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dançar na escola: uma reflexão a partir do diálogo com alunos de ...

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DANÇAR NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO DIÁLOGO<br />

COM ALUNOS DE UMA ESCOLA FEDERAL DE ARACAJU.<br />

Verônica Moura Santos i - DEF/UFS - veronica_moura89@yahoo.<strong>com</strong>.br<br />

Jussara da Silva Rosa Tavares ii - NÚCLEO DE DANÇA/UFS-jussa@infonet.<strong>com</strong>.br<br />

Eixo temático: ARTE, EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE<br />

RESUMO<br />

Esta pesquisa teve por fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> a<strong>na</strong>lisar a dança enquanto <strong>uma</strong> manifestação cultural a ser<br />

pedagogizada <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, para <strong>alunos</strong> <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>escola</strong><br />

fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sergipe. Para a realização <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi utilizada a pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

<strong>de</strong>scritiva, ten<strong>do</strong> <strong>com</strong>o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s a aplicação <strong>de</strong> questionário aberto aos<br />

<strong>alunos</strong>. Esta pesquisa foi <strong>de</strong> observação participante, em que fizemos uso <strong>do</strong> diário <strong>de</strong> campo<br />

para fazer anotações da prática. Percebemos que corpos que <strong>dançar</strong>am são marca<strong>do</strong>s pela<br />

dificulda<strong>de</strong> rítmica, motora e dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentação e que ao fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> processo foi<br />

possível observarmos a evolução <strong>de</strong>les. Reconhecemos que <strong>de</strong>senvolver um trabalho <strong>com</strong><br />

dança não é <strong>uma</strong> tarefa simples, porém concluímos que é possível sim, trabalhar <strong>com</strong> a tal<br />

conteú<strong>do</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s.<br />

Palavras-chave: Corpo, dança, Educação Física.<br />

ABSTRACT<br />

This research aims at examining dance as a cultural event to be pedagogized in physical<br />

education classes for high school stu<strong>de</strong>nts of a school's fe<strong>de</strong>ral state of Sergipe. For this study<br />

we used the <strong>de</strong>scriptive field research, taking as an instrument of data collection a<br />

question<strong>na</strong>ire open to stu<strong>de</strong>nts. This research was participant observation, we ma<strong>de</strong> use of<br />

field notes to make notes from practice. We realized that bodies that are marked by difficulty<br />

danced rhythmic, motor and movement difficulty and at the end of the process was able to<br />

observe their evolution. We recognize that <strong>de</strong>veloping a work dance is not a simple task, but<br />

we conclu<strong>de</strong> that it is possible, working with such content in schools.<br />

Keywords: Body,Dance, Physical Education.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A dança é <strong>uma</strong> das manifestações mais antigas <strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no, sen<strong>do</strong> que para a<br />

sua execução, o homem necessita ape<strong>na</strong>s <strong>do</strong> seu corpo <strong>com</strong>o instrumento <strong>de</strong> afirmação <strong>do</strong>s<br />

1


sentimentos e experiência subjetiva, e sen<strong>do</strong> esta <strong>uma</strong> manifestação (cultural) <strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no,<br />

percebemos a importância <strong>de</strong>sse conteú<strong>do</strong> <strong>na</strong> educação formal, já que a <strong>escola</strong> é um <strong>do</strong>s locais<br />

<strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> cultura.<br />

Esta pesquisa parte <strong>de</strong> um recorte <strong>do</strong> trabalho monográfico que teve por objeto a<br />

ser investiga<strong>do</strong>, a dança enquanto <strong>uma</strong> manifestação cultural pedagogizada <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong><br />

Educação Física, para <strong>alunos</strong> <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>escola</strong> técnica fe<strong>de</strong>ral no município <strong>de</strong><br />

Aracaju.<br />

A dança no âmbito <strong>escola</strong>r é orientada, <strong>de</strong>ntre outros, pelos Parâmetros<br />

Curriculares Nacio<strong>na</strong>is, PCN’s, (BRASIL, 1997) e muitas são as discussões acerca da sua<br />

importância <strong>de</strong>ntro da <strong>escola</strong>, inclusive <strong>com</strong>o conteú<strong>do</strong> <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física.<br />

A literatura específica a este campo <strong>do</strong> conhecimento aborda, no aspecto<br />

pedagógico, a sistematização da dança <strong>na</strong> educação formal, bem <strong>com</strong>o a união da dança <strong>com</strong> a<br />

Educação Física, o que é corrobora<strong>do</strong> por Nanni (1995), Saraiva et.al (2005 e 2007), Para<br />

tanto nos ancoramos em alguns autores tais <strong>com</strong>o Patrícia Stokoe (apud LOMAKINE),<br />

Uma das linguagens artísticas não verbais, patrimônio <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os seres<br />

h<strong>uma</strong>nos, <strong>na</strong> qual se manifestam a visão subjetiva, sensível, estética e<br />

emocio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> si mesmo, da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em que estão inseri<strong>do</strong>s,<br />

utilizan<strong>do</strong> <strong>com</strong>o fonte e instrumento <strong>de</strong> expressão e <strong>com</strong>unicação seu próprio<br />

corpo, segun<strong>do</strong> as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste. (STOKOE apud LOMAKINE, 2007,<br />

p.42).<br />

A dança é um produto <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no no qual corpo é o veículo que<br />

promove tal criação. Esta é <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> linguagem não verbal, que <strong>de</strong>ve enfatizar o corpo<br />

<strong>com</strong>o sujeito capaz <strong>de</strong> se <strong>com</strong>unicar e não <strong>com</strong>o mero objeto que memoriza e ensaia<br />

coreografia <strong>de</strong> maneira mecânica e alie<strong>na</strong>da.<br />

A dança <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, <strong>com</strong> objetivos volta<strong>do</strong>s à formação h<strong>uma</strong><strong>na</strong> <strong>de</strong>veria ser<br />

ministrada também pelo professor <strong>de</strong> Educação Física, <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> maneira <strong>de</strong> educar sujeitos,<br />

não consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a dança ape<strong>na</strong>s <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> seqüência <strong>de</strong> passos ritma<strong>do</strong>s.<br />

Diante <strong>de</strong>ste contexto surgiu a problemática: A dança está presente <strong>na</strong> <strong>escola</strong><br />

técnica fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Aracaju? De que forma a dança está sen<strong>do</strong> pedagogizada <strong>na</strong> <strong>escola</strong> técnica<br />

fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Aracaju?<br />

A discussão da dança <strong>com</strong>o conteú<strong>do</strong> <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física abre espaço<br />

para <strong>reflexão</strong> sobre <strong>com</strong>o ela se insere no âmbito <strong>escola</strong>r e <strong>com</strong>o os <strong>alunos</strong> se relacio<strong>na</strong>m <strong>com</strong><br />

a dança, apontan<strong>do</strong> sua relevância enquanto um conteú<strong>do</strong> da cultura corporal <strong>de</strong> movimento.<br />

Para tanto, fizemos <strong>uma</strong> peque<strong>na</strong> contextualização das <strong>escola</strong>s técnicas fe<strong>de</strong>rais, perpassamos<br />

2


pelo conceito <strong>de</strong> dança, e a <strong>partir</strong> disso tentamos estabelecer <strong>uma</strong> relação da dimensão da<br />

dança <strong>na</strong> Educação Física.<br />

ESCOLAS TÉCNICAS FEDERAIS E OS IMPACTOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO<br />

FÍSICA.<br />

As <strong>escola</strong>s técnicas surgiram <strong>com</strong> o propósito <strong>de</strong> produzir mão <strong>de</strong> obra qualificada<br />

para o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, ou seja, está voltada para educação profissio<strong>na</strong>lizante.<br />

Dentro <strong>do</strong> contexto <strong>de</strong> abolição da escravatura, crise açucareira, e crise fi<strong>na</strong>nceira<br />

e política, surgem no Brasil, em setembro <strong>de</strong> 1909, as Escolas <strong>de</strong> Aprendizes Artífices<br />

(atualmente conhecida <strong>com</strong>o Institutos Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia).<br />

Antes <strong>de</strong> prosseguir, é importante ressaltar que o surgimento <strong>de</strong>ssas Escolas, foi<br />

<strong>de</strong> âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, porém iremos nos ater a relatar <strong>com</strong>o se <strong>de</strong>u esse processo no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Sergipe.<br />

Somente <strong>do</strong>is anos após a criação da primeira Escola <strong>de</strong> Aprendizes, surge em<br />

1911, a Escola <strong>de</strong> Aprendizes Artífices <strong>na</strong> cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aracaju, cujo objetivo era aten<strong>de</strong>r as<br />

necessida<strong>de</strong>s criadas pelo rápi<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> urbanização. Já <strong>na</strong> Era Vargas as indústrias <strong>de</strong><br />

base e a educação profissio<strong>na</strong>lizante receberam maior incentivo, foi quan<strong>do</strong> as Escolas <strong>de</strong><br />

Aprendizes se transformaram em Liceus. Nessa época houve um aumento significativo <strong>na</strong><br />

área da Educação Profissio<strong>na</strong>l, e assim o Liceu passou a se chamar Escola Industrial <strong>de</strong><br />

Aracaju (EIA) (SANTOS NETO, 2009).<br />

Na época da Escola Industrial foi cria<strong>do</strong> o ensino <strong>de</strong> Educação Física. A <strong>partir</strong> <strong>do</strong><br />

fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 1960 (perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> regime militar) foi criada a Escola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Sergipe. Apesar das repressões da época, foram realizadas gran<strong>de</strong>s obras, <strong>de</strong>ntre elas foi<br />

i<strong>na</strong>ugura<strong>do</strong> em 1978 o ginásio <strong>de</strong> esportes Francisco Martins <strong>de</strong> Lima.<br />

A Escola Técnica sempre foi <strong>uma</strong> das potências esportivas nos jogos<br />

<strong>escola</strong>res estaduais e interestaduais. Para dar continuida<strong>de</strong> aos investimentos<br />

no <strong>de</strong>sporto, a nova administração <strong>do</strong> engenheiro e ex- gover<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong>, Paulo Barreto <strong>de</strong> Menezes (1979-1983), foi construída <strong>uma</strong> quadra<br />

aberta <strong>de</strong> esporte e o campo <strong>de</strong> futebol (SANTOS NETO, 2009, p. 35).<br />

A <strong>partir</strong> <strong>de</strong> 1995 outras transformações ocorreram <strong>de</strong>ntre elas a Escola Técnica<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe passa a se chamar Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica <strong>de</strong> Sergipe,<br />

em 1997 (CEFET- SE). A <strong>partir</strong> <strong>de</strong> então, implantaram-se os cursos <strong>de</strong> Educação Tecnológica<br />

<strong>de</strong> Nível Superior.<br />

Ciência e Tecnologia.<br />

Por fim, a <strong>partir</strong> <strong>de</strong> 2008 os Centros Fe<strong>de</strong>rais passam a ser Institutos <strong>de</strong> Educação,<br />

3


Feito um breve histórico <strong>do</strong> surgimento das <strong>escola</strong>s técnicas fe<strong>de</strong>rais no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Sergipe, é importante indagarmos <strong>com</strong>o se configura a Educação Física em <strong>uma</strong> <strong>escola</strong> <strong>de</strong><br />

ensino técnico fe<strong>de</strong>ral? Quais os impactos que o ensino profissio<strong>na</strong>lizante causa <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong><br />

Educação Física? E a dança <strong>com</strong>o se configura em um espaço em que a técnica é<br />

prepon<strong>de</strong>rante?<br />

A Educação Física sempre esteve vinculada à educação militar, educação <strong>do</strong><br />

corpo, ou seja, havia <strong>uma</strong> ligação entre Educação Física, saú<strong>de</strong>, e trabalho, e <strong>com</strong> isso via-se a<br />

importância <strong>de</strong>sta discipli<strong>na</strong> <strong>na</strong>s instituições fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> ensino profissio<strong>na</strong>l. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

discipli<strong>na</strong> sempre esteve atrelada à Educação Física, e, portanto, esta se configurava <strong>com</strong>o<br />

<strong>uma</strong> das categorias para a educação <strong>do</strong>s futuros trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Então a manutenção da aptidão física, os conteú<strong>do</strong>s relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à saú<strong>de</strong>, os<br />

méto<strong>do</strong>s ginásticos a manutenção <strong>do</strong> esporte <strong>com</strong>o conteú<strong>do</strong> hegemônico praticamente foram<br />

os conteú<strong>do</strong>s que nortearam a prática da Educação Física <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s técnicas, e nesse senti<strong>do</strong>,<br />

percebemos que a Educação Física <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s técnicas, até então não abriam espaço para a<br />

dança em suas aulas (GARIGLIO, 2002).<br />

Os saberes padroniza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>escola</strong> técnica, em que além da Educação Básica,<br />

visa preparar o indivíduo no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, são diferencia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s saberes em outros<br />

espaços <strong>escola</strong>res. A técnica <strong>com</strong>o saber prepon<strong>de</strong>rante neste espaço, impacta <strong>na</strong> Educação<br />

Física, já que muitas vezes não “sobra” espaço para esta discipli<strong>na</strong> e consequentemente a<br />

dança também per<strong>de</strong> espaço, já que os <strong>alunos</strong> estão <strong>com</strong> objetivos volta<strong>do</strong>s para o ensino<br />

técnico e o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e sen<strong>do</strong> assim não “resta” espaço para a dança. Porém essa<br />

não po<strong>de</strong> ser vista <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as <strong>escola</strong>s técnicas. A realida<strong>de</strong> da dança <strong>na</strong>s<br />

<strong>escola</strong>s, sobretu<strong>do</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s técnicas, é algo que ainda precisa ser bastante pensa<strong>do</strong>.<br />

Contu<strong>do</strong> a falta <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> dança <strong>na</strong> Educação Física não é um problema somente <strong>de</strong>stas<br />

instituições.<br />

DANÇA E EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RITMO PEDAGÓGICO<br />

O ser h<strong>uma</strong>no vive corporalmente e sen<strong>do</strong> assim, suas manifestações estão<br />

intimamente ligadas à corporeida<strong>de</strong> vivida. O sujeito é um ser unitário que pensa, age,<br />

interage através da sua corporeida<strong>de</strong> e nesse senti<strong>do</strong> o corpo sujeito vê e <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> sobre si<br />

mesmo, sobre o outro e sobre o mun<strong>do</strong>. Suas intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s se manifestam através <strong>do</strong><br />

corpo e <strong>de</strong>ssa forma “to<strong>do</strong> indivíduo se percebe e se sente <strong>com</strong>o corporeida<strong>de</strong>” (SANTIN,<br />

1987, p. 50). O movimento é <strong>uma</strong> linguagem corporal, não é ape<strong>na</strong>s <strong>uma</strong> ação motora ou<br />

lo<strong>com</strong>oção, nesse senti<strong>do</strong> o corpo não po<strong>de</strong> ser visto ape<strong>na</strong>s <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> “máqui<strong>na</strong>” ou<br />

“objeto”, passível <strong>de</strong> manipulação. A <strong>com</strong>preensão <strong>de</strong> movimento h<strong>uma</strong>no vai muito além<br />

4


<strong>de</strong>ssa visão reducionista. O movimento h<strong>uma</strong>no é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão <strong>do</strong>tada <strong>de</strong><br />

intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, senti<strong>do</strong> e significa<strong>do</strong>.<br />

O homem se expressa pelos seus movimentos, pelas suas posturas, pelos<br />

seus gestos. O corpo h<strong>uma</strong>no é fala e expressão. A presença <strong>do</strong> homem é<br />

sempre <strong>uma</strong> presença falante, mesmo silenciosa. O homem se expressa no<br />

seu olhar, <strong>na</strong> sua face, no seu andar; ao ocupar um lugar; o movimento<br />

h<strong>uma</strong>no será sempre intencio<strong>na</strong>l e pleno <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> (SANTIN, 1987, p. 34).<br />

Então o corpo e seus movimentos estão sempre no centro <strong>de</strong> todas as<br />

manifestações expressivas e nesse senti<strong>do</strong> a dança sen<strong>do</strong> <strong>uma</strong> das manifestações corporais <strong>de</strong><br />

movimento se constitui n<strong>uma</strong> dimensão da corporeida<strong>de</strong>.<br />

A dança é consi<strong>de</strong>rada <strong>uma</strong> expressão representativa <strong>de</strong> diversos aspectos da vida<br />

<strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no, sen<strong>do</strong> o corpo um suporte da <strong>com</strong>unicação, logo, é <strong>na</strong> corporeida<strong>de</strong> que o ser<br />

h<strong>uma</strong>no se faz presente. Então <strong>com</strong>o corpo e movimento se ligam <strong>com</strong> a dança? E o que é<br />

dança?<br />

A dança tem vários conceitos que lhes foram atribuí<strong>do</strong>s ao longo da história. Ela<br />

po<strong>de</strong> ser entendida <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> prática corporal, inerente ao ser h<strong>uma</strong>no, que se constitui <strong>com</strong>o<br />

expressão cultural <strong>de</strong> um povo e que exprime valores, crenças, sentimentos, emoções,<br />

carregadas <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s culturais.<br />

A dança é a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ser h<strong>uma</strong>no se fazer presente no mun<strong>do</strong> por meio da<br />

expressão <strong>de</strong> seus sentimentos, interagin<strong>do</strong> <strong>com</strong> o seu entorno, em que “esta ativida<strong>de</strong><br />

concretizada através da movimentação corporal é <strong>de</strong>spertada pela necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> homem<br />

relacio<strong>na</strong>r-se consigo, <strong>com</strong> os outros, <strong>com</strong> o ambiente que o cerca [...]” (RANGEL, 2002,<br />

p.23). Ela possibilita, para o indivíduo que a pratica conhecer e sentir o próprio corpo.<br />

O conceito <strong>de</strong> dança não está limita<strong>do</strong> somente a <strong>uma</strong> sequência ritmada <strong>de</strong><br />

movimentos ou <strong>de</strong> passos codifica<strong>do</strong>s, ela vai além <strong>de</strong>ssa <strong>com</strong>preensão, está carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

significa<strong>do</strong>s, então cada movimento <strong>na</strong> dança exprime um significa<strong>do</strong>. A esse respeito Rangel<br />

(2002, p. 23) coloca que os movimentos <strong>na</strong> dança “ultrapassam a representação <strong>de</strong> si mesmos<br />

e adquirem outros significa<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> o saltar que no dia-a-dia representava ultrapassar um<br />

obstáculo po<strong>de</strong> <strong>na</strong> dança representar um ato <strong>de</strong> euforia, alegria, explosão <strong>de</strong> sentimentos”.<br />

Outra <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dança que abordamos aqui é a dança <strong>com</strong>o expressão.<br />

Expressão através <strong>do</strong> movimento, movimentos estes repletos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s que<br />

são revela<strong>do</strong>s corporalmente.<br />

Os caminhos trilha<strong>do</strong>s pela dança perpassam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o contexto histórico ao seu<br />

processo <strong>de</strong> <strong>escola</strong>rização. O lugar da dança <strong>de</strong>ntro da <strong>escola</strong> está assegura<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntre outras<br />

referências, pelos Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is (PCN’s, 1997), já que a “<strong>escola</strong> é um<br />

5


<strong>do</strong>s ambientes que sistematiza os conceitos e pressupostos, visan<strong>do</strong> a <strong>uma</strong> educação formal<br />

[...]” (RANGEL, 2002, p.54).<br />

Sen<strong>do</strong> assim, dialogamos e partilhamos <strong>com</strong> alguns autores <strong>com</strong>o Marques<br />

(2007), que <strong>de</strong>screve a importância <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>escola</strong>rização da dança, e enten<strong>de</strong>mos que<br />

através <strong>do</strong> processo consciente <strong>do</strong> ensino da dança po<strong>de</strong>mos formar indivíduos autônomos,<br />

críticos e transforma<strong>do</strong>res.<br />

A dança po<strong>de</strong> ser abordada sobre diferentes aspectos seja enquanto conhecimento<br />

da Arte (Arte/ Dança) ou <strong>com</strong>o conteú<strong>do</strong> da Educação Física <strong>escola</strong>r, esta última engloba o<br />

indivíduo <strong>na</strong> cultura corporal <strong>de</strong> movimento e <strong>com</strong>o a dança se configura <strong>com</strong>o <strong>uma</strong> das<br />

formas <strong>de</strong>ssa cultura corporal <strong>de</strong> movimento faz-se necessária <strong>uma</strong> discussão acerca da<br />

relevância da dança <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física.<br />

Para tal discussão dialogamos em consonância <strong>com</strong> Claro (1995), primeiro a<br />

propor a união da dança à Educação Física visan<strong>do</strong> o processo da educação. Ancoramos-nos<br />

também em autoras <strong>com</strong>o Brasileiro (2001), Saraiva (2005 e 2007), Rangel (2002) em busca<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> discussão consistente da dança <strong>na</strong> Educação, pois, “no caso da Educação Física,<br />

parece fundamental oferecer alter<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong> práticas corporais <strong>na</strong> busca <strong>de</strong> englobar o ser<br />

h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong> forma mais ampla, permitin<strong>do</strong> aos envolvi<strong>do</strong>s que sejam participantes ativos no<br />

processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e fazer em dança” (SARAIVA et al., 2005, p.131).<br />

Defen<strong>de</strong>mos aqui a dança <strong>com</strong>o conteú<strong>do</strong> <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física <strong>escola</strong>r,<br />

sem <strong>com</strong> isso per<strong>de</strong>r o senti<strong>do</strong> artístico da mesma.<br />

OS PASSOS METODOLÓGICOS<br />

Para concretizar esse estu<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tamos <strong>com</strong>o procedimento meto<strong>do</strong>lógico a<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>scritiva <strong>com</strong> abordagem qualitativa. Sen<strong>do</strong> que os sujeitos<br />

envolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> pesquisa foram 39 <strong>alunos</strong> <strong>do</strong> 2º ano <strong>do</strong> Ensino Médio, cuja faixa etária foi entre<br />

15 e 18 anos. Utilizamos <strong>com</strong>o recurso o diário <strong>de</strong> campo em que registramos todas as aulas<br />

observadas. Esta pesquisa foi <strong>de</strong> observação participante, pois “[...] a técnica <strong>de</strong> observação<br />

participante se realiza através <strong>do</strong> contato direto <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r <strong>com</strong> o fenômeno observa<strong>do</strong><br />

para obter informações sobre a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atores sociais em seus próprios contextos”<br />

(CRUZ NETO apud Mi<strong>na</strong>yo), 1994, p.59). Dessa forma, o pesquisa<strong>do</strong>r observa<strong>do</strong>r, enquanto<br />

parte <strong>do</strong> fenômeno observa<strong>do</strong>, estabelece <strong>uma</strong> relação bem próxima <strong>com</strong> os sujeitos<br />

observa<strong>do</strong>s.<br />

6


As observações foram realizadas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 a 08 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 2010, <strong>com</strong> anotações no diário <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza <strong>de</strong>scritiva, sobre as aulas<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> turma <strong>do</strong> 2º ano <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>com</strong> dança <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong> <strong>de</strong> Educação Física.<br />

Ao fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> observação aplicamos questionário aberto para os <strong>alunos</strong>,<br />

porém somente 34 <strong>alunos</strong> respon<strong>de</strong>ram ao questionáio, pois <strong>na</strong> aula que foi aplica<strong>do</strong> alguns<br />

haviam falta<strong>do</strong>.<br />

A entrada no campo se <strong>de</strong>u no dia 13 <strong>de</strong> agosto, em que não somente<br />

a<strong>com</strong>panhamos as aulas, <strong>com</strong>o também a participamos ativamente das mesmas. Ao longo <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> realizamos 26 observações, até o dia da sema<strong>na</strong> <strong>de</strong> cultura e arte da <strong>escola</strong>, que<br />

culminou <strong>com</strong> apresentações <strong>de</strong> dança que a turma produziu durante o bimestre, e que seria<br />

<strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> bimestre.<br />

Os <strong>alunos</strong> envolvi<strong>do</strong>s nesta pesquisa foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s pelas iniciais <strong>de</strong> seus<br />

nomes no registro <strong>do</strong> diário <strong>de</strong> campo, <strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> preservar e resguardar a imagem <strong>do</strong>s<br />

sujeitos, conforme foi acorda<strong>do</strong> previamente <strong>com</strong> sujeitos envolvi<strong>do</strong>s nesta pesquisa.<br />

NO BALANÇO DAS ANÁLISES<br />

A pesquisa se configurou em observação participante, sen<strong>do</strong> que a mesma foi<br />

realizada <strong>com</strong> a turma <strong>de</strong> 39 <strong>alunos</strong> <strong>do</strong> 2º ano <strong>do</strong> Ensino Médio <strong>do</strong> curso técnico em<br />

informática <strong>de</strong>sta instituição fe<strong>de</strong>ral sen<strong>do</strong> que as aulas ocorriam duas vezes por sema<strong>na</strong>, <strong>com</strong><br />

duração <strong>de</strong> 50 minutos cada aula.<br />

O diário <strong>de</strong> campo foi realiza<strong>do</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010 a 08 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 2010, perío<strong>do</strong> este em que ocorreram aulas <strong>de</strong> dança <strong>na</strong> Educação Física e ao<br />

fi<strong>na</strong>l das observações os <strong>alunos</strong> foram solicita<strong>do</strong>s a respon<strong>de</strong>r um questionário aberto.<br />

Antes <strong>de</strong> iniciarmos a <strong>na</strong>rrativa <strong>do</strong> cotidiano da turma, é importante dizer que esta<br />

prática da dança <strong>na</strong> Educação Física se <strong>de</strong>u da seguinte forma: a turma foi dividida em 4<br />

grupos, sen<strong>do</strong> que cada grupo <strong>de</strong>veria escolher um ritmo que seria <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> durante o<br />

bimestre. Os <strong>alunos</strong> seriam os responsáveis pela estrutura da aula (organização <strong>do</strong> espaço,<br />

equipamentos necessários, aparelhos <strong>de</strong> som etc.) e o professor ficaria responsável pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das aulas.<br />

O objetivo <strong>do</strong> professor ao dividir a turma em grupos para trabalhar <strong>com</strong> a dança<br />

era fazer grupos <strong>com</strong>postos por pessoas que não tivessem afinida<strong>de</strong>, <strong>com</strong> o propósito <strong>de</strong> que<br />

um conhecesse mais o outro e que através da dança a turma que não tinha tanto contato,<br />

interagisse mais entre si, apren<strong>de</strong>sse a lidar <strong>com</strong> o outro, respeitar as diferenças e os limites <strong>de</strong><br />

cada um. E realmente foi possível visualizar durante as observações, que a turma era<br />

7


<strong>de</strong>sunida, não tinham proximida<strong>de</strong>, não se falavam. Po<strong>de</strong>mos <strong>com</strong>provar isso <strong>com</strong> a fala da<br />

alu<strong>na</strong> M que em conversa <strong>com</strong> a pesquisa<strong>do</strong>ra-observa<strong>do</strong>ra relatou que a turma era bastante<br />

<strong>de</strong>sunida, “dividida em grupinhos das meni<strong>na</strong>s, grupinho <strong>do</strong>s meninos” e afirmou que nem<br />

to<strong>do</strong>s se falavam “mal davam ‘ bom dia” (Fala da alu<strong>na</strong> M registrada no diário <strong>de</strong> campo <strong>do</strong><br />

dia 20/09/2010). Diante <strong>de</strong>ssa situação, o objetivo <strong>do</strong> professor ao trabalhar <strong>com</strong> a dança, era<br />

interagir e socializar mais essa turma.<br />

O diário <strong>de</strong> campo foi a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> nos seguintes aspectos: o envolvimento e<br />

participação <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> <strong>na</strong>s ativida<strong>de</strong>s durante to<strong>do</strong> o processo pedagógico <strong>com</strong> a dança; a<br />

integração entre os <strong>alunos</strong>; a disposição corporal e técnica <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong>.<br />

Em relação aos ritmos escolhi<strong>do</strong>s pelos <strong>alunos</strong>, os grupos escolheram hip hop, pop<br />

e dance, sen<strong>do</strong> que o professor até mesmo questionou que nenhum grupo havia escolhi<strong>do</strong> um<br />

ritmo nor<strong>de</strong>stino para ser aborda<strong>do</strong>. Talvez isso tenha aconteci<strong>do</strong> por este ser o universo <strong>de</strong><br />

dança <strong>com</strong> o qual os <strong>alunos</strong> tem mais contato. Porém, mesmo <strong>com</strong> esses ritmos escolhi<strong>do</strong>s, os<br />

grupos levaram ritmos diversifica<strong>do</strong>s, a exemplo <strong>do</strong> forró, lambada, samba.<br />

Sobre a questão da relação entre o aluno e a dança, no início da prática foi<br />

perceptível o in<strong>com</strong>o<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sconforto, timi<strong>de</strong>z, retração e certa rejeição por parte <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong><br />

para <strong>dançar</strong>. Eles se mostraram inibi<strong>do</strong>s, envergonha<strong>do</strong>s, era visível a tensão <strong>com</strong> a qual eles<br />

realizavam as ativida<strong>de</strong>s. Muitos tinham vergonha <strong>de</strong> remexer o corpo. Logo no primeiro dia<br />

<strong>de</strong> observação, constatamos a gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> em lidar <strong>com</strong> a dança. O que<br />

observamos foram jovens (a<strong>do</strong>lescentes) <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong> rítmica, <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção motora, sem soltura <strong>de</strong> movimentos, dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle e ajuste motor,<br />

além da inibição e receio que eram fatores para o bloqueio <strong>de</strong>les <strong>na</strong>s ativida<strong>de</strong>s <strong>com</strong> dança.<br />

Deduzimos que se esses jovens tem dificulda<strong>de</strong> em ativida<strong>de</strong>s que envolvam o<br />

ritmo, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção e movimento corporal, isso talvez se <strong>de</strong>va ao fato <strong>de</strong> <strong>uma</strong> educação<br />

rítmica <strong>de</strong>fasada ou até mesmo a falta <strong>de</strong>sta educação rítmica, a falta <strong>de</strong> dança em suas<br />

vivências tanto <strong>de</strong>ntro <strong>com</strong>o fora <strong>do</strong> âmbito <strong>escola</strong>r.<br />

Conforme já foi mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> antes, os <strong>alunos</strong> ficaram encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> levar as<br />

músicas, sen<strong>do</strong> que a maior parte <strong>de</strong>ssas músicas era inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, mas também levaram<br />

forró, pago<strong>de</strong>, funk e até mesmo arrocha.<br />

Percebemos a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns <strong>alunos</strong> (principalmente <strong>do</strong> sexo masculino)<br />

em a<strong>com</strong>panhar o ritmo <strong>do</strong> outro. Talvez os meninos sintam mais dificulda<strong>de</strong> por terem<br />

poucas vivências em ativida<strong>de</strong>s rítmicas e isso po<strong>de</strong> ser atribuí<strong>do</strong> ao preconceito embuti<strong>do</strong> em<br />

nossa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a dança é para as meni<strong>na</strong>s e o futebol para os meninos, restringin<strong>do</strong> e<br />

limitan<strong>do</strong> as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimento <strong>do</strong>s sujeitos.<br />

8


Os <strong>alunos</strong> sempre experimentavam estilos musicais e estilos <strong>de</strong> dança diferentes.<br />

Em geral, apresentaram dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção motora, ritmo, molejo no corpo, porém<br />

no <strong>de</strong>correr das aulas foi possível visualizar a evolução <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> em relação a questão<br />

rítmica. O professor até <strong>com</strong>entou que no bimestre anterior até mesmo para correr eles tinham<br />

dificulda<strong>de</strong>s e <strong>com</strong> essas aulas a turma estava progredin<strong>do</strong>.<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> processo <strong>com</strong>eçamos a perceber que os <strong>alunos</strong> já estavam mais<br />

<strong>de</strong>sinibi<strong>do</strong>s, visto que no início eles receberam essa experiência <strong>com</strong> receio da reação <strong>do</strong><br />

outro, <strong>com</strong> vergonha, me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s colegas zombassem uns <strong>do</strong>s outros, percebia-se o bloqueio<br />

<strong>de</strong>les em relação à dança. Porém, conforme ia acontecen<strong>do</strong> a prática, eles perdiam o me<strong>do</strong> e já<br />

se sentiam mais seguros <strong>de</strong> si e confiantes.<br />

Houve <strong>uma</strong> melhora <strong>na</strong> integração da turma, visto que no início eles mal se<br />

falavam. Isso po<strong>de</strong>mos <strong>com</strong>provar a <strong>partir</strong> da fala da alu<strong>na</strong> M que relatou que “nem to<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> falava <strong>com</strong> to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e hoje tá bem diferente, a turma se fala mais, brincamos mais<br />

uns <strong>com</strong> os outros” (Fala da alu<strong>na</strong> M registrada no diário <strong>de</strong> campo <strong>do</strong> dia 20/09/2010). Prova<br />

<strong>de</strong>ssa melhoria <strong>na</strong> integração da turma é que ao passar pelos corre<strong>do</strong>res da instituição, já<br />

encontrávamos os <strong>alunos</strong> juntos, conversan<strong>do</strong>, rin<strong>do</strong> e se preparan<strong>do</strong> para a aula <strong>de</strong> Educação<br />

Física.<br />

Em relação às falas <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> no questionário, julgamos relevante levantar<br />

alguns questio<strong>na</strong>mentos em relação às experiências anteriores <strong>com</strong> a dança, a vivência ou não<br />

<strong>com</strong> a dança <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, bem <strong>com</strong>o o entendimento <strong>de</strong>sses sujeitos em<br />

relação ao conceito <strong>de</strong> dança.<br />

Os sujeitos observa<strong>do</strong>s nessa pesquisa foram jovens que carregam marcas severas<br />

em seus corpos. Marcas essas resultantes <strong>do</strong>s processos culturais os quais esses corpos<br />

estavam imersos. No que diz respeito à falta <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s rítmicas, da dificulda<strong>de</strong> <strong>na</strong><br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção motora, <strong>na</strong> falta <strong>de</strong> molejo e soltura <strong>do</strong>s seus movimentos, quiçá, da falta <strong>de</strong><br />

dança em sua formação/educação. Sen<strong>do</strong> assim julgam <strong>uma</strong> questão muito importante que foi<br />

indagada aos jovens envolvi<strong>do</strong>s nessa pesquisa. Trata-se das experiências anteriores <strong>com</strong><br />

dança.<br />

De acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> as respostas obtidas, a categoria <strong>de</strong> maior representativida<strong>de</strong><br />

aponta que a maioria <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> já teve experiência anterior <strong>com</strong> a dança, sen<strong>do</strong> que 13<br />

meni<strong>na</strong>s respon<strong>de</strong>ram ter experiências anteriores, já entre os meninos, ape<strong>na</strong>s 7 tiveram essa<br />

experiência. Percebe-se que o universo da dança ainda é eminentemente feminino, ou seja,<br />

ainda persiste o discurso <strong>de</strong> que a dança é somente para as mulheres, haven<strong>do</strong> assim um<br />

<strong>de</strong>terminismo cultural.<br />

9


Quan<strong>do</strong> questio<strong>na</strong><strong>do</strong>s em relação à vivência <strong>com</strong> dança <strong>na</strong> Educação Física,a<br />

maior parte da turma revelou nunca ter vivencia<strong>do</strong> a dança em aulas <strong>de</strong> Educação Física antes,<br />

sen<strong>do</strong> esta a primeira experiência <strong>de</strong>sses sujeitos <strong>com</strong> essa manifestação <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong><br />

Educação Física, ou seja, a maior parte <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> (entre os sexo masculino e feminino)<br />

respon<strong>de</strong>ram que nunca haviam vivencia<strong>do</strong> dança <strong>na</strong>s aulas Educação Física antes e esta tinha<br />

si<strong>do</strong> a primeira vez. Sen<strong>do</strong> que alguns <strong>alunos</strong> não respon<strong>de</strong>ram. Po<strong>de</strong>mos inferir diante <strong>de</strong>sses<br />

da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, que apesar das mudanças por que passaram a Educação Física <strong>escola</strong>r, em<br />

relação aos conteú<strong>do</strong>s da cultura corporal <strong>de</strong> movimento, a dança ainda é algo “esqueci<strong>do</strong>”,<br />

“<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> para segun<strong>do</strong> plano”, “é algo muito inusita<strong>do</strong>” <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física. Essa é<br />

<strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> observada nesta <strong>escola</strong> investigada, o que não significa dizer que essa realida<strong>de</strong><br />

se aplique a um contexto generaliza<strong>do</strong>.<br />

dança os <strong>alunos</strong> tem.<br />

Uma questão que pensamos ser muito importante é em relação à qual conceito <strong>de</strong><br />

A categoria que representa maior número <strong>de</strong> sujeitos (30 <strong>alunos</strong>) diz respeito ao<br />

conceito <strong>de</strong> dança enquanto ritmo, movimento e expressão. Ancora<strong>do</strong>s <strong>na</strong> literatura sabemos<br />

que a dança é também expressão através <strong>do</strong> movimento, movimentos estes repletos <strong>de</strong><br />

senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s que são revela<strong>do</strong>s corporalmente, ou seja, a dança <strong>com</strong>o a mais alta<br />

expressão <strong>do</strong> ser, pois transmite mensagens através <strong>do</strong> movimento.<br />

Porém, nenhum <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> falou da dança enquanto área <strong>de</strong> conhecimento<br />

específico, já que a dança é um área que tem conhecimento próprio. O que percebemos é que<br />

os <strong>alunos</strong> associam a dança à diversão, alegria, interação, extravazar. Confrontan<strong>do</strong> <strong>com</strong> o<br />

nosso referencial teórico, e perceben<strong>do</strong> que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> associam dança à<br />

diversão, nos remetemos a fala <strong>de</strong> Marques (2007) em seu discurso sobre a dança <strong>com</strong>o meio<br />

<strong>de</strong> diversão, <strong>de</strong> extravazar, nesse senti<strong>do</strong> ela diz que a dança <strong>na</strong> <strong>escola</strong> ape<strong>na</strong>s <strong>com</strong> perspectiva<br />

<strong>de</strong> extravasamento e relaxamento é um gran<strong>de</strong> equívoco.<br />

Marques afirma que “[...] a educação através da arte é entendida somente <strong>com</strong>o<br />

aquela que abraça a causa da livre auto-expressão da criança” (MARQUES, 2007, p. 40).<br />

Assim, Marques chama a nossa atenção no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> repensar as ativida<strong>de</strong>s artísticas no<br />

campo da <strong>escola</strong>, <strong>uma</strong> vez que ela afirma em dizer que a arte tem servi<strong>do</strong> <strong>com</strong>o momento <strong>de</strong><br />

extravasamento <strong>do</strong> aluno e momento <strong>de</strong> livre expressão, dissociada <strong>de</strong> um trato pedagógico<br />

que enten<strong>de</strong> a expressivida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o elemento importante para formação <strong>do</strong> aluno, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

esta seja orientada a <strong>partir</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> objetivida<strong>de</strong>, ou seja, o espontaneismo não se constitui<br />

enquanto um fim pedagógico que vá representar algum significa<strong>do</strong> <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> aluno.<br />

10


Aparece também a categoria <strong>de</strong> dança enquanto arte representada ape<strong>na</strong>s por 1<br />

aluno. A dança enquanto área <strong>de</strong> conhecimento encontra-se no campo da arte e arte é um<br />

direito que <strong>de</strong>ve ser assegura<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Base a to<strong>do</strong>s os <strong>alunos</strong>. A arte<br />

representa o espaço <strong>do</strong> redimensio<strong>na</strong>mento da sensibilida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong><strong>na</strong>.<br />

Buscan<strong>do</strong> ouvir <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> envolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> pesquisa se estes concordam <strong>com</strong> a<br />

dança <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, percebemos que houve <strong>uma</strong> porcentagem significativa<br />

em relação à presença da dança <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física.<br />

A maior parte <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong>, representada por 31 sujeitos, afirmaram que a dança<br />

<strong>de</strong>ve ser um conteú<strong>do</strong> a ser trabalha<strong>do</strong> <strong>na</strong> Educação Física. É importante ressaltar que os<br />

questionários foram aplica<strong>do</strong>s aos <strong>alunos</strong> após a experiência que esses tiveram <strong>com</strong> a dança<br />

enquanto conteú<strong>do</strong> das aulas <strong>de</strong> Educação Física, experiência esta que resultou <strong>na</strong> satisfação<br />

<strong>do</strong>s sujeitos envolvi<strong>do</strong>s nessa experiência, <strong>uma</strong> vez que no universo <strong>de</strong> 34 <strong>alunos</strong> (que<br />

respon<strong>de</strong>ram ao questionário), 31 <strong>alunos</strong> afirmam que a dança <strong>de</strong>ve ser abordada <strong>na</strong> Educação<br />

Física, ou seja, a rejeição i<strong>de</strong>ntificada inicialmente registrada no diário <strong>de</strong> campo foi<br />

<strong>de</strong>smistificada ao passo que a experiência foi se tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> significativa para os sujeitos.<br />

Perguntamos se a dança <strong>de</strong>ve ser abordada <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física <strong>na</strong><br />

opinião <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> e achamos necessário que eles justificassem suas respostas, e <strong>de</strong>ssa forma<br />

as justificativas <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> para a dança presente ou não <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, nos<br />

remete a um leque <strong>de</strong> reflexões.<br />

Gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s sujeitos aponta que a dança <strong>de</strong>ve ser trabalhada <strong>na</strong> Educação<br />

Física, por trabalhar <strong>com</strong> o corpo, e por assim dizer que a Educação Física é a discipli<strong>na</strong> que<br />

lida <strong>com</strong> o corpo a dança também faz parte <strong>de</strong>sse universo.<br />

Que se assemelha a categoria por ser movimento, que liga a Educação Física e a<br />

dança ao movimento, justifican<strong>do</strong> assim a presença da dança nessa discipli<strong>na</strong>.<br />

Um aluno colocou que a dança somente <strong>de</strong>ve ser trabalhada <strong>na</strong> Educação Física se<br />

a turma for muito tímida, ou seja, esse aluno tem o conceito <strong>de</strong> dança para ajudar <strong>na</strong> perda da<br />

inibição, o que é <strong>uma</strong> visão muito simplista e reducionista da dança. Provavelmente esta<br />

concepção <strong>do</strong> aluno se <strong>de</strong>va ao fato <strong>do</strong> professor (observa<strong>do</strong>) ter enfatiza<strong>do</strong> por diversas vezes<br />

que o objetivo <strong>de</strong>le <strong>com</strong> as aulas <strong>de</strong> dança era proporcio<strong>na</strong>r a integração, visto que a turma<br />

investigada apresentava <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento. Ora bem, se o objetivo da<br />

dança era proporcio<strong>na</strong>r a integração, qualquer outro tema da cultura corporal <strong>de</strong> movimento<br />

po<strong>de</strong>ria proporcio<strong>na</strong>r tal intento, isso só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria da forma <strong>de</strong> conduzir tal conteú<strong>do</strong>.<br />

Justificar a dança no espaço da <strong>escola</strong> seja por via da Educação Física ou <strong>de</strong> qualquer outra<br />

área <strong>do</strong> saber nesta perspectiva é continuar segregan<strong>do</strong> valores equivoca<strong>do</strong>s, em que a dança<br />

11


passa a ser vista ape<strong>na</strong>s <strong>com</strong>o instrumento para qualquer outra ação, que não seja a<br />

importância da dança em si mesma.<br />

CONCLUSÃO<br />

A pesquisa nos revelou que os <strong>alunos</strong> envolvi<strong>do</strong>s no processo apresentaram muita<br />

dificulda<strong>de</strong> inicialmente em se relacio<strong>na</strong>r <strong>com</strong> a dança, ten<strong>do</strong> em vista que constatamos a falta<br />

<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> em lidar <strong>com</strong> movimentos dançantes e também <strong>uma</strong> certa rejeição por parte<br />

<strong>de</strong>les, principalmente por parte <strong>do</strong>s meninos, o que nos leva a acreditar que ainda está<br />

incorpora<strong>do</strong> o preconceito estabeleci<strong>do</strong> <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que homem não dança.<br />

Porém no <strong>de</strong>correr da prática, percebemos <strong>uma</strong> melhor aceitação a tal conteú<strong>do</strong>,<br />

maior interação da turma, o que nos leva a pensar que apesar da dificulda<strong>de</strong> que existe em<br />

levar a dança para <strong>alunos</strong>, sobretu<strong>do</strong> <strong>alunos</strong> a<strong>do</strong>lescentes é possível sim trabalhar <strong>com</strong> tal<br />

conteú<strong>do</strong>.<br />

Defen<strong>de</strong>mos que a dança <strong>de</strong>ve ser trabalhada <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s <strong>de</strong> maneira que o caráter<br />

pedagógico prevaleça <strong>de</strong>stituí<strong>do</strong> <strong>do</strong>s movimentos estereotipa<strong>do</strong>s, ou seja, a <strong>com</strong>preensão da<br />

dança associada à educação <strong>de</strong> maneira que possibilite ao indivíduo a espontaneida<strong>de</strong> nos<br />

gestos e movimentos, criativida<strong>de</strong> e criticida<strong>de</strong>, lutan<strong>do</strong> contra as barreiras exclu<strong>de</strong>ntes e que<br />

impe<strong>de</strong>m o trato <strong>com</strong> a linguagem corporal através da dança no âmbito <strong>escola</strong>r.<br />

São várias as barreiras a serem enfrentadas pelos professores <strong>de</strong> Educação Física<br />

que preten<strong>de</strong>m trabalhar a dança, <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, ten<strong>do</strong> em vista o processo <strong>de</strong> margi<strong>na</strong>lização e<br />

<strong>de</strong>svalorização <strong>de</strong>sse elemento enquanto conhecimento a ser trata<strong>do</strong>, apesar <strong>de</strong> muitos autores<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem a prática da dança e seus benefícios que vão além <strong>do</strong> seu valor estético, criativo,<br />

expressivo, auxilian<strong>do</strong> também a <strong>de</strong>senvolver os indivíduos em suas capacida<strong>de</strong>s físicas<br />

(flexibilida<strong>de</strong>, equilíbrio, força, agilida<strong>de</strong>, percepção rítmica), ampliação <strong>do</strong> repertório motor,<br />

bem <strong>com</strong>o <strong>de</strong>senvolver a percepção espaço-temporal.<br />

A dança <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física se faz <strong>de</strong> forma bastante restrita, o que<br />

po<strong>de</strong>mos afirmar <strong>com</strong> as falas <strong>do</strong>s <strong>alunos</strong> que afirmaram nunca ter vivencia<strong>do</strong> dança <strong>na</strong>s aulas<br />

<strong>de</strong> Educação Física antes.<br />

É preciso voltar nossos olhares <strong>com</strong>o futuros professores <strong>de</strong> Educação Física ao<br />

trato pedagógico existente no ensino <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> dança <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física,<br />

visan<strong>do</strong> à formação integral <strong>do</strong> indivíduo, possibilitan<strong>do</strong> a transformação <strong>de</strong>ste em um ser<br />

crítico, reflexivo, através <strong>do</strong> trato <strong>com</strong> o conhecimento dança,visualizan<strong>do</strong>-a para além <strong>de</strong><br />

movimentos estereotipa<strong>do</strong>s pré-<strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong>s.<br />

12


Apontan<strong>do</strong> para discussões acerca da <strong>com</strong>preensão corporal <strong>de</strong> movimento<br />

através da dança e atrelada ao processo educacio<strong>na</strong>l, o professor <strong>de</strong> Educação Física (e não<br />

somente ele), <strong>de</strong>ve assumir o <strong>com</strong>promisso <strong>de</strong> abordar a dança <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, levan<strong>do</strong> o indivíduo<br />

a <strong>de</strong>senvolver sua capacida<strong>de</strong> criativa e <strong>de</strong>scobrir suas próprias habilida<strong>de</strong>s, contribuin<strong>do</strong><br />

assim, <strong>de</strong> maneira positiva, para a formação <strong>de</strong> cidadãos críticos, reflexivos e autônomos.<br />

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13


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2007.<br />

i Licenciada em Educação Física pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe.<br />

ii Professora Assistente <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Dança da UFS, Pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Arte, Diversida<strong>de</strong> e<br />

Contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

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