Consenso - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
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<strong>Consenso</strong> Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 29, Nº 1, 2006 41<br />
Pontos importantes<br />
da rinite alérgica é clínico:<br />
Diagnóstico<br />
sintomas<br />
•<br />
• história pessoal e familiar <strong>de</strong> atopia<br />
• exame físico<br />
diagnósticos auxiliares na rinite alérgica:<br />
Recursos<br />
etiológico<br />
•<br />
o teste cutâneo por punctura<br />
o IgE sérica específica<br />
o provocação nasal<br />
• citologia nasal<br />
• exames inespecíficos<br />
o IgE total, bacterioscopia, bacteriologia, rinomano-<br />
metria, rinometria acústica, exames radiológicos e<br />
biópsia<br />
3.6. Co-morbida<strong>de</strong>s<br />
Respirador bucal<br />
3.6.1.<br />
como ronco e/ou respiração bucal afetam entre<br />
Queixas<br />
e 26% da população pediátrica. O crescimento ina<strong>de</strong>-<br />
3%<br />
do complexo <strong>de</strong>nto-facial é resultado <strong>de</strong> fatores gequado<br />
funcionais e ambientais. Dentre as causas mais<br />
néticos,<br />
<strong>de</strong> respiração bucal encontram-se a rinite alér-<br />
freqüentes<br />
e/ou a hipertrofia a<strong>de</strong>noamigdaliana. Quando as crigica<br />
apresentam respiração bucal por tempo prolongado<br />
anças<br />
durante a fase <strong>de</strong> crescimento facial po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver<br />
e<br />
síndrome da face alongada. O diagnóstico correto e a<br />
a<br />
atuação sobre a causa são essenciais para se evitar<br />
pronta<br />
<strong>de</strong>formida<strong>de</strong>, assim como a prevenção das complica-<br />
esta<br />
ções a ela associadas.<br />
Otites<br />
3.6.2.<br />
alteração da tuba auditiva, funcional ou anatô-<br />
Qualquer<br />
compromete seu funcionamento. Em pacientes atópimica,<br />
a inflamação alérgica po<strong>de</strong> comprometer os extremos<br />
cos<br />
tuba auditiva, tanto na rinofaringe como na orelha mé-<br />
da<br />
Pacientes com rinite alérgica têm, potencialmente,<br />
dia.<br />
riscos <strong>de</strong> apresentarem disfunção tubária, princi-<br />
maiores<br />
durante a infância. A confirmação da relação enpalmente<br />
rinite alérgica e otites ainda merece novos estudos astre<br />
como para a relação entre otite média, rinite alérgica e<br />
sim<br />
alergia à proteína do leite <strong>de</strong> vaca.<br />
Rinossinusite<br />
3.6.3.<br />
utilização do termo "rinossinusite alérgica" se <strong>de</strong>ve<br />
A<br />
a três fatores: a) estudos epi<strong>de</strong>miológicos<br />
principalmente<br />
incidência aumentada <strong>de</strong> rinite alérgica em pa-<br />
sugerindo<br />
com rinossinusite; b) adoção do termo rinossinusite<br />
cientes<br />
"continuum" da mucosa nasal com a sinusal, e c) faci-<br />
pelo<br />
em explicar o mecanismo fisiopatológico pelo qual a<br />
lida<strong>de</strong><br />
alérgica po<strong>de</strong> causar rinossinusite, via e<strong>de</strong>ma e hi-<br />
rinite<br />
da mucosa nasossinusal e obstrução do óstio<br />
persecreção<br />
seios paranasais, com conseqüente estase <strong>de</strong> muco, o<br />
dos<br />
favorece a infecção bacteriana secundária.<br />
que<br />
estudos epi<strong>de</strong>miológicos questionam esta relação<br />
Outros<br />
rinite alérgica e a rinossinusite e uma hipótese que<br />
entre<br />
possa explicar estas diferenças é a interpretação da<br />
talvez<br />
e da tomografia computadorizada <strong>de</strong> seios da<br />
radiografia<br />
on<strong>de</strong> se confun<strong>de</strong>m alterações inflamatórias assim-<br />
face,<br />
tomáticas da mucosa sinusal com alterações infecciosas.<br />
atópicos, assintomáticos para sinusite infecciosa, o<br />
Em<br />
da mucosa paranasal po<strong>de</strong> apresentar<br />
comprometimento<br />
extensão, principalmente entre os asmáticos.<br />
maior<br />
seja uma hipótese atrativa, ainda faltam publi-<br />
Embora<br />
<strong>de</strong> estudos prospectivos sobre a incidência <strong>de</strong> rinoscações<br />
aguda ou crônica em indivíduos alérgicos, que<br />
sinusite<br />
a rinite alérgica como fator <strong>de</strong> risco para insta-<br />
comprovem<br />
da rinossinusite infecciosa. Recomenda-se que pacilação<br />
com rinossinusite crônica ou recorrente, principalentes<br />
com indicação cirúrgica, <strong>de</strong>vam ser avaliados do<br />
mente<br />
<strong>de</strong> vista alérgico (interrogatório, testes cutâneos e<br />
ponto<br />
e tratados, caso se confirme a presença <strong>de</strong> rinite<br />
outros)<br />
antes <strong>de</strong> submetê-los à intervenção cirúrgica e/ou<br />
alérgica,<br />
pós-operatório, até que novos estudos avaliem esta<br />
no<br />
possível co-morbida<strong>de</strong>.<br />
Asma<br />
3.6.4.<br />
proporção <strong>de</strong> indivíduos com sintomas <strong>de</strong> rinite, em<br />
A<br />
<strong>de</strong> asmáticos, po<strong>de</strong> chegar a 100%, conforme <strong>de</strong>-<br />
grupos<br />
estudo longitudinal <strong>de</strong> Linnemberg et al., na Dinamonstra<br />
Por outro lado, é freqüente encontrar hiperreativimarca.<br />
brônquica entre pacientes com rinite. A rinite, seja<br />
da<strong>de</strong><br />
alérgica ou não-alérgica, está associada a forte risco<br />
ela<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> asma, conforme tem sido <strong>de</strong>-<br />
para<br />
por diversos estudos <strong>de</strong> coorte nos Estados Unimonstrado<br />
e na Europa.<br />
dos<br />
<strong>de</strong>sta associação epi<strong>de</strong>miológica, a existência <strong>de</strong><br />
Além<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antes comuns, a semelhança do processo<br />
fatores<br />
da mucosa nasal e brônquica, a <strong>de</strong>monstração<br />
inflamatório<br />
existência <strong>de</strong> inflamação nasal em asmáticos sem sinto-<br />
da<br />
<strong>de</strong> rinite, e <strong>de</strong> inflamação brônquica em pacientes com<br />
mas<br />
sem sintomas <strong>de</strong> asma, bem como a indução <strong>de</strong> in-<br />
rinite<br />
brônquica por provocação nasal com alérgenos, e<br />
flamação<br />
inflamação nasal por provocação brônquica, são evidên-<br />
<strong>de</strong><br />
que favorecem a teoria da doença única da via aérea,<br />
cias<br />
que a rinite e a asma são consi<strong>de</strong>radas manifestações<br />
em<br />
uma mesma doença.<br />
<strong>de</strong><br />
compreensão da inter-relação entre rinite e asma nes-<br />
A<br />
paradigma <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> fisiopatológica e clínica, tem<br />
te<br />
práticas importantes. Em primeiro lugar, é pre-<br />
implicações<br />
atentar para manifestações <strong>de</strong> asma entre pacientes<br />
ciso<br />
rinite, bem como manifestações <strong>de</strong> rinite entre os que<br />
com<br />
com asma. Negligenciar a rinite do asmático dificul-<br />
sofrem<br />
o controle da doença e limita o benefício do tratamento<br />
ta<br />
a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente. Falha na i<strong>de</strong>ntifica-<br />
sobre<br />
<strong>de</strong> asma entre pacientes com rinite po<strong>de</strong> resultar em<br />
ção<br />
no tratamento e, conseqüentemente, no controle<br />
retardo<br />
problema. Em segundo lugar, reconhecer que na asma<br />
do<br />
na rinite há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> achados <strong>de</strong> alterações sinu-<br />
e<br />
indistinguíveis <strong>de</strong> sinusopatias infecciosas por métodos<br />
sais<br />
imagem, por conseguinte, em casos corriqueiros. Vale<br />
<strong>de</strong><br />
o quadro clínico do que o resultado <strong>de</strong> uma radiogra-<br />
mais<br />
<strong>de</strong> seios paranasais ou <strong>de</strong> uma tomografia computadorifiazada.<br />
estudos têm <strong>de</strong>monstrado que o tratamento da<br />
Vários<br />
reduz a morbida<strong>de</strong> da asma. Todavia, em ensaio con-<br />
rinite<br />
recente, Dahl et al, não conseguem <strong>de</strong>monstrar<br />
trolado<br />
protetor do tratamento da rinite, com corticosterói<strong>de</strong><br />
efeito<br />
sobre o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> sintomas da asma sa-<br />
tópico,<br />
Metaanálise <strong>de</strong> ensaios controlados abordando este<br />
zonal.<br />
não conseguiu comprovar benefício do tratamento<br />
tópico<br />
rinite sobre os sintomas da asma. Estas observações<br />
da<br />
supor que asma e rinite, em muitos casos, po-<br />
permitem<br />
requerer tratamento simultâneo para alcançar o con<strong>de</strong>m<br />
da doença única da via aérea. Alternativas <strong>de</strong> tratatrole<br />
sistêmico, tais como a imunoterapia específica com<br />
mento<br />
os antagonistas <strong>de</strong> receptores <strong>de</strong> leucotrienos,<br />
alérgenos,<br />
anti-histamínicos e a anti-IgE, isoladamente ou em<br />
os<br />
representam possibilida<strong>de</strong>s terapêuticas <strong>de</strong><br />
combinação,<br />
global sobre a rinite e a asma que merecem consi-<br />
efeito<br />
<strong>de</strong>ração como alternativa ao padrão <strong>de</strong> tratamento com