Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

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“Contra mim abjetam que nasci em Portugal. Eu imaginava que vinte e três anos de existência nesta terra, dos quais dez dedicados à causa pública, me haviam dado o direito de ser brasileiro”. D. Pedro I (Às vésperas da abdicação do trono do Brasil) 6
Os desassossegos do rei Como sempre acontece comigo, titubeei muito quanto ao título deste livro. Ainda mais em tratando ele da figura de d. Pedro I, um monarca que viveu uma das aventuras mais incomuns da história do século XIX, um século pleno de coisas incomuns, pois a germinação da semente da mudança, plantada no século anterior, não podia mais ser contida. Foi por excelência o século do nascimento das nações e do realinhamento das soberanias. Nunca a política mudou tanto em tão pouco tempo. Surgiram as constituições modernas consolidando os parlamentos e os direitos civis. A imprensa aprendeu a escorar o debate democrático e a diplomacia refinou-se, evitando que as guerras tivessem sido ainda mais sangrentas. Para ser maldoso, acho que enquanto procurava o título ideal para esta coletânea de notas históricas, deve ter baixado em mim o poderoso espírito de d. João VI e fiquei cheio de dúvidas e indecisões. Acredito que acabei não resolvendo o problema, o que não aconteceria com o controverso monarca que, no fundo, era esperto e ardiloso e acabava sempre, com sábia e metódica paciência, obtendo um desfecho aceitável para os problemas da sua coroa, que não foram poucos, pois naquele tempo não era fácil para um pequeno país europeu estrategicamente situado, contentar os ingleses sem descontentar os franceses. Daí que o título, ou melhor, o sub-título desta obra, acabou misturando algumas coisas, o que merece uma explicação. Na verdade, acho que essa questão não tinha mesmo solução pois a mistura é muito mais fruto do desassossego de d. Pedro do que da minha imprecisão. 7
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