Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

autoridade do príncipe real e se dá por satisfeita irrompendo
em vivas. Em seguida é anunciado o novo ministério e cada
um dos novos ministros presentes também jurou a
constituição inexistente e que nunca seria adotada no Brasil.
Por paradoxal que possa parecer, naquele instante o Brasil
começava a se separar de Portugal.
Mas a iniciação do príncipe não estava completa. A
força inercial do momento político continuava atuando. O
povo se sentia forte e os militares se sentiam livres. A ressaca
arrebentou no dia 21 de abril de 1821, ou seja, cerca de dois
meses depois. É que, naquele dia, o ouvidor do Rio de Janeiro
tinha convocado os eleitores paroquiais fluminenses para o
processo de eleição dos seus representantes brasileiros às
Cortes de Lisboa. O propósito era meramente burocrático,
mas o clima se agitou e descambou para a bagunça. É que d.
João tinha tido a má ideia de aproveitar a reunião para
apresentar a lista de ministros nomeada para assistir d. Pedro
na regência do reino do Brasil. A leitura dos nomes foi
acompanhada de apupos e gritos de que aqueles ministros não
tinham a aprovação do povo. A partir daí, instigada por alguns
hábeis oradores, entre eles de novo o agitado padre
Macamboa, a reunião virou assembléia revolucionária e a
turba reunida resolveu, sem mais nem menos, impor uma série
de exigências ao rei, tentando perpetrar um verdadeiro golpe
de estado, costurado de improviso e em um clima de feira.
Decidiram que o Brasil deveria adotar a constituição
espanhola e que o rei estava proibido de ir para Portugal.
Decidiram ainda formar um novo ministério e uma junta de
governo. No auge do delírio chegaram a expedir ordens
militares contra a família real. Desta vez d. Pedro não se fazia
presente e a assembleia decide ir atrás do rei na maior semcerimônia.
Uma deputação é enviada ao Paço. D. João VI é
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