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QUANDO A MORTE INVADE A VIDA: MORTE TRÁGICA E ... - anpuh

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às orações pelas almas dos mortos, em especial às sofredoras. Além disso, o<br />

recolhimento de esmolas para os sufrágios era constante. 33<br />

Naquele contexto, tais organizações estavam articuladas com outras unidades<br />

intermediárias. Assim, a Confraria de São Vicente de Paulo, por exemplo, também<br />

sofria a influência de outras organizações religiosas, inclusive da hierarquia a qual<br />

estava relacionada. Dessa forma, como lembra Della Cava, contribuíram para a<br />

formação religiosa das localidades em que se encontravam a partir da articulação entre<br />

os níveis local, regional e nacional. Portanto, além de influenciar na construção do<br />

imaginário mortuário, foram pertinentes para a implantação do processo de romanização<br />

do Cariri. 34<br />

Segundo Riedl, o imaginário construído sobre a morte no sul do Ceará foi<br />

marcado pela relação entre o bem e o mal, que representava a salvação ou a condenação<br />

dos sujeitos. Dessa maneira, é perceptível o apego a crença na magia e no sobrenatural,<br />

no qual os limites entre vivos e mortos se entrecruzavam e se confundiam. Nessa<br />

composição, o processo de evangelização promovido no interior cearense merece<br />

destaque. Consoante Ramos, no século XVII, jesuítas, carmelitas e franciscanos fizeram<br />

sucessivas peregrinações. Na primeira metade do século XVIII foram os capuchinhos,<br />

portugueses e franceses e no XIX os italianos, além dos lazaristas franceses e outros<br />

religiosos, como foi o caso do grupo organizado pelo Pe. José Antônio Pereira de Maria<br />

Ibiapina, o popular Pe. Ibiapina. 35<br />

Nesse sentido, a formação religiosa do Cariri cearense e de Porteiras foi<br />

fortemente marcada pela pregação de missionários, com destaque para os capuchinhos<br />

que, como podemos perceber, pregavam em suas práticas e discursos o catolicismo<br />

tradicional de caráter lusitano, havndo inclusive jovens porteirenses que seguiram o<br />

caminho da fé nas missões, como foi o caso de Frei Anastácio. 36<br />

33<br />

No tocante a atuação das confrarias religiosas em Porteiras, ver na Ata da Confraria de São Vicente de<br />

Paulo (1912 a 1924). Acervo da Casa da Memória de Porteiras (CMEP). No tocante a contribuição das<br />

confrarias para a construção do imaginário penitencial no Nordeste, ver em CASCUDO, op. cit, p. 384.<br />

34<br />

DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Joaseiro. Tradução Maria Yedda Linhares. 2ª ed. Rio de Janeiro:<br />

Paz e Terra, 1985, p. 106.<br />

35<br />

Sobre o imaginário da morte no Cariri ver em RIEDL, op. cit, p. 59 - 74. No concernente a formação<br />

religiosa citada ver em RAMOS, Francisco Régis Lopes. O verbo encantado: a construção do Pe. Cícero<br />

no imaginário dos devotos. Ijuí: UNIJUÍ, 1998, p. 32.<br />

36<br />

Cícero Gonçalves Cardoso nasceu em 25 de dezembro de 1895. Foi encaminhado quando criança ao<br />

convento dos frades capuchinhos em Canindé, Ceará. Tornou-se sacerdote em 1923, em Milão, Itália,<br />

conforme panfleto divulgado pela Missão dos Capuchinhos em Porteiras no ano de 2006. Os registros

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