Os desassossegos do rei - Quintal dos Poetas

introduzido o café na agricultura brasileira, criado o
observatório astronômico, um teatro 14 , a tipografia real, uma
fábrica de pólvora, a Academia Militar, a Academia da
Marinha e, muito especialmente, o Jardim Botânico. Aliás, o
jardim real foi uma das mais notáveis obras que d. João VI
deixou no Brasil. Representou a oportunidade de introdução e
desenvolvimento de tantas novas espécies de plantas que hoje
fazem parte da riqueza extraordinária da flora do país, entre
elas a magnífica palmeira imperial, verdadeiro símbolo
daquelas priscas eras encerradas em 15 de novembro de 1889.
Na segunda metade do século XIX não havia barão do
café que deixasse de plantar uma alameda de palmeiras
imperiais enobrecendo a entrada dos casarões senhoriais de
suas fazendas escravagistas. Era uma justa e tardia homenagm
ao avô do Imperador Pedro II.
Mas nada entre nações se faz de graça e enquanto a
corte portuguesa tentava criar um arremedo de reino europeu
no trópico, a Inglaterra trabalhava seus interesses. O general
Bradford já vinha controlando militarmente Portugal desde
que d. João e família se instalaram na América. Estava na hora
de lord Strangford controlar comercialmente o Brasil. Em
Londres lord Canning trabalhava cuidadosamente num acordo
comercial destinado a ser uma espécie de cobrança pelos bons
serviços prestados na tutela bem sucedida da fuga da realeza
de Bragança livrando-se das garras de Junot e seu patrão
ganancioso. Em 1810 o tal acordo estava pronto e Strangford
14 O príncipe de Wied-Neuwied, mencionando os pontos
interessantes do Rio de Janeiro do tempo de d. João, cita o teatro
“suficientemente espaçoso”, o aqueduto “uma obra grandiosa” e o passeio
púbico “uma grande praça plantada de árvores em aléias”. (Viagem ao
Brasil de 1815 a 1817).
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