Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

eram cavalos e homens. Ou seja, adorava cavalgar e ser
cavalgada. Também gostava de achacar os passantes com sua
majestade burbônica. Sempre que ela saía a passear pelo Rio
de Janeiro as pessoas que encontrava no caminho tinham que
se ajoelhar e prestar humildes reverências, coisa desusada até
nas cortes mais conservadoras da Europa. Exigia essa absurda
submissão até mesmo do corpo diplomático. Isso acabou
gerando alguns incidentes. Foi o caso do embaixador
americano que se recusou a prestar as tais reverências e ao ser
ameaçado pelos guardas sacou cinematograficamente suas
pistolas do coldre e ameçou atirar o que fez a rainha desistir
da idéia de submetê-lo, ainda mais sendo ele um republicano
de berço. Mas ela não deixou de se queixar ao rei. D. João,
para não criar poblemas nem com a mulher nem com o corpo
diplomático, baixou um decreto esperto determinando que os
estrangeiros estavam obrigados a prestar no Brasil apenas as
reverências a que estavam obrigados em seu próprios países.
Por conta do salomônico decreto não tinha mais como haver
constrangimentos. A rainha, com certeza, não gostou, mas
não tinha argumentos e desta vez deixou o marido no seu
sagrado sossego.
A próxima tentativa de golpe da irriquieta princesa
espanhola foi contra o irmão Fernando. Aproveitou-se da
deposição dele do trono espanhol por Napoleão Bonaparte e
tentou ser aclamada princesa regente da Espanha, governando
a partir das colonias espanholas na América, com capital em
Buenos Aires. O plano era meio absurdo e só conseguiu apoio
de maior peso na pessoa do almirante inglês Sidney Smith.
Ele, porém, não conseguiu sensibilizar o governo britânico
para levar a empreitada adiante. É possível até que nem ele
mesmo estivesse empenhado de fato no plano de d. Carlota. É
que os encontros do almirante inglês com a rainha para tratar
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