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Análise de fatores etiológicos relacionados à sensibilidade pós ...

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Cunha LA, Ribeiro CF, Dutra-Corrêa M, Rocha PI, Miranda CB, Pagani C. <strong>Análise</strong> <strong>de</strong> <strong>fatores</strong> <strong>etiológicos</strong> <strong>relacionados</strong> <strong>à</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>pós</strong>operatória<br />

na odontologia estética a<strong>de</strong>siva. Revista <strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo 2007 jan-abr; 19(1):68-76<br />

introdUção<br />

A técnica do condicionamento ácido introduzido<br />

por Buonocore 5 (1955) impulsionou o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> materiais restauradores que reproduzissem melhor as<br />

características naturais dos <strong>de</strong>ntes, aten<strong>de</strong>ndo <strong>à</strong>s exigências<br />

tanto dos pacientes como dos cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas.<br />

Além disso, permitiu a realização <strong>de</strong> técnicas operatórias<br />

mais conservadoras, evitando o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> estrutura<br />

<strong>de</strong>ntal sadia.<br />

Com a introdução das resinas compostas por Bowen<br />

4 (1962) a crescente procura por restaurações estéticas<br />

proporcionou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas para<br />

melhorar as proprieda<strong>de</strong>s dos materiais disponíveis.<br />

Um dos maiores <strong>de</strong>safios tem sido minimizar a sensibilida<strong>de</strong><br />

<strong>pós</strong>-operatória, o que implica na necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> conhecimento, por parte dos profissionais, a respeito<br />

dos princípios biológicos e da execução criteriosa das<br />

técnicas restauradoras. Assim, as restaurações a<strong>de</strong>sivas<br />

requerem cuidados fundamentais na obtenção do sucesso<br />

clínico.<br />

É sabido que <strong>fatores</strong> tais como: profundida<strong>de</strong> e trauma<br />

durante o preparo cavitário, contração <strong>de</strong> polimerização,<br />

falhas na hibridização e citotoxicida<strong>de</strong> do material<br />

restaurador, interferem na resposta do complexo <strong>de</strong>ntino-pulpar.<br />

Dessa forma, quaisquer tipos <strong>de</strong> agressão<br />

gerados pelos procedimentos operatórios <strong>de</strong>vem ser minimizados.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se a importância da preservação das<br />

estruturas remanescentes e da longevida<strong>de</strong> das restaurações,<br />

esta revisão abordou <strong>fatores</strong> <strong>relacionados</strong> <strong>à</strong> etiologia<br />

da sensibilida<strong>de</strong> <strong>pós</strong>-operatória na odontologia estética<br />

a<strong>de</strong>siva.<br />

Dentina superficial x profunda<br />

A <strong>de</strong>ntina é um tecido mineralizado, caracterizada<br />

morfologicamente, pela presença <strong>de</strong> túbulos que se esten<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a câmara pulpar até as junções amelo<strong>de</strong>ntinária<br />

e <strong>de</strong>ntinocementária (Marshal 28 , 1993; Marshal et<br />

al. 29 , 1997; Ten Cate 48 , 1994; Giannini et al. 18 , 2001; Zanet<br />

et al. 56 , 2003). Estes túbulos abrigam no seu interior<br />

prolongamentos odontoblásticos, fluidos responsáveis<br />

pela umida<strong>de</strong> própria e eventualmente, terminações nervosas<br />

(fibras amielínicas) (Mjör e Fejerskov 32 , 1979).<br />

Os túbulos <strong>de</strong>ntinários estão envoltos pela <strong>de</strong>ntina<br />

peritubular, um tecido altamente mineralizado que os<br />

circunda, em toda a sua extensão, promovendo suporte<br />

adicional (Marshal 28 , 1993; Marshal et al. 29 , 1997). A<br />

<strong>de</strong>ntina situada entre os túbulos é chamada <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina<br />

intertubular; é menos mineralizada e constitui a maior<br />

porção da <strong>de</strong>ntina. Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do seu volume é<br />

composto por uma matriz orgânica representada por<br />

fibras colágenas envolvidas por substância amorfa (Kinney<br />

et al. 24 , 1996).<br />

De acordo com os estudos <strong>de</strong> Garberoglio e Brännsttröm<br />

17 , em 1976, o número e o diâmetro <strong>de</strong>sses túbulos<br />

<strong>de</strong>ntinários aumentam com a profundida<strong>de</strong>, ou seja, <strong>à</strong><br />

medida em que se aproximam da polpa. Na <strong>de</strong>ntina superficial,<br />

96% da área é ocupada pela <strong>de</strong>ntina intertubular,<br />

3% pela <strong>de</strong>ntina peritubular e apenas 1% pelo fluido<br />

<strong>de</strong>ntinário. Próximo <strong>à</strong> polpa esta situação se inverte, sendo<br />

que a <strong>de</strong>ntina peritubular passa a ocupar 66% <strong>de</strong>ssa<br />

área, a <strong>de</strong>ntina intertubular, 12% e o fluido <strong>de</strong>ntinário<br />

22% (Van Meerbeek et al. 53 , 1992; Giannini et al. 18 , 2001).<br />

Esse fato faz com que a permeabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinária seja<br />

maior junto <strong>à</strong> polpa (Swift Junior et al. 47 , 1995).<br />

A <strong>de</strong>ntina é constituída, basicamente, por 70% em<br />

peso <strong>de</strong> matéria inorgânica (hidroxiapatita), 20% <strong>de</strong> matéria<br />

orgânica (colágeno) e 10% <strong>de</strong> água (Mjör e Fejerskov<br />

32 , 1979; Pashley et al. 41 , 1989; Van Meerbek et al. 53 ,<br />

1992; Marshall 28 , 1993; Marshal et al. 29 , 1997; Ten Cate 48 ,<br />

1994; Baratieri et al. 1 , 1998; Zanet et al. 56 , 2003). Porém,<br />

sua composição química po<strong>de</strong> sofrer variações <strong>de</strong> acordo<br />

com a posição do <strong>de</strong>nte e até mesmo no próprio<br />

<strong>de</strong>nte (Olsson et al. 36 , 1993; Panigi e G’Seel 39 , 1993). Isso<br />

porque uma fração significante do conteúdo total <strong>de</strong><br />

água da <strong>de</strong>ntina é confinada <strong>de</strong>ntro dos túbulos <strong>de</strong>ntinários<br />

(Van Der Graaf e Ten Bosh 50 , 1990; Van Der Graaf<br />

e Ten Bosh 51 , 1993) e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> dos túbulos varia com<br />

a profundida<strong>de</strong> (Garberoglio e Brännström 17 , 1976). O<br />

conteúdo <strong>de</strong> água da <strong>de</strong>ntina superficial é menor que o<br />

da <strong>de</strong>ntina profunda (Pashley et al. 42 , 1991).<br />

As diferenças na composição e na morfologia entre<br />

a <strong>de</strong>ntina superficial e profunda influenciam diretamente<br />

no comportamento e nas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas da<br />

<strong>de</strong>ntina diante dos agentes químicos e físicos aos quais<br />

ela é submetida durante os procedimentos operatórios e<br />

restauradores (Baratieri et al. 1 , 1998).<br />

Pashley et al. 40 (1985) relataram que a microdureza<br />

da <strong>de</strong>ntina diminui <strong>à</strong> medida que se aproxima da polpa,<br />

confirmando o que Kinney et al. 24 (1996) observaram.<br />

Usando um microscópio <strong>de</strong> força atômica modificado,<br />

Kinney et al. 24 (1996) <strong>de</strong>monstraram que a diminuição<br />

da dureza com o aumento da profundida<strong>de</strong> é causada<br />

por uma diminuição da rigi<strong>de</strong>z da matriz <strong>de</strong>ntinária in-<br />

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