Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas
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potencias militares a intervir nos destinos <strong>do</strong>s povos daqui e<br />
dacolá. Naquela altura os <strong>rei</strong>s ainda estavam fortes e o povo<br />
voltou a se lembrar disso com humildade e respeito.<br />
Com o corso venci<strong>do</strong>, exila<strong>do</strong> e morto, era tempo de<br />
restaurar as casas reais da Europa começan<strong>do</strong>, claro, pela<br />
própria França. <strong>Os</strong> Bourbon voltaram ao trono pela mão de<br />
Luis XVIII, irmão <strong>do</strong> <strong>rei</strong> decapita<strong>do</strong>. Mas então, gato pra lá de<br />
escalda<strong>do</strong>, sabia que tinha que resgatar um pouco da história<br />
tragicamente interrompida e tratou de tirar <strong>do</strong> bolso <strong>do</strong> colete<br />
o que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> já sabia que estava lá: uma constituição que<br />
limitava seus próprios poderes e estabelecia os di<strong>rei</strong>tos civis<br />
<strong>do</strong> cidadão. Afinal a luta <strong>do</strong> povo não tinha si<strong>do</strong> em vão pois<br />
a História dá voltas mas não restaura o passa<strong>do</strong>. Foi assim que<br />
o <strong>rei</strong> se tornou liberal e continuou tentan<strong>do</strong> ser enquanto<br />
pôde.<br />
Mas, como dito, a história dá voltas. E numa dessas<br />
trouxe Carlos X ao aconchego <strong>do</strong> trono que tinha si<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
irmão. Nova recaída absolutista, novo rugi<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>rei</strong>. Mas logo<br />
o povo se irritou outra vez, já que, vivia na era das revoluções<br />
e a humanidade tinha que seguir em frente, enfrentan<strong>do</strong> os<br />
tropeços e acomodan<strong>do</strong> as novas ideias políticas, pois elas não<br />
tinham surgi<strong>do</strong> à toa. De sorte que em 1830 a turba de Paris<br />
amotinada pega nos velhos trabucos novamente, levanta<br />
barricadas, vence a guarda e afugenta o <strong>rei</strong>. Desta vez<br />
comerciantes e banqueiros, cansa<strong>do</strong>s da velha ordem que<br />
obstava o progresso, marcharam ao la<strong>do</strong> da plebe. E eis Luis<br />
Felipe alça<strong>do</strong> ao trono cheio de liberalismos e apoio popular<br />
para avançar nos novos tempos. Era o fim da dinastia <strong>do</strong>s<br />
Bourbon e início <strong>do</strong> <strong>rei</strong>na<strong>do</strong> de um Orleans: um <strong>rei</strong><br />
constitucional e cidadão, burguês e financista, numa<br />
complicada mistura.<br />
Finalmente iria a França marchar inexorável rumo à<br />
democracia e a república? Sim e não, pois a História não é<br />
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