho Queimado 2443 2634 7,82%<br />
Santo Amaro da Imperatriz 14569 15682 7,64%<br />
São Bonifácio 3109 3218 3,51%<br />
São João Batista 13637 14851 8,90%<br />
São José 147559 169252 14,70%<br />
São Pedro <strong>de</strong> Alcântara3465 3580 3,32%<br />
Tijucas 20160 23441 16,27%<br />
TOTAL 1.012.110 1.191.505 17,72%<br />
tajaí São João Batista – Bairro São João47-348-2594<br />
Itajaí São Vicente <strong>de</strong> Paulo 47-241-2742<br />
Itajaí São Cristóvão – Cor<strong>de</strong>iros 47-341-1408<br />
Itajaí São João Bosco – Dom Bosco 47-348-2728<br />
Itapema Santo Antônio 47-368-2185<br />
Leoberto Leal Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus 48-268-1191<br />
Major Gercino Senhor Bom Jesus 48-273-1103<br />
Nova Trento São Virgílio 48-267-0127<br />
Nova Trento N. Sra. <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s – Vígolo (C)48-267-0250<br />
Nova Trento N. Sra. do Bom Socorro – Morro (S)48-267-0127<br />
Palhoça Senhor Bom Jesus <strong>de</strong> Nazaré 48-242-1106<br />
Palhoça São Francisco <strong>de</strong> Assis – Aririú 48-342-0436<br />
Palhoça N. Sra. do Rosário – Enseada <strong>de</strong> Brito48-242-8044<br />
Palhoça S. Judas Ta<strong>de</strong>u e S. João Batista – Pte. Imarui48-242-1544<br />
Paulo Lopes Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus 48-253-0109<br />
Porto Belo Senhor Bom Jesus dos Aflitos 47-369-4062<br />
Sto Amaro da Imp. Santo Amaro 48-245-1116<br />
São Bonifácio São Bonifácio 48-252-0194<br />
São João Batista São João Batista 48-265-0123<br />
São José São José 48-247-1596<br />
São José Sagrados Corações – Barreiros48-246-1249<br />
São José Santo Antônio – Campinas 48-241-0637<br />
São José Sant’Ana (C) 48-278-0101<br />
São José São Francisco <strong>de</strong> Assis – Forquilhinhas48-357-2000<br />
São José Nossa Senhora Aparecida – Procasa48-240-7180<br />
São José Santa Cruz – Barreiros 48-246-5572<br />
São José São Judas Ta<strong>de</strong>u – Barreiros 48-246-0122<br />
São José N. Sra. do Rosário (C) 48-346-1676<br />
São Pedro <strong>de</strong> Alcântara São Pedro <strong>de</strong> Alcântara 48-277-0109<br />
São Pedro <strong>de</strong> Alcântara Senhor Bom Jesus da Sta. Cruz – Sta. Tereza (S) 48-277-0109<br />
Tijucas<br />
SIGLAS:<br />
São Sebastião 48-263-0240<br />
C – Capelania ou Curato
I – Igreja<br />
PS – Paróquia e Santuário<br />
S – SantuárioRELAÇÃO DE PASTORAIS, MOVIMENTOS, ORGANISMOS, SERVIÇOS,<br />
COLÉGIOS E MEIOS DE COMUNICAÇÃO<br />
PASTORAIS:<br />
Prestam serviços pastorais e evangelizadores a <strong>de</strong>terminados grupos <strong>de</strong> pessoas ou<br />
situações humanas, no interior da Igreja ou na socieda<strong>de</strong>.<br />
ü Acólitos<br />
ü Carcerária<br />
ü Catequética<br />
ü Comunicação<br />
ü Criança<br />
ü Dízimo<br />
ü Enfermos<br />
ü Familiar<br />
ü Grupos <strong>de</strong> Reflexão<br />
ü Idosos<br />
ü Juventu<strong>de</strong><br />
ü Litúrgica<br />
ü Migrantes<br />
ü Militar<br />
ü Missionária<br />
ü Presbiteral<br />
ü Saú<strong>de</strong><br />
ü Sobrieda<strong>de</strong><br />
ü Turismo, Lazer e Peregrinações<br />
ü Universitária<br />
ü Vocacional<br />
ASSOCIAÇÕES E MOVIMENTOS LEIGOS:<br />
Congregam leigos e leigas ao redor <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al, carisma ou apostolado.<br />
ü Apostolado da Oração<br />
ü Associação Irmão Joaquim<br />
ü Equipes <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />
ü Legião <strong>de</strong> Maria<br />
ü Movimento <strong>de</strong> Irmãos<br />
ü Movimento do Encontro e do Diálogo<br />
ü Movimento dos Cursilhos <strong>de</strong> Cristanda<strong>de</strong><br />
ü Movimento Focolares<br />
ü Movimento Emaús<br />
ü Movimento Familiar Cristão<br />
ü Movimento Pólen<br />
ü Movimento Serra<br />
ü Or<strong>de</strong>m Franciscana Secular ou Or<strong>de</strong>m Terceira<br />
ü Renovação Carismática Católica<br />
ü Renovação Marista – Movimento Juvenil<br />
ü Socieda<strong>de</strong> São Vicente <strong>de</strong> Paulo – Vicentinos<br />
ORGANISMOS:<br />
Congregam categorias do Povo <strong>de</strong> Deus.<br />
ü APAZ: Associação Pe. Augusto Zucco (padres)
ü CADIP: Comissão Arquidiocesana do Diaconato Permanente (diáconos)<br />
ü CAL: Conselho Arquidiocesano <strong>de</strong> Leigos (leigos)<br />
ü CRB: Conferência dos Religiosos do Brasil (religiosos)<br />
SERVIÇOS:<br />
Prestam serviços <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m geral ao Povo <strong>de</strong> Deus.<br />
ü AME: Associação Mensageiros do Evangelho (comunicações)<br />
ü ASA: Ação Social Arquidiocesana (pastoral social)<br />
ü Arquivo Histórico <strong>de</strong> Santa Catarina (arquivo)<br />
ü CEBs: Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base (comunida<strong>de</strong>s)<br />
ü Central Franciscana <strong>de</strong> Peregrinações (peregrinações)<br />
ü CEDEP: Centro <strong>de</strong> Documentação e Evangelização Popular (documentação)<br />
ü CIMI: Conselho Indigenista Missionário (pastoral indigenista)<br />
ü CSCR: Curso Superior <strong>de</strong> Ciências Religiosas (curso superior)<br />
ü EMAR: Escola <strong>de</strong> Ministérios da <strong>Arquidiocese</strong> (formação <strong>de</strong> ministros)<br />
ü Instituto Social João Paulo II (curso superior)<br />
ü Movimento Gianna Baretta Molla (proteção <strong>de</strong> nascituros)<br />
ü Oficinas <strong>de</strong> Oração e Vida (iniciação à oração cristã)<br />
ü Orionópolis (atendimento a carentes)<br />
ü Movimento Porta Aberta (atendimento psicológico)<br />
COLÉGIOS:<br />
São escolas <strong>de</strong> educação infantil, ensino fundamental e ensino médio,<br />
<strong>de</strong> confissão católica.<br />
ü Catarinense: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Coração <strong>de</strong> Jesus: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Centro Educacional Menino Jesus: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima: Estreito – <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Imaculada Conceição: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Santa Catarina: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Elisa Andreoli: Barreiros – São José<br />
ü Colério Marista e Municipal – Jardim Zanelatto – São José<br />
ü São José: Itajaí<br />
ü Salesiano: Itajaí<br />
ü São Luís: Brusque<br />
MEIOS DE COMUNICAÇÃO:<br />
São meios <strong>de</strong> comunicação pertencentes ou ligados à <strong>Arquidiocese</strong>.<br />
ü Jornal da <strong>Arquidiocese</strong>: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Jornal “Missão Jovem”: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Home Page: www.arquifloripa.org.br: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Repetidora da Re<strong>de</strong> Vida: <strong>Florianópolis</strong><br />
ü Rádio “Santa Catarina”: <strong>Florianópolis</strong><br />
Rádio “Conceição”: Itajaí<br />
Composição das Comarcas da <strong>Arquidiocese</strong><br />
Comarca da Ilha<br />
1. Catedral<br />
2. Santo Antônio<br />
3. Catarinense
4. Agronômica<br />
5. Trinda<strong>de</strong><br />
6. Prainha<br />
7. Saco dos Limões<br />
8. Ribeirão da Ilha<br />
9. Lagoa da Conceição<br />
10. Saco Gran<strong>de</strong><br />
11. Ingleses<br />
Comarca do Estreito<br />
1. Estreito<br />
2. Coqueiros<br />
3. Capoeiras<br />
4. Coloninha<br />
5. Balneário do Estreito<br />
6. Jardim Atlântico<br />
7. Procasa<br />
8. São Judas Ta<strong>de</strong>u<br />
9. N. Sra. Rosário<br />
Comarca <strong>de</strong> Biguaçu<br />
1. Biguaçu<br />
2. Gov. Celso Ramos<br />
3. Antônio Carlos<br />
4. Barreiros – Santa Cruz<br />
5. Barreiros – Sagrados Corações<br />
Comarca <strong>de</strong> São José<br />
1. São José<br />
2. Campinas<br />
3. Forquilhinha<br />
4. Colônia Sant’Ana<br />
5. Palhoça<br />
6. Ponte do Imarui<br />
7. Aririú<br />
8. Enseada <strong>de</strong> Brito<br />
9. Paulo Lopes<br />
10. Garopaba<br />
Comarca <strong>de</strong><br />
Santo Amaro da Imperatriz<br />
1. Santo Amaro da Imperatriz<br />
2. Angelina<br />
3. São Pedro <strong>de</strong> Alcântara<br />
4. Leoberto Leal<br />
5. Anitápolis<br />
6. São Bonifácio<br />
Comarca <strong>de</strong> Tijucas<br />
1. Tijucas<br />
2. Itapema<br />
3. Porto Belo<br />
4. Canelinha<br />
5. São João Batista<br />
6. Nova Trento<br />
7. Vígolo<br />
8. Major Gercino<br />
Comarca <strong>de</strong> Brusque
1. São Luís Gonzaga<br />
2. Santa Terezinha<br />
3. Azambuja<br />
4. Dom Joaquim<br />
5. Guabiruba<br />
6. Botuverá<br />
Comarca <strong>de</strong> Itajaí<br />
1. Santíssimo Sacramento<br />
2. Dom Bosco<br />
3. São João<br />
4. São Vicente<br />
5. Cor<strong>de</strong>iros<br />
6. Fazenda<br />
7. Balneário Camboriú<br />
8. São Sebastião<br />
9. Camboriú