Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

carregado tanta coroa não podia perder a majestade, ainda
mais como ex-imperador do Brasil e regente do reino de
Portugal. Do arranjo híbrido ele acabou sendo tratado como
Sua Majestade Imperial o duque de Bragança. 1 Apesar de ser
um título nobiliárquico advindo da sua augusta condição de
primeiro herdeiro da dinastia portuguesa de bragança, ainda
agregou a ele a marca da honra de ter sido aclamado
“Defensor Perpétuo do Brasil”, título de que muito se
orgulhava. Exibia essa honra no brazão que trazia no peito
nos tempos do exílio em França e Inglaterra, logo depois da
abdicação. Mas não fazia muito alarde dele para não
melindrar os liberais portugueses, dos quais dependia para
restaurar o trono da filha.
A titulação de d. Pedro I deve ser o único caso na
história pois, embora esses tratamentos variassem nas
diversas cortes e os monarcas não se apegassem muito às
regras nobiliárquicas, um duque não é majestade e muito
menos imperial. Certamente ele foi muito mais majestade do
que duque, muito mais Bourbon do que Bragança. Mesmo
porque, a maioria dos reis da Dinastia de Bragança
carregaram a peja de serem muito sossegados, preguiçosos,
desacoroçados, dominados, omissos.
O primeiro rei da dinastia – d. João IV - foi
praticamente obrigado por sua mulher e pela alta nobreza
portuguesa, a aceitar o trono que planejavam tomar do rei da
Espanha. Preferia a tranquilidade de Vila Viçosa. Lá ficava
tomando conta das suas vastas propriedades, se mantendo
distante da agitação de Lisboa onde teria que organizar um
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Mas eu preferi chamá-lo Rei, termo genérico que acomoda melhor
todo o majestático poder que d. Pedro exerceu.
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