Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

etrucou dizendo que contra os cães portugueses havia as
onças brasileiras. Outros falavam em mandar um general de
confiança, com carta branca para subjugar o reino rebelde.
Em 05 de julho de 1822, ou seja, na época acalorada
dos debates - Felisberto Caldeira Brant - então representante
da corte brasileira em Londres, escrevia a José Bonifácio uma
carta cautelosa. Informava que os jornais franceses haviam
publicado que estaria em curso a formação de uma aliança
militar entre Espanha e Portugal que planejava a formação de
um exército de 20.000 homens a ser enviado contra o Brasil e
as ex-colônias hispânicas. O diplomata mineiro recomendou
atenção ao boato, muito embora observa-se: “não sei qual das
duas nações (Portugal e Espanha) está mais pobre e mais fraca”. Como
militar, alias, Caldeira Brant – futuro marques de Barbacena –
achava que o Brasil deveria fortalecer o seu exército, não só
para enfrentar as ameaças das Cortes, externas e internas,
como também para fazer frente às questões de fronteira do
império para, se não expandir pelo menos não encolher. Foi
dele a ideia de contratação do almirante Cochrane,
inicialmente para bloquear o Porto da Bahia e sufocar a
rebelião do general português Madeira de Melo, logo após a
independência.
De qualquer forma, com ou sem arrogância e
irrealismo dos deputados portugueses instalados nas Cortes, a
questão militar corria a par com a questão política. De fato,
uma das questões mais críticas do processo da independência
foi a questão da nomeação dos governadores de armas. Aqui,
de forma mais realista, as Cortes de Lisboa viram que a
disposição da lealdade dos ocupantes dessa função era vital
para subjugar as pretensões brasileiras à separação.
Em 23 de agosto de 1821, sob pretexto de atender a
um alerta da junta da Bahia, as Cortes aprovavam o envio de
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