Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

quadrantes da pátria brasileira. Assim, era preciso exportar a
revolução e é aí que ela é engolida pela sua própria pequenez.
O Brasil não pensa ainda como os pernambucanos pois estava
enamorado do seu jovem reino. É o que basta para que, logo
na primeira incursão militar das forças legalistas, o movimento
seja desfeito.
A sonhada e sonhadora república pernambucana tinha
durado apenas três meses. De qualquer forma, era uma bela
ousadia que tinha produzido muito mais do que haviam
conseguido os patriotas mineiros de Vila Rica. Mas, como
dito, o Brasil não estava pronto para ser uma república, nem
para perder qualquer das suas partes. Anos depois a,
igualmente efêmera Confederação do Equador, ratificaria isso
com a mesma facilidade. Pobre frei Caneca, finalmente pagaria
com a vida sua patriótica teimosia.
O país permaneceria uma monarquia por muitos anos
mais, figura estranha num ninho de pequenas repúblicas
espalhadas ao logo das fronteiras. Mas, como produto maior
das grandes e das pequenas revoluções, somente os regimes
constitucionais seriam mais tolerados e, salvo infelizes
percalços pontuais, nunca mais o Brasil seria guiado pela
vontade dos tiranos.
No reinado de d. Pedro I haveria uma competente
coluna liberal para garantir os avanços políticos conquistados,
pugnando no parlamento e na imprensa e freando os excessos
que as vezes zumbiam nos ouvidos inquietos do imperador e
que também tinham que ouvir, um tanto contrariado, o povo
gritando nas ruas: “viva o imperador, enquanto constitucional!”
Manguinhas de fora
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