INHAME - Dioscorea cayennensis Lam. - E TARO ... - Emepa
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<strong>INHAME</strong> - <strong>Dioscorea</strong> <strong>cayennensis</strong> <strong>Lam</strong>. - E <strong>TARO</strong> - Colocasia esculenta (L.)<br />
Schott. -, Cenários dos Mercados Brasileiro e Internacional<br />
Augusto Sávio Mesquita 1<br />
Resumo - Estabelecer uma visão conjuntural dos mercados brasileiro e internacional do inhame (<strong>Dioscorea</strong><br />
<strong>cayennensis</strong>) e do taro (Colocasia esculenta) é o objetivo central deste trabalho. Mediante enfoque descritivo<br />
e a partir de dados estatísticos oficiais, tece-se uma análise crítica da inserção brasileira no mercado<br />
internacional, com o propósito de auxiliar na formulação de políticas públicas de fomento e promoção<br />
comercial.<br />
Palavras-chave: <strong>Dioscorea</strong> <strong>cayennensis</strong> <strong>Lam</strong>, Colocasia esculenta (L.) Schott., mercados brasileiro e<br />
mundial.<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
Os protagonistas deste ensaio são plantas de relevante importância para o homem e para a economia<br />
agrícola. Pertencentes à classe Liliatae (monocotiledônea), são originárias da Ásia e têm no rizoma o<br />
principal produto de exploração, devido aos expressivos teores de minerais (Ca, P e Fe), carboidratos,<br />
aminoácidos essenciais, pro-vitamina A, pro-vitamina D, vitaminas C e do complexo B e suas propriedades<br />
medicinais, que garantem o uso na farmacologia, mormente na síntese de cortisona e hormônios esteróides.<br />
O inhame ou cará-da-costa, terminologia em alusão à Costa africana, seu principal centro de dispersão, é<br />
a <strong>Dioscorea</strong> <strong>cayennensis</strong>, da família <strong>Dioscorea</strong>ceae, que se caracteriza por possuir caule herbáceo,<br />
escandente (trepador) e formar tubérculos em seu sistema radicular rizomático. O taro, por sua vez, é a<br />
Colocasia esculenta, integra a família Araceae, possui caule herbáceo abreviado, folhas e rizomas esféricos<br />
comestíveis, sendo cultivado desde a Antigüidade, especialmente na Índia e no Egito, onde era alimento de<br />
faraós (Conceição, 1981; CEAGESP, 2002).<br />
O mundo planta mais inhame do que taro. Estimativas da FAO (2001) indicam que, em 2001, foram<br />
colhidos 3.968 mil ha de inhame, que geraram 38.082 mil toneladas e 1.464 mil ha de taro, que produziram<br />
8.868 mil toneladas. Nesse cenário, a África detém a hegemonia, ao responder por mais de 96% do total<br />
produzido de inhame e 75% de taro. Apenas três países daquele continente – Gana, Costa do Marfim e<br />
Nigéria – são responsáveis por cerca de 23% da produção mundial de inhame e 67% da de taro (FAO, 2001).<br />
Pelo lado do consumo, destacam-se países ricos do chamado Primeiro Mundo, dentre os quais o Japão e<br />
os EUA, que concentram aproximadamente 80% das importações. O volume médio importado, no período<br />
de 1995 a 2000, situou-se em 194 mil toneladas, movimentando recursos da ordem de US$ 165, 6 milhões,<br />
em transações que envolveram 60 países (FAO, 2001).<br />
A inserção do Brasil nesse mercado internacional é tímida (0,6% da produção mundial de inhame e sem<br />
representatividade na de taro), desperdiçando a sua imensa aptidão edafoclimática para exploração dessas<br />
culturas e as inúmeras possibilidades de negócios que adviriam em cadeias produtivas estruturadas. Embora<br />
haja registros do cultivo de dioscoreácea no Brasil desde os primórdios da colonização, não se verifica<br />
expressivo desenvolvimento desses agronegócios em território nacional. A observação dos índices de<br />
rendimento médio auferidos, no lapso de 1989 a 2001, evidencia estagnação, sendo reflexo do insuficiente<br />
investimento do aparelho de Estado no desenvolvimento científico e tecnológico: 9,2 t/ha de inhame e 5,4<br />
t/ha de taro (FAO, 2001).<br />
A produção nacional de inhame concentra-se no Nordeste, onde se sobressai a Paraíba como principal<br />
produtor, e a de taro no Centro Sul, onde o Rio de Janeiro é destaque. O volume exportado desses produtos,<br />
em 2001, alcançou pouco mais de quatro mil toneladas, ou seja menos de 2% da produção nacional.<br />
Certamente é um insatisfatório desempenho, mas a progressiva redução das importações (233 toneladas em<br />
1995 e menos de duas toneladas em 2000), aliado ao crescimento da área plantada (23 mil ha em 1989-91 e<br />
25 mil ha em 2001) são sinais de que, a despeito dos percalços, a produção nacional experimenta<br />
crescimento e amplia sua participação no mercado doméstico (PROMO, 2002 e FAO, 2001).<br />
1 . Eng. Agrôn., M. Sc., Diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da<br />
Bahia - SEAGRI-BA. E-mail: savio@seagri.ba.gov.br.
O objetivo deste trabalho é fornecer uma visão conjuntural sobre as explorações de inhame e taro, no<br />
mundo e no Brasil, destacando-se a distribuição geográfica, o ranking de produção e evidências acerca das<br />
relações comerciais entre os países que participam deste agribusiness internacional. As inferências efetuadas<br />
baseiam-se na análise de dados estatísticos oficiais da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a<br />
Alimentação – FAO, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio/Secretaria de Comércio<br />
Exterior – MDIC/SECEX, da Secretaria da Agricultura Irrigação e Reforma Agrária da Bahia – SEAGRI e<br />
do Centro Internacional de Negócios da Bahia – PROMO, pretendendo contribuir para o planejamento de<br />
políticas voltadas ao desenvolvimento sustentado dessas atividades e na ampliação do comércio internacional<br />
agrícola brasileiro.<br />
2. O AGRIBUSINESS INTERNACIONAL DO <strong>INHAME</strong> E DO <strong>TARO</strong><br />
À semelhança de outros agronegócios internacionais, o circuito comercial do inhame e do taro é marcado<br />
por uma relação dicotômica, onde, basicamente, do lado da oferta, posicionam-se países periféricos, em<br />
contraposição à demanda, que, excluído o auto-consumo, é estabelecida por nações do Primeiro Mundo. São<br />
praticamente 60 países envolvidos nas relações de troca, movimentando recursos anuais com exportações e<br />
importações, que atingem, respectivamente, as médias de US$ 117,3 milhões e US$ 165,6 milhões, entre<br />
1995 e 2000.<br />
O conjunto de Tabelas 1, 2, 3 e 4, a seguir apresentado, possibilita visualizar a distribuição espacial da<br />
produção e a classificação dos continentes e países em termos de área cultivada, produção e rendimento<br />
médio alcançado, ensejando a construção de importantes inferências.<br />
Tabela 1. Área cultivada com inhame e taro no mundo, em 1.000 ha. Período: 1989-91 e 1999 a 2001.<br />
Local<br />
1989-91 1999 2000 2001<br />
inhame taro inhame taro inhame taro inhame taro<br />
Mundo 2.284 900 3.936 1.446 3.971 1.464 3.968 1.464<br />
África 2.154 703 3.793 1.271 3.832 1.289 3.832 1.289<br />
América Central 57 3 62 2 56 2 53 2<br />
América do Sul 41 1 51 1 54 1 53 1<br />
Ásia 15 147 14 128 14 128 14 128<br />
Oceania 17 46 16 44 16 44 16 44<br />
Brasil<br />
Fonte: FAO (2001)<br />
23 - 25 - 25 - 25 -<br />
Tabela 2. Produção de inhame e taro no mundo, em 1.000 t. Período: 1989-91 e 1999 a 2001.<br />
Local<br />
1989-91 1999 2000 2001<br />
inhame taro inhame taro inhame taro inhame taro<br />
Mundo 21.678 4.833 37.661 8.828 38.094 8.867 38.082 8.868<br />
África 20.490 2.801 36.206 6.647 36.660 6.690 36.662 6.693<br />
América Central 396 27 467 23 417 23 409 23<br />
América do Sul 317 13 496 4 524 4 518 4<br />
Ásia 208 1.686 225 1.875 226 1.871 225 1.868<br />
Europa 1 - 2 - 2 - 2 -<br />
Oceania 265 305 265 279 266 280 265 280<br />
Brasil 213 - 230 - 230 - 230 -<br />
Fonte: FAO (2001)
Tabela 3. Rendimento médio da cultura do inhame e do taro no mundo, em kg/ha. Período: 1989-91 a 2001.<br />
Local<br />
1989-91 1999 2000 2001<br />
inhame taro inhame taro inhame taro inhame taro<br />
Mundo 9.451 5.365 9.568 6.104 9.593 6.058 9.596 6.059<br />
África 9.466 3.977 9.546 5.230 9.568 5.191 9.567 5.193<br />
América Central 6.915 9.945 7.512 10.157 7.497 10.192 7.695 10.209<br />
América do Sul 7.897 10.889 9.662 5.388 9.775 5.388 9.754 5.388<br />
Ásia 14.314 11.509 15.861 14.618 15.764 14.628 16.071 14.618<br />
Europa 7.953 - 16.154 - 16.154 - 16.154 -<br />
Oceania 15.837 6.559 16.819 6.327 16.819 6.334 16.717 6.348<br />
Brasil 9.143 - 9.200 - 9.200 - 9.200 -<br />
Fonte: FAO (2001)<br />
Tabela 4. Principais países produtores de inhame e taro. Período: 2001.<br />
Países<br />
Área Cultivada<br />
(1.000 ha)<br />
Produção<br />
(1.000 t)<br />
inhame taro inhame taro<br />
Nigéria 2.742 587 26.201 3.886<br />
Costa do Marfim 270 265 2.923 365<br />
Gana 255 232 3.249 1.707<br />
Benin 155 1 1.773 4<br />
Camarões 58 - 260 -<br />
Togo 65 9 666 11<br />
Etiópia 65 - 250 -<br />
Sudão 57 - 137 -<br />
Rep. Centro Africana 53 38 360 100<br />
Congo 39 7 255 62<br />
Haiti 35 - 145 -<br />
Brasil 25 - 230 -<br />
Chade 24 40 230 38<br />
Papua Nova Guiné 12 31 220 170<br />
Japão 9 20 200 248<br />
Ruanda 2 48 4 90<br />
China - 84 - 1.463<br />
Mundo 3.968 1.464 38.082 8.868<br />
Fonte: FAO (2001)
Conforme se depreende, a África mantém a hegemonia internacional da produção dessas raízes.<br />
Concentra cerca de 96% da área colhida e do volume total produzido de inhame e 88% da área colhida e<br />
75,5% da produção de taro. Percebe-se que apenas quatro países do lado ocidental daquele continente<br />
(Nigéria, Costa do Marfim, Gana e Benin), centro de origem das introduções portuguesas de <strong>Dioscorea</strong><br />
<strong>cayennensis</strong> no Brasil, são responsáveis por quase 90% de todo o inhame e 67% do taro produzidos no<br />
mundo.<br />
Verifica-se que, nos últimos doze anos, esses agronegócios internacionais vivenciaram expressivo<br />
crescimento da produção física (75% para inhame e 83% para taro), reflexo, quase que exclusivamente, da<br />
expansão de área cultivada: 73,73% e 62,66%, respectivamente. A principal contribuição para esse panorama<br />
foi assegurada pela África, que aumentou a sua área colhida com esses vegetais em cerca de 80%. Todavia,<br />
esse quadro geral não é harmônico, observando-se, nesse período, uma tendência geral de decréscimo, com<br />
exceção da América do Sul, onde a área ocupada com taro manteve-se estagnada, mas a de inhame foi<br />
elevada em quase 30%. As reduções de inhame e taro, nos demais continentes, foram respectivamente da<br />
seguinte ordem: América Central, 7% e 33%; Ásia 6,67% e 13% e Oceania 6% e 4,35%.<br />
A análise concernente ao rendimento médio dessas culturas, entretanto, requer maior acuidade no<br />
tratamento dos dados, avaliando-se o comportamento diferenciado por espécie vegetal e por espaço<br />
geográfico de produção, evitando-se distorções decorrentes de generalizações.<br />
Em termos absolutos, o rendimento médio da cultura do inhame, no mundo, apenas cresceu 1,53%. Mas a<br />
avaliação do comportamento desta cultura em cada continente leva à constatação de que a África,<br />
provavelmente em função de instabilidade social e política, reduzida acumulação de capital e, por<br />
conseguinte, defasagem tecnológica, foi responsável por esse fraco desempenho naquele período, apenas<br />
avançando 1,06%. Nos demais continentes, os ganhos foram bem mais expressivos: a Oceania teve<br />
incremento de 5,55%, a América Central de 11,27%, a Ásia de 12,27%, a América do Sul de 23,51% e a<br />
Europa, onde somente Portugal tem área superior a um mil hectares, registrou-se 103,11%, atingindo 16.717<br />
kg/ha, marca deveras expressiva, porém ainda distante do recorde mundial alcançado pela ilha Solomon, na<br />
Oceania, de 24.500 kg/ha, segundo a FAO (2001).<br />
Em relação ao taro, o cenário é diferenciado. Os piores desempenhos foram da América do Sul e da<br />
Oceania, que, respectivamente, viram o rendimento médio despencar 50,51% e 3,21%. No caso da Oceania<br />
isso pode ser explicado, em parte, pela redução da área colhida (de 46 para 44 mil ha), mas, no caso da<br />
América do Sul, onde a área manteve-se constante, resta se responsabilizar o atraso tecnológico pelo<br />
débâcle. Na África, o crescimento foi de 30,57%, que, porém, não acompanhou o importante ritmo de<br />
incremento da área colhida, de 83,35%. Coube à América Central e, especialmente à Ásia, os melhores<br />
resultados, ao garantirem significativos ganhos em rendimento médio, perpetrando 2,65% e 27%.<br />
A análise de dados do comércio internacional dessas commodities (que, em sua fragilidade, incluem<br />
também as estatísticas referentes à castanha d’água chinesa 1 ), apresentados nas Tabelas 5 e 6,<br />
possibilita constatar que apenas ínfima parcela da produção mundial é transacionada no circuito<br />
internacional de mercadorias: média de 168,84 mil toneladas, entre 1995 a 2000, ou seja 0,44%. Por<br />
conseguinte, pode-se concluir que quase toda a produção é canalizada para os mercados internos dos países<br />
produtores e para o auto-consumo, especialmente de agricultores familiares, tipo responsável pela maior<br />
parte da oferta.<br />
É importante notar que, no rol de exportadores, figuram países sem tradição no cultivo do inhame e do<br />
taro, como EUA, Holanda, Austrália, Espanha, Reino Unido, Bélgica-Luxemburgo, Nova Zelândia, Grécia,<br />
Taiwan, Canadá, Alemanha, Indonésia, Itália, Coréia do Sul, África do Sul, Suécia, Hong-Kong, Argentina,<br />
Áustria, que, ao praticar a revenda, se aproveitam da crescente globalização de suas economias, fomentada<br />
por políticas de estímulo às exportações e investimentos em infra-estrutura física e de serviços, apropriandose<br />
de importante parcela do lucro e renda fundiária 2 de países produtores.<br />
As Tabelas 5 e 6 permitem ainda visualizar que há uma diferença entre os valores das exportações e das<br />
importações desses produtos. No período em apreço, em termos absolutos, esse gap médio foi de US$<br />
48,345 mil e, em 2000, assumiu o significativo montante de US$ 98.069 mil, destinados aos setores da<br />
1 Castanha d’água chinesa ou “ling” é uma planta aquática, com raízes tuberosas, extensamente usada como alimento, principalmente<br />
na cozinha chinesa. A Ásia consome largamente, mas a Europa e EUA também importam. Muito usada na farmacopéia, como<br />
remédio para elefantíase, reumatismo e problemas da pele. Utiliza-se, ainda, na ração de porcos.<br />
2 Renda fundiária, de acordo com o matiz marxista, é manifestação do fruto ou produto da terra, ou seja da propriedade fundiária, que<br />
é uma forma social historicamente determinada (como o capital e o trabalho) da terra monopolizada e que está em correspondência<br />
com o capital e pertence à mesma formação econômica da sociedade (capitalista). Portanto, a renda da terra (juntamente com o juro e<br />
o salário) é uma fração do valor do produto, expressando, assim, monetariamente porções de dinheiro, parcelas de preço. Logo, a<br />
renda fundiária é a forma em que se realiza e valoriza economicamente a propriedade fundiária. (Mesquita, 1998).
cadeia produtiva responsáveis pela intermediação e logística de distribuição, que, em sua maioria, se situam<br />
no Primeiro Mundo.<br />
Tabela 5. Evolução das exportações mundiais de inhame, taro e castanha d’água chinesa, 1995-2000.<br />
PAÍS<br />
QUANTIDADE (1.000 t) VALOR (US$ 1,000.00 FOB)<br />
1995 1996 1997 1998 1999 2000 1995 1996 1997 1998 1999 2000<br />
China 76,36 89,28 79,39 98,26 98,90 91,84 59.863 69.654 63.625 80.078 62.967 55.464<br />
Costa Rica 27,98 29,44 27,85 28,59 40,79 - 23.590 24.919 27.284 28.582 25.345 -<br />
México 16,62 19,33 24,34 18,30 26,64 - 3.904 6.710 4.474 4.851 5.758 -<br />
Malásia 2,99 5,27 2,98 6,06 10,80 - 474 511 434 601 1.229 -<br />
Colômbia 4,00 3,15 1,51 1,90 14,33 - 2.183 1.725 767 1.136 6.608 -<br />
Singapura 4,90 5,45 4,72 4,23 3,45 - 3.822 4.351 3.696 2.763 1.834 -<br />
EUA 3,93 3,60 2,98 3,12 3,15 3,50 3.284 3.486 2.320 2.860 2.563 3.208<br />
Brasil 1,54 1,77 3,18 3,08 3,92 4,30 1.312 1.436 2.199 2.245 2.176 2.314<br />
Gana - - - 7,56 8,03 - - - - 4.687 4.863 -<br />
Nicarágua 1,99 2,36 1,88 2,82 4,45 - 1.032 875 2.189 2.778 2.409<br />
Panamá 1,26 2,88 2,27 3,34 1,99 - 839 1.672 1.72 3.259 1.588<br />
Outros 11,72 39,74 13,44 11,32 12,18 6,13 9.510 12.103 17.660 9.864 11.425 7.533<br />
Total 153,28 172,27 164,54 188,58 228,63 105,77 109.813 127.442 124.727 143.704 128.765 69.413<br />
Fonte: PROMO (2002)<br />
Tabela 6. Evolução das importações mundiais de inhame, taro e castanha d’água chinesa, 1995-2000.<br />
PAÍS<br />
QUANTIDADE (1.000 t) VALOR (US$ 1,000.00 FOB)<br />
1995 1996 1997 1998 1999 2000 1995 1996 1997 1998 1999 2000<br />
Japão 33,42 88,29 63,10 61,79 66,09 81,07 24.176 85.568 71.466 69.770 61.000 68.369<br />
EUA 54,73 59,34 55,33 61,38 69,47 68,20 45.147 48.433 55.222 64.638 56.772 59.338<br />
Singapura 13,83 14,55 14,24 13,92 13,40 - 9.124 9.635 8.593 7.389 6.526 -<br />
Reino Unido 9,44 9,15 10,52 9,45 10,65 11,31 10.370 10.336 10.053 9.977 10.450 10.077<br />
Hong Kong 13,47 11,71 9,05 5,39 4,26 2,23 7.675 6.256 4.823 2.884 2.373 1.425<br />
Canadá 7,76 7,72 7,47 6,37 6,65 7,95 6.316 6.202 5.840 4.907 6.954 5.870<br />
Malásia 4,44 6,05 6,44 6,77 7,84 - 1.564 2.035 2.184 1.749 1.976 -<br />
N. Zelândia s.d. s.d. 5,53 5,97 6,36 6,93 6.145 7.233 5.908 4.737 5.424 4.637<br />
Nigéria 1,67 4,16 5,28 5,87 - - 130 189 181 190 - -<br />
França 2,03 2,92 2,46 2,74 5,40 4,12 2.490 2.758 2.376 2.687 4.553 3.551<br />
P. Baixos 1,52 1,40 1,85 2,86 4,20 - 1.705 1.557 1.696 1.792 2.358 -<br />
Espanha 2,39 1,84 1,57 0,99 3,31 6,98 1.905 1.477 955 531 2.086 3.766<br />
Brasil 0,23 0,09 0,02 0,05 0,002 0,002 371 154 39 14 10 7<br />
Outros 3,05 7,39 11,13 17,37 10,188 3,658 4.775 5.342 7.385 6.998 7.000 5.360<br />
Total 147,98 214,61 193,99 200,92 209,82 196,45 121.893 187.175 176.721 178.263 167.482 162.400<br />
Fonte: PROMO, 2002
Melhor visualização desse panorama é oferecida pelo Gráfico 1, a seguir apresentado, que enseja concluir<br />
que, entre 1995 e 2000, em média, essa diferença foi US$ 0.15/kg, ou seja RS$ 0,46/kg, no câmbio atual.<br />
Nessa relação comercial, é o segmento produtivo quem demonstra maior fragilidade. Isto fica patente ao se<br />
observar os dados relativos ao ano de menor valor médio de exportação (1999, quando a cotação situou-se<br />
em US$ 0.56/kg), percebendo-se que a margem dos segmentos de intermediação, naquele período, foi ainda<br />
maior (US$ 0.23/kg).<br />
Cotações (US$/kg)<br />
1<br />
0,9<br />
0,8<br />
0,7<br />
0,6<br />
0,5<br />
0,4<br />
0,82<br />
0,71<br />
0,87<br />
0,73<br />
0,91<br />
0,75<br />
0,88<br />
0,76<br />
0,79<br />
0,56<br />
0,82<br />
0,65<br />
1995 1996 1997 1998 1999 2000<br />
Importações<br />
Exportações<br />
Fig. 1. Cotações médias das exportações e importações de inhame, taro e castanha d’água chinesa, 1995 a<br />
2000.<br />
Fonte: MDIC/SECEX apud PROMO (2002)<br />
3. O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO DO <strong>INHAME</strong> E DO <strong>TARO</strong><br />
Quando os portugueses aportaram em terras brasileiras, certamente já encontraram o cultivo de<br />
dioscoreáceas, especialmente a <strong>Dioscorea</strong> trifida, cuja designação nativa em Tupi era ká rá, donde provêm a<br />
terminologia atual “cará”.<br />
A introdução da D. cayennesis e da D. rotundata deu-se durante a colonização, fruto do trânsito de<br />
mercadorias, nas inúmeras expedições portuguesas pela Costa Africana, em meio à busca do caminho da<br />
Índia. Esse produto consistia na base alimentar das populações da costa ocidental daquele continente, que,<br />
por conseguinte, chegaram a ser conhecidas como “civilizações do inhame”. A internação do taro<br />
(Colocasia esculenta), equivocadamente chamado de cará, da mesma sorte, foi promovida pelos lusos,<br />
resultante do processo de expansão do Império Português no Oriente, provavelmente entre 1510 e 1550,<br />
período em que, concomitantemente, se verifica a ocupação das terras brasileiras, a conquista da Índia (1510)<br />
com a hegemonia do comércio no oceano Índico, a expansão até a China, com o domínio de Macau (1513) e<br />
o desembarque em Nagasaqui, no Japão (1543). (IAPAR, 1994; Bueno, 1998).<br />
Passados cinco séculos, constata-se que o cultivo do inhame no Brasil experimentou expressivo<br />
crescimento, assegurando o 12 o lugar no ranking dos principais países produtores no mundo. Nas Américas,<br />
o Brasil ocupa o segundo posto, atrás apenas do Haiti e no Cone Sul é o primeiro colocado. Ressalte-se,<br />
contudo, que os reduzidos investimentos em ciência e tecnologia têm ameaçado a supremacia brasileira,<br />
implicando em baixo rendimento médio (9.200 kg/ha), inferior ao de concorrentes diretos, Colômbia (10.526<br />
kg/ha) e Venezuela (9.663 kg/ha) e de países africanos, representando apenas 37,55% do alcançado pela Ilha<br />
Solomon, na Oceania (24.500 kg/ha) e 41,40% em relação ao Japão (22.200 kg/ha). (FAO, 2001).<br />
O mesmo não se pode dizer em relação ao taro, pois as estatísticas internacionais nem sequer registram o<br />
Brasil, atestando que a área colhida é inferior a mil hectares.
Embora dispersa espacialmente, a produção brasileira dessas lavouras concentra-se nas regiões Nordeste e<br />
Sudeste, predominando a exploração familiar, que ocupa reduzidas áreas de plantio. A Tabela 10, construída<br />
a partir de dados da FAO (2001) e depoimentos de especialistas durante o “I Simpósio Nacional Sobre as<br />
Culturas do Inhame e do Cará”, ocorrido em Venda Nova do Imigrante-ES, de 23 a 26/04/01, possibilita<br />
visualizar este contexto:<br />
Tabela 7. Principais estados brasileiros produtores de inhame e taro, 2000.<br />
Estados Inhame (t) Taro (t)<br />
Paraíba 76.180 31<br />
Pernambuco 25.000 549<br />
Bahia 12.000 25<br />
Alagoas 6.808 5<br />
Rio de Janeiro - 29.288<br />
Minas Gerais 4.328 22.018<br />
São Paulo 2.631 6.541<br />
Espírito Santo 600 18.370<br />
Outros 102.453 -<br />
Total 230.000 76.827<br />
Fonte:SEAGRI (2000).<br />
O Brasil demonstra baixa competitividade em sua inserção no mercado internacional, principalmente em<br />
conseqüência do baixo rendimento médio e custo de produção mais elevado em relação aos principais<br />
concorrentes internacionais, onde a remuneração do fator trabalho é baixa e, em certos casos, há subsídio de<br />
Governo.<br />
A participação nacional no agribusiness mundial tem sido irrisória, embora demonstre crescimento<br />
sustentado, tendo avançado 28,76%, entre 1997 e 2001. Naquele período, a média exportada foi de 3.714<br />
toneladas. No ano passado, exportou-se cerca de 4.092 toneladas, que renderam US$ 1,925.543.00, ou seja<br />
menos de 4% da quantidade e 3% do valor dos negócios.<br />
No período em pauta, o Brasil exportou inhame e taro para dezoito países, dentre os quais destacaram-se<br />
os EUA, Reino Unido (Inglaterra, Escócia e Irlanda), Países Baixos (Holanda, Dinamarca e Noruega),<br />
Canadá e França, pois concentraram praticamente 99% do volume total comerciado (18.363.524 kg e US$<br />
10,690.587.00). São valores relativamente pequenos, ante o potencial brasileiro para expansão destas<br />
culturas, porém certamente importantes para a balança comercial brasileira, que se ressente dos reveses do<br />
Plano Real.<br />
As Tabelas 8 e 9, a seguir apresentadas, possibilitam visualizar o contexto deste cenário.<br />
A participação dos estados nas exportações brasileiras é apresentada na Tabela 10, adiante exposta. Como<br />
pode ser observado, o estado de São Paulo, embora não tenha expressividade na produção brasileira de<br />
inhame e taro (é o sétimo produtor de inhame e o quarto de taro), desponta como principal exportador<br />
nacional, certamente pelo fato de apresentar a melhor infra-estrutura de exportação agrícola do país<br />
(aeroportos e, especialmente, o Porto de Santos) e concentração de intermediários do processo de<br />
comercialização com penetração internacional (empresas de despacho, dealers etc.). Entretanto, a<br />
participação relativa daquele estado, no total exportado de inhame e taro pelo Brasil, vem diminuindo,<br />
passando de quase 78%, em 1998, para 47%, em 2001, aspecto demonstrado no Gráfico 2.<br />
Aspecto que merece destaque é o crescimento das exportações da região Nordeste, principalmente de<br />
Pernambuco, Paraíba e Bahia, que, em 1997, com um volume total de 806.728 kg, representavam 25,38%<br />
das exportações nacionais, percentual que, em 2001, saltou para 34,51%, em face aos investimentos na<br />
modernização dos portos, basicamente de SUAPE, em Pernambuco e de Salvador, na Bahia. Por<br />
conseguinte, no contexto nordestino, foram estes estados que mais cresceram proporcionalmente suas<br />
participações nas vendas externas: Pernambuco 272,57%, ao sair de um patamar de cerca de 174 t, em 1997,<br />
para aproximadamente 834 t, em 2001 e Bahia 201,97%, crescendo de pouco mais de 48 t, em 1997, para
quase 189 t, em 2001. Em contraponto, a Paraíba, maior produtor brasileiro de inhame (33% da produção<br />
nacional), viu sua participação percentual nas exportações ser reduzida em praticamente 48%, perdendo o<br />
status de maior exportador regional para Pernambuco.<br />
Tabela 8. Evolução da quantidade exportada pelo Brasil de inhame e taro por países de destino, 1997 a 2001.<br />
DESTINO<br />
EUA<br />
Reino Unido<br />
Países Baixos<br />
Canadá<br />
França<br />
Portugal<br />
Itália<br />
Japão<br />
Angola<br />
Alemanha<br />
Argentina<br />
Áustria<br />
Martinica<br />
Rússia<br />
PESO(KG)<br />
1997 1998 1999 2000 2001<br />
1.738.982<br />
851.143<br />
313.457<br />
205.057<br />
52.060<br />
-<br />
-<br />
7.494<br />
-<br />
-<br />
9.450<br />
108<br />
-<br />
42<br />
1.691.427<br />
794.147<br />
348.693<br />
206.250<br />
37.700<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
108<br />
-<br />
-<br />
1.684.957<br />
1.206.661<br />
373.575<br />
264.310<br />
373.255<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
30<br />
-<br />
-<br />
15.400<br />
-<br />
2.218.672<br />
1.118.562<br />
337.765<br />
236.064<br />
375.316<br />
17.880<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1.735.837<br />
1.357.174<br />
498.870<br />
202.167<br />
141.423<br />
150.362<br />
5.760<br />
94.545<br />
5<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
Total 3.177.793 3.078.325 3.918.188 4.304.259 4.091.898<br />
Fonte: MDIC/SECEX apud PROMO, 2002.<br />
Tabela 9. Evolução da receita de exportações brasileiras de inhame e taro por países de destino, 1997 a<br />
2001.<br />
DESTINO<br />
EUA<br />
Reino Unido<br />
Países Baixos<br />
Canadá<br />
França<br />
Portugal<br />
Itália<br />
Japão<br />
Angola<br />
Alemanha<br />
Argentina<br />
Áustria<br />
Martinica<br />
Rússia<br />
VALOR US$ (FOB)<br />
1997 1998 1999 2000 2001<br />
1.099.892<br />
581.954<br />
253.985<br />
126.181<br />
36.398<br />
-<br />
-<br />
94.545<br />
-<br />
-<br />
5.481<br />
75<br />
-<br />
50<br />
1.253.441<br />
560.661<br />
261.667<br />
147.600<br />
31.544<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
75<br />
-<br />
-<br />
906.992<br />
676.478<br />
210.819<br />
137.154<br />
227.446<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
42<br />
-<br />
-<br />
17.392<br />
-<br />
1.203.783<br />
591.058<br />
167.091<br />
118.976<br />
225.738<br />
7.578<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
894.908<br />
518.477<br />
271.730<br />
113.558<br />
83.056<br />
38.711<br />
3.360<br />
1.740<br />
3<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
Total 2.198.561 2.244.988 2.176.323 2.314.224 1.925.543<br />
Fonte: MDIC/SECEX apud PROMO, 2002.
Tabela 10. Evolução das exportações brasileiras de inhame e taro por estado de origem, 1997 a 2001.<br />
ORIGEM<br />
São Paulo<br />
Pernambuco<br />
Espírito Santo<br />
Paraíba<br />
Bahia<br />
Mato Grosso<br />
Santa Catarina<br />
Paraná<br />
Ceará<br />
Minas Gerais<br />
Goiás<br />
Outros<br />
PESO (KG)<br />
1997 1998 1999 2000 2001<br />
2.000.525<br />
173.880<br />
-<br />
584.480<br />
48.368<br />
-<br />
-<br />
351.388<br />
-<br />
19.152<br />
-<br />
-<br />
Fonte: MDIC/SECEX apud PROMO, 2002<br />
1.800.000<br />
1.600.000<br />
1.400.000<br />
1.200.000<br />
1.000.000<br />
800.000<br />
600.000<br />
400.000<br />
200.000<br />
0<br />
2.391.647<br />
13.500<br />
20.160<br />
260.700<br />
48.600<br />
-<br />
-<br />
343.718<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
2.291.796<br />
968.273<br />
200.149<br />
206.800<br />
78.864<br />
-<br />
-<br />
147.906<br />
24.200<br />
-<br />
200<br />
-<br />
2.253.586<br />
1.411.968<br />
384.226<br />
103.400<br />
92.519<br />
-<br />
16.560<br />
42.000<br />
-<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1997 1998 1999 2000 2001<br />
SÃO PAULO PERNAMBUCO PARAÍBA PARANÁ ESPÍRITO SANTO BAHIA<br />
Fig. 2. Evolução das exportações brasileiras, por estado, em US$, 1997 a 2001.<br />
Fonte: MDIC/SECEX apud PROMO (2002).<br />
1.928.147<br />
834.033<br />
421.158<br />
390.293<br />
188.092<br />
156.112<br />
140.000<br />
34.058<br />
-<br />
-<br />
-<br />
5<br />
No que concerne às cotações do inhame e do taro brasileiros vendidos no exterior, objeto do Gráfico 3,<br />
deve-se destacar que a média alcançada, no período de 1997 a 2001, foi de US$ 0.59/kg (no câmbio atual,<br />
onde US$ 1.00 está cotado em R$ 3,10, a correlação de preço, pois, seria de R$ 1,82/kg), quatro vezes e<br />
meia a média alcançada no mercado interno, que esteve em torno de R$ 0,40 (US$ 0.12/kg) na CEASA-BA e<br />
na CEAGESP.<br />
Salienta-se, entretanto, que as cotações médias auferidas pelo Brasil, naquele período, foram inferiores à<br />
média mundial. Por conjectura, imagina-se que isto se deva à pouca tradição brasileira no comércio<br />
internacional desses produtos e à baixa escala de exportações, fatores que reduzem o poder de barganha nas<br />
negociações. O que sugere que políticas de promoção comercial e incentivo à produção nacional podem<br />
contribuir para melhorar o desempenho do Brasil nesse agribusiness.
Percebem-se, ainda, que as cotações de inhame e taro sofreram redução entre 1997 e 2001. Após<br />
experimentar o pico em 1998, quando o produto brasileiro foi cotado, em média, a US$ 0.73, sucedeu uma<br />
gradual redução da ordem de 30%, atingindo-se US$ 0.54/kg. Contudo, o comportamento de preços, em<br />
2000, insinua recuperação, retomando-se o patamar anterior e superando a média do período. É preciso um<br />
processo mais aprofundado de investigação da elasticidade de demanda desse mercado, para uma análise<br />
mais precisa do quadro, certamente influenciado por fatores conjunturais.<br />
0,85<br />
0,75<br />
0,65<br />
0,55<br />
0,45<br />
0,35<br />
0,25<br />
0,15<br />
0,05<br />
0,69<br />
0,75<br />
0,73<br />
0,76<br />
0,56<br />
0,56<br />
1997 1998 1999 2000<br />
Mundial Brasil<br />
Fig. 3. Cotações médias das exportações mundiais e brasileiras de inhame e taro, em US$/kg, 1997<br />
a 2001.<br />
Fonte: MDIC/SECEX apud PROMO, 2002.<br />
Avaliando-se o mercado doméstico, a partir da interpretação de série histórica de dados procedentes de<br />
importantes centrais de abastecimento que comercializam inhame e taro, objeto da Tabela 11, verifica-se a<br />
ocorrência de variação de preços em função da flutuação da oferta destes produtos. Apreender estas<br />
informações é relevante para o processo de planejamento da comercialização.<br />
Tabela 11: Variação sazonal de oferta e preços de taro e inhame em centrais de abastecimento<br />
brasileiras selecionadas.<br />
Produto<br />
Inhame<br />
Central de Abastecimento Oferta Baixa<br />
x<br />
Preços Altos<br />
Oferta Média<br />
x<br />
Preços Médios<br />
CEASA - BA março a julho fevereiro, agosto e<br />
dezembro<br />
CEAGESP novembro e janeiro, fevereiro e<br />
dezembro<br />
outubro<br />
CEAGEPE janeiro a março e abril, maio, novembro e<br />
junho<br />
dezembro<br />
CEASA- MG novembro a janeiro fevereiro, março<br />
Taro<br />
setembro e outubro<br />
CEAGESP dezembro a março, abril<br />
fevereiro<br />
outubro e novembro<br />
Fonte: CEASA-BA, CEASA- MG CEAGESP, CEAGEPE, 2002<br />
0,65<br />
0,54<br />
Oferta Alta<br />
x<br />
Preços Baixos<br />
setembro a novembro e<br />
janeiro<br />
março a setembro<br />
julho a setembro<br />
abril a agosto<br />
maio a setembro
Percebe-se que praticamente há uma complementaridade nas cotações de inhame entre as centrais de<br />
abastecimento nordestinas e de São Paulo. Essa constatação poderá abalizar uma estratégia de venda para<br />
agricultores organizados socialmente e afinados com o mercado, ensejando melhor remuneração pelo<br />
produto. No caso específico do taro, cujo cultivo apenas tem relevância no eixo Sudeste-Sul, também se nota<br />
leve variação sazonal nas cotações entre centrais de abastecimento, que, da mesma sorte, subsidia a<br />
administração do negócio agrícola.<br />
Essa variação fica patente ao se observar os Gráficos 4 e 5, que representam os diferentes preços de<br />
inhame e taro praticados, em 2001, nas centrais de abastecimento de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e<br />
Bahia (CEAGESP, CEASA-MG, CEAGEPE e CEASA-BA). Vislumbra-se que as cotações de inhame são<br />
mais altas no Nordeste, em relação ao Sudeste, com maiores altas durante o inverno. Pernambuco demonstra<br />
cotação média cerca de 12% mais alta em relação à Bahia e melhores preços durante oito meses daquele ano.<br />
Isso se deve ao maior volume de negócios praticados, decorrentes da maior concentração de comerciantes<br />
naquela praça, visto que aquele estado foi o que demonstrou maior crescimento das exportações de inhame,<br />
nos últimos anos. No caso específico do taro, vê-se que Minas Gerais tem oferecido melhor remuneração ao<br />
longo do ano, em comparação a São Paulo, certamente em função de menor volume de oferta deste produto<br />
na praça. Somente nos meses de janeiro e fevereiro, na entressafra, São Paulo demonstrou primazia.<br />
1,40<br />
1,20<br />
1,00<br />
0,80<br />
0,60<br />
0,40<br />
0,20<br />
0,00<br />
Janeiro<br />
0,44<br />
0,85<br />
0,71<br />
0,52<br />
Fevereiro<br />
1,10<br />
0,78<br />
0,58<br />
0,48<br />
Março<br />
1,01<br />
0,85<br />
0,39<br />
1,04<br />
0,83<br />
0,52 0,5<br />
Abril<br />
0,36<br />
Maio<br />
1,03<br />
0,95<br />
0,45<br />
0,34<br />
Junho<br />
1,19<br />
0,99<br />
0,33<br />
1,09<br />
0,8<br />
0,35<br />
0,79<br />
0,68<br />
0,33<br />
0,35<br />
0,70<br />
0,58<br />
0,78<br />
0,51<br />
0,34<br />
0,79<br />
0,57<br />
0,44 0,42<br />
0,41<br />
0,48 0,52<br />
0,45<br />
Julho<br />
Agosto<br />
Setembro<br />
Outubro<br />
Novembro<br />
0,49<br />
Dezembro<br />
S.Paulo Bahia Pernambuco Minas Gerais<br />
Fig. 4. Variação sazonal de preços de inhame na CEAGESP, CEASA-MG, CEAGEPE e CEASA-BA, em R$/kg, 2001.<br />
1,2<br />
1<br />
0,8<br />
0,6<br />
0,4<br />
0,2<br />
0<br />
1,01<br />
0,75<br />
0,59<br />
0,5<br />
0,48 0,49 0,49<br />
0,38 0,41<br />
0,47 0,47<br />
0,36 0,36 0,37<br />
0,55 0,55 0,56<br />
0,4<br />
0,4<br />
0,7<br />
0,45 0,43<br />
Janeiro<br />
Fevereiro<br />
Março<br />
Abril<br />
Maio<br />
Junho<br />
Julho<br />
Agosto<br />
Setembro<br />
Outubro<br />
Novembro<br />
Dezembro<br />
CEAGESP CEASA-MG<br />
Fig. 5. Variação sazonal de preços de taro na CEAGESP e CEASA-MG, em R$/kg, 2001.<br />
0,58<br />
0,72<br />
0,72<br />
0,57<br />
0,46
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
As raízes estudadas neste ensaio compõem um importante agribusiness, cuja cadeia envolve cerca de 60<br />
países e realizam negócios internacionais superiores a US$ 160 milhões. A produção, basicamente, está<br />
sediada no Terceiro Mundo, principalmente na África, onde os investimentos em ciência e tecnologia são<br />
parcos devido à baixa concentração de capital, resultando em índices insatisfatórios de rendimento médio e,<br />
por conseguinte, insuficiente remuneração do trabalho dos agricultores familiares, tipo predominante no<br />
processo produtivo.<br />
O consumo vai desde o nobre uso como importantes alimentos, em virtude das ricas composições, até o<br />
emprego industrial. Os amidos extraídos têm grande aceitação comercial, devido à alta qualidade, sendo<br />
ingredientes das indústrias alimentícia, de cosméticos e farmacêutica, especialmente na síntese de cortisona e<br />
de hormônios esteróides. São, ainda, empregados na amilólise, que consiste na transformação de amido em<br />
açúcares solúveis por ação de fermentos hidrolíticos ou amilases, gerando, portanto, matéria-prima<br />
intermediária de alto valor agregado.<br />
Embora a produção brasileira dessas raízes, especialmente do inhame, venha experimentando<br />
significativo crescimento, os investimentos na geração de conhecimento e difusão de tecnologias, que<br />
resultam em ganhos em escala, são reduzidos. Os rendimentos médios alcançados nos plantios são baixos,<br />
ante os potenciais intrínsecos dessas plantas, implicando em tímida inserção comercial brasileira no contexto<br />
internacional. Ademais, os formuladores de políticas públicas para a agricultura nacional ainda não<br />
perceberam os ganhos que podem advir de negócios integrados para frente da cadeia produtiva, mediante a<br />
verticalização da produção, constituindo-se em importante e estratégica fonte de geração de emprego e renda.<br />
Enquanto isso, o Brasil continua alargando o caudal dos exportadores de commodities agrícolas, ou seja de<br />
oportunidades de agregação de valores, que, quase sempre, são gerados no Primeiro Mundo.<br />
Isso de todo não é ruim. Progressivamente, as exportações nacionais vêm crescendo, embora ainda<br />
ocupem apenas 3% do volume internacional de negócios. Em 2001, o Brasil exportou quase US$ 2 milhões,<br />
cifra que ajuda a combalida balança comercial brasileira.<br />
O Nordeste é o maior produtor nacional de inhame, cuja safra se dá no segundo semestre. Nesse período,<br />
portanto, há uma maior oferta nas feiras livres, redes de supermercados e nas centrais de comercialização,<br />
levando à conseqüente depressão dos preços. A análise da variação sazonal da oferta deste produto indica<br />
que o melhor período para venda, no Nordeste, é mutatis mutandis no primeiro semestre (principalmente de<br />
março a julho) e, em São Paulo, no final do ano (novembro e dezembro), quando se alcançam melhores<br />
cotações. No caso do taro, os melhores preços são conseguidos no verão.<br />
O conhecimento desse contexto é fundamental ao planejamento do negócio agrícola, buscando-se<br />
produzir em época oportuna, onde a remuneração é maior, mediante o auxílio de técnicas como a irrigação e<br />
expansão da fronteira de plantio para regiões cujas condições meteorológicas são propícias a este desiderato.<br />
Planejar o calendário agrícola, gerar e aperfeiçoar tecnologias que elevem a qualidade e o rendimento<br />
médio dos plantios, apoiar a organização social da produção, adequar mecanismos de política agrícola à<br />
realidade setorial, incentivar e promover as exportações são componentes fundamentais de estratégia que<br />
transforme em competitivas as potencialidades das culturas do inhame e do taro no Brasil.<br />
5. AGRADECIMENTOS<br />
Ao Centro Internacional de Negócios da Bahia – PROMO, na pessoa da sua Diretora Superintendente,<br />
Patrícia Orrico, pela pesquisa de mercado realizada, que subsidiou a elaboração deste trabalho.<br />
Aos colegas João Francisco Leal Teixeira e Domingos Antônio Melo Lins da Costa, da<br />
SEAGRI/Coordenação de Cooperativismo, pelo auxílio nas pesquisas e confecção de tabelas e gráficos.<br />
6. REFERÊNCIAS<br />
BUENO, E. A viagem do descobrimento – a verdadeira história da expedição de Cabral. Rio de Janeiro:<br />
Objetiva, 1998. 140 p. (Coleção Terra Brasilis, 1).<br />
COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO – CEAGESP. Inhame.<br />
São Paulo: CEAGESP, 2002. 2 p.
COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO – CEAGESP. Cará. São<br />
Paulo: CEAGESP, 2002. 2 p.<br />
CONCEIÇÃO, A. J. da. Apostilas de botânica sistemática – I o fascículo: ginospermas e<br />
monocotiledôneas. Cruz das Almas, BA: Universidade Federal da Bahia, Escola de Agronomia, 1981.<br />
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR. Produção de alimento para consumo doméstico<br />
no Paraná – caracterização e culturas alternativas. Londrina: IAPAR, 1994. p. 105-118.<br />
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO – FAO. Bulletin<br />
of statistic , vol. 2, n o . FAO: Itália (Roma), 2001.<br />
MESQUITA, A. S. Cooperativismo, cacauicultura e crise. Cruz das Almas, BA: Universidade Federal da<br />
Bahia, Escola de Agronomia, 1998.<br />
Centro Internacional de Negócios da Bahia – PROMO. Estatística Internacional e Nacional – exportação<br />
e importação de inhame, inhame branco e castanha d’água chinesa. Governo da Bahia, Secretaria da<br />
Indústria, Comércio e Mineração, 2002.<br />
REFERÊNCIAS CONSULTADAS<br />
ARAÚJO, J. F. Instruções técnicas para o cultivo do cará da costa irrigado . Juazeiro, BA: Empresa<br />
Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, 1999. 18 p.<br />
Bahia exporta inhame para França in A Tarde. Salvador, 18 set. 2000. Supl. A Tarde Rural.<br />
DIAS, Y. L. Inhame no Recôncavo – exportação ou diversificação de consumo. Muritiba, BA: EBDA,<br />
s.d.<br />
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Embrapa. Cultivo do cará. Teresina:<br />
Embrapa-Meio Norte, 1988. 19 p.<br />
EMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA – EBDA. Introdução do cará-da-costa<br />
irrigado no Sub-médio São Francisco (folder). Juazeiro: EBDA, s.d.<br />
Inhame do Recôncavo é exportado in Correio da Bahia. Salvador, 25 set. 2000.<br />
MESQUITA, A. S. Inhame na Bahia: a produção no caminho da competitividade. Revista Bahia Agrícola,<br />
Salvador, v.4, n. 2, nov. 2001.