dançar na escola: uma reflexão a partir do diálogo com alunos de ...

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15.05.2013 Views

Feito um breve histórico do surgimento das escolas técnicas federais no estado de Sergipe, é importante indagarmos como se configura a Educação Física em uma escola de ensino técnico federal? Quais os impactos que o ensino profissionalizante causa nas aulas de Educação Física? E a dança como se configura em um espaço em que a técnica é preponderante? A Educação Física sempre esteve vinculada à educação militar, educação do corpo, ou seja, havia uma ligação entre Educação Física, saúde, e trabalho, e com isso via-se a importância desta disciplina nas instituições federais de ensino profissional. A ideia de disciplina sempre esteve atrelada à Educação Física, e, portanto, esta se configurava como uma das categorias para a educação dos futuros trabalhadores. Então a manutenção da aptidão física, os conteúdos relacionados à saúde, os métodos ginásticos a manutenção do esporte como conteúdo hegemônico praticamente foram os conteúdos que nortearam a prática da Educação Física nas escolas técnicas, e nesse sentido, percebemos que a Educação Física nas escolas técnicas, até então não abriam espaço para a dança em suas aulas (GARIGLIO, 2002). Os saberes padronizados de uma escola técnica, em que além da Educação Básica, visa preparar o indivíduo no mercado de trabalho, são diferenciados dos saberes em outros espaços escolares. A técnica como saber preponderante neste espaço, impacta na Educação Física, já que muitas vezes não “sobra” espaço para esta disciplina e consequentemente a dança também perde espaço, já que os alunos estão com objetivos voltados para o ensino técnico e o mercado de trabalho e sendo assim não “resta” espaço para a dança. Porém essa não pode ser vista como uma realidade de todas as escolas técnicas. A realidade da dança nas escolas, sobretudo nas escolas técnicas, é algo que ainda precisa ser bastante pensado. Contudo a falta de ensino de dança na Educação Física não é um problema somente destas instituições. DANÇA E EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RITMO PEDAGÓGICO O ser humano vive corporalmente e sendo assim, suas manifestações estão intimamente ligadas à corporeidade vivida. O sujeito é um ser unitário que pensa, age, interage através da sua corporeidade e nesse sentido o corpo sujeito vê e compreende sobre si mesmo, sobre o outro e sobre o mundo. Suas intencionalidades se manifestam através do corpo e dessa forma “todo indivíduo se percebe e se sente como corporeidade” (SANTIN, 1987, p. 50). O movimento é uma linguagem corporal, não é apenas uma ação motora ou locomoção, nesse sentido o corpo não pode ser visto apenas como uma “máquina” ou “objeto”, passível de manipulação. A compreensão de movimento humano vai muito além 4

dessa visão reducionista. O movimento humano é a capacidade de expressão dotada de intencionalidade, sentido e significado. O homem se expressa pelos seus movimentos, pelas suas posturas, pelos seus gestos. O corpo humano é fala e expressão. A presença do homem é sempre uma presença falante, mesmo silenciosa. O homem se expressa no seu olhar, na sua face, no seu andar; ao ocupar um lugar; o movimento humano será sempre intencional e pleno de sentido (SANTIN, 1987, p. 34). Então o corpo e seus movimentos estão sempre no centro de todas as manifestações expressivas e nesse sentido a dança sendo uma das manifestações corporais de movimento se constitui numa dimensão da corporeidade. A dança é considerada uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do ser humano, sendo o corpo um suporte da comunicação, logo, é na corporeidade que o ser humano se faz presente. Então como corpo e movimento se ligam com a dança? E o que é dança? A dança tem vários conceitos que lhes foram atribuídos ao longo da história. Ela pode ser entendida como uma prática corporal, inerente ao ser humano, que se constitui como expressão cultural de um povo e que exprime valores, crenças, sentimentos, emoções, carregadas de sentidos e significados culturais. A dança é a possibilidade do ser humano se fazer presente no mundo por meio da expressão de seus sentimentos, interagindo com o seu entorno, em que “esta atividade concretizada através da movimentação corporal é despertada pela necessidade do homem relacionar-se consigo, com os outros, com o ambiente que o cerca [...]” (RANGEL, 2002, p.23). Ela possibilita, para o indivíduo que a pratica conhecer e sentir o próprio corpo. O conceito de dança não está limitado somente a uma sequência ritmada de movimentos ou de passos codificados, ela vai além dessa compreensão, está carregado de significados, então cada movimento na dança exprime um significado. A esse respeito Rangel (2002, p. 23) coloca que os movimentos na dança “ultrapassam a representação de si mesmos e adquirem outros significados, onde o saltar que no dia-a-dia representava ultrapassar um obstáculo pode na dança representar um ato de euforia, alegria, explosão de sentimentos”. Outra definição de dança que abordamos aqui é a dança como expressão. Expressão através do movimento, movimentos estes repletos de sentidos e significados que são revelados corporalmente. Os caminhos trilhados pela dança perpassam desde o contexto histórico ao seu processo de escolarização. O lugar da dança dentro da escola está assegurado, dentre outras referências, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s, 1997), já que a “escola é um 5

<strong>de</strong>ssa visão reducionista. O movimento h<strong>uma</strong>no é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão <strong>do</strong>tada <strong>de</strong><br />

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O homem se expressa pelos seus movimentos, pelas suas posturas, pelos<br />

seus gestos. O corpo h<strong>uma</strong>no é fala e expressão. A presença <strong>do</strong> homem é<br />

sempre <strong>uma</strong> presença falante, mesmo silenciosa. O homem se expressa no<br />

seu olhar, <strong>na</strong> sua face, no seu andar; ao ocupar um lugar; o movimento<br />

h<strong>uma</strong>no será sempre intencio<strong>na</strong>l e pleno <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> (SANTIN, 1987, p. 34).<br />

Então o corpo e seus movimentos estão sempre no centro <strong>de</strong> todas as<br />

manifestações expressivas e nesse senti<strong>do</strong> a dança sen<strong>do</strong> <strong>uma</strong> das manifestações corporais <strong>de</strong><br />

movimento se constitui n<strong>uma</strong> dimensão da corporeida<strong>de</strong>.<br />

A dança é consi<strong>de</strong>rada <strong>uma</strong> expressão representativa <strong>de</strong> diversos aspectos da vida<br />

<strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no, sen<strong>do</strong> o corpo um suporte da <strong>com</strong>unicação, logo, é <strong>na</strong> corporeida<strong>de</strong> que o ser<br />

h<strong>uma</strong>no se faz presente. Então <strong>com</strong>o corpo e movimento se ligam <strong>com</strong> a dança? E o que é<br />

dança?<br />

A dança tem vários conceitos que lhes foram atribuí<strong>do</strong>s ao longo da história. Ela<br />

po<strong>de</strong> ser entendida <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> prática corporal, inerente ao ser h<strong>uma</strong>no, que se constitui <strong>com</strong>o<br />

expressão cultural <strong>de</strong> um povo e que exprime valores, crenças, sentimentos, emoções,<br />

carregadas <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s culturais.<br />

A dança é a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no se fazer presente no mun<strong>do</strong> por meio da<br />

expressão <strong>de</strong> seus sentimentos, interagin<strong>do</strong> <strong>com</strong> o seu entorno, em que “esta ativida<strong>de</strong><br />

concretizada através da movimentação corporal é <strong>de</strong>spertada pela necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> homem<br />

relacio<strong>na</strong>r-se consigo, <strong>com</strong> os outros, <strong>com</strong> o ambiente que o cerca [...]” (RANGEL, 2002,<br />

p.23). Ela possibilita, para o indivíduo que a pratica conhecer e sentir o próprio corpo.<br />

O conceito <strong>de</strong> dança não está limita<strong>do</strong> somente a <strong>uma</strong> sequência ritmada <strong>de</strong><br />

movimentos ou <strong>de</strong> passos codifica<strong>do</strong>s, ela vai além <strong>de</strong>ssa <strong>com</strong>preensão, está carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

significa<strong>do</strong>s, então cada movimento <strong>na</strong> dança exprime um significa<strong>do</strong>. A esse respeito Rangel<br />

(2002, p. 23) coloca que os movimentos <strong>na</strong> dança “ultrapassam a representação <strong>de</strong> si mesmos<br />

e adquirem outros significa<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> o saltar que no dia-a-dia representava ultrapassar um<br />

obstáculo po<strong>de</strong> <strong>na</strong> dança representar um ato <strong>de</strong> euforia, alegria, explosão <strong>de</strong> sentimentos”.<br />

Outra <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dança que abordamos aqui é a dança <strong>com</strong>o expressão.<br />

Expressão através <strong>do</strong> movimento, movimentos estes repletos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s que<br />

são revela<strong>do</strong>s corporalmente.<br />

Os caminhos trilha<strong>do</strong>s pela dança perpassam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o contexto histórico ao seu<br />

processo <strong>de</strong> <strong>escola</strong>rização. O lugar da dança <strong>de</strong>ntro da <strong>escola</strong> está assegura<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntre outras<br />

referências, pelos Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is (PCN’s, 1997), já que a “<strong>escola</strong> é um<br />

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