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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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inspiração, pré-avisan<strong>do</strong>, porém, aos santos de que não tinha<br />

pressa. Era uma péssima notícia chegada logo agora que ele<br />

tinha fica<strong>do</strong> mais livre da pressão inglesa e que Napoleão<br />

continuava quieto, encerra<strong>do</strong> com a máxima segurança na Ilha<br />

de Santa Helena. O embaixa<strong>do</strong>r inglês tinha avisa<strong>do</strong> que os<br />

britânicos não interfeririam em nenhuma hipótese na<br />

Península Ibérica. Também o paciente monarca não acreditava<br />

que podia recorrer à Santa Aliança pois a própria Inglaterra<br />

não via com bons olhos aquela associação ultraconserva<strong>do</strong>ra e<br />

nunca convinha a Portugal contrariar os britânicos. De sorte<br />

que d. João se viu desta vez inteiramente sozinho para<br />

resolver outra ameaça à sua coroa. Desta vez o perigo tinha<br />

brota<strong>do</strong> no próprio ventre <strong>do</strong> <strong>rei</strong>no e o único caminho era<br />

recorrer à sua própria autoridade. Apelan<strong>do</strong> para aquela<br />

cautela que lhe era compulsivamente peculiar, a primeira coisa<br />

que d. João VI fez foi rodar uma pesquisa entre seus<br />

conselheiros. Estes recomendaram que d. Pedro fosse<br />

manda<strong>do</strong> a Portugal para, com sua delegada autoridade,<br />

arrefecer os ânimos menos realistas. Isso gerou um decreto<br />

ardiloso <strong>do</strong> <strong>rei</strong> determina<strong>do</strong> a volta de seu filho. Mero<br />

subterfúgio pois, no fun<strong>do</strong>, Sua Majestade não queria o<br />

príncipe herdeiro solto em Portugal, louco para promover sua<br />

est<strong>rei</strong>a política. Nós bem sabemos que o tal decreto nunca se<br />

cumpriu e que o <strong>rei</strong> se submeteu às Cortes e o fez até que um<br />

levante militar as dissolvessem, em maio de 1823 e lhe<br />

restituísse o poder absoluto. Mas parece que d. João queria<br />

subjugar as Cortes, mesmo antes de voltar a Portugal.<br />

Segun<strong>do</strong> Melo Morais em março de 1821 ele teria manda<strong>do</strong><br />

João Severiano Maciel da Costa 24 para Roma de onde,<br />

24<br />

Era ele um <strong>do</strong>s suspeitos de ter escrito um folheto apócrifo que<br />

circulou no Rio e na Europa pedin<strong>do</strong> a permanência de d. João VI<br />

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