Consenso - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
Consenso - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
Consenso - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
32 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 29, Nº 1, 2006 <strong>Consenso</strong><br />
E FISIOLOGIA NASAL<br />
ANATOMIA<br />
nariz é composto anatomicamente por duas partes: o<br />
O<br />
externo e as cavida<strong>de</strong>s nasais. Estas estruturas so-<br />
nariz<br />
influências ambientais com repercussões diretas no<br />
frem<br />
das rinites alérgicas e não-alérgicas. O conheci-<br />
quadro<br />
<strong>de</strong>talhado das estruturas nasais e como elas funciomento<br />
é fundamental para o diagnóstico, prognóstico e teranam<br />
das rinopatias.<br />
pêutica<br />
Pirâmi<strong>de</strong> nasal<br />
1.1.<br />
nariz externo é uma estrutura <strong>de</strong> forma piramidal,<br />
O<br />
base interior formada por tecidos ósseos, cartilagi-<br />
com<br />
e conjuntivos recobertos por pele e seus anexos. A<br />
nosos<br />
óssea é formada superiormente pelos ossos pró-<br />
porção<br />
do nariz, lateralmente pelos processos frontais da<br />
prios<br />
e inferiormente pela abertura piriforme da maxila e<br />
maxila<br />
As estruturas cartilaginosa e conjuntiva com-<br />
pré-maxila.<br />
a forma piramidal dos terços médios e inferiores<br />
pletam<br />
os pares <strong>de</strong> cartilagens laterais superiores, cartilagens<br />
com<br />
inferiores e cartilagens sesamói<strong>de</strong>s. As cartilagens<br />
laterais<br />
superiores mantêm íntima relação com os ossos<br />
laterais<br />
do nariz e processos frontais da maxila. Na parte<br />
próprios<br />
as cartilagens laterais superiores estão ligeiramen-<br />
inferior,<br />
abaixo das bordas cefálicas das cartilagens laterais infete<br />
Medialmente, elas se fun<strong>de</strong>m com o septo nasal<br />
riores.<br />
também conhecido como cartilagem qua-<br />
cartilaginoso,<br />
do septo nasal. Cada cartilagem nasal inferior<br />
drangular<br />
extensão medial chamada <strong>de</strong> crura medial, que for-<br />
possui<br />
a columela nasal e está separada da borda caudal do<br />
ma<br />
cartilaginoso por uma faixa <strong>de</strong> tecido conjuntivo co-<br />
septo<br />
como septo membranoso. As cruras laterais ou<br />
nhecido<br />
alares dirigem-se lateralmente, dando forma aos<br />
porções<br />
narinários, e se continuam com uma ou mais car-<br />
orifícios<br />
tilagens sesamói<strong>de</strong>s e tecido fibro-adiposo.<br />
Vestíbulo nasal<br />
1.2.<br />
vestíbulo nasal correspon<strong>de</strong> ao espaço entre a<br />
Cada<br />
nasal externa e a área formada no nível da borda<br />
abertura<br />
da cartilagem lateral superior. Ele é recoberto por<br />
caudal<br />
e apresenta pêlos ou vibrissas que servem como pri-<br />
pele<br />
barreira para a filtração do ar inspirado. A região <strong>de</strong>meira<br />
entre o septo cartilaginoso e a cartilagem lateral<br />
limitada<br />
é chamada <strong>de</strong> válvula nasal, cuja área é respon-<br />
superior<br />
por, aproximadamente, 50% da resistência respiratósável<br />
gerando diferentes gradientes <strong>de</strong> pressão entre as vias<br />
ria,<br />
e o ambiente, que, na realida<strong>de</strong>, garantem fluxo<br />
aéreas<br />
a<strong>de</strong>quado com baixíssimo gasto <strong>de</strong> energia. O<br />
ventilatório<br />
e a área valvular nasal po<strong>de</strong>m ser modificados pela<br />
ângulo<br />
dos músculos extrínsecos do nariz.<br />
ação<br />
acurada avaliação das válvulas nasais, tanto nos seus<br />
A<br />
anatômicos como nos fluxos ventilatórios das vias<br />
aspectos<br />
superiores e inferiores, é da maior importância no<br />
aéreas<br />
dos quadros obstrutivos nasais.<br />
estadiamento<br />
Septo nasal<br />
1.3.<br />
uma estrutura ósteo-cartilaginosa que divi<strong>de</strong> o nariz em<br />
É<br />
cavida<strong>de</strong>s nasais. Ele é formado pela cartilagem<br />
duas<br />
espinha anterior da maxila, vômer, lâmina<br />
quadrangular,<br />
do etmói<strong>de</strong> e ossos palatinos. Alterações do<br />
perpendicular<br />
das estruturas septais po<strong>de</strong>m acarretar <strong>de</strong>s-<br />
crescimento<br />
com comprometimento da fisiologia nasal, causando<br />
vios<br />
agravando o quadro clínico da rinossinusites.<br />
ou<br />
Pare<strong>de</strong> nasal lateral<br />
1.4.<br />
pare<strong>de</strong> nasal lateral apresenta inúmeras saliências e<br />
A<br />
além da presença <strong>de</strong> três importantes estrutu-<br />
<strong>de</strong>pressões,<br />
conhecidas como conchas, turbinas ou cornetos nasais.<br />
ras<br />
a concha inferior tem origem no osso<br />
Anatomicamente,<br />
a concha média no osso etmói<strong>de</strong> e a concha supe-<br />
maxilar,<br />
nos ossos etmói<strong>de</strong>s e esfenói<strong>de</strong>s. As conchas inferiores<br />
rior<br />
médias são as mais importantes na fisiologia nasal e ana-<br />
e<br />
tomicamente estão divididas no sentido ântero-posterior<br />
cabeça, corpo e cauda. Na visão coronal apresentam<br />
em:<br />
faces: medial ou septal, que se relaciona com o septo<br />
duas<br />
e lateral ou meatal, que se relaciona com os respec-<br />
nasal,<br />
meatos. As conchas nasais têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autivos<br />
o volume da mucosa nasal e regular o fluxo respimentar<br />
facilitando o condicionamento, filtração, umidificaratório,<br />
e aquecimento do ar inspirado, que será levado aos<br />
ção<br />
pulmonares.<br />
alvéolos<br />
ducto naso-lacrimal tem sua abertura no meato infe-<br />
O<br />
enquanto que no médio encontramos as aberturas dos<br />
rior,<br />
frontal, maxilar e células etmoidais anteriores, além<br />
seios<br />
processo unciforme, do hiato semilunar e da bolha et-<br />
do<br />
Estas estruturas formam o complexo óstio-meatal.<br />
moidal.<br />
células etmoidais posteriores e o seio esfenoidal drenam<br />
As<br />
no recesso esfeno-etmoidal, que se localiza<br />
diretamente<br />
da concha superior.<br />
abaixo<br />
Mucosa nasal<br />
1.5.<br />
mucosa nasal é revestida por epitélio colunar pseudo-<br />
A<br />
ciliado com pequenas áreas <strong>de</strong> transição, e<br />
estratificado,<br />
epitélio olfatório localizado no teto das fossas nasais.<br />
pelo<br />
mucosa e submucosa, encontramos células basais, co-<br />
Na<br />
células globosas, além <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> célulunares,<br />
inflamatórias, como linfócitos T e B, mastócitos, monólas<br />
neutrófilos, basófilos e eosinófilos. Há também grancitos,<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> glândulas serosas, mucosas e seromuco<strong>de</strong>sas.<br />
mucosa nasal é rica em estruturas vasculares e nervo-<br />
A<br />
O suprimento sangüíneo provém das artérias carótidas<br />
sas.<br />
e internas pelas artérias maxilares internas e of-<br />
externas<br />
respectivamente. A artéria maxilar interna se<br />
tálmicas,<br />
com a artéria esfenopalatina, que se divi<strong>de</strong> nas<br />
continua<br />
nasal lateral posterior e nasosseptal. Estas, por<br />
artérias<br />
vez, entram na cavida<strong>de</strong> nasal no nível do forame es-<br />
sua<br />
próximo à cauda da concha média, emitindo<br />
fenopalatino<br />
ramos por toda a extensão da mucosa nasal. Por<br />
inúmeros<br />
lado, a artéria oftálmica emite dois ramos, que são<br />
outro<br />
artérias etmoidais anterior e posterior, que atingem o<br />
as<br />
pelo teto dos ossos etmoidais e terminam em várias<br />
nariz<br />
e capilares que se juntam para formarem vê-<br />
anastomoses<br />
e veias. Na intimida<strong>de</strong> das conchas médias e inferionulas<br />
formam-se lagos venosos chamados plexos carvenores<br />
que são capazes <strong>de</strong> modificar a forma e o volume das<br />
sos,<br />
periodicamente. Este fenômeno é conhecido como<br />
conchas<br />
nasal. Tais modificações no volume sangüíneo da mu-<br />
ciclo<br />
nasal po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminadas por estímulos extrínsecosa<br />
ou intrínsecos, como: neurogênicos, alergênicos, físicos<br />
químicos, inflamatórios e psicogênicos. A irrigação da<br />
cos,<br />
nasal é feita a partir das artérias faciais, infra-or-<br />
pirâmi<strong>de</strong><br />
e supra-orbitrárias.<br />
bitárias<br />
drenagem linfática é feita principalmente para as re-<br />
A<br />
retrofaríngea e subdigástrica. O nariz é inervado pegiões<br />
ramos oftálmicos e maxilares do nervo trigêmeo. Fibras<br />
los<br />
parassimpáticas e sensoriais são responsáveis<br />
simpáticas,<br />
respostas aos estímulos da mucosa nasal com recep-<br />
pelas<br />
adrenérgicos, colinérgicos e peptidérgicos. As fibras<br />
tores<br />
têm origem na ca<strong>de</strong>ia ganglionar simpática es-<br />
simpáticas<br />
e as parassimpáticas no núcleo salivar superior.<br />
pinhal<br />
recentes comprovam que mediadores neuro-<br />
Estudos<br />
po<strong>de</strong>m estimular tanto as respostas simpáticas<br />
peptídicos<br />
as parassimpáticas. Atualmente, vários <strong>de</strong>les têm<br />
como<br />
ações comprovadas na mucosa nasal, entre eles as<br />
suas<br />
CGRP - peptí<strong>de</strong>o relacionado ao gene da cal-<br />
taquicininas:<br />
NKA - neurocinina A; peptí<strong>de</strong>o liberador <strong>de</strong> gastricitonina;<br />
VIP - peptí<strong>de</strong>o vasoativo intestinal; HMP - peptí<strong>de</strong>o hisna;<br />
- metionina; NY - neuropeptí<strong>de</strong>o Y; SP - substância<br />
tidina<br />
P.<br />
Transporte mucociliar<br />
1.6.<br />
revestimento mucoso nasal é rico em células ciliadas<br />
O<br />
cobertas por uma fina camada <strong>de</strong> muco, constituído por