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Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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Foi um acor<strong>do</strong> arranja<strong>do</strong> à conveniência de ingleses e<br />

franceses, de forma que o general invasor pôde deixar o país<br />

tranquilamente levan<strong>do</strong> o fruto das suas pilhagens, para<br />

indignação geral <strong>do</strong>s portugueses. <strong>Os</strong> solda<strong>do</strong>s franceses<br />

entraram em Lisboa como verdadeiros mendigos, sujos e<br />

esfomea<strong>do</strong>s e sairam cheios de ouro e pratarias, rouba<strong>do</strong>s às<br />

igrejas e palácios. Tomava outro destino, então, muito da<br />

riqueza que o aventu<strong>rei</strong>ro luso tinha acumula<strong>do</strong> em séculos de<br />

agressiva política colonial no ocidente e no oriente, inclusive<br />

no Brasil que agora acolhia a real família tentan<strong>do</strong> formar um<br />

ninho no meio de tantos destroços coloniais. Mas a política de<br />

ocupação <strong>do</strong>s franceses era assim desde os tempos <strong>do</strong><br />

diretório quan<strong>do</strong>, embala<strong>do</strong>s pelos calores da sua grande<br />

revolução, iam saquean<strong>do</strong> os <strong>rei</strong>nos que ameaçavam as<br />

conquistas <strong>do</strong>s novos cidadãos. Napoleão, então, levava essa<br />

política com ar<strong>do</strong>r e refinamento, enchen<strong>do</strong> a França também<br />

com preciosas obras de arte. <strong>Os</strong> italianos que o digam. No<br />

fun<strong>do</strong> a efêmera conquista não tinha si<strong>do</strong> mau negócio, até<br />

porque, os próprios ingleses se encarregaram de levar o fruto<br />

da pilhagem em seus navios entregan<strong>do</strong>-o em <strong>do</strong>micílio. Quer<br />

dizer, o primeiro encontro de ingleses e franceses nas terras<br />

lusas aban<strong>do</strong>nadas pelo <strong>rei</strong> tinha muito mais de<br />

confraternização <strong>do</strong> que de confronto.<br />

Com o acor<strong>do</strong> de Sintra formaliza<strong>do</strong>, talvez d. João até<br />

já pudesse voltar ao seu país mas, como era da sua ín<strong>do</strong>le,<br />

apelou para a marcha lenta mais uma vez e preferiu aguardar<br />

que Napoleão fosse efetivamente desarma<strong>do</strong> e não mais se<br />

constituísse numa ameaça para a Europa. Aliás, justiça seja<br />

feita, quan<strong>do</strong> partiu ele já tinha avisa<strong>do</strong> que só voltaria depois<br />

da paz geral. Portanto, sua preguiça tropical já tinha si<strong>do</strong><br />

previamente anunciada. E ele tinha razão pois as tentativas de<br />

<strong>do</strong>minação pelos franceses, continuariam ao longo <strong>do</strong>s<br />

próximos sete anos. Logo depois <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> de Sintra o<br />

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