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O motor da violência na Grande Goiânia - Arquidiocese de Goiânia

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NESTA EDIÇÃO<br />

ESPECIAL<br />

QUANDO O<br />

FUTEBOL VIRA<br />

MOTIVO PARA<br />

A GUERRA<br />

Pági<strong>na</strong> 9<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação/Bombeiros<br />

EXCESSO DE<br />

VEÍCULOS CAUSA<br />

ACIDENTES E<br />

ELEVA ESTRESSE<br />

Pági<strong>na</strong> 8<br />

JORDEVÁ<br />

ROSA E A<br />

VOCAÇÃO DE<br />

INFORMAR<br />

Pági<strong>na</strong> 11<br />

JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE GOIÂNIA Ano 24, Nº 496, março <strong>de</strong> 2009<br />

Ilustração: Laércio<br />

Drogas<br />

O <strong>motor</strong> <strong>da</strong> <strong>violência</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>Gran<strong>de</strong></strong> <strong>Goiânia</strong><br />

Estatísticas <strong>da</strong> polícia mostram que 80% dos homicídios<br />

<strong>na</strong> capital e ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s vizinhas têm relação com o tráfico<br />

Oenvolvimento com consumo e<br />

tráfico <strong>de</strong> drogas é a principal<br />

causa <strong>de</strong> assassi<strong>na</strong>tos <strong>na</strong> Região<br />

Metropolita<strong>na</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong>. Os jovens<br />

são as principais vítimas <strong>da</strong> <strong>violência</strong><br />

do tráfico, que tem sua própria lei e pendências<br />

e disputas por seu controle resolvi<strong>da</strong>s à<br />

bala. Como saldo, uma tragédia social: mais<br />

<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s pessoas mortas <strong>na</strong> capital em<br />

2008 tinha entre 18 e 30 anos. As drogas ilegais<br />

(maconha, cocaí<strong>na</strong>, crack etc.) motivam<br />

também vários outros crimes. O medo e o<br />

silêncio aju<strong>da</strong>m a impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Pági<strong>na</strong>s 6 e 7<br />

CAMPANHA<br />

Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pela paz<br />

e pela justiça<br />

Pane <strong>na</strong> segurança<br />

pública preocupa<br />

CNBB e especialistas<br />

ACampanha <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

2009 <strong>de</strong>nuncia: nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

está ca<strong>da</strong> vez mais insegura e é<br />

preciso fazer um esforço por uma<br />

cultura <strong>da</strong> paz fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong><br />

<strong>na</strong> justiça social. Em Goiás,<br />

são muitos os gargalos que<br />

afetam o setor. Envolvidos<br />

com o tema divergem sobre as<br />

soluções possíveis.<br />

Pági<strong>na</strong> 3 e 5<br />

MULHERES<br />

Lei incentiva<br />

a <strong>de</strong>nunciar<br />

agressores Pági<strong>na</strong> 4<br />

AGENDA VEJA A PROGRAMAÇÃO PARA AS PRIMEIRAS SEMANAS DA QUARESMA Pági<strong>na</strong> 10


2<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009<br />

PALAVRA DO ARCEBISPO<br />

Comunhão e participação<br />

DOM WASHINGTON CRUZ, CP<br />

Arcebispo Metropolitano <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

A recomen<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><strong>da</strong> por Cristo aos primeiros<br />

discípulos tor<strong>na</strong>-se constante <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

missão <strong>de</strong> todos os batizados nos dias atuais: “O<br />

que vos digo <strong>na</strong> escuridão, dizei-o às claras. O que<br />

vos é dito ao ouvido, publicai-o <strong>de</strong> cima dos<br />

telhados”(Mt 10, 27). Em ca<strong>da</strong> ação<br />

evangelizadora que temos realizado encontra-se<br />

algum si<strong>na</strong>l <strong>de</strong> que precisamos avançar nos métodos e no conteúdo<br />

<strong>de</strong> nossa comunicação para aprofun<strong>da</strong>rmos nossa resposta a essa<br />

dimensão importante do compromisso cristão. Por anos, tivemos um<br />

excelente instrumento <strong>de</strong> formação e informação, <strong>na</strong> <strong>Arquidiocese</strong>,<br />

representado pelo boletim Comunhão e Participação. Com o resgate do<br />

jor<strong>na</strong>l Brasil Central – publicação <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> em seus primeiros<br />

anos e em cuja reestreia focamos a segurança pública, tema <strong>da</strong><br />

Campanha <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> –, preten<strong>de</strong>mos honrar a herança do<br />

boletim arquidiocesano e<br />

continuar fomentando a<br />

comunhão e a participação <strong>de</strong><br />

todos no gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong><br />

anúncio do Evangelho.<br />

A ênfase a ser <strong>da</strong><strong>da</strong> neste<br />

jor<strong>na</strong>l que chegou às suas mãos<br />

é simples: estabelecer um<br />

diálogo com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre<br />

os temas relevantes do mundo<br />

político, econômico e cultural a<br />

partir <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e do<br />

compromisso com Cristo. A<br />

linha editorial será nortea<strong>da</strong><br />

pelos compromissos efetivos e<br />

históricos <strong>da</strong> Igreja. O trabalho<br />

jor<strong>na</strong>lístico vai respeitar as<br />

indicações e os interesses dos<br />

vicariatos, foranias, paróquias e<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, pastorais e movimentos eclesiais. As matérias, notas<br />

e entrevistas serão apresenta<strong>da</strong>s com o firme propósito <strong>de</strong> informar<br />

com a marca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> transparência e <strong>da</strong> busca pela<br />

promoção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Artigos e opiniões respeitarão o princípio <strong>da</strong><br />

plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> respeitosa e <strong>da</strong> intenção <strong>de</strong> promover a comunhão<br />

frater<strong>na</strong> e o progresso positivo e sustentável do mundo <strong>de</strong> hoje.<br />

Recomendo a leitura <strong>de</strong> nosso jor<strong>na</strong>l sob a inspiração <strong>de</strong> uma<br />

memorável palavra <strong>de</strong> João Paulo II em sua última Carta Apostólica:<br />

“Quer a comunicação no âmbito <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> eclesial quer a <strong>da</strong><br />

Igreja com o mundo exigem transparência e uma nova forma <strong>de</strong><br />

enfrentar as questões relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com o universo dos mass media.<br />

Essa comunicação <strong>de</strong>ve ten<strong>de</strong>r para um diálogo construtivo a fim <strong>de</strong><br />

promover <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> cristã uma opinião pública retamente<br />

informa<strong>da</strong> e capaz <strong>de</strong> discernimento (O Rápido Desenvolvimento, n.<br />

12).” Neste espírito, espero o empenho <strong>de</strong> todos nesta nossa iniciativa<br />

<strong>de</strong> comunicação e solicito, com particular acento, que continuemos<br />

em comunhão por meio <strong>da</strong> participação frater<strong>na</strong>.<br />

Informativo mensal <strong>da</strong><br />

<strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

Jor<strong>na</strong>lista responsável<br />

Pe. Rafael Vieira DRT-GO 01078JP<br />

Vigário para a Comunicação<br />

Edição<br />

El<strong>de</strong>r Dias e Pe. Rafael Vieira<br />

Re<strong>da</strong>ção<br />

Diego Joaquim, El<strong>de</strong>r Dias,<br />

Meirene Souza e Re<strong>na</strong>tho Melo<br />

Revisão<br />

Jane Greco<br />

Projeto gráfico© e diagramação<br />

Edson <strong>de</strong> Melo Alves<br />

“ Em ca<strong>da</strong> ação<br />

evangelizadora<br />

encontra-se algum si<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> que precisamos<br />

avançar nos métodos e<br />

no conteúdo <strong>de</strong> nossa<br />

comunicação para<br />

aprofun<strong>da</strong>rmos nossa<br />

resposta a essa dimensão<br />

importante do<br />

compromisso cristão.”<br />

Colaboração<br />

Valéria Corrêa e Marcelo Igor<br />

Departamento Comercial<br />

Re<strong>na</strong>tho Melo<br />

Fotolito e impressão<br />

Gráfica <strong>da</strong> UCG<br />

Distribuição<br />

Distribuidora jardim Lt<strong>da</strong>.<br />

Correspondências<br />

Vicariato para a Comunicação<br />

Praça Dom Emanuel s/n, Centro<br />

CEP 74001-970 - <strong>Goiânia</strong> - GO<br />

Fone: (62) 3229-2673 / Fax: 3229-2683<br />

Caixa Postal 174 - <strong>Goiânia</strong> - GO<br />

www.arquidiocese<strong>de</strong>goiania.org.br<br />

E-mail para cartas<br />

vicom@arquidiocese<strong>de</strong>goiania.org.br<br />

OPINIÃO<br />

LAÉRCIO<br />

ARTIGO<br />

Medos coletivos e individuais<br />

MARCELO CAIXETA<br />

Médico psiquiatra<br />

O medo é um comportamento<br />

biologicamente construído,<br />

ancorado no espírito<br />

humano. No <strong>de</strong>correr <strong>da</strong><br />

nossa evolução enquanto<br />

espécie huma<strong>na</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

habitantes <strong>da</strong>s árvores até o<br />

Homo sapiens atual, o medo foi um importante<br />

instrumento para nos livrar <strong>da</strong> morte e do <strong>de</strong>saparecimento.<br />

É ele que nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar<br />

<strong>de</strong>cisões arrisca<strong>da</strong>s, auto<strong>de</strong>strutivas, ou ain<strong>da</strong>, é<br />

ele que nos faz temer o futuro e nos precavermos<br />

no presente.<br />

Mas nem tudo são flores : quando exagerado,<br />

o medo paralisa, cria a fobia social – necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> isolamento –, a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> mórbi<strong>da</strong>, e esta, por<br />

sua vez, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sembocar <strong>na</strong> <strong>de</strong>pressão.<br />

O mundo atual, muito informado e violento,<br />

faz <strong>de</strong> tudo para aumentar nosso medo<br />

– basta constatar-se como a <strong>violência</strong> dá<br />

ibope e este dá dinheiro. Portanto, estamos<br />

ca<strong>da</strong> vez mais informados, mais inteligentes<br />

– e mais medrosos.<br />

CARTAS E MENSAGENS<br />

A partir <strong>da</strong> próxima edição do Brasil Central,<br />

este espaço vai ser ocupado com os seus<br />

textos, caro leitor e cara leitora. Envie sua<br />

opinião, crítica ou sugestão e aju<strong>de</strong>-nos a fazer<br />

<strong>de</strong>ste veículo um serviço para a nossa<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Man<strong>de</strong> seu e-mail para:<br />

vicom@arquidiocese<strong>de</strong>goiania.org.br<br />

Ou escreva para:<br />

Vicariato para a Comunicação<br />

Praça Dom Emanuel s/n, Centro<br />

CEP 74001-970<br />

<strong>Goiânia</strong> - GO<br />

Caixa Postal 174<br />

A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

Há pessoas cuja estrutura biológica do psiquismo<br />

predispõe ao medo e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> exagerados,<br />

po<strong>de</strong>ndo vir, inclusive, cair <strong>na</strong> patologia : fobias,<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, estresse, <strong>de</strong>pressão. Por incrível<br />

que pareça, para muitos <strong>de</strong>sses, o melhor remédio<br />

é a confiança e a noção <strong>de</strong> que há um Deus e<br />

que, portanto, nossa vi<strong>da</strong> não está friamente entregue<br />

ao temido acaso.<br />

O homem mo<strong>de</strong>rno, por causa <strong>de</strong> sua<br />

gran<strong>de</strong> exposição midiática àquela bíblica “má<br />

notícia que enfraquece os ossos” (Eclesiastes), e<br />

por causa <strong>da</strong> crônica insegurança e isolamento<br />

em que vive <strong>na</strong>s gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s , necessita<br />

mais que nunca <strong>de</strong> Deus, pois só Ele po<strong>de</strong> nos<br />

oferecer aconchego, coragem, força e segurança<br />

para fazermos face ao medo do que está<br />

– ou não – por vir.<br />

O mal existe e sabemos disto, somos informados<br />

– e mesmo bombar<strong>de</strong>ados – a todo momento<br />

acerca disso. Tememos que aconteça com os nossos<br />

aquilo que vemos <strong>na</strong> TV – nenhum ser humano<br />

po<strong>de</strong> nos garantir que isto não irá acontecer<br />

conosco. Quanto a isso, só po<strong>de</strong>mos buscar<br />

em Deus o refúgio – se não contra o mal que<br />

po<strong>de</strong> nos atingir, pelo menos contra o <strong>de</strong>sespero<br />

que po<strong>de</strong> nos envene<strong>na</strong>r.<br />

vicom@arquidiocese<strong>de</strong>goiania.org.br<br />

Envie sua carta ou<br />

man<strong>de</strong> um e-mail com<br />

sugestões e comentários<br />

sobre as matérias publica<strong>da</strong>s!<br />

VEJA OS ENDEREÇOS AO LADO<br />

Acesse o conteúdo do jor<strong>na</strong>l Brasil Central,<br />

com material exclusivo, pela pági<strong>na</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

(www.arquidiocese<strong>de</strong>goiania.org.br)


Fábio Rodrigues/ABr<br />

A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

Era 11 <strong>de</strong> janeiro. Gedielson<br />

Rodrigues, <strong>de</strong> 22<br />

anos, filho <strong>de</strong> um PM,<br />

saiu para curtir uma noita<strong>da</strong><br />

numa boate no Setor Bueno,<br />

em <strong>Goiânia</strong>. Como companhia,<br />

três amigos: Jefferson Henrique<br />

Silva, Ocilmar Soares Eduardo e<br />

Fabiano Alves Néia. Não se po<strong>de</strong><br />

dizer que estavam bem-intencio<strong>na</strong>dos:<br />

levavam no carro uma<br />

pistola ponto 40. À exceção <strong>de</strong><br />

Jefferson, todos já<br />

tinham pelo menos<br />

uma passagem<br />

pela polícia.<br />

Durante a bala<strong>da</strong>,<br />

uma suposta<br />

olha<strong>da</strong> <strong>de</strong> um jovem<br />

<strong>de</strong> outra turma<br />

– Marcon<strong>de</strong>s José<br />

<strong>da</strong> Silva – para a <strong>na</strong>mora<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> Fabiano<br />

gerou uma briga<br />

entre os grupos. No<br />

meio <strong>da</strong> confusão,<br />

Gedielson saiu, pegou<br />

a pistola no<br />

carro e voltou. Atirou<br />

várias e várias<br />

vezes contra os rivais.<br />

Eram mais <strong>de</strong><br />

3 horas <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong>.<br />

A noite <strong>de</strong> diversão se tor<strong>na</strong>va<br />

a última <strong>de</strong> Higor Bruno<br />

Borges Esteves, que, aos 23 anos e<br />

com uma carreira como farmacêutico<br />

pela frente, levou um tiro<br />

<strong>na</strong> cabeça e morreu no local. A<br />

tragédia vai ser conheci<strong>da</strong> durante<br />

muito tempo como “o crime<br />

<strong>da</strong> boate Santafé”.<br />

Autor dos disparos, Gediel-<br />

son, apesar <strong>da</strong> pouca i<strong>da</strong><strong>de</strong>, tem<br />

várias anotações <strong>na</strong> ficha policial.<br />

Na Justiça tramitam contra ele<br />

três ações: acusação <strong>de</strong> roubo e<br />

corrupção <strong>de</strong> menor em crime<br />

ocorrido em 2005, <strong>na</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Iporá, a 235 quilômetros <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong>;<br />

homicídio qualificado, também<br />

<strong>na</strong>quele ano; e tráfico <strong>de</strong><br />

drogas, em 2008. Por não ter sido<br />

con<strong>de</strong><strong>na</strong>do por nenhum dos crimes,<br />

Gedielson gozava o direito<br />

<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r as<br />

acusações em li-<br />

ber<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme<br />

o Código Pe<strong>na</strong>l<br />

brasileiro em vigência.<br />

E por estar<br />

solto, agora também<br />

consta em sua<br />

ficha o homicídio<br />

qualificado que vitimou<br />

Higor e que<br />

é consi<strong>de</strong>rado crime<br />

hediondo.<br />

Após 24 dias <strong>de</strong><br />

investigação, o acusado<br />

foragido foi<br />

capturado pela polícia.<br />

Para a família<br />

<strong>de</strong> Higor, a vítima,<br />

é tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais. O<br />

caso <strong>de</strong> Gedielson é<br />

um típico exemplo do quadro em<br />

que se encontra a segurança pública:<br />

afi<strong>na</strong>l, tendo três acusações<br />

graves <strong>na</strong>s costas, ele <strong>de</strong>veria estar<br />

solto? De acordo com o que preveem<br />

as leis brasileiras, sim: ele<br />

não foi preso em flagrante, era (e<br />

continua sendo) réu primário e<br />

com en<strong>de</strong>reço fixo. “A lei prevê<br />

que ele po<strong>de</strong>ria respon<strong>de</strong>r aos<br />

CONJUNTURA<br />

SEGURANÇA PÚBLICA Sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Força <strong>de</strong><br />

Segurança Nacio<strong>na</strong>l em<br />

Luziânia, Goiás: reação<br />

à crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> sem<br />

resultados significativos<br />

Um rápido olhar para a segurança<br />

pública no Brasil, especialmente em<br />

Goiás, mostra o seguinte quadro:<br />

são muitos os problemas a enfrentar<br />

“<br />

A crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

um problema<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e o<br />

gover<strong>na</strong>dor tem<br />

<strong>de</strong>monstrado<br />

interesse em<br />

reduzir a <strong>violência</strong><br />

com as medi<strong>da</strong>s<br />

adota<strong>da</strong>s para<br />

tor<strong>na</strong>r o estado um<br />

lugar mais seguro”<br />

ERNESTO ROLLER, secretário<br />

<strong>de</strong> Segurança Pública<br />

Um sistema<br />

em ruí<strong>na</strong>s<br />

processos em liber<strong>da</strong><strong>de</strong>”, afirma a<br />

<strong>de</strong>lega<strong>da</strong> que cui<strong>da</strong> do caso,<br />

Adria<strong>na</strong> Ribeiro. Para ela, a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> indivíduos assim representa<br />

uma ameaça à segurança <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que é obriga<strong>da</strong> a conviver<br />

com indivíduos violentos e <strong>de</strong><br />

incli<strong>na</strong>ção para o crime.<br />

A <strong>de</strong>lega<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ra o Código<br />

Pe<strong>na</strong>l “obsoleto” é o principal<br />

gargalo <strong>na</strong> estrutura jurídicoprisio<strong>na</strong>l<br />

do País. Hoje os juristas<br />

precisam fazer malabarismos<br />

para a<strong>da</strong>ptar o Código Pe<strong>na</strong>l às<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos crimes <strong>de</strong><br />

hoje. “A pedofilia, por exemplo,<br />

não dispõe <strong>de</strong> uma tipificação<br />

própria”, cita Adria<strong>na</strong>.<br />

“Vergonha”<br />

Não é exatamente o que<br />

pensa o <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral João<br />

Campos, que já comandou a Comissão<br />

<strong>de</strong> Segurança Pública <strong>na</strong><br />

Câmara Fe<strong>de</strong>ral. Mesmo sem<br />

uma reforma do Código Pe<strong>na</strong>l,<br />

para ele seria possível ter ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mais tranquilas mesmo com as<br />

leis <strong>de</strong> hoje, caso isso fosse priori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para o gover<strong>na</strong>ntes. “Os Estados<br />

e a União fingem que investem<br />

em segurança. Colocam custeios<br />

como se fossem investimento.<br />

É uma vergonha”, afirma.<br />

Citando como exemplo o Estatuto<br />

<strong>da</strong> Criança e do Adolescente,<br />

João Campos critica o fato<br />

<strong>de</strong> o Po<strong>de</strong>r Executivo não implementar<br />

o que é aprovado pelos<br />

parlamentares. “Há uma distância<br />

enorme entre a norma que o<br />

Legislativo faz e sua implementação<br />

pelos governos.” Mas ele admite<br />

que para tudo há <strong>de</strong> se ter<br />

vonta<strong>de</strong> política. É o caso do novo<br />

Deputado João Campos:<br />

“Os Estados e a União fingem<br />

que investem em segurança”<br />

Código <strong>de</strong> Processo Pe<strong>na</strong>l. “O<br />

projeto ficou engavetado por quatro<br />

anos <strong>na</strong> Comissão <strong>de</strong> Constituição<br />

e Justiça. Com a morte do<br />

João Hélio (garoto morto barbaramente<br />

ao ser arrastado por ladrões<br />

em um carro em movimento),<br />

houve sua volta à pauta”,<br />

relata. A proposta está dividi<strong>da</strong><br />

em sete anteprojetos, dos quais<br />

quatro já foram sancio<strong>na</strong>dos pelo<br />

presi<strong>de</strong>nte Lula. Uma <strong>da</strong>s conseqüências<br />

<strong>da</strong> nova lei? “Com certeza,<br />

a morosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Justiça vai<br />

diminuir”, diz o <strong>de</strong>putado.<br />

Dinheiro<br />

Durante o lançamento <strong>da</strong><br />

etapa estadual <strong>da</strong> 1ª Conferência<br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Segurança Pública,<br />

em janeiro, com a presença do ministro<br />

<strong>da</strong> Justiça, Tarso Genro, foi<br />

anuncia<strong>da</strong> a liberação <strong>de</strong> R$ 57<br />

milhões para o setor. Do total, R$<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009 3<br />

43 milhões vêm do governo fe<strong>de</strong>ral<br />

e R$ 1 milhão como contraparti<strong>da</strong><br />

do Estado. Na ocasião, o gover<strong>na</strong>dor<br />

Alci<strong>de</strong>s Rodrigues assinou<br />

or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> serviço autorizando<br />

a execução <strong>de</strong> 30 projetos<br />

que vão beneficiar Polícia Militar,<br />

Polícia Civil, Corpo <strong>de</strong> Bombeiros<br />

e Superintendência <strong>da</strong> Polícia<br />

Técnico-Científica.<br />

O dinheiro <strong>de</strong>verá ser aplicado<br />

<strong>na</strong> compra <strong>de</strong> equipamentos,<br />

aparelhagens, armamentos e<br />

melhorias <strong>na</strong> estrutura <strong>de</strong> diversas<br />

áreas operacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> segurança,<br />

além <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> um<br />

prédio para abrigar a Aca<strong>de</strong>mia<br />

<strong>da</strong> Polícia Militar. A iniciativa tem<br />

como objetivo melhorar as condições<br />

<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20 mil<br />

servidores que atuam nesses órgãos,<br />

o que vai refletir <strong>na</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos ci<strong>da</strong>dãos. “Acrimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

é um problema <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

e o gover<strong>na</strong>dor tem <strong>de</strong>monstrado<br />

interesse em reduzir a <strong>violência</strong><br />

com as medi<strong>da</strong>s adota<strong>da</strong>s,<br />

aumentando o policiamento ostensivo,<br />

preventivo e repressivo<br />

para tor<strong>na</strong>r o estado um lugar<br />

mais seguro e tranquilo para se viver”,<br />

pon<strong>de</strong>rou o secretário <strong>de</strong> Segurança<br />

Pública, Ernesto Roller.<br />

A permanente referência que<br />

as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s fazem à situação<br />

geral tem se tor<strong>na</strong>do uma<br />

constante e ilustre <strong>de</strong>sculpa para<br />

justificar a inexistência <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s<br />

efetivas para melhorar o sistema<br />

inteiro. A promessa do Secretário<br />

<strong>de</strong> Segurança Pública<br />

po<strong>de</strong> se enquadrar nesse tipo <strong>de</strong><br />

caso ou po<strong>de</strong> ser, fi<strong>na</strong>lmente,<br />

uma esperança. Resta esperar<br />

para cobrar.


4<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009<br />

MARIA DA PENHA<br />

Mulheres<br />

Suely (nome fictício) tem 30<br />

anos e está há dois meses<br />

no Centro <strong>de</strong> Valorização<br />

<strong>da</strong> Mulher (Cevam). Ela<br />

mantinha um relacio<strong>na</strong>mento há<br />

nove anos e conta que, após uso<br />

contínuo <strong>de</strong> drogas, o marido começou<br />

a ficar agressivo e a ameaçou<br />

<strong>de</strong> morte. “Ele me agredia<br />

com palavras, <strong>de</strong>pois com empurrões,<br />

até me agredir fisicamente”,<br />

relata, emocio<strong>na</strong><strong>da</strong>.<br />

“Não aguentava mais, precisava<br />

<strong>de</strong> aju<strong>da</strong> e resolvi <strong>de</strong>nunciar.” Casos<br />

assim chegam todos os dias à<br />

Delegacia Especializa<strong>da</strong> no Atendimento<br />

à Mulher (Deam), que<br />

registrou em <strong>Goiânia</strong> quase 8 mil<br />

ocorrências só em 2008.<br />

Estima-se que mais <strong>de</strong> 50%<br />

<strong>da</strong>s mulheres agredi<strong>da</strong>s sofram<br />

cala<strong>da</strong>s e não peçam aju<strong>da</strong>. Para<br />

elas é difícil <strong>da</strong>r um basta <strong>na</strong> situação.<br />

Muitas sentem vergonha<br />

ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m emocio<strong>na</strong>lmente<br />

ou fi<strong>na</strong>nceiramente do agressor;<br />

outras acham que “foi só <strong>da</strong>quela<br />

vez” ou que, no fundo, são elas as<br />

culpa<strong>da</strong>s pela <strong>violência</strong>; outras re-<br />

CIDADANIA A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

sob a guar<strong>da</strong> <strong>da</strong> ‘lei <strong>da</strong> confiança’<br />

Nova legislação contra agressores incentiva <strong>de</strong>núncias, mas ain<strong>da</strong> há muito a melhorar:<br />

mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s vítimas ain<strong>da</strong> resiste a prestar queixa e teme represálias do parceiro<br />

MARIA GORETE DE SOUSA ARAÚJO<br />

Historiadora, ativista e membro do Coletivo<br />

Beatriz Nascimento (Canbe<strong>na</strong>s).<br />

Uma mulher traz ao<br />

mundo uma criança.<br />

Ain<strong>da</strong> medica<strong>da</strong>,<br />

uma enfermeira lhe<br />

conta que sua filha<br />

morreu. Atordoa<strong>da</strong>,<br />

ela chora. Duas horas <strong>de</strong>pois, uma médica<br />

se <strong>de</strong>sculpa e diz que a criança está viva –<br />

A MULHER QUE DEU NOME À LEI<br />

A biofarmacêutica Maria <strong>da</strong> Penha<br />

Maia Fer<strong>na</strong>n<strong>de</strong>s foi agredi<strong>da</strong> pelo<br />

marido durante seis anos. Em 1983,<br />

por duas vezes, ele tentou matá-la,<br />

primeiro com arma <strong>de</strong> fogo,<br />

<strong>de</strong>ixando-a paraplégica, e <strong>de</strong>pois por<br />

eletrocução e afogamento. O<br />

criminoso só foi punido após 19 anos<br />

<strong>de</strong> julgamento e ficou ape<strong>na</strong>s 2 anos<br />

em regime fechado. Em home<strong>na</strong>gem<br />

à persistência <strong>de</strong>la por justiça, a Lei<br />

11.340 leva seu nome.<br />

SAIBA MAIS<br />

Denuncie a agressão<br />

Disque-<strong>de</strong>núncia: 197<br />

Cevam: 3213-2233<br />

www.cevam.com.br<br />

solvem não falar <strong>na</strong><strong>da</strong> por causa<br />

dos filhos, por terem medo <strong>de</strong><br />

apanhar ain<strong>da</strong> mais ou porque<br />

não querem prejudicar o agressor,<br />

que po<strong>de</strong> ser preso ou con<strong>de</strong><strong>na</strong>do<br />

socialmente. Muitas se sentem sozinhas,<br />

com medo e vergonha.<br />

Quando pe<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>, em geral, é<br />

para outra mulher <strong>da</strong> família,<br />

Maria <strong>da</strong> Penha virou<br />

símbolo contra a <strong>violência</strong><br />

a faxineira a ouviu chorar no necrotério. A<br />

criança, a mãe e o pai são negros.<br />

Vi essa matéria <strong>na</strong> TV e lembrei-me<br />

<strong>de</strong> Abdias Nascimento, autor <strong>de</strong> O<br />

Genocídio do Negro Brasileiro. A <strong>violência</strong><br />

racial aqui é uma política genoci<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

400 anos, agrava<strong>da</strong> após a abolição, ao<br />

legalmente <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ser escravos,<br />

então não mais necessários ao País.<br />

Temos <strong>de</strong> pensar sobre o que é o racismo<br />

e compreen<strong>de</strong>r que, em si mesmo, ele já<br />

é <strong>violência</strong> e atinge to<strong>da</strong>s as esferas <strong>da</strong><br />

como a mãe ou irmã, ou então alguma<br />

amiga, vizinha ou colega.<br />

O Cevam trabalha há 27 anos<br />

acolhendo mulheres vítimas <strong>de</strong><br />

<strong>violência</strong>. Além <strong>da</strong> reabilitação<br />

social, a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> faz a reintegração.<br />

Suely diz: “Aqui eu me sinto<br />

acolhi<strong>da</strong>, segura e com a perspectiva<br />

<strong>de</strong> retomar minha vi<strong>da</strong>.”<br />

OPINIÃO<br />

Racismo no Brasil, prática genoci<strong>da</strong><br />

Re<strong>na</strong>tho Melo<br />

Sem pe<strong>na</strong> alter<strong>na</strong>tiva<br />

Segundo o <strong>de</strong>legado adjunto<br />

<strong>da</strong> Deam, Rodrigo Luiz Jayme, a<br />

Lei Maria <strong>da</strong> Penha é uma gran<strong>de</strong><br />

evolução. “Ela permite uma ação<br />

concreta <strong>de</strong> repressão e punição<br />

ao agressor”, avalia.<br />

A lei acabou com a pe<strong>na</strong> alter<strong>na</strong>tiva,<br />

em que o agressor se apresentava<br />

e, em caso <strong>de</strong> punição,<br />

ape<strong>na</strong>s prestava serviços comunitários<br />

ou <strong>de</strong> doação <strong>de</strong> cestas básicas.<br />

Hoje o agressor é autuado<br />

por agressão física, moral, patrimonial,<br />

psicológica e sexual e não<br />

existe pe<strong>na</strong> alter<strong>na</strong>tiva.<br />

A nova legislação <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><br />

que, quando a <strong>violência</strong> é física, a<br />

razão é incondicio<strong>na</strong>l, ou seja, em<br />

caso <strong>de</strong> lesão a vítima não precisa<br />

autorizar nem prestar queixa: o<br />

policial aplica o flagrante e lavra<br />

um boletim <strong>de</strong> ocorrência, encaminhando<br />

o processo em uma<br />

ação pública. No caso <strong>de</strong> <strong>violência</strong><br />

moral ou psicológica, a vítima<br />

po<strong>de</strong> abrir a ação policial do flagrante<br />

ou autorizar o boletim <strong>de</strong><br />

ocorrência.<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Racismo é <strong>da</strong>r valores morais<br />

a alguém a partir do fenótipo. Pelos<br />

caracteres físicos se estabelece quem<br />

ocupa as funções sociais. E assim se<br />

estabelece quem vive e quem morre <strong>na</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O <strong>de</strong>scaso com essa família negra<br />

reflete essa situação alarmante. Segundo<br />

Beatriz Nascimento, ser negro é ter a<br />

experiência do exílio, <strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

imagem ou a criação <strong>de</strong> uma imagem<br />

distorci<strong>da</strong> permiti<strong>da</strong> por aqueles que se<br />

beneficiam <strong>de</strong>ssas esquizofrênicas<br />

relações sociais. Isso animaliza a nós,<br />

negras e negros. Daí o <strong>de</strong>scaso conosco <strong>na</strong><br />

Legislação<br />

prevê<br />

distância<br />

mínima<br />

A lei garante ain<strong>da</strong> medi<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> proteção que preveem o afastamento<br />

do agressor e regulamenta<br />

uma distância mínima <strong>de</strong><br />

500 metros <strong>de</strong>le para a vítima,<br />

proibindo-o <strong>de</strong> manter qualquer<br />

contato, inclusive por telefone.<br />

Rodrigo Jayme <strong>de</strong>staca a<br />

ação <strong>da</strong> Deam, que agora consegue<br />

agir com mais eficiência.<br />

“A Lei Maria <strong>da</strong> Penha é a lei <strong>da</strong><br />

confiança. Ela <strong>de</strong>u coragem e<br />

proteção às mulheres vítimas <strong>de</strong><br />

<strong>violência</strong>”, assi<strong>na</strong>la. Dados <strong>da</strong><br />

própria <strong>de</strong>legacia mostram o<br />

aumento do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias<br />

após 2006, quando foi promulga<strong>da</strong><br />

a nova lei.<br />

A Deam aten<strong>de</strong> em <strong>Goiânia</strong><br />

uma média <strong>de</strong> 600 ocorrências<br />

por mês. Na <strong>de</strong>legacia há um<br />

núcleo <strong>de</strong> psicologia para assistir<br />

vítimas e acusados, além <strong>de</strong><br />

uma brinquedoteca, um fraldário<br />

e até cozinha.<br />

Homens<br />

unidos pelo<br />

fim <strong>da</strong><br />

<strong>violência</strong><br />

A Secretaria Especial <strong>de</strong> Políticas<br />

para as Mulheres do governo<br />

fe<strong>de</strong>ral, em conjunto com<br />

a Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s<br />

(ONU), lançou um abaixoassi<strong>na</strong>do<br />

<strong>de</strong> homens pelo fim <strong>da</strong><br />

agressão contra a mulher. A proposta<br />

visa o engajamento masculino<br />

em prol <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

mais justa e igualitária e<br />

firma o compromisso público<br />

em contribuir para a implementação<br />

integral <strong>da</strong> Lei Maria <strong>da</strong><br />

Penha e a efetivação <strong>de</strong> políticas<br />

públicas que visam o fim <strong>de</strong><br />

qualquer forma <strong>de</strong> <strong>violência</strong><br />

contra as mulheres.<br />

Mais <strong>de</strong> 3,5 mil homens já assi<strong>na</strong>ram<br />

o documento, entre ministros,<br />

gover<strong>na</strong>dores, se<strong>na</strong>dores,<br />

prefeitos, vereadores e empresários.<br />

Entre os sig<strong>na</strong>tários<br />

estão, por exemplo, o cantor Sérgio<br />

Reis e o presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio<br />

Lula <strong>da</strong> Silva. O abaixo-assi<strong>na</strong>do<br />

po<strong>de</strong> ser acessado através<br />

do site www.homenspelofim<strong>da</strong><br />

violencia. com.br.<br />

saú<strong>de</strong>, pois acredita-se que somos mais<br />

fortes, aguentamos mais dor.<br />

Acrescente-se a crença <strong>de</strong> que a pele<br />

negra é suja. Há uma ojeriza em nos tocar<br />

e tudo é feito às pressas, como com o bebê<br />

negro. Há a perversa idéia <strong>de</strong> que somos<br />

<strong>de</strong>scontrolados, ten<strong>de</strong>nciosos ao crime. A<br />

polícia presume que somos bandidos<br />

merecemos a morte.<br />

Mas em to<strong>da</strong> a história <strong>de</strong> nosso povo,<br />

reagimos lutando. Tanto que esta jovem<br />

negra ajudou a conquistar ações<br />

afirmativas em uma universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pública. E continuamos frustrando a<br />

tentativa <strong>de</strong> nos elimi<strong>na</strong>r.


A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> IGREJA<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009 5<br />

CAMPANHA DA FRATERNIDADE<br />

CF 2009 <strong>de</strong>bate<br />

segurança pública<br />

Tema proposto pela CNBB este ano vai estimular transformação<br />

<strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> para superar a cultura <strong>da</strong> vingança e <strong>da</strong> <strong>violência</strong><br />

Asegurança pública é o<br />

tema <strong>da</strong> Campanha <strong>da</strong><br />

Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste ano,<br />

promovi<strong>da</strong> pela Conferência<br />

Nacio<strong>na</strong>l dos Bispos do<br />

Brasil (CNBB). A mobilização se<br />

inicia <strong>na</strong> Quarta-Feira <strong>de</strong> Cinzas<br />

(dia 25 <strong>de</strong> fevereiro este ano) percorre<br />

to<strong>da</strong> a Quaresma e vai até o<br />

Domingo <strong>de</strong> Ramos (dia 5 <strong>de</strong><br />

abril). Nesse período em que a<br />

Igreja convoca os cristãos para<br />

um tempo <strong>de</strong> conversão, a campanha<br />

preten<strong>de</strong> também iniciar<br />

um processo <strong>de</strong> transformação<br />

social, revelando a ca<strong>da</strong> cristão<br />

sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal e<br />

comunitária <strong>na</strong> construção <strong>de</strong><br />

uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> justa e solidária.<br />

A escolha do tema <strong>de</strong>ste ano<br />

foi fruto <strong>de</strong> insistentes pedidos<br />

<strong>da</strong>s pastorais sociais, inclusive <strong>da</strong><br />

Pastoral Carcerária Nacio<strong>na</strong>l, que<br />

mobilizou seus membros em<br />

todo o País e encaminhou à<br />

CNBB o pedido para que a campanha<br />

tratasse <strong>da</strong> segurança pública.<br />

De acordo com a irmã Petra<br />

Silvia Pfaller, <strong>da</strong> Pastoral Carcerária<br />

<strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong>,<br />

a iniciativa <strong>de</strong>ve contribuir para<br />

que as pessoas saibam que segurança<br />

pública não é problema<br />

ape<strong>na</strong>s <strong>da</strong> polícia ou do governo.<br />

“Será muito bom se ca<strong>da</strong> pessoa<br />

perceber que o problema <strong>da</strong> segurança<br />

é <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> todos nós. É<br />

preciso que ca<strong>da</strong> um se esforce<br />

nesta mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> pensamento”,<br />

diz ela, que também presi<strong>de</strong> o<br />

Conselho <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Execução Pe<strong>na</strong>l do Ministério<br />

Público <strong>de</strong> Goiás.<br />

Novo conceito<br />

A campanha quer mostrar<br />

para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> um novo<br />

conceito <strong>de</strong> segurança, que não<br />

se alcança pela construção <strong>de</strong><br />

muros altos, colocação <strong>de</strong> portões<br />

eletrônicos ou vigilância arma<strong>da</strong>,<br />

mas com a consciência <strong>de</strong> que é<br />

preciso conviver bem, com respeito<br />

à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> pessoa<br />

huma<strong>na</strong>. Na avaliação <strong>da</strong> religiosa,<br />

é preciso superar a menta-<br />

Querigma<br />

Um espaço <strong>de</strong> apoio à<br />

comunicação <strong>na</strong> <strong>Arquidiocese</strong><br />

Na reunião <strong>de</strong> avaliação e planejamento do Vicariato<br />

realiza<strong>da</strong> em 2008, levantou-se o clamor <strong>de</strong> uma maior<br />

comunicação. Então em uma reunião dos vigários<br />

forâneos com o vigário episcopal no dia 5 <strong>de</strong> fevereiro,<br />

<strong>na</strong> Paróquia São José, foi <strong>de</strong>cidido apoiar o novo jor<strong>na</strong>l<br />

<strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> – o Brasil Central – como meio para a<br />

comunicação do Vicariato com to<strong>da</strong> a <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Goiânia</strong>. Para isso contamos com as sugestões dos<br />

<strong>de</strong>mais padres, leigos, religiosos e religiosas do nosso<br />

Vicariato e apoio fi<strong>na</strong>nceiro para continuarmos a ocupar<br />

este espaço <strong>de</strong> informação. Então, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já pense nisso e<br />

seja também um patroci<strong>na</strong>dor e anunciante. Junte-se a<br />

nós nesta empreita<strong>da</strong>.<br />

Anuncie aqui!<br />

Informações: Pe. Sérgio Ricardo - 3273-4164<br />

li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que a <strong>violência</strong> é algo<br />

normal em nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. “É<br />

preciso compreen<strong>de</strong>r o que é<br />

crime, mas também é preciso valorizar<br />

e respeitar a vi<strong>da</strong>. Temos<br />

<strong>de</strong> superar a cultura <strong>da</strong> vingança”,<br />

explicou a religiosa.<br />

A equipe <strong>da</strong> Pastoral Carcerária<br />

<strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> vai reforçar<br />

durante a campanha a estratégia<br />

<strong>de</strong> realizar visitas a paróquias, escolas<br />

e movimentos, com o objetivo<br />

<strong>de</strong> mostrar a importância<br />

<strong>de</strong>ssa temática. “Estamos à disposição<br />

<strong>de</strong> todos os que quiserem<br />

aprofun<strong>da</strong>r essa reflexão, por<br />

meio <strong>de</strong> palestras e visitas”, diz a<br />

irmã Petra. Os contatos com a<br />

pastoral po<strong>de</strong>m ser feitos através<br />

<strong>da</strong> Cúria Metropolita<strong>na</strong>.<br />

Ações concretas<br />

A maior parte <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

católicas utiliza os subsídios<br />

produzidos pela própria CNBB<br />

para a reflexão e <strong>de</strong>bate em pequenos<br />

grupos <strong>da</strong> temática <strong>da</strong><br />

Campanha <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ba-<br />

CF 2009<br />

Na Quarta feira <strong>de</strong> Cinzas<br />

começará mais uma Campanha<br />

<strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> - Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e Segurança Pública,<br />

a abertura oficial será<br />

feita pelo nosso Arcebispo<br />

Dom Washington <strong>na</strong> Catedral<br />

Metropolita<strong>na</strong>.<br />

Ano Paulino<br />

Continua o Ano Paulino<br />

que irá ate o dia 29 <strong>de</strong> junho<br />

com Indulgências Plenárias<br />

Quaresma<br />

Tempo <strong>de</strong> Oração, Jejum<br />

e Cari<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste tempo litúrgico<br />

<strong>de</strong> conversão, que a Igreja<br />

marca para nos preparar para a<br />

gran<strong>de</strong> festa <strong>da</strong> páscoa. Cristo<br />

nos convi<strong>da</strong> a mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Mu<strong>da</strong>nças<br />

Estão indo embora <strong>da</strong><br />

nossa <strong>Arquidiocese</strong> os padres<br />

Divino Alves, <strong>da</strong> Paróquia<br />

Santo Expedito (Jardim América)<br />

e também Irso Ferreira <strong>da</strong><br />

Paróquia Imaculado Coração<br />

<strong>de</strong> Maria (Centro). Com certeza,<br />

todos eles vão <strong>de</strong>ixar sau<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

aqui entre nós.<br />

Foto do cartaz oficial <strong>da</strong> Campanha <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> 2009<br />

seados em textos bíblicos e em<br />

fatos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidia<strong>na</strong>, esses<br />

subsídios buscam levar as pessoas<br />

a perceber o que a dinâmica<br />

<strong>da</strong> conversão, reflexão própria<br />

do tempo quaresmal, exige<br />

concretamente <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> cristão.<br />

Questio<strong>na</strong><strong>da</strong> sobre os exemplos<br />

concretos <strong>de</strong> não-<strong>violência</strong>, irmã<br />

Petra é direta: “O gran<strong>de</strong> exemplo<br />

é Jesus Cristo, pois ele sempre<br />

foi pacífico em momentos <strong>de</strong><br />

crise.” Ela, porém, faz questão <strong>de</strong><br />

complementar o exemplo, apresentando<br />

um fato que po<strong>de</strong> causar<br />

espanto em muitas pessoas:<br />

em <strong>Goiânia</strong>, há uma mãe que visita<br />

todos os domingos o jovem<br />

que matou o seu próprio filho.<br />

Rosário,<br />

oração <strong>de</strong> amor e fé<br />

Em época muito remota,<br />

nos mosteiros católicos, costumava-se<br />

rezar os 150 salmos<br />

bíblicos, em diferentes<br />

horas do dia. Alguns monges,<br />

por serem a<strong>na</strong>lfabetos, substituíam<br />

os salmos por 150 avemarias,<br />

dividindo-as em três<br />

grupos <strong>de</strong> cinquenta. Contavam<br />

as ave-marias em nós<br />

feitos nos cordões, como uma<br />

“coroa <strong>de</strong> rosas” ofereci<strong>da</strong> a<br />

Nossa Senhora. Em 1569, o<br />

Papa Pio V <strong>de</strong>finiu o rosário<br />

com a estrutura que tivemos<br />

até nossos dias, isto é, 15 mistérios,<br />

<strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> ave-marias,<br />

pais-nossos etc. com o<br />

passar do tempo, vários papas<br />

recomen<strong>da</strong>ram esta oração.<br />

Como bem disse o Papa<br />

Pio XII, “o rosário é o resumo<br />

<strong>de</strong> todo o Evangelho.”<br />

(www.catedralgo.com.br)<br />

PARÓQUIA CRISTO REI<br />

Rua 205, Lt. 35 a 37, Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> 205, Parque<br />

Atheneu, CEP: 74-893-710 - <strong>Goiânia</strong> - Goiás<br />

Site: www. paroquiacristorei.com<br />

Email: paroquiacristoreigo@gmail.com<br />

Telefone: (62) 3273-4164<br />

CNBB<br />

“Ele tem a mesma i<strong>da</strong><strong>de</strong> do filho<br />

<strong>de</strong>la. Quando perguntei a ela o<br />

porquê <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong>, ela respon<strong>de</strong>u<br />

simplesmente que o jovem<br />

assassino po<strong>de</strong>ria ser filho <strong>de</strong>la<br />

também”, relata a religiosa.<br />

Petra espera que a campanha<br />

estimule atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> perdão<br />

e compreensão, como a<br />

<strong>de</strong>ssa mãe. Ela afirma que são<br />

ca<strong>da</strong> vez mais comuns os casos<br />

<strong>de</strong> vítimas que visitam seus<br />

agressores e cui<strong>da</strong>m <strong>de</strong>les <strong>na</strong><br />

prisão. “Uma transformação<br />

<strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

educação que faça brotar um<br />

sentimento <strong>de</strong> acolhi<strong>da</strong> e não<br />

reagir à <strong>violência</strong> com <strong>violência</strong>”,<br />

conclui a irmã Petra.<br />

Avisos paroquiais<br />

III ENCONTRO DE CATEQUISTAS<br />

DO VICARIATO CENTRO<br />

DIA: 08 <strong>de</strong> março (domingo)<br />

Local: Paróquia São Paulo Apostolo<br />

Horário: 08 às 16h<br />

CONHEÇA MELHOR AS NOSSAS<br />

PARÓQUIAS, VISITE OS SITES:<br />

Catedral<br />

www.catedralgo.com.br<br />

Paróquia Cristo Rei<br />

www.paroquiacristorei.com<br />

Paróquia N. Sra. <strong>de</strong> Fátima<br />

www.pnsfatimago.org.br<br />

Paróquia N. Sra. <strong>de</strong> Gua<strong>da</strong>lupe<br />

www.gua<strong>da</strong>lupegyn.com.br<br />

Paróquia São Ju<strong>da</strong>s Ta<strong>de</strong>u<br />

www.saoju<strong>da</strong>sgyn.com.br<br />

Paróquia São Sebastião<br />

www.saosebastiaogoiania.com<br />

Paróquia N. Sra. Apareci<strong>da</strong> e<br />

Santa Edwiges<br />

www.paroquiaapareci<strong>da</strong>eedwiges.com.br<br />

MANDE SEU E-MAIL:<br />

Paróquia Santo Antônio<br />

prstoantonio@brturbo.com.br<br />

Paróquia São José<br />

saojosegyn@ig.com.br<br />

8 DE MARÇO<br />

Dia Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

<strong>da</strong> Mulher. Parabéns<br />

a to<strong>da</strong>s as religiosas!<br />

Em especial, as do<br />

Vicariato Centro


6<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009<br />

DROGAS<br />

Tráfico<br />

motiva 80% dos<br />

homicídios <strong>na</strong><br />

<strong>Gran<strong>de</strong></strong> <strong>Goiânia</strong><br />

São os jovens as principais<br />

vítimas <strong>da</strong> <strong>violência</strong><br />

urba<strong>na</strong> em <strong>Goiânia</strong><br />

e nos municípios vizinhos,<br />

a maioria <strong>de</strong>les envolvi<strong>da</strong><br />

com o consumo e com o tráfico<br />

<strong>de</strong> drogas. Numa escala<strong>da</strong> sem<br />

prece<strong>de</strong>ntes, o tráfico está resolvendo<br />

à bala as pendências<br />

do comércio ilegal <strong>de</strong> entorpecentes.<br />

A crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong> capital<br />

tem uma triste marca:<br />

mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s pessoas assassi<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />

<strong>na</strong> capital no ano<br />

passado tinha entre 18 e 30<br />

anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Ao longo do ano passado<br />

foram registrados 442 homicídios<br />

em <strong>Goiânia</strong>. Isso significa<br />

que mais <strong>de</strong> uma pessoa é assassi<strong>na</strong><strong>da</strong><br />

por dia <strong>na</strong> capital. A<br />

ca<strong>da</strong> dois dias, um jovem é assassi<strong>na</strong>do<br />

<strong>na</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> por envolvimento<br />

com o tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />

As estimativas <strong>da</strong> Polícia<br />

Civil apontam que 80% dos homicídios<br />

têm alguma relação<br />

com o tráfico.<br />

O ciclo <strong>de</strong> <strong>violência</strong> <strong>na</strong> Região<br />

Metropolita<strong>na</strong> é alimentado<br />

pela impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. São<br />

muito poucos os casos em que<br />

traficantes <strong>de</strong> drogas acusados<br />

<strong>de</strong> homicídios vão a júri popular,<br />

ou seja, são raras as vezes<br />

que enfrentam a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser punidos pela Justiça. Há<br />

uma lei do silêncio, com baixa<br />

produção <strong>de</strong> provas, em que<br />

vizinhos, familiares e amigos<br />

não testemunham contra traficantes<br />

por medo <strong>de</strong> represálias.<br />

Em muitas situações, as<br />

investigações <strong>da</strong> polícia ficam<br />

pelo caminho e nem chegam ao<br />

Judiciário. Quando chegam, as<br />

provas produzi<strong>da</strong>s são insuficientes<br />

para levar os acusados<br />

a júri popular.<br />

Ren<strong>da</strong> e risco<br />

A situação fez aumentar<br />

a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> homicídios<br />

<strong>de</strong> 2007 a 2008. Foram<br />

127 mortes a<br />

mais, o que representa<br />

um alarmante acréscimo<br />

<strong>de</strong> 40,3% em um<br />

ano. As estatísticas <strong>da</strong><br />

Polícia Civil mostram<br />

que o tráfico <strong>de</strong> drogas é o<br />

principal motivador dos<br />

assassi<strong>na</strong>tos, seguido <strong>de</strong><br />

motivações passio<strong>na</strong>is, brigas,<br />

roubos, vingança e confronto<br />

com policiais militares.<br />

No tráfico, adolescentes e<br />

jovens passam a <strong>de</strong>sempenhar<br />

uma função estratégica, <strong>na</strong><br />

linha <strong>de</strong> frente. Com rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

eleva<strong>da</strong>, esses moradores<br />

<strong>de</strong> bairros periféricos passam<br />

a ignorar os riscos diante<br />

dos ganhos altos e rápidos.<br />

Um ven<strong>de</strong>dor direto <strong>de</strong> maconha<br />

e cocaí<strong>na</strong> po<strong>de</strong> lucrar <strong>de</strong><br />

R$ 3 mil a R$ 5 mil por mês,<br />

como mostram as investigações<br />

policiais. E é fácil enten<strong>de</strong>r<br />

como os ganhos são tão<br />

elevados. Um quilo <strong>de</strong> pastabase<br />

<strong>da</strong> cocaí<strong>na</strong> - a matériaprima<br />

<strong>da</strong> droga - po<strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r<br />

quatro quilos <strong>de</strong> pó, o que<br />

multiplica os rendimentos.<br />

A hierarquia do tráfico é rígi<strong>da</strong>,<br />

com diferentes escalas.<br />

As pontas mais importantes<br />

passam longe <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta<br />

pela polícia e <strong>da</strong> <strong>violência</strong> mais<br />

níti<strong>da</strong>, aquela que resulta em<br />

morte por causa <strong>de</strong> uma peque<strong>na</strong><br />

dívi<strong>da</strong> ou, então, pelo<br />

controle <strong>da</strong>s bocas-<strong>de</strong>-fumo.<br />

Ninguém quer per<strong>de</strong>r a ren<strong>da</strong><br />

fácil, mesmo com a sensação<br />

<strong>de</strong> que a morte está ca<strong>da</strong> vez<br />

mais ba<strong>na</strong>l.<br />

Comando<br />

A <strong>violência</strong> em <strong>Goiânia</strong>, alimenta<strong>da</strong><br />

pelo tráfico <strong>de</strong> drogas,<br />

tem diferenças básicas em<br />

relação a Rio <strong>de</strong> Janeiro e São<br />

Paulo, por exemplo, on<strong>de</strong> grupos<br />

organizados atuam no tráfico.<br />

Mas, por aqui, a sequência<br />

<strong>de</strong> assassi<strong>na</strong>tos, o aumento do<br />

40%<br />

foi o aumento<br />

do índice <strong>de</strong><br />

assassi<strong>na</strong>tos <strong>na</strong><br />

capital em 2008.<br />

ESPECIAL A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

consumo <strong>de</strong> drogas e a maior<br />

entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> maconha e <strong>da</strong> cocaí<strong>na</strong><br />

no mercado doméstico<br />

mostram que não são ape<strong>na</strong>s<br />

peque<strong>na</strong>s dívi<strong>da</strong>s que motivam<br />

os assassi<strong>na</strong>tos.<br />

O tráfico tem uma estrutura<br />

rígi<strong>da</strong>, com receptadores e distribuidores<br />

<strong>da</strong> droga, lí<strong>de</strong>res<br />

nos bairros, representantes<br />

<strong>de</strong>sses lí<strong>de</strong>res e uma legião <strong>de</strong><br />

funcionários ilegais. Muitas vezes,<br />

quebrar a hierarquia é um<br />

ato intencio<strong>na</strong>l, como forma <strong>de</strong><br />

afrontar traficantes que atuam<br />

há mais tempo em um bairro e,<br />

assim, tentar assumir o<br />

controle <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s. O preço<br />

<strong>da</strong> ousadia po<strong>de</strong> ser a morte.<br />

Muitos adolescentes e jovens<br />

são coman<strong>da</strong>dos por traficantes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s ca<strong>de</strong>ias. A<br />

prisão <strong>de</strong>sses traficantes não<br />

interrompe a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

comando e o repasse <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns<br />

e regras a jovens e adolescentes<br />

envolvidos.<br />

A principal causa <strong>de</strong> assassi<strong>na</strong>tos <strong>na</strong><br />

Região Metropolita<strong>na</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> é o<br />

envolvimento com consumo e tráfico<br />

<strong>de</strong> drogas. A população jovem<br />

(abaixo <strong>de</strong> 30 anos) é a que mais sofre<br />

as consequências <strong>da</strong> <strong>violência</strong> do<br />

tráfico. A dispara<strong>da</strong> do consumo<br />

<strong>da</strong>s drogas ilegais (maconha,<br />

cocaí<strong>na</strong>, crack etc.) reflete também<br />

no avanço <strong>de</strong> outros crimes.<br />

O silêncio atrapalha as investigações.<br />

Cocaí<strong>na</strong> apreendi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> tubos: traficantes usam <strong>de</strong> várias artimanhas para enga<strong>na</strong>r a polícia<br />

Operação Legali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

tenta reduzir mortes<br />

A associação entre tráfico <strong>de</strong><br />

drogas e homicídios po<strong>de</strong> ser<br />

combati<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> Operação<br />

Legali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que está fechando bares<br />

e outros estabelecimentos similares<br />

sem alvará <strong>de</strong> licença em<br />

todo o Estado. É o que acredita o<br />

secretário <strong>de</strong> Segurança Pública,<br />

Ernesto Roller. O entendimento<br />

do secretário é <strong>de</strong> que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos<br />

bares são importantes para a<br />

lógica do tráfico, funcio<strong>na</strong>ndo<br />

como bocas-<strong>de</strong>-fumo. Ao reprimir<br />

esses espaços, segundo o secretário,<br />

o tráfico também sofreria<br />

um golpe e, consequentemente, a<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> assassi<strong>na</strong>tos seria<br />

diminuí<strong>da</strong>.<br />

A Operação Legali<strong>da</strong><strong>de</strong> já fechou<br />

1,5 mil bares em todo o Estado<br />

e é alvo <strong>de</strong> questio<strong>na</strong>mentos<br />

Valter Campa<strong>na</strong>to/ABr<br />

jurídicos. A polícia sustenta que a<br />

ocorrência <strong>de</strong> diversos crimes -<br />

entre eles o homicídio - foi reduzi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>da</strong> operação,<br />

em janeiro. Já a Justiça conce<strong>de</strong>u<br />

man<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> segurança para que<br />

alguns bares reabrissem as portas,<br />

por consi<strong>de</strong>rar a ação ilegal e<br />

arbitrária.<br />

O fato é que a Operação Legali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

apesar <strong>de</strong> controversa, se<br />

tornou uma <strong>da</strong>s principais ações<br />

<strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública<br />

para combater a crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em Goiás. Os efeitos ain<strong>da</strong><br />

são limitados e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m muito<br />

mais <strong>da</strong> articulação com outras<br />

ações, principalmente o investimento<br />

em investigação do tráfico,<br />

o crime mais letal <strong>na</strong> <strong>Gran<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Goiânia</strong>.


A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> ESPECIAL<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009 7<br />

CNBB alerta: droga espalha insegurança<br />

Principal documento para a<br />

discussão <strong>da</strong> Campanha <strong>da</strong><br />

Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o texto-base <strong>de</strong><br />

2009, sobre a segurança pública,<br />

alerta para o “círculo vicioso<br />

e maldito” que envolve o<br />

universo <strong>da</strong>s drogas. Veja o<br />

que diz o documento <strong>da</strong><br />

Conferência Nacio<strong>na</strong>l dos Bispos<br />

do Brasil (CNBB) a respeito<br />

do tráfico:<br />

Sobre o <strong>na</strong>rcotráfico<br />

“...re<strong>de</strong>s permeiam todo o<br />

planeta, movimentando valores<br />

estimados em torno <strong>de</strong><br />

US$ 400 bilhões por ano. Apesar<br />

<strong>de</strong> sua clan<strong>de</strong>stini<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

seu po<strong>de</strong>r alcança muita<br />

gente, que atua tanto <strong>na</strong> fase<br />

<strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> industrialização,<br />

quanto nos inúmeros<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> distribuição.”<br />

Sobre o esquema do tráfico<br />

“A mídia já fez muitas reportagens<br />

sobre o domínio<br />

<strong>de</strong>sse comércio, que hoje é um<br />

dos setores que oferece melhores<br />

salários. Sua imensa<br />

malhra integra produtores,<br />

agentes fi<strong>na</strong>nceiros, traficantes<br />

e consumidores. Enquanto os<br />

po<strong>de</strong>rosos chefes <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong><br />

dispõem <strong>de</strong> muitos meios para<br />

escapar <strong>da</strong> repressão policial,<br />

CF 2001<br />

Em 2001, a Igreja mostrou to<strong>da</strong> a<br />

sua preocupação com o rumo que<br />

o País estava tomando em relação<br />

ao universo <strong>da</strong>s drogas. Com o<br />

lema Vi<strong>da</strong> Sim, Drogas Não!, a<br />

Campanha <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>quele ano centrou-se <strong>na</strong><br />

temática e já pedia um “exame <strong>de</strong><br />

consciência”para <strong>de</strong>scobrir on<strong>de</strong><br />

estava havendo falhas – fosse <strong>na</strong><br />

atuação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, dos<br />

gover<strong>na</strong>ntes e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> como<br />

um todo – que possibilitavam a<br />

proliferação do tráfico e do<br />

consumo <strong>de</strong> entorpecentes.<br />

inclusive fazendo a “lavagem<br />

<strong>de</strong> dinheiro”, que lhe dá a aparência<br />

<strong>de</strong> comércio legal, os<br />

pequenos traficantes <strong>de</strong> droga<br />

acabam atrás <strong>da</strong>s gra<strong>de</strong>s ou<br />

mortos nos becos <strong>da</strong>s nossas<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Ape<strong>na</strong>s os usuários<br />

não po<strong>de</strong>m mais ser presos.<br />

Constitui-se assim um círculo<br />

vicioso e maldito.”<br />

Consumo <strong>de</strong> crack <strong>de</strong>ixa gran<strong>de</strong>s metrópoles e se populariza<br />

Sobre as vítimas do sistema<br />

“Os excluídos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mercado acabam por ser as<br />

pessoas mais expostas à <strong>violência</strong><br />

do <strong>na</strong>rcotráfico. As chaci<strong>na</strong>s<br />

e os conflitos entre gangues <strong>na</strong>s<br />

gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a guerra pelo<br />

controle do tráfico, as manobras<br />

<strong>de</strong> introdução <strong>da</strong> droga<br />

<strong>na</strong>s escolas e em lugares <strong>de</strong> la-<br />

zer, a precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> explosiva<br />

do sistema carcerário mostram<br />

estampa<strong>da</strong> nos corpos <strong>da</strong>s vítimas<br />

a sua origem social.”<br />

Sobre as conexões<br />

“O País, os Estados, os municípios,<br />

os bairros, as ruas e os<br />

lares estão, <strong>de</strong> algum modo,<br />

conectados a esse vasto sistema<br />

Fonte: Delegacia <strong>de</strong> Homicídios/De<strong>na</strong>rc<br />

<strong>da</strong>s drogas. Ao contrário <strong>da</strong><br />

imagem corrente do 'mundo<br />

<strong>da</strong>s drogas' como um mundo à<br />

parte, frequentado ape<strong>na</strong>s por<br />

margi<strong>na</strong>is e pessoas discrimi<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />

socialmente, são muitos<br />

os fios <strong>de</strong> conexão entre o sistema<br />

<strong>da</strong>s drogas e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em geral.”<br />

Sobre as consequências<br />

“Essa conexão fica mais clara<br />

quando se levam em conta to<strong>da</strong>s<br />

as consequências diretas e indiretas<br />

do tráfico e do consumo <strong>de</strong><br />

drogas. Mesmo pessoas que<br />

nunca consumiram drogas tor<strong>na</strong>m-se<br />

vítimas <strong>de</strong>las quando<br />

são assalta<strong>da</strong>s por pessoas sob<br />

efeito <strong>de</strong> drogas ou que roubam<br />

para comprar drogas, quando<br />

sofrem aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trânsito por<br />

causa <strong>de</strong> <strong>motor</strong>istas embriagados,<br />

quando são gover<strong>na</strong><strong>da</strong>s por<br />

políticos eleitos com dinheiro do<br />

<strong>na</strong>rcotráfico e com ele comprometidos...<br />

a lista vai longe... O<br />

sistema <strong>da</strong>s drogas causa muito<br />

mais vitimas do que parece à<br />

primeira vista. Não ape<strong>na</strong>s o<br />

tóxico-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mas <strong>de</strong> algum<br />

modo, todos são vítimas <strong>de</strong><br />

sua ação antissocial. Todo esse<br />

universo atenta contra a segurança<br />

pública e <strong>de</strong>safia a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como um todo.”


8<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009<br />

TRÂNSITO<br />

Se você estiver lendo este<br />

jor<strong>na</strong>l em um dia comum<br />

do meio <strong>de</strong> sema<strong>na</strong>, saiba<br />

que hoje, quando termi<strong>na</strong>r<br />

o expediente do Detran, pelo menos<br />

mais 285 veículos novos terão<br />

sido emplacados em <strong>Goiânia</strong>.<br />

Ao fim do mês, serão 6,2 mil. Em<br />

12 meses, serão 75 mil a mais. O<br />

avanço <strong>da</strong> frota <strong>na</strong> capital é<br />

muito superior ao crescimento <strong>da</strong><br />

população e o fenômeno se esten<strong>de</strong><br />

pelas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s vizinhas:<br />

Apareci<strong>da</strong>, Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, Se<strong>na</strong>dor<br />

Canedo, em to<strong>da</strong>s elas a aquisição<br />

<strong>de</strong> novos veículos disparou.<br />

Quando você estiver lendo<br />

este jor<strong>na</strong>l, certamente também<br />

uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> do Corpo <strong>de</strong> Bombeiros<br />

ou do Samu estará aten<strong>de</strong>ndo<br />

um aci<strong>de</strong>nte (ou mais <strong>de</strong><br />

um) – são mais <strong>de</strong> 80 socorros<br />

por dia, contando-se ape<strong>na</strong>s os<br />

dos Bombeiros. Muito provavelmente<br />

a vítima será um pe<strong>de</strong>stre,<br />

um ciclista ou um motociclista.<br />

Como carros e motos são<br />

sonhos <strong>de</strong> consumo, mas não<br />

são <strong>de</strong>scartáveis, o resultado é<br />

que novos veículos se somam<br />

aos antigos: ou seja, o que acaba<br />

ocorrendo é a superlotação <strong>na</strong>s<br />

ruas. Mais veículos, mais aci<strong>de</strong>ntes.<br />

Mais aci<strong>de</strong>ntes, mais<br />

mortes (por atropelamentos, colisões<br />

etc.). Essa é uma lógica,<br />

CIDADES A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

Excesso <strong>de</strong> veículos, <strong>de</strong>spreparo e imprudência multiplicam risco <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes (foto) e<br />

levam caos às ruas. O estresse ao dirigir po<strong>de</strong> também provocar ou agravar doenças<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação/Bombeiros<br />

Perigo <strong>na</strong>s ruas<br />

Cenário constante<br />

<strong>de</strong> mortos e feridos<br />

SR. VOLANTE<br />

Motorista estressado no trânsito não é<br />

novi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em Motor Mania, <strong>de</strong>senho<br />

animado <strong>de</strong> 1950, Walt Disney<br />

personificou os indivíduos<br />

esquentadinhos <strong>da</strong> época com o Senhor<br />

Volante, “interpretado”pelo Pateta.<br />

Numa referência clara ao clássico do<br />

cinema O Médico e o Monstro, o filme<br />

mostra a história <strong>de</strong> um sujeito pacífico<br />

fora <strong>da</strong>s ruas (o Senhor An<strong>da</strong>nte) que se<br />

transforma praticamente em um louco<br />

raivoso ao entrar em seu carro.<br />

mas não a única. Outra possível<br />

é: mais veículos, mais estresse.<br />

Mais estresse, mais mortes (assassi<strong>na</strong>tos<br />

após discussões no<br />

trânsito, enfarte etc.).<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação/Bombeiros<br />

Equipe <strong>de</strong><br />

resgate dos<br />

bombeiros<br />

chega a<br />

hospital com<br />

vítima <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>nte em<br />

<strong>Goiânia</strong><br />

Disney<br />

Em outras palavras, o trânsito<br />

mata direta e indiretamente,<br />

mostrando uma <strong>violência</strong> típica<br />

dos tempos mo<strong>de</strong>rnos: o uso do<br />

automóvel como uma forma <strong>de</strong><br />

ostentação e <strong>de</strong> imposição do<br />

po<strong>de</strong>r e <strong>da</strong> rua como local <strong>de</strong><br />

disputas. “Vivemos em meio a<br />

uma guerra entre carros e motociclistas”,<br />

resume o tenente-coronel<br />

Martiniano Gondim. “O<br />

automóvel se tornou uma espécie<br />

<strong>de</strong> extensão do corpo <strong>de</strong><br />

quem o dirige”, completa Wadson<br />

Arantes Gama, especialista<br />

em psicologia social.<br />

Motivos<br />

Álcool, celular, imprudência,<br />

<strong>de</strong>satenção. O que não falta ao<br />

capital Waldimar Dias Marques,<br />

subcoman<strong>da</strong>nte do Batalhão <strong>de</strong><br />

Trânsito <strong>da</strong> capital, são motivos<br />

para explicar o caos no trânsito.<br />

“O motociclista é um dos gran<strong>de</strong>s<br />

problemas em <strong>Goiânia</strong>. Não<br />

é raro encontrar um <strong>de</strong>les falando<br />

ao celular e conduzindo a<br />

moto, por exemplo”, relata.<br />

Ocupação <strong>da</strong> via <strong>de</strong> forma erra<strong>da</strong>,<br />

ultrapassagem pela direita<br />

e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> baixa em relação à<br />

estabeleci<strong>da</strong> no trecho são outros<br />

pecados mortais cometidos pelos<br />

motociclistas (infelizmente, muitas<br />

vezes no sentido literal do adjetivo).<br />

A questão é tão séria e o<br />

fluxo <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> veículo pelas<br />

ruas aumentou tanto que mais <strong>de</strong><br />

10% <strong>da</strong>s ocorrências já envolvem<br />

colisão entre duas motos.<br />

Aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

moto custa<br />

R$ 5 mil<br />

O excesso <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong><br />

duas ro<strong>da</strong>s ultrapassou a questão<br />

básica do trânsito: virou<br />

também um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública, pelo gasto com atendimento<br />

médico-hospitalar. Ca<strong>da</strong><br />

motociclista aci<strong>de</strong>ntado custa<br />

em média mais <strong>de</strong> R$ 5 mil em<br />

operações <strong>de</strong> resgate, <strong>da</strong>nos materiais,<br />

assistência médica,<br />

per<strong>da</strong> <strong>de</strong> pessoas em i<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva<br />

e <strong>de</strong>spesas previ<strong>de</strong>nciárias,<br />

segundo estudo <strong>da</strong> Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

Tráfego (Abramet).<br />

Maior uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do<br />

Estado, o Hospital <strong>de</strong> Urgências<br />

<strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> (Hugo) é o mais afetado<br />

em termos <strong>de</strong> gastos. Em levantamento<br />

para a última Sema<strong>na</strong><br />

Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Trânsito, realiza<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 18 a 24 <strong>de</strong> setembro do<br />

ano passado, foram registrados<br />

394 atendimentos a vítimas do<br />

trânsito. A <strong>de</strong>man<strong>da</strong> cresce ain<strong>da</strong><br />

mais em fins <strong>de</strong> sema<strong>na</strong> e feriados<br />

prolongados.<br />

“ São ca<strong>da</strong> vez mais<br />

frequentes os casos <strong>de</strong><br />

brigas <strong>de</strong> trânsito e<br />

algumas termi<strong>na</strong>m <strong>de</strong><br />

forma trágica.<br />

O estresse do trânsito<br />

po<strong>de</strong> transformar um<br />

‘ci<strong>da</strong>dão <strong>de</strong> bem’em<br />

um assassino em<br />

poucos segundos.”<br />

Outros<br />

riscos do<br />

trânsito<br />

Em meio a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>na</strong>s<br />

ruas, é melhor pensar duas vezes<br />

antes <strong>de</strong> buzi<strong>na</strong>r ou gritar com<br />

outro condutor. São ca<strong>da</strong> vez<br />

mais frequentes casos <strong>de</strong> brigas<br />

<strong>de</strong> trânsito e algumas termi<strong>na</strong>m<br />

<strong>de</strong> forma trágica quando há uma<br />

arma <strong>de</strong> fogo à mão. O estresse<br />

do trânsito po<strong>de</strong> transformar um<br />

“ci<strong>da</strong>dão <strong>de</strong> bem” em um assassino<br />

em poucos segundos.<br />

Felizmente, segundo o psicólogo<br />

Wadson Gama, esse tipo <strong>de</strong><br />

resposta radical é raro. “Todos<br />

nós temos uma ‘agressivi<strong>da</strong><strong>de</strong>’<br />

<strong>na</strong>tural, até mesmo para que possamos<br />

sobreviver, e a maioria <strong>de</strong><br />

nós ca<strong>na</strong>liza isso <strong>de</strong> forma correta”,<br />

diz. As exceções é que são o<br />

problema. “Há indivíduos que<br />

<strong>de</strong>scarregam to<strong>da</strong>s as frustrações<br />

do dia a dia ao entrar no carro.”<br />

Além <strong>da</strong>s consequências imediatas,<br />

os acessos <strong>de</strong> fúria no trânsito<br />

po<strong>de</strong>m acarretas outros problemas<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido à repetição<br />

do estado <strong>de</strong> estresse. Wadson<br />

Gama consi<strong>de</strong>ra “enlouquecedor”<br />

o ritmo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>.<br />

“Vivemos numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ‘fastfood’<br />

e o individualismo do brasileiro<br />

não aju<strong>da</strong> em <strong>na</strong><strong>da</strong> a termos<br />

um trânsito mais saudável”, diz.


A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> ESPORTE<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009 9<br />

FUTEBOL<br />

Torci<strong>da</strong> em distorção<br />

O que era para ser apoio ao time do coração, vira disputa <strong>de</strong><br />

território entre facções organiza<strong>da</strong>s. O esporte fica esquecido<br />

Elas formam eufóricos blocos<br />

<strong>de</strong> apoio. Promovem<br />

coreografias, cantam, gritam,<br />

levantam ban<strong>de</strong>iras,<br />

fazem chuvas <strong>de</strong> papel, espalham<br />

fumaças colori<strong>da</strong>s pelo ar, enfim,<br />

coman<strong>da</strong>m a festa nos estádios.<br />

As torci<strong>da</strong>s organiza<strong>da</strong>s teriam<br />

tudo para ser benéficas ao futebol,<br />

mas se tor<strong>na</strong>ram sinônimo <strong>de</strong><br />

crime e <strong>violência</strong>.<br />

Brigas <strong>de</strong> torci<strong>da</strong>s têm sido<br />

um dos principais motivos para o<br />

afastamento do público <strong>da</strong>s praças<br />

esportivas. Mais do que isso, a<br />

rivali<strong>da</strong><strong>de</strong> entre elas extrapola o<br />

limite <strong>da</strong>s praças esportivas e<br />

continua pelas ruas centrais, após<br />

ca<strong>da</strong> jogo <strong>de</strong> maior vulto, e no dia<br />

a dia <strong>da</strong> <strong>Gran<strong>de</strong></strong> <strong>Goiânia</strong>, com<br />

rixas entre gangues. No mais re-<br />

cente episódio, três jovens <strong>da</strong> Esquadrão<br />

Vilanovense foram mortos.<br />

Os acusados são <strong>da</strong> Força Jovem<br />

Goiás.<br />

O problema <strong>de</strong>safia as instituições,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a polícia até as próprias<br />

torci<strong>da</strong>s. No que diz respeito<br />

ao Serra Doura<strong>da</strong>, que<br />

agora tem gra<strong>de</strong>s <strong>na</strong> arquibanca<strong>da</strong>,<br />

haverá novas intervenções:<br />

nos jogos <strong>de</strong> duas torci<strong>da</strong>s, como<br />

os clássicos, um tapume sempre<br />

vai separá-las. Uma não verá a<br />

outra. “Com certeza, isso evitará<br />

provocações”, avalia o tenentecoronel<br />

Amarildo Guerra, responsável<br />

pelo policiamento nos<br />

estádios <strong>da</strong> capital.<br />

Outra mu<strong>da</strong>nça são portões<br />

internos para controlar o acesso.<br />

“Assim impediremos a livre cir-<br />

culação e o confronto em outras<br />

<strong>de</strong>pendências”, justifica Guerra.<br />

O Serra Doura<strong>da</strong>, que já tem câmeras<br />

<strong>de</strong> segurança para monitoramento,<br />

agora <strong>de</strong>ve ganhar outras,<br />

<strong>de</strong> cobertura em 360 graus.<br />

Uma terceira medi<strong>da</strong> é proibir<br />

menores <strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong>sacompanhados<br />

<strong>de</strong> responsáveis.<br />

Organiza<strong>da</strong>s<br />

Os procedimentos são vistos<br />

como váli<strong>da</strong>s pelos diretores <strong>de</strong><br />

torci<strong>da</strong>, que fazem ressalvas. Cleomar<br />

Marques, <strong>da</strong> Força Jovem, diz<br />

que o problema é a impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

“A medi<strong>da</strong> quanto aos menores é<br />

boa, principalmente para evitar<br />

aquele corre-corre <strong>na</strong> arquibanca<strong>da</strong>”,<br />

diz. O presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Esquadrão<br />

Vilanovense, Mário Abrão<br />

Com roupas <strong>de</strong> torci<strong>da</strong>s, garotos simulam execução em foto <strong>na</strong> internet<br />

Júnior, concor<strong>da</strong>. “Menor não<br />

po<strong>de</strong> mesmo entrar <strong>de</strong>sacompanhado,<br />

mas a PM tem <strong>de</strong> fazer o<br />

papel <strong>de</strong>la <strong>de</strong> forma competente.”<br />

Mas há muito a ser feito: no<br />

Confrontos continuam pelos bairros<br />

O principal clássico do Centro-Oeste,<br />

Goiás x Vila Nova, é o<br />

acontecimento do ano para suas<br />

torci<strong>da</strong>s organiza<strong>da</strong>s (TOs) –<br />

Força Jovem Goiás e Esquadrão<br />

Vilanovense. “Vai ser tenso” é<br />

como muitos membros se referem<br />

ao encontro. O confronto é<br />

muito aguar<strong>da</strong>do, mas não pela<br />

parti<strong>da</strong> em si: em vez <strong>de</strong> assistir<br />

ao jogo, muitos integrantes passam<br />

os 90 minutos e mais o intervalo<br />

a se provocar <strong>na</strong> gra<strong>de</strong> divisória,<br />

diante dos PMs.<br />

Nos jogos também há a fixação<br />

<strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> subdivisões <strong>da</strong>s<br />

torci<strong>da</strong>s. São “legiões” ou “comandos”,<br />

que divi<strong>de</strong>m a <strong>Gran<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Goiânia</strong> em fatias para <strong>de</strong>marcar<br />

terreno e <strong>de</strong>monstrar po<strong>de</strong>r. A<br />

materialização disso são pichações<br />

com as iniciais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> torci<strong>da</strong><br />

(“FJG” e “TEV”). <strong>Gran<strong>de</strong></strong><br />

parte <strong>de</strong>sse van<strong>da</strong>lismo tem origem<br />

em grupos <strong>da</strong>s organiza<strong>da</strong>s.<br />

Se não é o objetivo dos lí<strong>de</strong>res<br />

<strong>da</strong>s TOs, a <strong>violência</strong> acaba sendo<br />

uma constatação <strong>na</strong>s bases. E a<br />

<strong>de</strong>turpação atinge crianças e<br />

adolescentes, que <strong>de</strong>sconhecem<br />

a paixão pelo time e só absorvem<br />

o clima <strong>de</strong> guerra entre as TOs.<br />

Pichação no Setor Pompeia mostra van<strong>da</strong>lismo <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> torci<strong>da</strong>: ce<strong>na</strong> comum em to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Em pági<strong>na</strong>s do Orkut é possível<br />

achar fotos <strong>de</strong> menores uniformizados<br />

em poses violentas e<br />

com armas. Em uma, dupla <strong>de</strong><br />

amigos usa facão para simular a<br />

execução <strong>de</strong> um torcedor rival.<br />

Chaci<strong>na</strong><br />

Na madruga<strong>da</strong> <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> fevereiro,<br />

dia do primeiro clássico do<br />

ano entre Vila e Goiás, jovens <strong>da</strong>s<br />

duas torci<strong>da</strong>s brigaram no Jardim<br />

Curitiba 4. O resultado: a<br />

El<strong>de</strong>r Dias<br />

morte <strong>de</strong> três <strong>de</strong>les, <strong>da</strong> Esquadrão<br />

Vilanovense. Dois membros<br />

<strong>da</strong> Força Jovem são acusados<br />

e um <strong>de</strong>les está preso. O presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> FJG, Evandro Rodrigues<br />

foi indiciado.<br />

jogo Atlético 2 x 0 Vila Nova, foram<br />

várias as queixas, especialmente<br />

<strong>de</strong> atleticanos, <strong>de</strong> ações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>linquentes. Houve furto <strong>de</strong> ingressos<br />

e roubo <strong>de</strong> camisas.<br />

Longo<br />

caminho<br />

até a paz<br />

Reprodução<br />

Uma pergunta fica no ar após<br />

casos <strong>de</strong> <strong>violência</strong>: as torci<strong>da</strong>s favorecem<br />

a crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>? “Não<br />

concordo. O que favorece é a falta<br />

<strong>de</strong> política para a educação, a<br />

falta <strong>de</strong> escola, a família, que não<br />

cui<strong>da</strong> direito. Não aceito isso ser<br />

jogado <strong>na</strong>s costas <strong>da</strong>s torci<strong>da</strong>s organiza<strong>da</strong>s”,<br />

rebate Mario Júnior.<br />

Integrante <strong>de</strong> comissão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

pela paz nos estádios, a pro<strong>motor</strong>a<br />

Alice Freire Barcelos diz<br />

que medi<strong>da</strong>s estão sendo toma<strong>da</strong>s<br />

pelo Ministério Público. Uma<br />

<strong>de</strong>las criou polêmica: a proibição<br />

<strong>de</strong> bebi<strong>da</strong> alcoólica no estádio. A<br />

ironia é ser comum ver – e sentir –<br />

a circulação <strong>de</strong> drogas ilícitas,<br />

principalmente maconha, <strong>na</strong> torci<strong>da</strong>,<br />

conforme <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong><br />

quem frequenta os jogos. “Há<br />

muito ain<strong>da</strong> o que fazer”, admite<br />

a pro<strong>motor</strong>a, que vê necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reca<strong>da</strong>stramento dos membros<br />

<strong>da</strong>s TOs, o que integrantes<br />

dizem ser impraticável. “Elas precisam<br />

ter critério para aceitar filiados<br />

e prevenir crimes”, insiste.


10<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009<br />

Anote<br />

28 <strong>de</strong> fevereiro<br />

Lectio Divi<strong>na</strong><br />

Começa dia 28 <strong>de</strong> fevereiro, às 19h30, <strong>na</strong><br />

Catedral Metropolita<strong>na</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong>, a<br />

Lectio Divi<strong>na</strong>, leitura orante <strong>da</strong> Bíblia.<br />

Como já é <strong>de</strong> costume, durante todos os<br />

sábados <strong>da</strong> quaresma Dom Washington<br />

Cruz se reúne com os jovens para fazer<br />

esse momento <strong>de</strong> reflexão.<br />

12 <strong>de</strong> março<br />

Reunião mensal<br />

Com o tema Sínodo Arquidiocesano,<br />

acontece no dia 12 <strong>de</strong> março, no Centro<br />

<strong>de</strong> Pastoral Dom Fer<strong>na</strong>ndo, a reunião<br />

mensal <strong>de</strong> pastoral. O encontro terá<br />

início às 8h30 e será assessorado por Pe.<br />

Elenivaldo Manoel dos Santos,<br />

secretário do Sínodo.<br />

9 <strong>de</strong> março<br />

Diaconia S. Jerônimo<br />

Secretárias e secretários paroquiais <strong>da</strong><br />

<strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> recebem<br />

formação sobre o Sínodo Arquidiocesano,<br />

no dia 9 <strong>de</strong> março, <strong>da</strong>s 13h30 às 17h, no<br />

Auditório <strong>da</strong> Cúria Metropolita<strong>na</strong>. A<br />

assessoria será do padre Elenivaldo<br />

Manoel dos Santos.<br />

Agen<strong>da</strong> do Arcebispo<br />

01/03, Missa Catedral, 11h<br />

04/03, Celebração <strong>de</strong> abertura do<br />

1º Semestre UCG, 10h<br />

07/03, Lectio Divi<strong>na</strong>, Catedral, 19h30<br />

08/03, Missa Catedral, 11h30<br />

10/03, Jubileu <strong>de</strong> Ouro - Pe. Jesus<br />

Flores, 19h<br />

11, Reunião Diaconia <strong>da</strong><br />

Educação, 10h<br />

12/03, Reunião Mensal <strong>de</strong><br />

Pastoral,8h30<br />

13/03, Reunião <strong>da</strong> Província<br />

Eclesiástica, 8h30<br />

14/03, Lectio Divi<strong>na</strong>, Catedral,<br />

19h30<br />

15/03, Missa Catedral, 11h30<br />

16 a 18/03, Reunião no Regio<strong>na</strong>l<br />

Centro-Oeste <strong>da</strong> CNBB<br />

19/03, Missa 50 anos <strong>da</strong> paróquia<br />

<strong>de</strong> Vianópolis, 9h<br />

21/03, Lectio Divi<strong>na</strong> - Catedral,<br />

19h30<br />

22/03, Missa Catedral, 11h30<br />

26/03, Missa do IDES - Empresa<br />

Halex Istar, 7h<br />

28/03, Lectio Divi<strong>na</strong>, Catedral, 19h30<br />

29/03, Missa Catedral, 11h30<br />

Canto Litúrgico<br />

Cancelamento<br />

Marcado para dia 7 <strong>de</strong> março, o Curso <strong>de</strong><br />

Canto Litúrgico foi cancelado. Mais<br />

informações po<strong>de</strong>m ser obti<strong>da</strong>s pelo<br />

telefone 3223-0759 (ramal 223) ou pelo<br />

site www.arquidiocese<strong>de</strong>goiania.org.br.<br />

21 <strong>de</strong> março<br />

Campanha Ficha Limpa<br />

Participe <strong>da</strong> coleta <strong>de</strong> assi<strong>na</strong>turas pela aprovação do<br />

Projeto <strong>de</strong> Lei <strong>de</strong> iniciativa popular contra a candi<strong>da</strong>tura<br />

<strong>de</strong> políticos em débito com a Justiça: www.mcce.org.br<br />

Pastoral <strong>da</strong> Aids<br />

A Pastoral <strong>da</strong> Aids realiza curso para<br />

agentes <strong>de</strong> capacitação para<br />

multiplicadores <strong>de</strong> base para o trabalho<br />

<strong>de</strong> acolhi<strong>da</strong>, informação e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

aos portadores do HIV/aids.<br />

Outras <strong>da</strong>tas<br />

25/02, Quarta-feira <strong>de</strong> Cinzas, Dia <strong>de</strong><br />

jejum e abstinência. Início <strong>da</strong> Quaresma.<br />

– Abertura <strong>da</strong> CF/2009. Tema:<br />

Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> e Segurança Pública.<br />

Lema: “A Paz é Fruto <strong>da</strong> Justiça”(Is 32,17).<br />

Auditório <strong>da</strong> Cúria Metropolita<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Goiânia</strong>, 9h. Missa <strong>na</strong> Catedral, 19h<br />

28/02, Lectio Divi<strong>na</strong> (leitura orante <strong>da</strong><br />

Bíblia): Dom Washington com os jovens.<br />

Catedral, 19h30<br />

Reunião do Clero nos Vicariatos<br />

7/03 - Lectio Divi<strong>na</strong> (leitura orante <strong>da</strong><br />

Bíblia): Dom Washington com os jovens.<br />

Catedral, 19h30. Curso <strong>de</strong> Canto<br />

Litúrgico. CPDF, 8h às 17h<br />

8/03, Dia Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Mulher<br />

9/03, Encontro <strong>de</strong> Formação para<br />

Secretárias (os) Paroquiais. Auditório <strong>da</strong><br />

Cúria Metropolita<strong>na</strong>, 13h30<br />

10/03, Missa em comemoração aos 50<br />

anos <strong>de</strong> Or<strong>de</strong><strong>na</strong>ção Sacerdotal e<br />

Aniversário Natalício do Pe. Jesus<br />

Flores, CSSR. Catedral, 19h<br />

12/03 - Reunião Mensal <strong>de</strong> Pastoral.<br />

Tema: Sínodo Arquidiocesano. CPDF, 8h30<br />

às 12h30<br />

14/03 - Lectio Divi<strong>na</strong> (leitura orante <strong>da</strong><br />

Bíblia): Dom Washington com os jovens.<br />

Catedral, 19h30<br />

16 a 18/03 - Conselho Episcopal<br />

Regio<strong>na</strong>l - CONSER - CNBB Regio<strong>na</strong>l<br />

Centro-Oeste<br />

19/03 - Soleni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São José,<br />

Padroeiro <strong>da</strong> Igreja Universal<br />

AGENDA A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

24 <strong>de</strong> março<br />

10 <strong>de</strong> março<br />

Padre Jesus Flores<br />

Em comemoração aos 50 anos <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong><strong>na</strong>ção sacerdotal e dos 76 anos<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do missionário re<strong>de</strong>ntorista<br />

Padre Jesus Flores, será celebra<strong>da</strong><br />

uma missa presidi<strong>da</strong> pelo Arcebispo<br />

<strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> Dom Washington, <strong>na</strong><br />

Catedral Metropolita<strong>na</strong>, no dia 10<br />

<strong>de</strong> março, às 19 horas.<br />

A capacitação será dia 21 <strong>de</strong> março, <strong>na</strong><br />

se<strong>de</strong> <strong>da</strong> pastoral, <strong>na</strong> Rua Iporá, n° 170,<br />

Quadra 19, Lote 15, no Bairro Nossa<br />

Senhora <strong>de</strong> Fátima, em <strong>Goiânia</strong>. Mais<br />

informações po<strong>de</strong>m ser obti<strong>da</strong>s pelo<br />

telefone (62) 3271-4510.<br />

21/03 - Lectio Divi<strong>na</strong> (leitura orante<br />

<strong>da</strong> Bíblia): Dom Washington com os<br />

jovens. Catedral, 19h30 – Seminário:<br />

Ano Paulino. Escola <strong>de</strong> Ministérios.<br />

CPDF, 8h às 16h<br />

22/03 - Encontro Vocacio<strong>na</strong>l. Seminário<br />

Santa Cruz, 8h às 16h<br />

24/03 - Dia dos Mártires Latino-<br />

Americanos. (aniversário do assassi<strong>na</strong>to <strong>de</strong><br />

Dom Oscar Romero, Profeta e Mártir, 1980)<br />

25/03 - Soleni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Anunciação do<br />

Senhor<br />

26/03 - Aniversário <strong>de</strong> Criação <strong>da</strong><br />

<strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> (1956)<br />

Martírio <strong>de</strong> Dom Oscar<br />

Romero relembra luta<br />

por justiça social<br />

No dia 24 <strong>de</strong> março celebram-se o Dia dos<br />

Mártires Latino-Americanos e o aniversário do<br />

assassi<strong>na</strong>to do bispo Dom Oscar Romero (foto),<br />

ocorrido em 1980, em El Salvador. Um dos<br />

gran<strong>de</strong>s lí<strong>de</strong>res <strong>da</strong> Igreja no continente, ele não<br />

ARTIGO<br />

Deixe-me <strong>na</strong>scer<br />

PE. LUIZ HENRIQUE BRANDÃO<br />

Professor <strong>de</strong> Teologia Moral<br />

O homem<br />

sempre se<br />

preocupou<br />

com a vi<strong>da</strong> e<br />

a reconheceu<br />

como dom<br />

inestimável e,<br />

há 60 anos,<br />

como direito fun<strong>da</strong>mental. Isso<br />

é tão ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que ca<strong>da</strong> um luta<br />

incansavelmente pela conservação<br />

<strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

quem ama. Não é raro assistirmos<br />

<strong>na</strong> TV uma mãe clamando<br />

<strong>na</strong> porta do hospital, com seu<br />

filho doente nos braços.<br />

Há algum tempo, um documentário<br />

sobre o aborto, feito<br />

nos EUA, com o título Grito do<br />

Silêncio, mostrou no ultrassom o<br />

momento exato em que a cânula<br />

<strong>de</strong> sucção, que efetua o aborto,<br />

toca o feto. Na imagem ele abre<br />

sua boca como se quisesse gritar<br />

silenciosamente em favor <strong>de</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong>: “Deixe-me <strong>na</strong>scer”. O <strong>na</strong>scituro<br />

é um ser humano que luta<br />

pela sua própria vi<strong>da</strong>. De outro<br />

lado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> que seus pais e<br />

Jubileu <strong>da</strong> Paróquia São José<br />

A Paróquia São José <strong>de</strong> Vianópolis celebra<br />

50 anos com tríduo, <strong>de</strong> 16 a 18 <strong>de</strong> março, e<br />

celebração festiva no dia 19 <strong>de</strong> março<br />

mediu esforços para libertar seu povo <strong>da</strong>s<br />

injustiças sociais. Dom Romero jamais <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

viver o Evangelho em suas ações. Em julho <strong>de</strong><br />

1979, durante a missa, disse: “Se nos cortarem a<br />

rádio, se nos fecharem o jor<strong>na</strong>l, se não nos<br />

<strong>de</strong>ixarem falar, se matarem todos os sacerdotes e<br />

até o arcebispo, e ficar um povo sem sacerdotes,<br />

ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> vocês <strong>de</strong>ve converter-se em<br />

microfone <strong>de</strong> Deus, ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> vocês <strong>de</strong>ve ser<br />

um mensageiro, um profeta”. No ano seguinte, foi<br />

morto enquanto celebrava a eucaristia <strong>na</strong> capela<br />

<strong>de</strong> um hospital.<br />

que o Estado lhe garantam esse<br />

direito i<strong>na</strong>lienável.<br />

Apesar <strong>de</strong> a Igreja ser uma<br />

<strong>da</strong>s poucas instituições que publicamente<br />

confessa que o <strong>na</strong>scituro<br />

tem o direito <strong>de</strong> ter sua<br />

vi<strong>da</strong> respeita<strong>da</strong>, não faltam opiniões<br />

<strong>de</strong> diversos âmbitos que<br />

concor<strong>da</strong>m com tal afirmação.<br />

Por exemplo, o cientistas Jérôme<br />

Lejeune, <strong>de</strong>scobridor <strong>da</strong><br />

síndrome <strong>de</strong> Down, diz: A fecun<strong>da</strong>ção<br />

é o marco do início <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>. Daí para frente, qualquer<br />

método artificial para <strong>de</strong>struí-la<br />

é um assassi<strong>na</strong>to.<br />

Ao nos aproximar do Dia do<br />

Nascituro, em 25 <strong>de</strong> março, vem<br />

em nosso coração o dia em que a<br />

Virgem Maria concebeu o Menino<br />

Jesus, Salvador do mundo.<br />

Ele também foi um <strong>na</strong>scituro,<br />

que nos primeiros dias <strong>de</strong> sua<br />

santa vi<strong>da</strong> huma<strong>na</strong>, santificou<br />

João Batista no seio <strong>de</strong> Isabel. Ele<br />

também precisou <strong>na</strong>scer para<br />

salvar a humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. A vi<strong>da</strong> do<br />

Menino Deus <strong>de</strong>ve nos fazer recor<strong>da</strong>r<br />

o valor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> <strong>na</strong>scituro<br />

que espera a chance <strong>de</strong> <strong>na</strong>scer e<br />

aju<strong>da</strong>r <strong>na</strong> construção e transformação<br />

do mundo.


A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> ENTREVISTA<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009 11<br />

JORDEVÁ ROSA<br />

No fio <strong>da</strong><br />

<strong>na</strong>valha<br />

Jor<strong>na</strong>lista conhecido do público, o<br />

apresentador promove soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>, mostra<br />

a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos fatos, exige ética e alerta<br />

sobre cui<strong>da</strong>do no ofício <strong>de</strong> <strong>da</strong>r notícias<br />

Jor<strong>de</strong>vá Rosa, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dor <strong>de</strong> Jor<strong>na</strong>lismo <strong>da</strong> TV Serra<br />

Doura<strong>da</strong>, apresentador do Jor<strong>na</strong>l do Meio-Dia, ex-policial<br />

civil e bacharel em Direito consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> extraordinária<br />

<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za a missão <strong>de</strong> selecio<strong>na</strong>r e publicar os fatos <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> levantar histórias huma<strong>na</strong>s especialmente<br />

quando se trata <strong>de</strong> miséria e <strong>violência</strong>.<br />

Até que ponto o jor<strong>na</strong>lista <strong>de</strong>ve<br />

buscar a imparciali<strong>da</strong><strong>de</strong> e qual é<br />

o momento que você vê a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sair <strong>de</strong>ssa imparciali<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />

O jor<strong>na</strong>lista an<strong>da</strong> no fio <strong>da</strong> <strong>na</strong>valha,<br />

porque to<strong>da</strong> notícia tem<br />

dois lados. E os dois lados têm interesse<br />

<strong>na</strong> informação, mas o interesse<br />

que a gente tem <strong>de</strong> levar<br />

em consi<strong>de</strong>ração,<br />

acima <strong>de</strong> tudo, é o<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. O<br />

que eu sempre fiz,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o meu início<br />

<strong>na</strong> profissão, foi<br />

exatamente perguntar<br />

o seguinte:<br />

o que tal matéria<br />

po<strong>de</strong> influenciar <strong>na</strong><br />

vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população?<br />

Se você fizer<br />

essa pergunta, estará<br />

diminuindo a<br />

parciali<strong>da</strong><strong>de</strong> nefasta<br />

<strong>na</strong> sua informação.<br />

Porque você<br />

interfere <strong>na</strong> informação<br />

quando<br />

você tem <strong>de</strong> ser crítico.<br />

Acho que as pessoas tem <strong>de</strong><br />

fazer uma avaliação <strong>da</strong>quilo que<br />

está sendo exposto <strong>na</strong>quele momento.<br />

E diante <strong>de</strong> um padrão<br />

ético, colocar isso para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> forma crítica. E a crítica é<br />

parcial, não tenho dúvi<strong>da</strong> disso.<br />

“ Des<strong>de</strong> o meu início<br />

<strong>na</strong> profissão, o que<br />

fiz foi me perguntar:<br />

o que tal matéria<br />

po<strong>de</strong> influenciar <strong>na</strong><br />

vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população?<br />

Se você se fizer essa<br />

pergunta, estará<br />

diminuindo a<br />

parciali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

nefasta <strong>na</strong> sua<br />

informação.”<br />

Agora a quem vai ser direcio<strong>na</strong><strong>da</strong><br />

essa crítica? Em benefício<br />

<strong>de</strong> quem? Respon<strong>de</strong>r essa questão,<br />

talvez, seja o mais importante.<br />

A gente trabalha <strong>na</strong> televisão<br />

<strong>de</strong>ssa forma. O veículo <strong>de</strong> comunicação<br />

em que nós trabalhamos<br />

é uma concessão pública e<br />

ela <strong>de</strong>ve ser utiliza<strong>da</strong>, principalmente<br />

no exercício do jor<strong>na</strong>lismo,<br />

em benefício <strong>da</strong><br />

população.<br />

Quando você levanta<br />

os assuntos<br />

que serão temas<br />

<strong>da</strong>s reportagens<br />

do seu jor<strong>na</strong>l e vê<br />

alguma coisa<br />

muito estranha relacio<strong>na</strong><strong>da</strong><br />

à <strong>violência</strong>,<br />

por exemplo,<br />

você não tem<br />

medo <strong>de</strong> ser sensacio<strong>na</strong>lista?<br />

Tenho. O receio<br />

<strong>de</strong> ser sensacio<strong>na</strong>lista<br />

existe em<br />

nossa linha editorial,<br />

mas o combatemos<br />

procurando fazer um trabalho<br />

que seja útil para alguma<br />

coisa. Se conseguirmos transformar<br />

a divulgação <strong>de</strong> um fato em<br />

benefício <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a gente<br />

mostra, mas há coisas pesa<strong>da</strong>s<br />

que a gente não mostra. Busca-se<br />

Na sala do Vicariato para a Comunicação, equipe do Brasil Central conversa com Jor<strong>de</strong>vá Rosa<br />

resgatar os direitos do ci<strong>da</strong>dão. A<br />

gente tem um trabalho voltado<br />

para a <strong>de</strong>fesa e também para a<br />

conscientização <strong>de</strong> que o ci<strong>da</strong>dão<br />

tem direito <strong>de</strong> ser atendido nos<br />

hospitais públicos, <strong>de</strong> reivindicar<br />

a melhoria do seu bairro, <strong>de</strong> saber<br />

o que está mu<strong>da</strong>ndo <strong>na</strong> lei do<br />

consórcio. Faz parte <strong>de</strong> uma política<br />

geral <strong>de</strong> conscientização e a<br />

gente trabalha nisso mesmo. E <strong>de</strong><br />

cobrança. A gente tem também<br />

esse objetivo. Há o receio <strong>de</strong> sensacio<strong>na</strong>lismo<br />

e, por isso, todos os<br />

dias, temos o compromisso em<br />

avaliar as informações que vamos<br />

<strong>da</strong>r no jor<strong>na</strong>l. E essa avaliação é<br />

muito <strong>de</strong>lica<strong>da</strong> No caso famoso<br />

do sequestro do Wellington Camargo,<br />

irmão do Zezé di Camargo,<br />

em 1998, foi gran<strong>de</strong> o<br />

risco <strong>de</strong> ser sensacio<strong>na</strong>lista ao extremo<br />

e a gente não foi. Man<strong>da</strong>ram<br />

a orelha do Wellington lá<br />

para a porta <strong>da</strong> televisão com o<br />

pacote en<strong>de</strong>reçado no meu nome.<br />

A gente teve o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> observar.<br />

O bilhete estava garantindo<br />

que era a orelha do rapaz sequestrado<br />

e o nome <strong>de</strong> uma senha. A<br />

gente resolveu passar para a polícia<br />

porque era a senha <strong>de</strong> negociação<br />

com os sequestradores.<br />

Trabalhamos isso com muito cui<strong>da</strong>do<br />

durante o período <strong>da</strong><br />

manhã até a hora que ela foi parar<br />

<strong>na</strong> nossa porta. Então a gente tem<br />

esse cui<strong>da</strong>do. A gente po<strong>de</strong>ria ter<br />

feito um estar<strong>da</strong>lhaço. Podia ter<br />

pego o negócio, segurado,<br />

<strong>de</strong>ixado ninguém filmar. Nós<br />

<strong>de</strong>ixamos lá, no local que estava,<br />

a polícia veio pegou, todo mundo<br />

teve acesso, todos os veículos tiveram<br />

acesso.<br />

O episódio do Welington Camargo<br />

mudou alguma coisa <strong>na</strong><br />

sua vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> jor<strong>na</strong>lista ?<br />

O sequestro do Welington <strong>na</strong><br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> ele teve o fator <strong>de</strong> tor<strong>na</strong>r<br />

conhecido o jor<strong>na</strong>lista. Agora<br />

para eu chegar até o Welington e<br />

<strong>de</strong>pois do Welington,<br />

quer dizer, tem<br />

to<strong>da</strong> uma outra<br />

história <strong>de</strong> trabalho.<br />

Eu faço 20<br />

anos <strong>de</strong> jor<strong>na</strong>lismo<br />

agora em junho.<br />

Sou <strong>de</strong> Morrinhos,<br />

fiquei lá até os 13<br />

anos, <strong>de</strong>pois eu<br />

mu<strong>de</strong>i para Jaraguá,<br />

fiquei até 1984<br />

e fiz facul<strong>da</strong><strong>de</strong> aqui<br />

em <strong>Goiânia</strong>. Jor<strong>na</strong>lismo,<br />

<strong>na</strong> UFG e<br />

Direito, <strong>na</strong> UCG.<br />

Iniciei os dois juntos<br />

e <strong>de</strong>pois priorizei<br />

o jor<strong>na</strong>lismo e<br />

nunca exerci o Direito.<br />

Comecei a atuar <strong>na</strong> Televisão<br />

Brasil Central. Antes, fui estagiário<br />

<strong>na</strong> Rádio Universitária.<br />

Trabalhei <strong>na</strong> Rádio Difusora durante<br />

três anos. Uma rádio que<br />

tem uma linha <strong>de</strong> que eu gosto,<br />

<strong>na</strong> qual tive uma participação<br />

“ Há que se<br />

esclarecer o que é<br />

jor<strong>na</strong>lismo e o que<br />

não é. Alguns<br />

programas tidos<br />

como policiais <strong>na</strong><br />

sua essência, eu<br />

não consi<strong>de</strong>ro<br />

jor<strong>na</strong>lismo.<br />

Jor<strong>na</strong>lismo é um<br />

serviço para a<br />

informação.”<br />

Guilherme Nogueira<br />

muito boa em termos <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e a vi<strong>da</strong> inteira<br />

sempre trabalhei nisso: <strong>de</strong>volver<br />

o trabalho que a gente faz para a<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, principalmente aquela<br />

parte que mais precisa.<br />

Qual é o limite <strong>na</strong> guerra <strong>de</strong><br />

audiência para não ferir a ética <strong>na</strong><br />

cobertura jor<strong>na</strong>lística em vários<br />

casos, especificamente quando se<br />

trata <strong>de</strong> <strong>violência</strong>?<br />

O jor<strong>na</strong>lismo não foi feito para<br />

disputar audiência,<br />

foi feito para informar.<br />

Mas há que se<br />

fazer um esclareci-<br />

mento entre o que é<br />

jor<strong>na</strong>lismo e o que<br />

não é. Alguns programas<br />

tidos como<br />

policiais <strong>na</strong> sua essência,<br />

eu não<br />

consi<strong>de</strong>ro jor<strong>na</strong>lismo.<br />

Jor<strong>na</strong>lismo é<br />

um serviço para a<br />

informação. Claro<br />

que o fato policial<br />

merece cobertura,<br />

até porque nos<br />

atinge <strong>de</strong> forma geral,<br />

provoca insegurança,<br />

mas a gente<br />

tem um padrão <strong>de</strong> informação<br />

que trabalha outras coisas, outras<br />

informações. Percebe-se que esses<br />

programas sensacio<strong>na</strong>listas, com<br />

enfoque exclusivo <strong>na</strong> <strong>violência</strong>,<br />

têm vi<strong>da</strong> curta. O problema é que<br />

sai um e entra outro.


12<br />

Brasil Central Março <strong>de</strong> 2009<br />

ARTIGO<br />

A caminho do Sínodo Arquidiocesano<br />

PE. ELENIVALDO SANTOS<br />

Comissão preparatória<br />

Após a experiência<br />

<strong>da</strong>s nove AssembleiasArquidiocesa<strong>na</strong>s<br />

e <strong>na</strong> maturi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus cinquenta e<br />

dois anos <strong>de</strong> existência,<br />

a <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Goiânia</strong> é chama<strong>da</strong> a uma nova e <strong>de</strong>safiadora<br />

tarefa. Trata-se <strong>da</strong> realização do<br />

seu primeiro Sínodo.<br />

Este primeiro Sínodo foi convocado<br />

pelo arcebispo metropolitano Dom<br />

Washington Cruz, que percebeu a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> realização do processo sino<strong>da</strong>l<br />

após suas visitas pastorais a to<strong>da</strong>s as<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong>. Também<br />

foi convocado para aten<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios<br />

novos e antigos impostos à nossa reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

eclesial.<br />

Des<strong>de</strong> a realização do Concílio Vaticano<br />

II se multiplicaram as experiências<br />

que reforçam a beleza <strong>de</strong> uma “eclesiologia<br />

<strong>da</strong> comunhão” em vista <strong>da</strong> di<strong>na</strong>mização<br />

do processo <strong>de</strong> difusão <strong>da</strong> Palavra<br />

<strong>de</strong> Deus e, consequentemente, sua<br />

influência no mundo. Nessa fileira, encontram-se<br />

as cinco Conferências do<br />

Episcopado latino-americano e caribenho,<br />

os sínodos temáticos convocados<br />

pelos papas, as Assembleias Gerais dos<br />

bispos em ca<strong>da</strong> país e em regiões episcopais.<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, as reuniões celebra<strong>da</strong>s<br />

<strong>na</strong>s dioceses. Tudo isso como tentativas<br />

<strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptar ca<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> às riquezas<br />

ema<strong>na</strong><strong>da</strong>s <strong>da</strong>quele “sopro do Espírito”<br />

que trouxe um novo impulso à Igreja.<br />

A <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong> foi fortemente<br />

influencia<strong>da</strong> pelo Concílio. Seu<br />

primeiro arcebispo, Dom Fer<strong>na</strong>ndo Gomes<br />

dos Santos, participou ativamente<br />

como membro <strong>de</strong>ste histórico evento.<br />

Sua paixão pelo Concílio contagiou, não<br />

somente seus colaboradores mais diretos,<br />

mas também o Povo <strong>de</strong> Deus a ele<br />

confiado, marcando profun<strong>da</strong>mente a<br />

história <strong>da</strong> região Centro-Oeste do Brasil.<br />

Seu sucessor, Dom Antonio Ribeiro,<br />

também um apaixo<strong>na</strong>do pelo Concílio,<br />

vivenciou momentos intensos e, com<br />

ele, to<strong>da</strong> a <strong>Arquidiocese</strong>. Nenhuma pessoa<br />

que tenha ouvido suas palavras<br />

po<strong>de</strong> negar seu carisma <strong>de</strong> homem, ao<br />

mesmo tempo, tão fortemente convicto<br />

<strong>de</strong> seus princípios e tão banhado <strong>da</strong>quela<br />

ternura própria dos gran<strong>de</strong>s pastores.<br />

Com ele a <strong>Arquidiocese</strong> celebrou<br />

sua 9ª Assembléia. Ali já se podia perceber<br />

o clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong>. Mas também<br />

a gratidão no olhar <strong>de</strong> todos para com<br />

aquele que lutou, como poucos, pela<br />

sua Igreja.<br />

O pastoreio <strong>da</strong> <strong>Arquidiocese</strong> sob o<br />

báculo <strong>de</strong> seu terceiro arcebispo é mar-<br />

SÍNODO A rquidiocese <strong>de</strong> <strong>Goiânia</strong><br />

cado por profun<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong> Igreja<br />

e fora <strong>de</strong>la. Não cabe aqui enumerá-las<br />

ou nomeá-las, mas o certo é que tais mu<strong>da</strong>nças<br />

requerem posicio<strong>na</strong>mentos e diretrizes.<br />

Dom Washington sempre lembra<br />

aos seus colaboradores a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> buscar novas formas <strong>de</strong> evangelização.<br />

Seu gran<strong>de</strong> empenho pela<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> é revelado a todos por sua paciente<br />

escuta. Com ele, a <strong>Arquidiocese</strong><br />

celebrou seu Jubileu <strong>de</strong> Ouro e entrou<br />

numa nova fase.<br />

O festejado Documento <strong>de</strong> Apareci<strong>da</strong>,<br />

fruto <strong>da</strong> V Conferência Geral do<br />

Episcopado Latino-Americano e do Caribe,<br />

diz que “o amadurecimento no seguimento<br />

<strong>de</strong> Jesus e a paixão por anunciá-lo<br />

requerem que a Igreja particular<br />

se renove constantemente em sua vi<strong>da</strong><br />

e ardor missionário. Só assim po<strong>de</strong> ser,<br />

para todos os batizados, casa e escola<br />

<strong>de</strong> comunhão, <strong>de</strong> participação e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>.”<br />

(Doc. <strong>de</strong> Apareci<strong>da</strong>, n. 167).<br />

Sendo assim, todo o processo sino<strong>da</strong>l<br />

tem um significado, não <strong>de</strong> ruptura<br />

com o passado, mas <strong>de</strong> resposta imediata<br />

e responsável ao chamado dos<br />

bispos <strong>da</strong>quela Conferência. A renovação<br />

<strong>de</strong>ve ser constante e tal constância<br />

requer aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s questões a<br />

serem trata<strong>da</strong>s, sempre à luz <strong>da</strong> Palavra<br />

<strong>de</strong> Deus.<br />

Longe <strong>de</strong> ser motivo <strong>de</strong> resistências<br />

que perturbem a comunhão eclesial, o<br />

Sínodo é uma expressão <strong>da</strong> dinâmica<br />

promovi<strong>da</strong> pelo Espírito Santo em ca<strong>da</strong><br />

tempo e lugar. É também um espaço<br />

privilegiado para o aprofun<strong>da</strong>mento e<br />

atualização <strong>de</strong> tudo o que o mesmo Espírito<br />

suscitou <strong>na</strong> história arremessando-nos,<br />

cheios <strong>de</strong> sonhos e esperança,<br />

para o futuro.<br />

O bispo, como pastor atento e vigilante,<br />

não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> sua grei, e<br />

<strong>de</strong>ve ser o pro<strong>motor</strong> <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />

que a Igreja cumpra sua função. “Ele<br />

<strong>de</strong>ve estimular e conduzir uma ação<br />

pastoral orgânica renova<strong>da</strong> e vigorosa,<br />

<strong>de</strong> maneira que a varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carismas,<br />

ministérios, serviços e organizações<br />

se orientem no mesmo projeto missionário<br />

para comunicar vi<strong>da</strong> no próprio<br />

território. Esse projeto, que surge<br />

<strong>de</strong> um caminho <strong>de</strong> varia<strong>da</strong> participação,<br />

tor<strong>na</strong> possível a pastoral orgânica.”<br />

(Doc. <strong>de</strong> Apareci<strong>da</strong>, n. 169). Perguntamo-nos:<br />

<strong>na</strong> atual conjuntura <strong>de</strong> nossa<br />

Igreja particular, estamos percebendo<br />

tal orientação? Temos um “mesmo projeto<br />

missionário”? Somos uma Igreja<br />

com uma pastoral orgânica, renova<strong>da</strong> e<br />

vigorosa? Apoiar o bispo nessa missão e<br />

não travar são si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> nossa contribuição<br />

e compromisso com aqueles e aquelas<br />

que tanto se sacrificaram por esta<br />

<strong>Arquidiocese</strong>.<br />

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