Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

tarde, em Portugal, mostraria seus talentos de general com
muito mais dramaticidade, se metendo no meio de batalhas
verdadeiramente sangrentas. Mas o importante para ele
naquele momento era o fato de que o Brasil começava a se
mostrar verdadeiramente capaz de se impor pelas armas.
Claro que, tanto nas Cortes quanto no Brasil, havia
brasileiros mais lusófonos, assim como portugueses mais
brasilianistas. Mas logo as diferenças foram se fazendo claras
pois os horizontes eram notavelmente distintos. As províncias
que haviam retardado o envio de suas delegações a Lisboa
para integrar as Cortes, acabaram desistindo de fazê-lo. Foi o
caso do Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais,
sendo que as duas primeiras nem chegaram a realizar as
eleições. De sorte que pouco mais de metade dos deputados
brasileiros, eleitos ou previstos, se fez presente no plenário do
Convento das Necessidades. Assim, embora naquela época o
número de habitantes de Portugal e do Brasil fosse mais ou
menos o mesmo, havia cerca de três deputados lusos para
cada parlamentar brasileiro. Desta forma, a despeito do
brilhantismo da atuação de alguns deputados brasileiros, os
portugueses ficaram à vontade para decidir os destinos do
Brasil. Acabaram resolvendo enfraquecer a unidade nacional e
tirá-la de debaixo da regência de d. Pedro. Nessa linha em 29
de setembro de 1821 determinaram que as juntas provisórias
de todas as províncias ficassem submetidas diretamente às
Cortes em Lisboa. Os governadores de armas, comandantes
das tropas espalhadas pelas províncias, passaram a se reportar
também diretamente às Cortes. Na mesma data determinaram
que o príncipe herdeiro retornasse a Portugal. Ou seja, a sede
do governo brasileiro saía do Rio de Janeiro e voltava para
Lisboa. Era a gota d água que faltava.
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