Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

príncipe regente concordou que o general inglês William
Beresford cuidasse da reorganização do exército português
para fazer frente à ameaça do corso, inconformado com o
desfecho desfavorável do caso luso. Napoleão queria
redesenhar o mapa monárquico da Europa e mudar os
inquilinos dos tronos e Portugal não podia ficar de fora tão
facilmente.
O general Beresford fez bem mais do que o príncipe
regente lhe pediu: transformou Portugal numa imensa caserna
e se pôs à frente dela. Talvez não pudesse ter sido diferente
naqueles tempos pois a libertação de Portugal não estava
mesmo garantida e várias batalhas continuaram a ser travadas
em vários pontos do país.
Em 1810 Napoleão resolveu arriscar de novo uma
invasão mais contundente. Botou à frente do exército o
general Masséna, um dos seus oficiais mais brilhantes. À
frente dos exércitos luso-britânicos postou-se outro general
não menos brilhante: Arthur Wellesley - o futuro duque de
Wellington. O avanço do exército francês acabou barrado na
linha de Torres Vedras, garantido a cidadela de Lisboa. As
batalhas continuaram ainda por mais quatro anos com vitórias
crescentes dos aliados, até que Napoleão acabou obrigado a
abdicar. Tentou um retorno menos de um ano depois mas foi
definitivamente abatido pelo duque de Wellington e
destronado em 22 de junho de 1815.
Havia mais de oito anos que a família real estava no
Brasil e desta vez d. João não tinha mais nenhum motivo para
não voltar. Mas, ao contrário, o príncipe regente confirmou
Beresford como uma espécie de governador militar de
Portugal e continuou devorando seus frangos e suas frutas
tropicais e brincando com as araras da Quinta de Boa Vista e
do Sítio de Santa Cruz, tal qual um senhor rural tipicamente
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