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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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absolutismo. No rastro da sua atuação sobrou entusiasmo<br />

casuístico e faltou realismo histórico. Deputa<strong>do</strong>s havia da<br />

facção<br />

portuguesa que pregavam que se o Brasil quisesse se separar<br />

que o fizesse pois, se ficassem juntos, Portugal havia de estar<br />

no coman<strong>do</strong>. Era a política <strong>do</strong> “juntos mas não iguais”.<br />

Tratava-se de uma notável inabilidade de alguns parlamentares<br />

lusos, inabilidade essa cimentada na velha empáfia portuguesa<br />

no trato com os brasileiros, trazida anacronicamente para<br />

dentro <strong>do</strong> recinto de debates <strong>do</strong> Convento das Necessidades,<br />

onde se davam as reuniões das Cortes.<br />

Muitos deputa<strong>do</strong>s portugueses pregavam o uso puro e<br />

simples da força militar para submeter as ousadias de alémmar.<br />

Esqueciam-se eles de que o <strong>rei</strong>no português se<br />

encontrava numa situação miserável, incapaz de ofender a<br />

mais frágil das nações. A radicalização da bancada portuguesa<br />

se mostrava ainda mais estúpida se lembramos que, mesmo<br />

entre os brasileiros, pre<strong>do</strong>minava uma política <strong>do</strong> “juntos mas<br />

iguais” que, afinal, com um mínimo de bom senso e<br />

sensibilidade política não era tão difícil de acomodar, mesmo<br />

porque, era a única alternativa capaz de adiar a ruptura um<br />

pouco mais.<br />

Assim que os deputa<strong>do</strong>s brasileiros se assentaram em<br />

maior numero na assembleia lisboeta, os representantes de<br />

Portugal já começaram a mostrar sua tênue tolerância para<br />

com seus colegas <strong>do</strong> ultramar. Não faltaram ameaças e<br />

vociferações espetaculosas que não obstante insensatas, e<br />

talvez até por isso mesmo, arrancavam delírios das galerias <strong>do</strong><br />

plenário da assembleia. Um <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s – usan<strong>do</strong> uma<br />

imagem no mínimo simplória - ameaçou soltar um cão<br />

português para obrigar os facciosos brasileiros a se<br />

submeterem às Cortes. Ao que um deputa<strong>do</strong> brasileiro<br />

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