Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

azoavelmente as técnicas musicais, tinha um certo talento
para compor e não tinha dificuldades de se comunicar nas
línguas cultas da época. Aliás, o talento musical era uma marca
da Dinastia de Bragança e dizem que d. João IV – o fundador
da dinastia – tocava todos os instrumentos existentes no seu
tempo. De qualquer forma, quando d. Pedro desembarcou no
Brasil, em plena primeira infância, trazia muito pouco das
luzes da cultura europeia e jamais teria como recuperar essa
carência na sua pátria adotiva. Não porque não tivesse bons
mestres à sua disposição e sim porque não havia disciplina na
corte tropical de d. João. Com certeza essa lacuna alimentou
um certo preconceito contra ele e os escritos de viajantes
estrangeiros e os relatórios diplomáticos da época mostram
isso com clareza. Também não teria oportunidade de se
ilustrar melhor quando retornou à Europa. Sua curta vida no
velho mundo não lhe ofereceu tempo senão para pegar em
armas tentando recuperar o trono da pequenina filha. Daí,
para os portugueses, ele foi, sobretudo o “Rei Cavaleiro” ou o
“Rei Soldado”. Mas não se esqueceram que acima de tudo ele
tinha dado a Portugal uma constituição que, de qualquer
forma, organizou o país num período particularmente difícil
para a gente lusa. Por isso também o chamaram “O
Libertador”.
O fim do doce reino tropical
Napoleão Bonaparte invadiu Portugal três vezes. A
de desfecho mais rápido foi exatamente aquela que espantou a
família real. Embora tenha sido a única que resultou na
ocupação efetiva de Lisboa, durou apenas nove meses e no dia
30 de agosto de 1808, já era assinada a convenção de Sintra
pela qual o general Junot se comprometia a deixar Portugal.
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