Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

Na sessão de 12 de outubro era lida uma nota do intendente
de polícia de Lisboa informando que sete deputados
brasileiros tinham se evadido, embarcando sem passaportes
em navios ingleses. Foi uma epopeia inglória. Talvez tivessem
feito bem os deputados mineiros que preferiram ficar em casa
a se submeter àquele vexame.
No seu artigo 20 a constituição aprovada pelas Cortes
dizia que o território da nação portuguesa formava o Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Os habitantes do Brasil
eram considerados cidadãos portugueses. O Brasil seria
governado por uma regência composta de cinco membros.
Tarde demais, dezesseis dias antes d. Pedro já havia lançado
sua proclamação às margens do Ipiranga.
Assim que a notícia da proclamação chegou a Portugal
o presidente da Câmara da cidade do Porto fez publicar na
imprensa de Lisboa um violento manifesto contra as Cortes
onde dizia em uma passagem: “Que infâmia, que tirania. Enfim,
por cúmulo de desgraça fizeram perder o nosso rico Brasil, pretendendo
soprar-lhes a guerra civil; sim, foram só elas e mais ninguém; vos os
sabeis portugueses, assim como sabeis também – que já estamos perdidos
com a perda do Brasil, donde nos vinha tantos socorros e onde
empregávamos tantos homens”.
O desastrado esforço parlamentar português tinha
sido contraproducente assim como, logo depois, seria inútil o
pífio esforço militar para manter o Brasil subjugado.
Mudança dos ventos
Como vimos, os trabalhos constitucionais das Cortes
começaram no dia 24 de janeiro de 1821. No princípio eles
não sabiam muito bem que reação os brasileiros teriam diante
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