Consenso - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
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46 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 29, Nº 1, 2006 <strong>Consenso</strong><br />
recentes sugerem que estes anti-histamínicos<br />
Trabalhos<br />
ação anti-H4, <strong>de</strong>sta forma bloqueiam a quimio-<br />
apresentam<br />
e ativação <strong>de</strong> eosinófilos e reduzem a congestão nataxiasal.<br />
Descongestionantes<br />
3.7.2.2<br />
<strong>de</strong>scongestionantes nasais são drogas pertencentes<br />
Os<br />
grupo dos estimulantes adrenérgicos ou adrenomimé-<br />
ao<br />
cuja ação principal é vasoconstrição. Como efeitos<br />
ticos,<br />
po<strong>de</strong>m provocar hipertensão, cefaléia, ansie-<br />
in<strong>de</strong>sejáveis<br />
tremores e palpitações. Doses altas po<strong>de</strong>m provocar<br />
da<strong>de</strong>,<br />
vômitos e até mesmo convulsões e arritmias car-<br />
náuseas,<br />
díacas.<br />
acordo com a via <strong>de</strong> aplicação, são divididos em dois<br />
De<br />
oral e tópico intra-nasal. O mais importante exem-<br />
grupos:<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>scongestionante oral é a pseudoefedrina, muito<br />
plo<br />
em associação a anti-histamínicos H1, como apre-<br />
utilizada<br />
nas tabelas 9 e 10.<br />
sentados<br />
produto <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>scongestionante associado a<br />
Outro<br />
H1, porém utilizado com menor freqüên-<br />
anti-histamínicos<br />
é a fenilefrina.<br />
cia,<br />
<strong>de</strong>scongestionantes tópicos nasais <strong>de</strong>vem ser usados<br />
Os<br />
máximo por cinco dias. Tais medicamentos <strong>de</strong>vem ser<br />
no<br />
em lactentes pelo risco <strong>de</strong> intoxicação grave que<br />
evitados<br />
ocorrer. Devem ser evitados, também, em idosos pa-<br />
po<strong>de</strong><br />
que sejam oelo risco <strong>de</strong> hipertensão e retenção urinária.<br />
ra<br />
<strong>de</strong>scongestionantes tópicos nasais po<strong>de</strong>m ser classi-<br />
Os<br />
ficados em três gran<strong>de</strong>s grupos como mostra a tabela 11.<br />
Tabela 11 – Descongestionantes tópicos nasais<br />
aromáticas<br />
Aminas<br />
Efedrina<br />
•<br />
• Fenilefrina<br />
alifáticas<br />
Aminas<br />
tuaminoeptano<br />
•<br />
imidazólicos<br />
Derivados<br />
nafazolina<br />
•<br />
• oximetazolina<br />
• xilometazolina<br />
• fenoxazolina<br />
Corticosterói<strong>de</strong>s<br />
3.7.2.3<br />
corticosterói<strong>de</strong>s agem através do controle da síntese<br />
Os<br />
Quando administrados, seja por via tópica ou sis-<br />
protéica.<br />
as moléculas livres do esterói<strong>de</strong> atravessam a<br />
têmica,<br />
celular por difusão passiva e penetram no cito-<br />
membrana<br />
on<strong>de</strong> se ligam aos receptores para os glicocorticóiplasma,<br />
(GCs). Após esta associação, o complexo glicocorticói<strong>de</strong>s<br />
(CG-R) ativado transloca-se para o núcleo ce<strong>de</strong>-receptor<br />
on<strong>de</strong> se liga ao DNA nuclear em sítios <strong>de</strong>nominados<br />
lular,<br />
promotores <strong>de</strong> resposta ao glicocorticói<strong>de</strong>. O<br />
elementos<br />
<strong>de</strong>sta interação é o aumento da transcrição <strong>de</strong><br />
resultado<br />
para a síntese <strong>de</strong> proteínas que inibem o processo<br />
genes<br />
como a lipocortina-1 ou a inibição da síntese<br />
inflamatório,<br />
proteínas inflamatórias, como as citocinas (quadro 4).<br />
<strong>de</strong><br />
GCs são altamente lipofílicos, apresentam captação<br />
Os<br />
e aumentada pela mucosa, maior retenção nos teci-<br />
rápida<br />
e maior habilida<strong>de</strong> para alcançar o receptor <strong>de</strong> cortidos<br />
Após sua ligação aos receptores, os GCs po<strong>de</strong>m<br />
costerói<strong>de</strong>.<br />
ou inibir a expressão gênica por processos <strong>de</strong>no-<br />
aumentar<br />
transativação e transrepressão, respectivamente.<br />
minados<br />
GCs transativam por exemplo o gene do receptor beta-<br />
Os<br />
adrenérgico e po<strong>de</strong>m, conseqüentemente, facilitar a ação<br />
2<br />
dos beta-2 agonistas. Entretanto, a maio-<br />
broncodilatadora<br />
dos genes transativados pelos GCs estão possivelmente<br />
ria<br />
em efeitos colaterais incluindo a hipertensão, o<br />
envolvidos<br />
a hipocalemia, o glaucoma e o diabetes. Por outro<br />
e<strong>de</strong>ma,<br />
pelo mecanismo <strong>de</strong> transrepressão os GCs “inibem” a<br />
lado,<br />
dos fatores <strong>de</strong> transcrição AP-1 e NF-κΒ, diminuindo a<br />
ação<br />
<strong>de</strong> mediadores inflamatórios, possivelmente pela<br />
produção<br />
da acetilação das histonas. Aceita-se que este seja<br />
inibição<br />
mecanismo <strong>de</strong> atuação mais importante dos GCs nas<br />
o<br />
inflamatórias.<br />
doenças<br />
Quadro 4 - Efeitos antiinflamatórios dos corticosterói<strong>de</strong>s<br />
Eosinófilos:<br />
redução <strong>de</strong> eosinófilos circulantes<br />
•<br />
• inibição do recrutamento e ativação na mucosa<br />
• indução direta <strong>de</strong> apoptose (morte celular)<br />
T:<br />
Linfócitos<br />
inibição da síntese <strong>de</strong> citocinas<br />
•<br />
• redução <strong>de</strong> linfócitos CD4/TH2 no epitélio é lâmina<br />
própria<br />
redução <strong>de</strong> linfócitos T ativados após provocação<br />
•<br />
nasal<br />
Mastócitos<br />
redução do número <strong>de</strong> mastócitos no epitélio e<br />
•<br />
lâmina própria<br />
• redução do influxo celular na resposta <strong>de</strong> fase tardia<br />
Macrófagos<br />
inibição da síntese <strong>de</strong> citocinas<br />
•<br />
Apresentadora <strong>de</strong> Antígeno:<br />
Célula<br />
<strong>de</strong>saparecimento da célula <strong>de</strong> Langerhans do<br />
•<br />
epitélio<br />
• diminuição do número <strong>de</strong> células <strong>de</strong>ndríticas<br />
Epiteliais:<br />
Células<br />
inibição da síntese <strong>de</strong> citocinas<br />
•<br />
• diminuição da liberação <strong>de</strong> mediadores<br />
Endoteliais:<br />
Células<br />
inibição do aumento <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> capilar<br />
•<br />
Mucosas:<br />
Glândulas<br />
diminuição da secreção <strong>de</strong> muco<br />
•<br />
Corticosterói<strong>de</strong> tópico nasal<br />
3.7.2.4<br />
esterói<strong>de</strong>s intranasais constituem opção terapêutica<br />
Os<br />
e segura para a rinite alérgica. A vantagem da apli-<br />
efetiva<br />
tópica é a menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong><br />
cação<br />
sistêmicos. Apesar disso, todos os corticosterói<strong>de</strong>s<br />
efeitos<br />
uso tópico são absorvidos e exibem efeitos sistêmicos,<br />
<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pendência da dose e da formulação empregadas.<br />
na<br />
opções <strong>de</strong> formulações para uso tópico nasal incluem<br />
As<br />
dipropionato <strong>de</strong> beclometasona (BDP), a flunisolida (não<br />
o<br />
em nosso meio), a acetonida <strong>de</strong> triamcinolona<br />
disponível<br />
a bu<strong>de</strong>sonida (BUD), o propionato <strong>de</strong> fluticasona (FP)<br />
(TA),<br />
o furoato <strong>de</strong> mometasona (MF). Com exceção do FP, da<br />
e<br />
(quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>) e do MF (dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>),<br />
BUD<br />
corticosterói<strong>de</strong>s intranasais são aprovados para uso aci-<br />
os<br />
dos seis anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
ma<br />
dose recomendada varia <strong>de</strong> uma a duas instilações em<br />
A<br />
narina uma a duas vezes ao dia, conforme o produto<br />
cada<br />
a intensida<strong>de</strong> dos sintomas, não sendo recomendável ex-<br />
e<br />
a dose <strong>de</strong> 400mcg (ou 440mcg) por dia. Após utilizar<br />
ce<strong>de</strong>r<br />
dose inicial por cerca <strong>de</strong> duas semanas, recomenda-se a<br />
a<br />
do paciente, procurando se estabelecer a me-<br />
reavaliação<br />
dose <strong>de</strong> manutenção capaz <strong>de</strong> controlar e fetivamente<br />
nor<br />
os sintomas nasais. O quadro 5 lista as opções <strong>de</strong> corticos-