Consenso - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia

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50 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 29, Nº 1, 2006 Consenso idiopática é caracterizada por obstrução nasal, goteja- te nasal posterior e rinorréia profusa. Normalmente mento e prurido nasal não estão presentes. espirros a história familiar para alergia como os testes Tanto são negativos. A dosagem de IgE é normal e o alérgicos nasal mostra pouco ou nenhum eosinófilo. Odo- citograma fortes (perfumes, cloro, solventes), irritantes (fumaça res cigarro), poeira, alterações da temperatura ambiente e de da umidade, podem funcionar como gatilho para desestabi- Quadro 10 - Efeito dos medicamentos sobre os sintomas de rinite alérgica Anti-histamínicos o sistema nervoso autônomo, levando a uma "hiperlizar da mucosa nasal". reatividade tratamento é feito com corticosteróide tópico nasal. O casos mais graves de obstrução nasal, um período cur- Em de corticosteróide oral pode ser necessário para alívio da to nasal e depois o tratamento pode ser mantido congestão corticosteróide tópico nasal e anticolínérgico. com principal objetivo do corticosteróide tópico nasal é O a obstrução nasal e, secundariamente, a rinorréia melhorar o gotejamento nasal posterior. e Espirros Rinorréia Obstrução nasal Prurido nasal Sintomas oculares oral ++ ++ + +++ ++ nasal ++ ++ + ++ 0 ocular 0 0 0 0 +++ Corticosteróides nasal +++ +++ +++ ++ ++ Cromonas nasal + + + + 0 ocular 0 0 0 0 ++ Descongestionantes nasal 0 0 ++++ 0 0 oral 0 0 +++ 0 0 Antileucotrienos 0 + ++ 0 ++ Modificado de van Cauwenberge et al. Consensus statement on the treatment of allergic rhinitis. Allergy 2000; 55(2):116-34. Rinite eosinofílica não-alérgica (RENA) 5.2.2. normalmente indivíduos acima dos 20 a 30 Acomete de idade, que apresentam sintomas perenes de espir- anos paroxísticos, rinorréia aquosa e prurido nasal, que se ros pela manhã e melhoram no final do dia. agravam causa da rinite eosinofílica não-alérgica não está defi- A Caracteriza-se pela presença de eosinofilia nasal, penida. desencadeamento de sintomas por irritantes inespecífilo associados a testes alérgicos cutâneos e níveis de IgE cos, normais. sérica 30% dos pacientes com RENA têm Aproximadamente nasais e, em alguns casos, podem representar um pólipos inicial de reação idiossincrásica à aspirina. estágio tratamento baseia-se na remoção dos agentes irritan- O da mucosa nasal, remoção cirúrgica dos pólipos nasais tes necessário) e corticosteróides tópicos nasais. Recomen- (se evitar o uso de acido acetil-salicílico e de antiinflada-se não-hormonais correlatos. matórios quadro 11 sumariza aspectos clínicos e alterações la- O nos diferentes tipos de rinite. boratoriais Rinite hormonal 5.2.3. tipo de rinite pode ocorrer na gravidez, durante a Este menstruação, com o uso de contraceptivos orais, hipoti- e acromegalias. Durante a gestação, ocorrem reoidismo alterações hormonais e sangüíneas que podem in- várias a permeabilidade nasal (?). A progesterona relaxa fluenciar musculatura lisa dos vasos nasais elevando o volume a e o estrógeno eleva o componente do ácido hia- sangüíneo e inibe a acetilcolinesterase, provocando predomílurônico do SNA parassimpático na submucosa nasal, causando nio da mucosa nasal. edema rinite da gravidez é caracterizada por congestão nasal A espirros, prurido ou rinorréia e ocorre mais comumen- sem durante o segundo e terceiro trimestre de gestação. Emte deva existir um diálogo com o médico obstetra da pabora o uso adequado do corticosteróide, particularmente ciente, tópico intranasal, de pouca absorção, parece ser um mé- o seguro de tratamento. Podem ser também utilizados todo cromoglicato dissódico e descongestio- an-ti-histamínicos, sistêmicos, como a pseudoefedrina por períodos nantes em virtude de possíveis efeitos sobre a vasculari- curtos, placentária. zação hipotireoidismo induz a liberação do hormônio tireo- O que estimula a produção do ácido mucopolissacarítrófico, com aumento da turgicidade e edema das conchas deo, congestão do tecido subcutâneo, hipertrofia de nasais, mucosas e conseqüente obstrução nasal. glândulas
Consenso Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 29, Nº 1, 2006 51 Quadro 11 - Aspectos clínicos e alterações laboratoriais nos diferentes tipos de rinite Tipos de Rinite familiar História alergia de sérica IgE específica Citograma nasal alérgico Teste cutâneo nasal Obstrução Espirros Pruridos Alérgica + + + + + + + Idiopática - - - - + - + RENA* - - + - +/- + + rinite eosinofílica não alérgica Rinite induzida por drogas 5.2.4. 5% das rinites crônicas e é caracterizada Representa congestão nasal rebote com edema, vermelhidão, por e friabilidade da mucosa nasal. Este é o engurgitamento final do uso prolongado de vasoconstritores nasais efeito ou por drogas sistêmicas, especialmente os anti- tópicos como: reserpina, guanitidina, fentolamina, hipertensivos, inibidores da ECA, prazosina e beta-bloqueado- metildopa, e ainda por outras drogas, como: aspirina, antiinflares, não-hormonais, beta-bloqueadores oftálmicos de matórios tópico e clorpromazina, além dos contraceptivos orais uso drogas por aspiração, como a cocaína. e a rinite medicamentosa deve-se ao uso Classicamente, e prolongado de vasoconstritores tópicos nasais, e abusivo efeito rebote de vasodilatação que pode se conseqüente permanente devido à atonia vascular. tornar tratamento da rinite medicamentosa por uso de va- No tópicos nasais, deve-se investigar e tratar a soconstrictores que levou o paciente a fazer uso prolongado do fár- causa como as alterações anatômicas nasais. Na primeira maco, deve-se suspender o descongestionante tópico, instância, lavagens salinas nasais e usar corticosteróides sistê- fazer e/ou tópicos e descongestionantes sistêmicos. Se as micos forem de caráter permanente, a cirurgia de con- alterações chas nasais inferiores deve ser indicada. Rinite por irritantes 5.2.5. sintomas deste tipo de rinite podem ser desencadea- Os pela inalação de diversos produtos químicos e gases, dos de óleo diesel, drogas, fatores físicos, como ar partículas frio ou seco e exposição excessiva à luz. Quando tal muito ocorre em ambientes de trabalho, constitui a rinite reação ocupacional. agentes irritantes atuam diretamente sobre as termi- Os nervosas da mucosa, provocando mecanismos renações ou também vasodilatação intensa com transudação flexos, líquido, através do sistema nervoso autônomo paras- de Isto leva à obstrução nasal, rinorréia aquosa e simpático. que variam conforme o tipo e a concentração dos espirros, inalados. Dependendo da substância, poderá ha- produtos degranulação de mastócitos por mecanismo imunológiver ou não imunológico. co rinite provocada ou piorada por poluição incide cada A mais nos centros urbanos com grande número de in- vez e veículos automotores. Os principais determinandústrias destes quadros são denominados poluentes extra-dotes monóxido e dióxido de carbono, compostos de miciliares: e de nitrogênio, compostos orgânicos, compostos enxofre material particulado e ozônio. Partículas de halogenados, diesel levam a reação inflamatória crônica. Por serem óleo de toda a mucosa respiratória, agravam doenças irritantes das vias aéreas, contribuem para o apareci- respiratórias de novos problemas (se houver predisposição), por mento efeito cancerígeno ou mesmo potencializador alergêni- seu Tais poluentes podem causar danos à mucosa respiraco. mesmo quando seus níveis em suspensão no ar estitória, Coriza dentro do que se considera aceitável. Estas rinites verem nos períodos de inversão térmica. pioram poluição intra domiciliar é também fator associado a A A "Síndrome do Edifício Enfermo" abrange grande rinites. de sintomas respiratórios relacionados à inade- variedade dos sistemas internos de condicionamento e circuquação do ar nos edifícios. Dentre outros poluentes intra dolação a fumaça do cigarro destaca-se como um promiciliares, mundial de saúde pública, com efeitos carcinogêniblema e irritantes para fumantes ativos e passivos. A irritação cos mucosa resulta em produção excessiva de muco, espes- da do revestimento epitelial, diminuição da freqüênsamento do batimento ciliar, retenção de secreção com os polucia nela contidos, além da reconhecida predisposição às entes recorrentes (rinossinusites, otites). infecções diagnóstico se faz pela história e, não raro, há dificul- O em se identificar o agente causal. Na rinoscopia antedade o achado é a importante congestão da mucosa, princirior, das conchas inferiores, com rinorréia intensa. palmente tratamento visa afastar o indivíduo preventivamente O áreas poluídas e do contato com as substâncias irritan- das Podem ser usados medicamentos sintomáticos por via tes. ou sistêmica. Medidas que visam controlar fontes tópica devem ser tornadas pelos órgãos governamen- poluentes competentes, com a colaboração da sociedade envoltaisvida. Rinite na alimentação 5.2.6. isolada provocada por alergia alimentar é rara. Os Rinite nasais podem ser provocados pelo alimento ou sintomas nele contidos. Alimentos muito quentes ou muito aditivos podem desencadear a "rinorréia gustatória", temperados também a prurido, obstrução e espirros. A cap- associada presente na pimenta, parece ter importância neste saicina, Rinite e asma podem ocorrer em pacientes que processo. por contato profissional, farinhas de trigo, milho, inalam, centeio e cevada, assim como sementes oleagino- aveia, e podem determinar uma doença ocupacional. sas, bebidas alcoólicas produzem vasodilatação e obstru- As nasal, podendo também provocar alergia ou hipersenção a algum dos seus componentes. Os sulfitos são sibilidade fortemente associados à deflagração de qua- conservantes respiratórios e urticária; flavorizantes mentolados redros têm sido descritos como desencadeantes de centemente e asma. A alergia ao leite de vaca, em crianças muito rinite é uma hipótese freqüentemente aventada nos pequenas, alérgicos e infecciosos de vias aéreas superiores. distúrbios diagnóstico nas rinites alimentares é de difícil dedução O confirmação. Podem ser necessários testes in vitro e e in vivo (cutâneos), dietas de exclusão e (RAST) até se comprovar a relação causal. reintrodução tratamento da rinite por alimentos baseia-se na restri- O dos alimentos desencadeantes. No caso da rinite gusção pode-se indicar o brometo de ipratrópio por via tatória, tópica.
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