Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

zelo e foi aí que já começaram os incidentes mais
constrangedores. Alguns deputados identificaram que, em
algumas passagens da mensagem, o rei mostrava não ter
entendido bem o seu novo papel como monarca de Portugal,
especialmente no que dizia respeito a divisão de poderes.
Assim, enviaram uma carta a ele, mais desaforada do que
pedagógica, ensinando que:“se atribui somente às cortes a
representação nacional e o poder legislativo, com a exclusão da iniciativa
direta do rei, e só com a dependência subseqüente da sua sanção e de um
veto que não será absoluto.”
Coitado de d. João VI, apesar da boa vontade não
seria fácil para ele aprender a ser um rei constitucional.
O poder absoluto das Cortes duraria até 31 de maio de
1823 quando teria um fim melancólico, deixando destroços
irresgatáveis e sendo substituída pelo velho absolutismo que
ela tentou extirpar. D. João com sua doce paciência, glutão e
sossegado, vencia mais uma vez. Mas, até então, os
parlamentares portugueses aborreceram muito o rei e o
regente que ele tinha deixado no Brasil.
Em 19 de junho de 1822, d. Pedro escrevia uma carta
a seu pai informando que tinha convocado uma assembleia
brasileira para discutir a questão constitucional, ou seja, já
tinha dada uma banana para a “Soberana Assembleia”. Pedia
ao rei que desse conhecimento do conteúdo da carta às Cortes
as quais chamava de “facciosas, horrorosa e pestíferas, constituídas de
infames déspotas”. Era mais um grande passo em direção à
ruptura.
A assembleia lusa atuou durante cerca de dois anos e
oito meses e, ao final, produziu resultados desastrosos.
Antecipou a independência da sua mais importante colônia e
foi miseravelmente dissolvida por um golpe que restaurou o
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